Quarta-feira, 31 de Agosto de 2016

Eu acuso o governo português de tentativa de homicídio da Língua (oficial) Portuguesa

 

«O meu dever é falar, não quero ser cúmplice…»

(in J’accuse, de Émile Zola)

 

IGNORÂNCIA.jpeg

 

Sim. Tentativa de homicídio e não propriamente do homicídio da Língua (Oficial) Portuguesa, porque essa continua bem viva, na pena da esmagadora maioria dos Portugueses instruídos e menos instruídos, de alguns jornais, revistas e estações televisivas dirigidas por Homens livres, e de Escritores livres, Jornalistas livres, Professores livres, Tradutores livres e Crianças e Jovens filhos de Pais livres, os quais não aderiram à imposição ilegal e impatriótica do AO90, por um governo subserviente a interesses obscuros de uma minoria inculta que está a incitá-lo (ao governo) a matar a Língua (Oficial) Portuguesa.

 

Na verdade, ela anda por aí muito despedaçada, maltratada, violada por aqueles que, não possuindo a tão necessária e obrigatória Cultura Crítica, baixam-se e rebaixam-se, a esta imposição ilegal, eivada de uma monumental ignorância, com base na desculpa de que é preciso fazer evoluir a língua, modernizá-la, torná-la mais acessível... Mais acessível para quê? Para facilitar a aprendizagem dos mais incapacitados intelectualmente…?

 

O resultado prático deste propósito redutor é o mais desastroso de que há memória. Nunca a Língua Portuguesa esteve tão amassada, tão amarfanhada, tão incultamente escrita (e por arrasto também falada), como nos tempos que correm.

 

Começando pelos governantes e autoridades portuguesas, que deviam ser os principais defensores dos símbolos nacionais (e a Língua é um dos seus símbolos mais identitários, além da Bandeira e do Hino Nacionais) e enviam-nos comunicados num Português que nem uma criança que frequenta o 4º ano do Ensino Básico e que tenha um Professor com P maiúsculo, escreve.

 

A minha colaboradora doméstica, que tem apenas a quarta-classe antiga, escreve muito mais escorreitamente (aliás este mais está a mais) do que os actuais governantes e autoridades de Portugal, que nos enviam comunicados.

 

Bem sei que quem os escreve são os “secretários”, mas um Governante com G maiúsculo, ou uma Autoridade com A maiúsculo têm o dever de ler tudo aquilo que é enviado em seu nome, e chamar a atenção do escriba quando este comete erros de palmatória (como faz falta a palmatória!)

 

Nas estações televisivas, subservientes ao Poder, é de bradar aos céus o que se lê (mas também o que se ouve), principalmente nos rodapés dos telejornais e nas legendas dos filmes: um autêntico Festival de Ignorância da mais purae dura. Porque a há adulterada.

 

Se antes da existência do AO90 a Língua já andava por aí de rastos, porque nem todos têm apetência para a aprendizagem, seja do que for, hoje em dia, a nossa Língua transformou-se numa língua esfarrapada, inculta, abrasileirada, muito, muito pobrezinha

 

Agora, pasmemo-nos com os motivos que levaram os Becharas, os Malacas, os Lulas, os Sócrates e todos os parasitas que gravitam ao redor deles, para sacarem vantagens económicas, a impingirem aos países lusófonos o aborto ortográfico de 1990, que previa o seguinte:

 

1 – A uniformização da língua em todas as suas variantes e em todos os continentes. Objectivo que não foi alcançado, e nunca será, até pela impossibilidade de ser alcançado, pelos motivos mais óbvios. São oito os países, cada um com as suas especificidades, e a uniformização destruiria a estrutura de uma Língua que nasceu na Europa e a partir dela  nasceram várias variantes, e é assim que deve ser, tal como aconteceu com o Castelhano, o Francês, o Inglês, que nunca precisaram de uniformizar as respectivas Línguas, por um só motivo: os povos das ex-colónias francesas, espanholas e britânicas não são acanhados mentalmente, como, ao que parece, são os povos de Portugal e do Brasil, que não conseguem aprender Línguas íntegras.

 

Segundo o autor do texto «a proposta de uniformidade era para contribuir com a internacionalização da Língua Portuguesa. Além disso, a acção iria propiciar a disseminação da língua, possibilitando a circulação de bens culturais entre os países lusófonos, que contam com mais de 250 milhões de falantes - só o Brasil possui mais de 200 milhões.»

 

É preciso que se diga que aos Portugueses Cultos não interessa a disseminação da versão mutilada da Língua Portuguesa. O Brasil até pode ter 200 milhões de falantes e escreventes de Português. Mas desses 200 milhões, quantos escreverão e falarão correCtamente o Português?  

 

2 – A simplificação da ortografia para que ela fosse melhor aceite… E perguntamos: melhor aceite por quem? Pelos que não têm capacidade intelectual para aprender uma língua? As línguas são assim, simplificadas, sem mais nem menos, para poderem ser aceites ou não aceites pelos menos dotados intelectualmente? Qual das línguas cultas existentes no mundo foi simplificada para ser melhor aceite, como se se tratasse de uma comum mercadoria?

 

3 – Para tornar a língua mais acessível a estrangeiros. Como é ??? Os estrangeiros estarão preocupados em simplificar a língua deles para a tornar mais acessível aos Brasileiros ou Portugueses mais atacanhados mentalmente (não incluo aqui os analfabetos, mas tão só os analfabetos funcionais, os que frequentaram escolas e até mesmo universidades) ? Algum povo, algum dia se lembrou de uma tal idiotice? Os Alemães (que têm, uma língua difícil) os Ingleses, os Franceses, os Italianos, os Russos, os Espanhóis, enfim… algum dia estes povos simplificarão as línguas deles, para facilitar a vidinha dos imbecis?

 

4 – Para aproximar os países, sobretudo Portugal e Brasil. Aproximar como? E com que intenção aproximar apenas Portugal e Brasil? E então os outros países? Ficam de fora por alma de quem? Os luso-brasileiros estarão assim tão distantes linguisticamente que não conseguem entender-se uns aos outros? É sabido que os Brasileiros mais incultos têm muita dificuldade em entender os Portugueses. Mas qualquer português inculto não tem a mínima dificuldade em entender seja quem for: um brasileiro, um inglês, um francês ou até um chinês… Se não se entendem de um modo, entendem-se de outro. Há sempre a linguagem universal: a das mãos (e não estou a falar do Braille). E que saibamos, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Cabo Verde e Guiné-Bissau sempre estiveram próximos de Portugal, não precisando de simplificar a língua para se entenderem connosco. Porquê, então, os Brasileiros?

 

5 – E finalmente para facilitação dos negócios. Ao longo de todos estes séculos os negócios entre os países lusófonos teriam sido prejudicados pela falta de “comunicação” ou “aproximação”? Por acaso os negócios que fazemos com países como a China, cuja língua é um mistério para a maioria dos portugueses, não se fazem? Terão os chineses de simplificar a língua deles, para que nós possamos aprendê-la e aceitá-la melhor e com isso facilitar os negócios?

 

Isto é coisa de doidos!

 

Bem. Estes foram os cinco “argumentos” apresentados aqui:

http://cedilha.net/ap53/?p=4096

 

para que o AO90 fosse parido. Nenhum deles apresenta uma razão linguística. De evolução da Língua. Um motivo racional.

 

Mas faltou referir o argumento principal: a negociata obscura que envolve políticos corruptos, editores e livreiros (que seria capazes de vender a Mãe por dinheiro)  portugueses e brasileiros (apenas), porque os outros países lusófonos não foram para aqui chamados. E esta é que foi a principal mola que moveu os que pariram esta monstruosa aberração ortográfica.

 

IGNORÂNCIA2.jpeg

 

Um acordo ortográfico seria eventualmente aceitável se apresentasse motivos assentes nas Ciências da Língua, bem fundamentados, demonstrativos de uma evolução natural da Língua.

 

Porém, a elaboração deste AO90 assentou na mais colossal estupidez, jamais concebida na História da Humanidade, cozinhada numa panelinha muito ferrugenta, luso-brasileira, porque os restantes países da lusofonia não foram convidados para este cozinhado, por motivos que, para mim, são bastante óbvios, porque conheço os ingredientes principais que estão por detrás desta tentativa de homicídio da Língua Portuguesa.

 

Poderei até responder a uma questão que li no texto citado mais acima, e que foi a seguinte:

 

«A verdade é que a resistência de Portugal é de cunho político. As mudanças para os portugueses, “pátria da língua”, são maiores, visto que a influência brasileira nos demais países lusófonos cresceu muito nos últimos anos. Sendo Portugal a colonizadora, aceitar mudanças impostas pela antiga colónia significa receber um duro golpe na soberania nacional portuguesa

 

Não. Não estamos a rejeitar o AO90 por motivações políticas.

 

Os Portugueses (exceptuando os actuais governantes e todos os que, desprovidos de Cultura Crítica, gravitam ao redor do Poder) não têm qualquer complexo em relação à aparente (e apenas aparente) “grandeza”, ou possível influência da ex-colónia em Portugal ou nos restantes países lusófonos, ou sequer no mundo.

 

Também não têm medo de serem colonizados pela ex-colónia, por um simples motivo: os Portugueses, que se prezam de o ser, têm personalidade, não são complexados e sabem defender, com todas as garras de fora, a sua soberania. E se algum dia, alguém se atrever a invadir-nos, seja de que modo for, aparecerão milhares de Padeiras de Aljubarrota e milhares de Nunos Álvares Pereiras para os destroçar.

 

A História de Portugal assim o demonstra e confirma.

 

E lá porque o actual governo português, o mais culturalmente e moralmente pobre e irresponsável que Portugal já teve, numa demonstração de uma insanidade política extravasante está a bater o pé à Razão e aos Portugueses, Brasileiros e Africanos de expressão portuguesa cultos, que combatem este AO90 com argumentos racionais, não significa que a Língua (Oficial) Portuguesa esteja moribunda.

 

Ela está simplesmente a aguardar em banho-maria, o dia em que será libertada dos seus linguicidas. E esse dia virá, mais dia, menos dia.

 

Entretanto, está a ser alvo de chacota dos países que jamais deixariam mutilar a própria Língua, por motivos tão pacóvios, como os que estão por detrás deste AO90.

 

E isto é o que mais dói.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:05

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