Mais uma voz que se levanta, que protesta, que diz verdades incontornáveis sobre o AO90. E o que dizem a isto os “donos” deste “acordo”? Nada, porque não sabem como sair desta trapalhada.
«Já se percebeu que a classe política decidiu “assobiar para o lado” em relação ao conhecido “AO90”, de modo a fazer aceitar paulatinamente, e por inacção, uma ortografia da língua portuguesa com as propostas aberrantes que vai impondo através da gestão do silêncio. De tal modo se manifesta a rejeição de um debate sobre o tema que dir-se-ia existir um lobby secreto actuando na sombra para obter dividendos que, por ora, nos escapam».
por Manuel Simões
«A comunicação social informou-nos de que finalmente ia ser apreciada na Assembleia da República uma das muitas petições formuladas pelos cidadãos indignados, mas nem sei se chegou a saber que destino teve a petição, se foi discutida, se foi adiada… ou se foi simplesmente ignorada. À consideração de quem concede os votos a estes agentes da política…
Pelos vistos, nem sequer se considera a hipótese de aperfeiçoamento do “AO90”, de que se começou a falar há anos e sobre o qual a Academia das Ciências de Lisboa, como «órgão consultivo do Governo português em matéria linguística», apresentou em 2017 um projecto-base de discussão, tendo em vista questões de acentuação gráfica (“pára” e “para”, “pôr” e “por”, exemplos gritantes), de sequências consonânticas (o fulcro do desacordo) e ainda sobre o emprego do hífen, sugestões não totalmente adequadas, visto que não colmatariam as lacunas e manteriam a contradição evidente, ao diferenciar (eliminação ou conservação) as consoantes ditas surdas. Como é sabido, a língua portuguesa passa por um processo de consonantização (já o disse Mia Couto), razão por que a supressão das consoantes etimológicas tenderá a um sucessivo fechamento das vogais átonas, com efeitos imprevisíveis na evolução da língua. Apesar disso, esta proposta de trabalho não teve seguimento, talvez porque os “donos” do acordo não sabem como sair desta trapalhada e por isso calam-se.
Deste modo, os agentes da política não se pronunciam, fazem resistência passiva aos milhares de páginas, de pareceres, de abaixo-assinados protestando contra um acordo ortográfico não discutido previamente, aprovado quase em segredo, e não ratificado por alguns dos mais significativos países de língua portuguesa. Recentemente, porém, o ministro da Cultura, em entrevista ao “Diário de Notícias” de 10 de Março, concedeu-nos a honra de dizer o que pensa sobre o acordo. E o que disse ele?
«Não considero que este Acordo Ortográfico seja perfeito […] mas sendo o que se utiliza oficialmente achei que seria hipócrita não o fazer. Isto sem criticar outras pessoas, até porque não tenho ideias tão fortes sobre ortografia como elas. O acordo não é o melhor possível, mas está vigente e segui-o para horror e espanto de muitos amigos. Não porque lhe tenha um grande amor, mas porque para mim a ortografia é uma convenção e não considero que a anterior seja a maior das maravilhas».
Dado o estatuto do entrevistado (ministro da Cultura), esta deve ser entendida como a posição explícita do partido do Governo e, considerando o silêncio, dos demais partidos com assento na Assembleia da República. Mas o discurso não deixa de ser espantoso pelo “encolher de ombros “com que se enfrenta a questão: o acordo não é perfeito, mas adopta-o; não tem ideias fortes sobre ortografia, mas aceita-a com o seguidismo acrítico de quem a sancionou; «não é o melhor possível», mas não propõe nada para o melhorar…porque «está vigente»; não lhe tem «grande amor» e «tudo se pode aperfeiçoar», mas a proposta da Academia das Ciências não teve qualquer efeito prático. Claro que a ortografia é uma convenção, assentando, porém, em bases científicas, de que a etimologia não pode ser apagada da memória das palavras.»
Fonte:
Por Ivo Miguel Barroso
Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2017
SUMÁRIO:
1. Sobre a proposta de revisão do "Acordo Ortográfico" de 1990 por parte da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).
2. Manifesto do Movimento "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990
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1. Sobre a proposta de revisão do AO90 por parte da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).
Caso viesse a ser aprovada no dia 26 de Janeiro, a proposta teria de ser ratificada pela maioria dos 150 associados da Academia das Ciências de Lisboa.
Depois, a ACL encetaria contactos com a Academia Brasileira de Letras; e restantes Países de Língua Oficial Portuguesa.
Depois, seria feita uma proposta aos Governos - incluindo o Português -, para um 3.º Protocolo Modificativo ao AO90.
Todos os Governos teriam de assinar o 3.º Protocolo.
Depois, o 3.º Protocolo Modificativo teria de ser ratificado por todos os Estados da CPLP (regra da unanimidade), sob pena de ilegalidade à luz do Direito dos Tratados.
Tal demoraria, no mínimo, dois anos, senão muito mais, se todas as condições fossem cumpridas.
Até lá, o AO90, de 1990, continuaria a ser "aplicado", flagelando a ortografia da língua portuguesa, inconstitucionalmente.
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2. Manifesto do Movimento "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990
Por isso, o Movimento "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990" (que tem um Grupo e Página no Facebook) é contra a proposta de revisão do AO90.
O caminho é o da desvinculação ao Tratado, e não o do seu aperfeiçoamento.
Temos uma ortografia pré-AO90 perfeitamente estabilizada. Já houve 7 Reformas ortográficas antes da do AO90.
É tempo de dizer "Basta!" à "revisionite" aguda.
Seria a 9.ª Reforma ortográfica em pouco mais de 100 anos.
Não queremos mais Reformas ortográficas, que são inconstitucionais à luz da Constituição da República Portuguesa (artigos 43.º, n.º 2; 9.º, al. d); e 78.º, n.º 1 e 2, al. d).
"O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita"; ou, dito de outro modo, o destino adequado para o AO90 é o caixote do lixo.
O Manifesto "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990", irá ser publicado no "Público", na segunda-feira, dia 23 de Janeiro, o Manifesto "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990", com - até agora - mais de uma centena de personalidades e figuras públicas, escritores, músicos, Linguistas, Filólogos, Professores universitários e até instituições - na sua maioria, portugueses -, que o subscreveram.
O Manifesto será colocado no "site" da "Petição Pública", para que as pessoas o possam assinar.
16 de Janeiro de 2016
Fonte:
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SONDAGEM
Segundo os números disponíveis, a esmagadora maioria dos Portugueses é contra o "Acordo Ortográfico" de 1990.
Isto sucede, mesmo 5 anos após a sua "aplicação" obrigatória na Administração Pública, no sistema de ensino, no "Diário da República", a partir de 2011/2012.
Após consulta a 82.000 pessoas, mais de 95% manifestaram opinião contrária ao AO/90:
Amostra significativa desde 16 de Setembro de 2011 (dados consultados em 3 de Janeiro de 2016), publicada na Página da rede social do Facebook, em:
https://www.facebook.com/questions/214510845276359/
“Totalmente contra”: 72.026 votos
“Contra”: 6.898 votos
“A favor”: 2.895 votos
“Totalmente a favor”: 1.435 votos. Ou seja, "Totalmente a favor" é uma minoria praticamente inexpressiva. (Ivo Miguel Barroso)
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