Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2020

«A ortografia do português e a estranha história do prédio pintado de roxo»

 

«Vai ser discutida na AR uma iniciativa cidadã para repor a ordem ortográfica. Não bastam três países para validar um acordo: ou todos ou nenhum.»  

Nuno Pacheco in Jornal Público

 

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Texto de Nuno Pacheco

 

«Há histórias verdadeiramente exemplares. Querem ouvir uma? Num prédio de oito andares e várias famílias, estabeleceu-se um método simples para as coisas do condomínio: cada andar designava um delegado e, reunidos os oito, propunham o que lhes parecia ser sensato. Era o comité. Mas depois, para que a coisa fosse mesmo democrática, as propostas do comité iam a votos em cada andar, as famílias assinavam um papel e só quando os oito papéis estavam na mão do fiel depositário escolhido (o vizinho do rés-do-chão) é que se avançava. E assim iam os lixos, as floreiras, a ventilação, a limpeza das escadas, a manutenção dos elevadores.

 

Um dia, o comité teve uma ideia brilhante: pintar o prédio de roxo. Todo, de alto a baixo. As cores originais oscilavam entre o creme, o rosa velho, umas molduras azuladas em torno das janelas e um enorme, mas já esbatido, desenho de arte pública numa das empenas. Quanto aos interiores, originalmente em branco, já disputavam cores ao arco-íris. A proposta do comité era radical: acabar com a anarquia cromática, não fosse a personalidade do prédio desintegrar-se. Assim, ficaria roxo por fora, sendo os interiores apenas brancos ou cinzentos. Uniformidade cromática no exterior, dupla coloração (uma facultatividade!) nos interiores. Esta mudança tinha ainda um pressuposto: a aprovação prévia de um Regulamento da Cor. Deste modo, evitavam-se anarquias futuras, salas verde-alface ou às florinhas, sabia-se lá.

 

O vizinho do rés-do-chão exultou e correu a colher assinaturas. O do último andar, idem. Mas tardava a papelada. E do Regulamento, nada. Um desespero para o comité, que já tinha encomendado as tintas. Sete anos passados, o comité tentou outra estratégia: dispensava-se para já o regulamento. Talvez assim assinassem. Resultado nulo. Então o comité lançou mão de um ardil: propôs, e fê-lo por escrito, que bastavam as assinaturas de três andares para pôr as trinchas em marcha. Assim foi: quatro andares assinaram, com muitas trapalhadas de nomes e datas à mistura, e o prédio pôs-se roxo. Ainda hoje, passados anos, andam a bater à porta dos resistentes, trinchas na mão, gritando: “Não resistam mais! Branco ou cinzento! É a lei!” Face ao silêncio, não desarmam: “Leiam, leiam! Está tudo na nota explicativa!”

 

A história deste prédio imaginário replica a do chamado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assinado em 1991, esteve a marinar até 1998, ano em que um protocolo modificativo lhe dispensou a data inicial de entrada em vigor (1994) e a existência prévia de um “regulamento” (um vocabulário ortográfico comum), mantendo, no entanto, que tinham de assinar todos (artigo 3.º): “[o AO90] entrará em vigor após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa.” Como não resultasse, inventaram em 2004 um segundo protocolo onde o artigo 3.º foi redigido assim: [o AO90] entrará em vigor com o terceiro depósito de instrumento de ratificação junto da República Portuguesa.” O roxo do prédio foi um acordo impingido a 8 por via de apenas 4, e com datas muito duvidosas, como já aqui pormenorizadamente se escreveu e documentou.

 

O que diz, a este respeito, a Convenção de Viena de 1969 (em vigor na ordem internacional desde 27/1/1980 e que Portugal ratificou em 6/2/2004)? Que “a adopção do texto de um tratado efectua-se pelo consentimento de todos os Estados participantes na sua elaboração” (art.º 9.º) e que a sua entrada em vigor (art.º 24.º) se faz “nos termos e na data nele previstos ou acordados” ou, na falta destes, “logo que o consentimento em ficar vinculado pelo tratado seja manifestado por todos os Estados que tenham participado na negociação.” Por todos. Convém dizer ainda que a Convenção de Viena vigora em Portugal desde 7 de Março de 2004, antes da assinatura do segundo protocolo modificativo do AO90 (27 Julho de 2004).

 

Por isto, que não é pouco, há-de ser discutida na Assembleia da República uma iniciativa legislativa de cidadãos (ILC-AO) com 21.206 subscritores e já admitida em 2019 como projecto de lei. O que pretende? A revogação da Resolução da AR n.º 35/2008, de 29 de Julho que aprovou o texto do segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico. Ou seja: que o prédio não possa ser pintado de roxo só com o acordo de metade dos inquilinos.

 

Ora o que se passou foi o contrário, violando os pressupostos do próprio AO90 e as regras da Convenção de Viena de 1969 que Portugal ratificou. Independentemente de se gostar ou não do conteúdo do AO90 (que, repita-se, é um erro com coisas, não uma coisa com erros), um mínimo de decência obrigaria a cumprir a regra de “ou todos, ou nenhum”.

 

Com Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste de fora; e com Portugal, Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe dados como “ratificadores”, mas com práticas duvidosas (bastantes “buracos” no processo e uma “aplicação” ainda contestada, incentivadora de múltiplos erros e, em muitos lugares e instituições, ainda rejeitada ou simplesmente ignorada), impõe-se ao menos anular a “regra três”: ou todos ou nenhum! Para que o roxo seja, apenas, a cor da vergonha de quem decidiu corromper as regras da democracia para impor a sua vontade.»

 

Fonte:

https://www.publico.pt/2020/02/20/culturaipsilon/opiniao/ortografia-portugues-estranha-historia-predio-pintado-roxo-1904607?fbclid=IwAR2iPM4snkygnvMwzyihbOacgLaFSmKN18d3fv20SQQSrwej1Jonqs25V0k

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:10

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Segunda-feira, 1 de Julho de 2019

«Os espectadores activos contra os espetadores ativos – A inércia e o desprezo pela nossa Língua»

 

Um texto (fabuloso, real e assertivo) de José Pacheco Pereira, in Público, 29/06/2019)

(Os excertos assinalados a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue)

 

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José Pacheco Pereira

 

«À memória do Vasco Graça Moura.

Se pensam que este artigo é duro, imaginem o que ele escreveria.

 

Prometi a mim próprio escrever um ou dois artigos por ano contra o chamado acordo ortográfico. E fiz essa promessa para não pecar do mesmo mal da inércia, que é a principal força que mantém este acordo vivo. Na verdade, são duas forças conjugadas, uma, a inércia, e a outra o desprezo pela língua portuguesa. São duas forças muito poderosas e, conjugadas entre si, ainda mais poderosas são. Mas são forças negativas, que misturam preguiça, indiferença, incultura, desprezo pela memória e irresponsabilização pelo desastre e fracasso diplomático que representou o acordo.

 

O resultado é que todos os anos o português escrito em Portugal se afasta do Brasil, de Angola, Cabo Verde, onde o acordo ou não existe ou não é aplicado. Ficamos com um português de ortografia pobre, menos resistente a estrangeirismos e menos expressivo, em nome de um objectivo falhado: o de fazer a engenharia da língua de forma artificial. E não me venham com o “pharmácia” e farmácia, porque o contexto deste acordo inútil é muito diferente dos anteriores, porque foi feito num momento em que tudo aconselharia prudência em mexer numa língua cujas ameaças principais não vêm da falta de unificação ortográfica, mas da correlação entre a perda de dinamismo social e a riqueza da língua, ortografia, léxico, gramática e oralidade. E aqui Portugal fica sempre a perder com o Brasil.

 

E não me venham também com o facto de ser apenas um acordo na ortografia, que não afecta a oralidade, nem a riqueza lexical. Afecta e muito porque lemos com os olhos, e para lá dos olhos é a imagem das palavras que fica, e uma coisa é ser “espetador” e outra ser espectador, apesar da inútil dupla grafia. Por detrás do espetador, como diria o Napoleão diante das pirâmides, mais de dois mil anos de civilização contemplam os infelizes do acordo, sem pai nem mãe latina e grega. Mas quem é que quer saber disso?

 

Este é um dos casos em que fico populista e atiro em cima “deles”, os políticos. “Eles” preocupam-se muito com as beatas no chão, mas nada pela riqueza ortográfica do português, na sua memória nas palavras antigas que são o solo que pisamos. E é por isso que o acordo serve a ignorância, dos políticos do PS e do PSD e do CDS, que deixaram à suposta geração designada de “a mais preparada de sempre” um dos mitos com que alimentamos a nossa mediocridade colectiva. Sim, uma geração que faz cursos universitários sem ler um livro, e que fala com a expressividade dos SMS e do Twitter numa linguagem gutural e pobre, que o acordo ajuda a consolidar.

 

O Big Brother de Orwell eliminava do vocabulário todos os anos algumas palavras. Para ele a linguagem patológica dos escassos caracteres do Twitter, onde não passa um argumento racional, mas passa com facilidade um insulto, seria um ideal a conseguir. Falar com vocabulário variado e rico, algo que só se tem lendo, dá poder. O Big Brother queria retirar poder e não tenho dúvidas que gostaria do acordo ortográfico, para eliminar a memória das palavras vindas dos dias de cor e passar ao cinzento da farda.

 

Na verdade, é um problema maior do que a ortografia, é o problema da cultura e da democracia, onde todos os dias os parâmetros de mínima exigência são baixados, pelos pais, pelos professores, pelas instituições e, como o peixe apodrece pela cabeça, pela nonchalance dos nossos políticos pelas coisas importantes. E se há comparação que me honra é com o “velho do Restelo”. Na verdade, o velho do Restelo é uma das personagens mais interessantes e criativas dos Lusíadas. E tinha razão.

 

E deixem-me lá as excepções. A regra é que os mais velhos traíram a memória da língua, e os mais novos vivem bem no mundo do Big Brother. O tecido cultural do país, agredido pelo acordo, não é feito de excepções, mas sim da regra, e a contínuo enunciação das excepções só serve para esconder a regra.

 

Pode-se ser culto sem saber quem era Ulisses, ou Electra, ou Lear, ou Otelo, ou Bloom? Não, não pode. Como não se pode ser culto sem perceber a inércia, ou o princípio de Arquimedes. E, no caso português, sem ter lido umas frases de Vieira, ou saber quem eram Simão Botelho, Acácio, o sr. Joãozinho das Perdizes, ou Ricardo Reis, ele mesmo. E não me venham dizer que sabem outras coisas. Sabem, mas não chega, são menos, são diferentes e não têm o mesmo papel de nos fazer melhores, mais donos de nós próprios e mais livres. Sim, livres, porque é de liberdade que se está a falar.

 

Fonte:

https://estatuadesal.com/2019/06/29/os-espectadores-activos-contra-os-espetadores-ativos-a-inercia-e-o-desprezo-pela-nossa-lingua/?fbclid=IwAR0x-TM-UXuKa--i1kXfkUqHW3tEErWZekorl94K1TKf5UQ-4DUiSoVI6_I

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:57

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Segunda-feira, 27 de Maio de 2019

A imposição do Acordo Ortográfico de 1990 é ilegal e inconstitucional!

 

Um texto de Paulo Teixeira, com o qual concordo inteiramente.

Está na hora de os Pais EXIGIREM que, nas escolas, os seus filhos, aprendam a escrever correCtamente a sua Língua Materna, a Língua Portuguesa, conforme está consignado na Constituição da República Portuguesa.

O AO90 é ilegal, inconstitucional, irracional, irritante, inútil e mentalmente incapacitante, porque obstrui o pensamento.

 

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«É hora de acordar o Presidente Marcelo!

 

Mas mais ilegal e inconstitucional ainda é obrigar alunos (filhos dos contribuintes que pagam o ensino público) a usar o acordo contra a sua vontade. Como pode o Estado obrigar um filho meu a usar o acordo sem a MINHA autorização??!

 

É aqui, neste ponto em concreto, que todos nós devemos berrar, discordar, bater o pé, até boicotar escolas!

 

É sobre esta ilegalidade/inconstitucionalidade que devemos incidir, dar as mãos, ripostar, impedir que sejam os políticos e os badamecos que pariram o acordo a dizer o que devem (ou não) os nossos filhos aprender num estabelecimento de ensino público pago por nós!»

 

Vamos à LUTA!»

 Paulo Teixeira

Fonte:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2647100888650779&set=gm.2420012258044133&type=3&theater&ifg=1

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:50

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Quinta-feira, 5 de Abril de 2018

«Admirável Língua Nova (Parte VII)»

 

MANUEL.jpg

 

Por Manuel Matos Monteiro

 

Afinal, ainda é preciso ir atrás da pronúncia da moda para saber escrever. Há quem chame a isto “simplificação”. Eu chamo-lhe “pesadelo”.

 

Copio abaixo excertos de duas respostas acerca das grafias acordizadas de “ceptro” e “veredicto”. Devo, antes de mais, sublinhar a extrema importância do Ciberdúvidas ao serviço da língua, aliando saber e generosidade. Sublinho ainda o excelente trabalho desenvolvido na área da língua do autor da primeira resposta. Lamento o caminho que seguiram quanto ao Acordo.

 

Sobre a grafia acordizada de “ceptro”, lemos:

 

“Voltando ao Ceptro/cetro, esta palavra não está indicada com pronúncia do p em nenhum dos dicionários actuais (mas simplesmente ¦cetro¦), nem existe a variante ceptro no Brasil. Ora o companheiro diz que há comunidades que pronunciam o p. Nesta base, passo a aceitar a necessidade da dupla grafia e deixei, portanto, de lhe fazer objecções.

 

Com o Acordo, a ortografia já não mora nos dicionários? É essa a grande novidade? Bastará que uma pessoa reivindique a pronúncia da terra em que mora? De qualquer lugar do globo em que se fale português? E se a terra dessa pessoa não tiver sido abençoada pela “pronúncia culta” nas consoantes mudas e falantes? Ou a “pronúncia culta” é, afinal, uma grande treta? Se há uma “pronúncia culta”, como se justificam tantas duplas grafias?

 

Na mesma resposta, lemos ainda:

 

“Como nunca me canso de repetir, na pronúncia não há critérios taxativos de correcto ou incorrecto.” 

 

Como se defende então um Acordo que põe a grafia correcta (a ORTOgrafia) a reboque de algo em que “não há critérios taxativos de correcto ou incorrecto”?

 

E ainda da mesma resposta:

 

“Por exemplo, para ovelha, o dicionário da Academia indica restritamente a pronúncia ¦vâ¦, quando Rebelo Gonçalves aceitava como legítimas: ¦vâ¦, ¦vâi¦ e ¦vê¦ ...”

 

Por aqui se vê a dificuldade em fixar pronúncias. Se o espírito acordista da pronúncia porventura ou desventura migrasse para aqui, teríamos – só para duas fontes! – uma grafia e uma tripla grafia.

 

Noutra resposta, acerca de “veredicto”, é dito:

 

“No Brasil, a forma veredicto, com c pronunciado, era a recomendada até há pouco tempo, mas a{#c¦}tualmente é mais comum ouvir a forma sem essa consoante, daí a legitimidade de veredito (informação dispensada pelo consultor Luciano Eduardo de Oliveira).”

 

Como disse?! Teremos, portanto, de ir modificando a ortografia ao sabor de todas as modas e de todas as terras?! “Actualmente é mais comum”, mas “há pouco tempo” não era... e daqui a uns tempos, como será? E noutros lugares da lusofonia? O consultor vai escutando mais de duzentos milhões e enviando para cá as alterações da pronúncia do Brasil (e de qual Brasil?) com que periodicidade? A ortografia navega assim ao grado da corrente... Agora, há uma certa trepidação no sentido de pronunciar… Agora, já não... No limite, será o que cada pessoa vai escutando que irá moldando a ortografia – uma ortografia unipessoal? É isso?!

 

Não bastava já a trapalhada de termos de distinguir as palavras de dupla grafia por flutuação de pronúncia dentro de Portugal das palavras de dupla grafia por diferença de pronúncia entre Portugal e o Brasil, não bastava já os dicionários e prontuários não se entenderem quanto às palavras que são de dupla grafia (e a qual dos dois grupos pertencem) e quanto às locuções que perderam os hífenes – coitados dos professores e dos encarregados de educação que levarem isto do Acordo a sério e consultarem mais do que uma fonte para saber se há dupla grafia quanto à consoante ou se os hífenes de uma locução – e são tantas! – desapareceram. Não bastava tudo isso – afinal, ainda é preciso ir atrás da pronúncia da moda para saber escrever. Há quem chame a isto “simplificação”. Eu chamo-lhe “pesadelo”.

 

Tomo a liberdade de voltar a citar, desta vez de outro lado, até porque não está tudo na Internet – e há tanta coisa valiosa (e esquecida) fora dela.

 

“Não têm faltado em Portugal e no Brasil espíritos ansiosos e revolucionários que proclamam a necessidade de simplificar radicalmente a grafia, chegando a propor-se a atribuição de um valor único a cada letra. Por exemplo, escreve-se sociedade e lê-se suciedade! Imagina-se deste modo um contra-senso fazer o o igual a u, e, portanto, considera-se mais prático, isto é, ao alcance de todas as inteligências (principalmente das infantis) a correspondência do símbolo com o som. As pessoas que pensam de tal forma esquecem-se de que, além de se tornar necessário inventar um alfabeto enorme para acorrer a todas as necessidades de representação gráfica, estávamos caídos nas maiores incongruências diante de palavras da mesma família. Por exemplo, aquela sociedade, que se queria suciedade, e se relaciona (pelo latim socius) com sócio, ficava… desassociada, porque o sócio… não podia passar a súcio. […] Do mesmo modo, a rosa do roseiral seria a rosa do ruseiral. E assim por diante, em milhentos exemplos. Isto, exemplificando apenas com uma das representações – a do o a valer de u, que causa tantos protestos. Não se julgue que é de agora a ânsia pela ortografia sónica.”

 

Assim escreveu Vasco Botelho de Amaral, no seu Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português, de 1947!

 

Apesar de a maioria dos Portugueses pronunciar “joâlho”, “coâlho”, “dechida”, “pechina”, “menistro”, “vezinho”, “ademenistrador”, alguém imagina que a ortografia possa ir no encalço de tais pronúncias? Ou que se decrete a dupla grafia, porquanto certas comunidades linguísticas pronunciam “joelho”, “coelho”, “descida”, “piscina”, “ministro”, “vizinho”, “administrador”? A ortografia e a pronúncia (diferente da transcrição fonética…) situam-se em diferentes planos. Escrevemos “exacto” e não “izátu”. E assim é noutras línguas.

Citando Nuno Pacheco (“Surdos dos olhos, cegos dos ouvidos”, publicado neste jornal): «Os ingleses pronunciam “no” e “know” da mesma exacta maneira, tal como “night” e “knight”, ou “right” e “wright”. Imaginam alguém a sugerir que tais palavras passem a ser escritas da mesma forma porque têm o mesmíssimo som? Não, loucos desses só existem por cá.» 

 

O único documento oficial de defesa do Acordo, a sua Nota Explicativa, jura que: “De facto, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção, a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c? Só à custa de um enorme esforço de memorização […].” Se o único argumento de defesa do Acordo, demonstrada a fraude da uniformização, é a putativa facilidade de aprendizagem das crianças de seis e sete anos, responda o acordista que conseguir: por que razão nunca, antes da aplicação do Acordo, vi um português, por mais iletrado que fosse, que escrevesse “directo” ou “directa” sem c ou “adoptar” sem p?

 

Vi, como muitos, confusões com s e z – por exemplo, “analizar” e “gáz”. Com c, ç e ss, tantos, tantos, tantos – só a quantidade de “acessores” que há para aí… No mês passado, um canal de televisão muito visto noticiava “Agreções com Paus e Facas”, como se pode ver na página do Observatório da Asneira. Com ch e x – os erros do “xixi” (e, não raro, com hífen), do “xoné”, da “chícara”, entre muitos outros. Com g e j – nunca me esquecerei da placa “sugeito a multa” e de um sem-número de “tijelas” (correctamente, “tigela”, do latim tegella). Com i e e – ainda recentemente recebi a “imissão da factura” – o c estava lá, como sempre esteve, o e é que não; e quantas trocas de “eminências” e “iminências” não vemos diariamente. Até a ausência do h no início de palavra – a página referida acima exibe uma notícia do mês passado com “homem de 77 anos ospitalizado”. Mas nunca vira ninguém escrever “ação” ou “atua” ou “ator” ou “atriz” – justamente aquilo em que o Acordo decidiu mexer!

 

Se o critério de diminuir o número de erros pelo estapafúrdio matrimónio da ortografia e da pronúncia (culta ou inculta) fosse o critério primeiro, teriam de resolver todos os erros acima. Porque não tocaram nas palavras começadas por ch e x em que a etimologia é o móbil principal? Ou na presença do h no início de palavra?¹ A etimologia aqui foi tida em conta. Porquê? A pronúncia não foi critério. Porquê? (Quando, ainda por cima, ao contrário das ditas consoantes mudas, não haveria necessidade de dupla grafia por não existir flutuação de pronúncia.) Nestes casos, já se pode infligir um enorme esforço de memorização às pobres crianças? Não peçam coerência e lógica ao Acordo – mal se toca nele, todo ele desaba…

 

Que fique claro de uma vez por todas: o Acordo decidiu inventar um problema que só existia na cabeça de quem o escreveu. Entre os muitos e variados erros de quem aprendeu a escrever com o Acordo de 1945, a presença das chamadas consoantes mudas era algo em que todos, absolutamente todos, acertavam. Com o Acordo de 1990, há UM acordista que possa dizer que a aplicação do critério da pronúncia esteja a correr bem?

 

(Continua.)

 

¹Malaca Casteleiro, numa entrevista ao Observador, de 13 de Fevereiro de 2017, garantiu que foi a pressão mediática do “ataque à virilidade” do “homem com ‘h’ grande” que travou a supressão dos agás no início dos vocábulos. Asseverou ainda que o principal motivo do Acordo residiu na existência de “duas ortografias oficiais para a língua portuguesa, a brasileira e a portuguesa. Do ponto de vista da promoção internacional da língua, era prejudicial”. Elas persistem, caro Prof. Malaca Casteleiro.

 

Fonte:  https://www.publico.pt/2018/04/02/culturaipsilon/opiniao/admiravel-lingua-nova-parte-vii-1808831

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:06

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Sexta-feira, 2 de Março de 2018

«ESTE PAÍS PARTIDO AO MEIO PELA PRÓPRIA LÍNGUA»

 

Muito bem, Alexandra Lucas Coelho.

 

Haja inteligência e lucidez para dizer as coisas certas.

 

Parabéns e obrigada pelo seu precioso contributo em prol da Cultura Linguística Portuguesa.

 

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A opinião de

Alexandra Lucas Coelho

 

 1 - «O que aconteceu há uma semana no parlamento português é de pasmar, para quem ainda for capaz. Todos os deputados portugueses, com a honrosa excepção dos comunistas e de dois centristas, são agora co-responsáveis por a) um erro com décadas b) Portugal estar partido ao meio pela própria língua c) manter tantos portugueses na clandestinidade. 

 

Que dia cheio, essa quinta-feira, 22 de Fevereiro. E lendo nas notícias até parecia que não tinha sido nada demais, a votação na assembleia. Assunto arrumado.

 

2 - Como quiçá 99 por cento dos portugueses, estou farta deste assunto. Há uma boa razão para isso. É que o assunto tem barbas. Tanto tempo que o facto de até agora não ter sido possível enfiarem-nos o acordo pela goela é uma prova de como ele é um mau acordo. Outra prova, claro, é o facto de terem que tentar, e continuarem a tentar, enfiar-nos o acordo pela goela. Quanto mais tempo passa, mais me apetece dizer que nunca escrevi nem escreverei uma frase segundo o acordo. E quanto mais tempo passa mais me chateia que os meus sobrinhos sejam obrigados a ler e escrever asneiras, e quando todos eles aprenderem a ler e escrever fiquemos separados por tanta asneira. Cada um dos deputados que se absteve ou votou pela continuidade é responsável por isso. De resto, com o aval dos deputados eleitos, a minha situação, e a de tantos portugueses, é oficialmente essa: estamos, vivemos, trabalhamos na clandestinidade. Mas quem sequestrou a língua não fomos nós. De certa forma, o auto-proclamado acordo é um golpe de estado progressivo. Um golpe de estados, aliás. E isso faz parte do equívoco de base.

3 - Esta monumental perda de tempo, dinheiro, burocracia e energia vem de 1990. São 28 anos — vinte e oito anos — de declarações, contorções, petições, recursos, rejeições, discussões, pancadaria verbal desde o equívoco de base. Os contestatários foram ignorados, partiu-se para a imposição: em Portugal, o acordo entrou em vigor em 2009, tornou-se obrigatório nas escolas públicas em 2011, nos organismos públicos em 2012, e em geral (?) em 2015, data desde a qual um aluno que não escreva segundo o acordo é penalizado. 

 

Totalitarismo por etapas. Mas em nome de quê?

 

4 - Aí está o equívoco de base: em nome de uma visão política desligada da vida. Da vida da língua, com as suas mutações naturais, da vida de cada país onde essa língua é dominante, e das relações entre esses países. Já me perdi no imbróglio do que gerou o acordo, se/como os linguistas foram utilizados pelos políticos e/ou vice-versa, ou a certa altura os defensores do acordo se cristalizaram nessa posição porque sentiam que já tinham ido demasiado longe para voltar atrás.Supostamente este acordo era para aproximar os países de língua portuguesa. Mas o que separa os países de língua portuguesa são muitas outras coisas, muitas delas de facto políticas, muitas delas de facto incómodas, muitas delas de facto sistematicamente ignoradas, ou menosprezadas, enquanto um acordo totalmente desnecessário, supostamente a bem da lusofonia, nos mói o juízo há 28 anos.Expressões que me tiram do sério: países da lusofonia. Que países da lusofonia? Lusofonia resulta de uma ideia de dominação, ou dominância, lusa, sem sentido. Não há países da lusofonia. Há países que falam a língua portuguesa. E, não por acaso, Portugal está bem, bem longe de ser o mais populoso.

 

5 - Também estou longe de em geral votar PCP, o partido que corajosamente fez a proposta rejeitada no parlamento, para que Portugal se retirasse do acordo. Estar contra o acordo é o ponto em que coincido com os comunistas, depois divirjo em parte quanto à visão da língua portuguesa, as relações entre os países que falam a língua portuguesa. Mas pasmei com a quantidade de deputados que votaram em massa, ao lado dos seus partidos, contra a proposta do PCP. As abstenções ficaram-se pela meia dúzia.Difícil de acreditar. Toda esta gente está mesmo convicta de que o acordo é uma coisa boa? Ou acha apenas que dá demasiado trabalho voltar atrás? Seja como for parecem imunes ao facto de tanta gente, com argumentos, não seguir o acordo.

 

Mexeu-se na língua, onde não fazia falta, por maus motivos políticos. Esse acordo, alegadamente para o melhor entendimento de vários países, conseguiu transformar-se em grande desentendimento neste país. Entretanto, todos os dias me sento a esta mesa, e bato neste teclado palavras que oficialmente já estão erradas, como pára em vez de para, ou pêlos em vez de pelos.O meu trabalho é escrever há mais de trinta anos. Na minha geração, tenho de pensar um bocado para achar conhecidos que escrevam voluntariamente segundo o acordo. E na geração posterior idem. A petição que acompanhava a proposta do PCP tinha 20 mil assinaturas, mas multiplicar isso por 100 não me pareceria pouco razoável. Imagino a quantidade de professores que não gostam do acordo e são obrigados a usá-lo. Com certeza que muitos seguidores do acordo o fazem por obrigação, em organismos públicos, ou empresas que tomaram a decisão de aplicar o acordo por contingências várias. Entre 2011 e 2012 aconteceu editoras acharem que o caminho já era irreversível, e terem começado a aplicar o acordo, para depois retrocederem.Falhado o parlamento, a próxima esperança dos desalinhados será o recurso que o Supremo vai analisar, quanto à ilegalidade ou não de impor a aplicação do acordo.

 

6 - A língua portuguesa são tantas que ainda não as conheço, nem conhecerei. Morei anos no Brasil, e que sorte, a língua tornou-se muito maior. Vou à Guiné, a Cabo Verde, a Moçambique, idem. A língua vai à frente de qualquer dicionário, e se quem escreve não der trabalho aos arrumadores da língua estamos tramados. Portanto, os clandestinos estão naturalmente na clandestinidade. Mas não por decreto, com um acordo tipo implante. Deixem a língua solta, porque ela muda a cada minuto. O trabalho dos dicionários, e dos especialistas, é correrem atrás.»

 

Fonte: 

 

https://24.sapo.pt/opiniao/artigos/este-pais-partido-ao-meio-pela-propria-lingua#_swa_cname=sapo24_share&_swa_cmedium=web&_swa_csource=facebook&utm_source=facebook&utm_medium=web&utm_campaign=sapo24_share

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:12

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Terça-feira, 17 de Outubro de 2017

«Trova do tempo que passa»

 

Por Adelino Dias Santos

 

Sugestão para o Dr. Manuel Alegre reeditar a sua (agora renomeada) “Trova do Tempo que Passa

 

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Foto: National Geographic

 

Pergunto ao meu Presidente

P'la LÍNGUA do meu país,

Mas ele cala e consente,

Marcelo nada nos diz

E também no Parlamento

Apostam no tempo que passa

E é mesmo para lamento

Que o tempo cala a desgraça

Uma luz há que resiste

Mesmo nesta escuridão

Um POVO que não desiste

Que ao “acordo” diz NÃO

Afirmam os governantes

Ali não há volta a dar

Nós estamos confiantes

“Acordo” tem que acabar

Perante esta tristeza

Com a língua mutilada

Condenamos a frieza

De quem cala e não faz nada…

 

Adelino Dias Santos

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:13

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Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2017

A (DES) INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Utrecht, Vaticano, Brasil, Cabo Verde…

Pois é!!!!

 

UTRECH.png

VATICANO.png

BRASIL.png

CABO VERDE.png

Como diz Francisco Miguel Valada: Sempre que alguém disser que o AO90 é um "importante instrumento de consolidação e internacionalização da língua portuguesa" (CR), responda-se (em inglês) "The administration of the Faculty of Humanities of Utrecht University has announced it intends to close down definitively its BA program in Portuguese Studies at the latest in 2014 but with immediate consequences for the staff and for students who might want to enroll now". Punkt.

 

(in Pela Língua Portuguesa contra o "Acordo")

 

Fonte:

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=289134397814003&id=107240969336681

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:24

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Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2017

«O QUE SE PASSA NOS DOCUMENTOS DO ESTADO É UMA VERGONHA NACIONAL»

 

Resumo da intervenção de Nuno Pacheco, do jornal "Público", no debate "O mal-estar com o Acordo Ortográfico — cinco anos depois" (Goethe-Institut Portugal de Lisboa, 09/01/2017).

 

«Aquilo que vemos no dia-a-dia em Portugal é a maior das confusões, desde logo pela entidade máxima que devia defender o acordo — o Estado. O que se passa nos documentos do Estado é uma vergonha nacional. As duplas grafias e o desmembramento de famílias de palavras fazem com que este seja o único dos acordos que destrói a noção de ortografia. O problema ortográfico não existia, a não ser num grupo restrito que quer manter através da língua o que não foi possível manter geograficamente. Nada disto faz sentido

 

Vídeo retirado daqui: http://bit.ly/2ifrfbT. Subscreva a iniciativa de referendo: http://bit.ly/2cPDNDL

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:57

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Sexta-feira, 16 de Setembro de 2016

O AO90 «É inúti, irresponsável, prepotente, ineficaz, altamente prejudicial e ridículo»

 

Quem o diz é Miguel Esteves Cardoso.

 

Mas convido os governantes portugueses a ver este vídeo e ouvir atentamente os argumentos que são apresentados contra o AO90, e comecem a ponderar muito seriamente em atirar ao caixote do lixo esta aberração, sob pena de ficarem na História de Portugal como aqueles que destruíram um dos mais relevantes pilares da identidade portuguesa.

 

 

«Registo das intervenções demolidoras contra o Acordo Ortográfico no programa "Controvérsias" (RTP1, 1991) de Miguel Esteves Cardoso («O acordo é inútil, irresponsável, prepotente, ineficaz, altamente prejudicial e ridículo.»).

 

Maria Leonor Buescu («Há a questão da constitucionalidade do acordo, porque programar a educação segundo directrizes políticas é materialmente inconstitucional.») e Maria Isabel Rebelo Gonçalves («Um texto publicado no Brasil é diferente de um texto publicado em Portugal, podem chamar-lhe acordo, mas não de unificação porque, com as duplas grafias, não unificou nada nem em Portugal.»).

 

A favor do AO estão Carlos Reis, Américo da Costa Ramalho e Aníbal Pinto de Castro (Tradutores contra o Acordo Ortográfico)

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:26

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Quinta-feira, 28 de Abril de 2016

Inquérito sobre o Acordo Ortográfico

 

Anda a circular no Facebook, um Inquérito sobre o (mal dito novo, que não é novo) Acordo Ortográfico, proposto em acordês, cujo link deixo no final deste texto para quem (ainda assim) quiser responder.

 

«A aplicação do novo (!!!) acordo ortográfico em Portugal provocou críticas e um certo desagrado na opinião pública. Dê-nos a sua opinião». Foi o que fiz.

 

Seguem-se as perguntas, e aqui vos deixo as minhas respostas às questões essenciais, como se estivesse a atirar achas para uma fogueira, onde espero ver arder, até se desfazer em cinzas, esta alienada ortografia, denominada AO90.

 

FOGUEIRA.jpeg

Fotografia original © J. MACHADO photography

 

P - Sentiu dificuldades ao adaptar-se às novas regras?

R - Não.

Não senti a mínima dificuldade, porque não aplico um acordo que não está em vigor, é ilegal e inconstitucional, e ainda que fosse legal nunca o aplicaria, porque é um autêntico aborto ortográfico, sem o mínimo fundamento linguístico, e o direito à desobediência civil, a leis parvas, está consignado na Constituição da República Portuguesa.

 

P - Concorda com a aplicação do novo acordo ortográfico?

R - Não.

Não concordo com a aplicação deste AO porque, como já disse, é um autêntico aborto ortográfico, sem pés nem cabeça, engendrado, sem qualquer fundamento linguístico, para encher os bolsos de editores e de políticos corruptos.

 

P - Continua a escrever como fazia antes do acordo?

R – Sim.

Obviamente que continuo a escrever segundo as alterações de 1945, cientificamente fundamentadas, e não segundo este AO90, por não lhe reconhecer legitimidade, e nem sequer estar em vigor. E mesmo que estivesse em vigor, recusar-me-ia a aplicá-lo por ser um autêntico aborto ortográfico (repito), por não ter pés nem cabeça.

 

P - O novo acordo veio afetar a língua portuguesa:

R – Negativamente.

Apesar de desconhecer o significado de "af'tar", o acordo (que não é novo e é ilegal) só está a ser aplicado pelos ignorantes, pelos pouco esclarecidos, pelos medrosos, pelos acomodados, pelos comodistas e pelos lacaios do Poder, que está a vender Portugal ao desbarato. Deste modo, quem o aplica só está a gerar confusão e a arrastar na lama a Língua culta e europeia, que é a Portuguesa.

 

P - O português de Portugal (o berçário da língua) perdeu de certa forma a sua identidade com este acordo!

R – Concordo.

Vou concordar, porque apesar de a pergunta ser descabida, o Português de Portugal (de onde mais poderia ser?) ao ser aplicado na versão AO90, que mais não é do que o abrasileiramento da língua, perderá, não de certa forma mas obviamente, a identidade portuguesa,   perderá a sua raiz culta e europeia, além de ser um INSULTO a todos os que têm a Língua Portuguesa como Língua Oficial.

 

P - O acordo veio unir ainda mais os países lusófonos na língua comum!

R – Discordo.

O acordo não veio unir coisa nenhuma, até porque não está a ser aplicado em todos os países de Língua Portuguesa. Apenas o Brasil e Portugal (por interesses pol´ticos obscuros e económicos) estão a fazer uma tentativa ILEGAL de o impingir ao povo que, maioritariamente, o rejeita com grande repulsa. E apenas os idiotas cairão neste conto do vigário chamado “união”.

 

P - Uma língua está sempre em constante evolução, como prevê o futuro da língua portuguesa?

R - Uma língua até pode estar em constante evolução, mas EVOLUÇÃO não é sinónimo de MUTILAÇÃO, e o que o AO90 propõe é a mutilação da língua, para facilitar a aprendizagem dos que têm dificuldades intelectuais para aprendê-la, portanto, prevejo que o futuro da Língua Portuguesa seja muito melhor, livre desta praga do AO90 que castra as palavras, e que por ser um aborto, não é de todo viável.

 

P - Esteja à vontade para opinar mais sobre este assunto

R - O que tenho a acrescentar sobre este assunto é que assim como o pior cego é aquele que não quer ver, o pior ignorante é aquele que faz da ignorância uma opção.

 

Ora sendo este AO90 um produto oriundo da mais profunda ignorância da Língua, sendo ele ilegal e inconstitucional, e estando mais do que fundamentadas as suas incongruências, pelos mais abalizados e cultos mestres da Língua Portuguesa, e por juristas que sabem de leis, é da ignorância continuar a insistir na aplicação ilegal de um acordo que tem mais de desacordo do que de acordo, e é do foro da própria ignorância.

 

Além disso, há as crianças, que estão a ser enganadas na sua aprendizagem da Língua Materna.

 

E isto não configurará um crime de lesa-infância e de lesa-pátria?

 

Link para o Inquérito:

https://docs.google.com/forms/d/1mPi0o9r9tyO4JciBpjf8PUSPqLhk_bNkbUTLqxSCvkU/viewform

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:58

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