Repesquei este texto, com o título supracitado, publicado no Jornal Público, em 26 de Fevereiro de 2012, pelo docente e investigador Paulo Jorge Assunção.
O debate era sobre a Língua Portuguesa e o Acordo Ortográfico.
Todos já sabemos que o AO90 não passa de uma fraude, a qual todos os organismos de Estado incluindo os que se dizem independentes, varrem para debaixo do tapete, como se tal lixo (ortográfico) pudesse ser contido debaixo do que quer que fosse, sem se evidenciar.
E porque anda por aí muita gente a optar pela ignorância, e recusa a informação, nunca é demais acenar-lhes com textos, que embora escritos há algum tempo, continuam actuais, porque em Portugal, já se sabe: não se avança, não se evolui, opta-se pela estagnação ou, pior do que isso, pelo retrocesso, e o que se escreveu no século passado, continua actual, no século seguinte. E isto, infelizmente, não diz só respeito à Língua.
Porém, como água mole em pedra dura tanto dá até que fura, todos, os que resistem, não desistiram, nem desistirão de lutar pela nossa Língua Mátria, aquela que nos identifica como Pátria, esperam que a Racionalidade bata à porta dos palácios de São Bento e Belém, e as pedras furem, para deixar passar a luz que anula o obscurantismo, que por lá grassa como uma maldição.
Isabel A. Ferreira
Texto de Paulo Jorge Assunção
«Debate A Língua Portuguesa e o Acordo Ortográfico»
«O 18.º Governo entendeu, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, de 25/1 (RCM), pôr em vigor o acordo ortográfico de 1990 (AO90), tornando obrigatória a sua aplicação "em todos os actos, decisões, normas, orientações, documentos, edições, publicações, bens culturais ou quaisquer textos e comunicações, sejam internos ou externos, independentemente do suporte, bem como a todos aqueles que venham a ser objecto de revisão, reedição, reimpressão ou qualquer outra forma de modificação", lê-se no preâmbulo.
Ora, para que se perceba, de modo sumário (portanto, redutor), o que está em causa, convém examinar o texto dessa RCM.
Lê-se, ainda no preâmbulo, que o AO90, "assinado em Lisboa em 1990, (...) incide apenas sobre a ortografia, mantendo-se a pronúncia e o uso das palavras inalteráveis" e, mais à frente, "Esta resolução adopta, ainda, o Vocabulário Ortográfico do Português, produzido em conformidade com o Acordo Ortográfico, e o conversor Lince (...) ambos desenvolvidos pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) com financiamento público do Fundo da Língua Portuguesa".
No n.º 1 surge a determinação curiosa de que as entidades visadas ("o Governo e todos os serviços, organismos e entidades sujeitos aos poderes de direcção, superintendência e tutela do Governo") "aplicam a grafia do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 43/91, ambos de 23 de Agosto", o que pressupõe que essa grafia é conhecida e pode ser consultada e utilizada. E, de curiosidade em curiosidade, chegamos ao n.º 6 da RCM, onde se lê que o Governo resolve "adoptar o Vocabulário Ortográfico do Português e o conversor ortográfico Lince, disponíveis no sítio da Internet www.portaldalinguaportuguesa.org e nos respectivos sítios da Internet dos departamentos governamentais".
Conclui-se, então, que a aplicação do AO90 consiste na adopção de qualquer coisa que não o próprio acordo, e que se designa por "Vocabulário Ortográfico do Português" e "conversor ortográfico Lince".
O mistério adensa-se. Buscando a verdade oculta, percebe-se que tais designações são de trabalhos elaborados por empreitada, por umas pessoas (certamente, financiadas) a quem o Governo alienou a incumbência da criação de uma suposta norma! O Estado "legisla" por encomenda!
Portanto, à pergunta "o que é que diz o Acordo Ortográfico?", o Estado responde, com secular sabedoria, "não faço a mínima ideia, mas vou ali perguntar a umas pessoas que eu conheço e já venho".
Para quem não esteja a perceber nada, por não ter lido o AO90, esclareço. O texto publicado no Diário da República de 23-8-1991 não contém, realmente, a nova grafia das palavras. O que se lê, num Anexo, é apenas um conjunto de regras gerais (muito mal feitas), para serem mais tarde concretizadas (artigo 2.º do AO90) através do estabelecimento de um vocabulário ortográfico comum a todos os países signatários (ou seja, por via de outro acordo, específico), que nunca foi feito.
Isto significa que o AO90 ficou (nos seus próprios termos) inaplicável, suspenso de facto futuro. Não sou eu quem o diz. É o texto do AO90 que é explícito.
E, no meio do absurdo, tem lógica que assim seja, pois ninguém sabe ao certo explicar o que significa "escreve-se quando se pronuncia", porque isso retira o "h" ao verbo "haver", por exemplo, e deixa a dúvida acerca do "p" em "excepto", porque o João não diz o "p", mas a Maria diz o "p". Se o Estado se comprometera, com os demais signatários, a elaborar o vocabulário comum, não poderia entregar a mãos incertas aquilo que nem sequer é seu: a Língua Portuguesa.
Postos à solta, os legisladores por contrato andaram a inventar. Já que estavam "com a mão na massa", moldaram (com os pés?) o próprio acordo (que não lhes pareceu suficientemente mau...), cortando consoantes a granel, como se não houvesse amanhã!
O acordo, na Base IV, prevê duplas grafias?! Nada disso! O acordo prevê, mas eles não deixam! Com a legitimidade democrática do recibo verde e a sensibilidade linguística da retroescavadora, esta troika oculta reinventou a Língua, segundo o insondável critério do "acho que fica melhor assim". No entusiasmo, aproveitou o facto de o AO90 ser aberto e impreciso e, milhares de euros mais tarde, eis que pariu esta malformação inviável, a que chamam VOP e LINCE. E é como estamos. Porém, num Estado de Direito, de onde a certeza e a segurança não devem ausentar-se, as coisas não são assim.
Por isso, sem norma técnica com valor jurídico que as defina, as regras gerais do AO90 não vigoram.
Como se entende, pois, esta desenfreada imposição do disparate? É simples. A maioria das pessoas não leu o texto do acordo. Diz-se que aquilo é obrigatório. Os impostos pagam as acções de (de)formação nos serviços públicos e nas empresas. Começa a usar-se o barbarismo de modo generalizado. E pronto! A mentira torna-se verdade e não se fala mais nisso.
Mas, "há sempre alguém que resiste". Por isso, se as iniciativas em curso prosseguirem, designadamente a Iniciativa Legislativa de Cidadãos que visa suspender a asneira (v. http://ilcao.cedilha.net/), bem como as políticas e judiciais, além da legítima desobediência civil, ainda veremos os de sempre, já virados do avesso de modo politicamente correcto, berrando nos púlpitos "não fui eu! eles obrigaram-me! eu estive sempre do lado certo!".
Pena o imortal Eça de Queiroz não estar cá para escrever o 2.º tomo de O Conde d’Abranhos!
(Este texto sintetiza, com as adaptações ao registo escrito, o essencial da intervenção do autor, no Goethe Institut, em 9/1/2012).
Fonte:
https://www.publico.pt/2012/02/26/jornal/o-ao90-esta-em-vigor-onde-24062644
(Nota: os excertos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue)
Exórdio:
Não sendo fácil exercer a profissão de Professor em Portugal, não é impossível exercê-la em sã consciência, e com uma responsabilidade incólume que legitime a confiança e respeito que lhe são devidos.
Em Portugal, não há imperadores, mas há professores que se vergam a governantes que não sabem nem o que fazem, nem o que dizem, e muito menos não imaginam a ignorância que estão a impôr aos Portugueses, não por decreto, mas por uma simples Resolução do Conselho de Ministros, que não tem valor de Lei...
Caros ex-colegas:
Já farta de ver triunfar as nulidades;
Já farta de ver a Língua Portuguesa amarfanhada nos meios de comunicação social;
Já farta de ver a passividade dos que podem pôr termo a esta tragédia linguística, mas não estão para se incomodarem;
Já farta do mesquinho servilismo a uma “ordem oficial” ilegal e inconstitucional;
Já farta de ver violar o direito das crianças a um ensino de qualidade, e a aprenderem a sua Língua Materna correCtamente;
Atrevo-me a dirigir-vos umas quantas palavras de repúdio, de protesto, de indignação pelo modo como os que deviam ser os guardiães do Ensino, da Educação e da Cultura têm conduzido a imposição ilegal e inconstitucional do Acordo Ortográfico de 1990, nas Escolas Portuguesas, contribuindo para a desalfabetização, desinstrução, deseducação e incultura das crianças portuguesas, que mereciam melhor sorte, superior ensino e maior respeito.
O que mais me custa suportar neste criminoso processo de desintegração da Língua Portuguesa, é a cobardia de todos os que se vergaram a uma ordem parva, e estão a incitar as crianças, ainda inocentes no seu desconhecimento das coisas, e que começam agora o seu aprendizado escolar, a escrever "incorretamente" a sua própria Língua Materna, produzindo erros ortográficos involuntariamente.
Digam-me o que é um "arquitêto", um "têto", um "dirêto", um "excêto" , uma "rec'ção"(pois é desta maneira que isto se lê)? Se forem capaz de chegar à raiz deste amontoado de letras gerado pelo AO90, e de me dizerem o que isto é, que significado tem, dou a minha mão a essa palmatória.
Isto é uma nítida violação da alínea c) do Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos das Crianças, que refere: a criança tem o direito a receber uma educação escolar (…) que favoreça a sua cultura geral e lhe permita – em condições de igualdade de oportunidades (algo que também é violado em Portugal) – desenvolver as suas aptidões e a sua individualidade, o seu senso de responsabilidade social e moral, para ser um membro útil à sociedade.
O que pretendem fazer das crianças?
Os analfabetos funcionais do futuro?
Desculpem, mas não têm esse direito.
Ensinar a Língua Portuguesa segundo o AO90 é um crime de lesa-língua e de lesa-infância, e não sou eu que o digo.
Se os governantes portugueses não têm capacidade moral e intelectual para o impedir, por uma manifesta e obscena subserviência ao estrangeiro e ao lobby de alguns editores mercenários (porque os há conscientes dos resultados funestos que a aplicação do AO90 terá para o futuro da Língua Portuguesa, que deixará de pertencer ao rol das Línguas Cultas Europeias, para ser uma qualquer outra coisa, indefinida e amarfanhada na ignorância, e os quais recusaram este ultraje linguístico), é dever de todos os Portugueses com responsabilidades na área do Ensino, da Cultura e da Comunicação Social exigir que o governo português suspenda imediatamente a aplicação ilegal e inconstitucional (agora que se está a denunciar a trafulhice que envolve um "acordo" ,que afinal não existe (*) ) e reponha o estudo da Língua Portuguesa Europeia nas escolas portuguesas, e que deixe de ser “obrigatório" algo que nunca teve nenhuma legitimidade legal para o ser, e por violar o direito à aprendizagem da legítima Língua Materna.
Deixem de enganar as crianças, impingindo-lhes gato por lebre.
Além disso, todos sabemos que a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 viola o disposto na alínea a) do artigo 9º da Constituição da República Portuguesa, que diz: são tarefas fundamentais do Estado garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam. Sabemos que o AO90 não promove a Cultura e a Língua Portuguesas.
Ora esta inominável tentativa de “abrasileirar” a Língua Materna dos Portugueses, a qual sendo um dos elementos da nossa nacionalidade, também é um baluarte da nossa autonomia, como nação, da nossa portugalidade, e se a vendermos ao desbarato, para que editores e governantes traidores da Pátria possam encher os bolsos, e apenas isso, viola a tarefa fundamental que o Estado Português tem, como garante da nossa independência.
Portugal é e sempre será, quer aceitem isto ou não, a origem dos actuais países livres que já foram colónias portuguesas. E não há nada, nem ninguém que possa alterar o passado.
Se os países que integram a CPLP adoptassem o que construíram a partir do que receberam do ex-colonizador, e se cortassem o cordão umbilical que ainda os mantém ligados a Portugal, quem os condenaria? Assim é com os países que já foram colónias inglesas, francesas, espanholas. Porquê este servilismo português a um nação estrangeira?
Depois que obtiveram a independência, cada país colonizado foi livre de optar pelo próprio destino. O que fizeram com a herança portuguesa, não é mais problema de Portugal.
E Portugal, como país independente, e com a sua milenar cultura europeia, um dos primeiros estados-nação do mundo, que deu novos mundos ao mundo, não tem de se vergar perante uma imposição político-jurídico-diplomática, de quem quer que seja, muito menos quando essa imposição está assente numa descomunal ignorância, ilegalidade e inconstitucionalidade.
Uma língua não evolui por um decreto qeu não existe. Não evolui por vontades assentes em interesses políticos e económicos.
Por que há-de Portugal ser o rebotalho da Europa, quando os outros países europeus, também ex-colonizadores, como os Ingleses, os Franceses, os Espanhóis, os Holandeses, os Alemães, não mexeram uma letra sequer, nas suas Línguas Maternas, para “unificarem” a língua herdada pelos países colonizados por eles?
É que é do bom senso e da racionalidade que se preserve a identidade linguística de cada país.
Contudo, ao que tenho verificado, até não é da vontade da maioria dos restantes países da CPLP que este acordo parvo vá adiante.
Então por que há-de Portugal rebaixar-se à vontade de um grémio desqualificado, constituído por ignorantes e traidores da pátria?
Finalmente, farei minhas as palavras de uma Professora lúcida, da qual, neste momento, não me recordo o nome, mas se ela, por acaso, vier a ler este texto, por favor, acuse a sua autoria:
«Tenho a maior consideração por todos os colegas que ensinam Português, e que se vêem confrontados com este flagelo. Não lhes invejo a sorte (ou o azar).
Sei que tenho uma posição privilegiada que me permite assumir a minha oposição ao AO90, porque beneficio da falta de uma posição oficial da minha Faculdade, e da posição contra o AO tomada pela Associação de Estudantes.
Sei também que posso sempre evocar, se isso vier a ser necessário, a minha autonomia científica nas minhas aulas e nos meus trabalhos.
O que já não me parece aceitável é que, os professores, que estão representados por sindicatos de diversas orientações políticas, nunca tenham exigido destes que dessem voz ao seu protesto.
Porque ver os sindicatos dos professores apelarem a manifestações e greves por razões políticas/sociais/laborais mas nunca por razões de carácter científico/educativo, como é o caso do AO90, descredibiliza a classe perante a opinião pública.
Se os professores se mobilizarem em torno de uma causa que não tem a ver com as suas condições remuneratórias, mas com o futuro dos alunos, estou certa de que teriam o apoio dos pais e dos encarregados de educação, talvez como nunca tiveram antes».
Este é o caminho.
Lembrem-se: sem desobediência nunca houve mudanças, nem evolução…
O que aqui está em causa não é o presente da Língua, porque esse está assegurado por todos os que estão a recusar-se a cumprir a “ordem oficial” que não tem a mínima legitimidade.
O que aqui está em causa é o futuro, é o modo como estão a transformar as nossas crianças nos analfabetos funcionais e ignorantes do futuro…
O que fazer?
Primeiro: recusar ENSINAR esta ortografia, que não é Portuguesa, às crianças.
Segundo: boicotar todas as publicações em AO90: livros, jornais, revistas… e tudo o que mais for…
Terceiro: não escrever em acordês nem em mixordês (o mais divulgado), porque temos esse direito.
Quarto: EXIGIR que o governo suspenda imediatamente a aplicação ilegal e inconstitucional do AO90 e reponha o ensino da Língua Portuguesa Materna, nas escolas portuguesas.
As minhas saudações desacordistas.
(*) Ver a trafulhice em que o AO9o está envolvido neste link:
Isabel A. Ferreira
Com a exigência ilegal da aplicação do acordo ortográfico 1990 (que não chega a ser acordo, porque existe um enorme desacordo entre os países da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) os portugueses servis (aos quais falta Cultura Crítica) ou os mais “distraídos” escrevem mal e pronunciam mal as palavras “acordizadas”.
É o descalabro total.
Origem da foto: https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90?fref=ts
"Os efeitos deste Acordo, dito de unificação ortográfica — na realidade, de aproximação ortográfica —, são os que estão previstos do ponto de vista da grafia, porque não há consequências em termos de pronúncia, (…). Nenhum português, por cair uma consoante, vai deixar de dizer «contracetivo», abrindo a vogal e, para dizer «contracetivo», fechando a vogal e.
Nenhum português deixará de o fazer. É um manifesto exagero, é um empolamento de uma realidade que o Acordo não consente!”
(LUÍS FAZENDA, Diário da Assembleia da República, I Série – n.º 85, X Legislatura, 3.ª sessão legislativa, 17 de Maio de 2008, pg. 28; aquando da aprovação parlamentar do 2.º Protocolo Modificativo ao AO90) (Ivo Miguel Barroso)
in https://www.facebook.com/groups/acordoortograficocidadaoscontraao90/643311112439015/?notif_t=like
***
Pois o que há a dizer sobre este assunto, é que quem, por desconhecimento da Etimologia (parte da gramática que estuda a história ou origem das palavras e da explicação do significado das mesmas, através dos seus elementos (morfemas), que fazem parte do Léxico Português, e que devia se matéria de estudo obrigatório nas escolas), e escreve deste modo incorreCto, de acordo com o acordo ortográfico 1990:
“contracEtivo” , “aspEtos”, “dirEtor”, “arquitEto”, "tEto" “Ativo”, “Ator”, “sEtor”, “fAtor”, “corrEto”, "Ação", “lEtivo” ,“selEção” e outras calinadas que tais…
não deve, não pode pronunciar as mesmas com o E ou o A abertos, sob pena de estarem a proferir monumentais disparates.
Quem aprendeu Língua Portuguesa sabe que aquelas palavras devem ser pronunciadas do seguinte modo: "contrac'tivo", "aspêtos", "dir'tor","arquitêto", "têto", "âtivo", "âtor", "s'tor", "fâtor", "corrêto", "âção", "l'tivo", "sel'ção", e querem dizer absolutamente NADA.
Daí que, é urgente, prioritário e da lucidez acabar-se de vez com este despautério do AO90, que os Portugueses, os Brasileiros, os Angolanos e os Moçambicanos instruídos e cultos rejeitam.
Então por que motivo, a não ser por negociatas obscuras (uma vez mais o interesse económico a sobrepor-se ao senso comum) e uma ignorância descomunal, o governo português teima, porque teima em impor esta mixórdia ortográfica, com a agravante de ameaçar penalizar quem não “obedecer”?
Baseado em quê? Em que lei?
De que tempo virá esta apetência pelas “ameaças?”
Não saberão os políticos portugueses que qualquer Português poderá recusar-se a utilizar este acordo, inclusive nas escolas, nas repartições públicas, seja lá onde for… sem ser penalizado, porque não há lei nenhuma que o obrigue?
Era só o que faltava!
E quem argumenta que a aplicação deste aborto ortográfico facilita a aprendizagem da Língua às crianças, suprimindo os "p", e os "c" mudos, quererá dizer que as crianças dos tempos aCtuais serão mais ESTÚPIDAS do que as crianças dos milhares de gerações passadas, desde que Dom Diniz oficializou a Língua Portuguesa?
Todos nós estudámos a Língua Portuguesa como deve ser estudada, e aprendêmo-la, uns com mais dificuldades do que outros, mas aprendêmo-la, como todas as crianças aprendem o Inglês, o Francês, o Alemão. Ou não?
Esta argumentação pretende diminuir as capacidades inteleCtuais das nossas crianças, passando-lhes um atestado de estúpidas, algo que elas, de todo, não merecem.
Se não respeitam a Língua Portuguesa, respeitem ao menos as crianças portuguesas, que estão a ser vítimas de um atentado linguístico e a caminho de serem os analfabetos do futuro.
Isabel A. Ferreira
«Se todos os países de Língua Portuguesa, excepto o Brasil, falam e escrevem correctamente Português, por alma de quem é que todos têm de passar a escrever e pronunciar dialecto brasileiro? Quem tem estado a assassinar a Língua Portuguesa é o Brasil, e por que raio os restantes países não mandam o Brasil aprender bom Português?» (Rui Moreira)
(Origem da imagem: Internet)
É este “português” que circula na Internet… Isto tem de acabar. Isto não é Português. Isto envergonha a Língua Portuguesa e os Portugueses que se prezam de o ser.
O termo “marosca” é de origem obscura (diz o dicionário) tal como é obscuro o cerne do Acordo Ortográfico de 1990, que o governo português, quer, porque quer, custe o que custar, impingir aos Portugueses.
O AO90 não passa de uma marosca, ou seja, de uma vil trapaça, de um tremendo engano, de um ardil, de um erro crasso, de um mau enredo dos vendilhões da Língua Portuguesa.
O actual governo tem a faca e o queijo na mão, e pode acabar com esta farsa, com esta marosca que envolve a imposição de uma desordem ortográfica, através de uma RCM, e que mais parece o acto de um tempo longínquo, quando os povos começaram a articular os primeiros sons e deram os primeiros passos para os transformar em escrita.
Para que todos possamos reflectir no que está a passar-se no mundo lusófono, em torno desta grande marosca que é AO90, aqui deixo algumas achegas:
O AO90 assenta no que os Brasileiros conceberam há longos anos, em 1943, para diminuir o índice de analfabetismo que era (e ainda é) descomunal no Brasil: desataram a retirar consoantes mudas, hífens, acentos e a IGNORAR, por completo, a Gramática.
Sei do que estou a falar, porque aprendi a ler e a escrever lá, ou melhor, desaprendi, porque quando regressei a Portugal, tive de (re) aprender a minha verdadeira Língua Materna. Fiquei apenas com o melhor da língua brasileira: a influência indígena e africana, com que enriqueci o meu vocabulário.
Até que uns chicos-espertos resolveram TAMBÉM ganhar dinheiro com isso. E aqui entra a venda de manuais escolares, dicionários e outras publicações, numa linguagem mutilada, à qual cortaram consoantes, acentos e hífens imprescindíveis, para facilitar a aprendizagem dos poucos dotados para o estudo. Mas saber ler e escrever é o mínimo exigível para que se tenha um empreguinho decente.
***
Ouvimos dizer frequentemente: «Eu jamais escreverei de acordo com o AO90».
Contudo, o problema não está em NÓS nos recusarmos a escrever incorrectamente a nossa língua. Recusamos, e muito bem, uma vez que e a Desobediência Civil é um direito consignado na CRP (Constituição da República Portuguesa), quando está em causa leis injustas ou a integridade da Identidade Portuguesa.
O problema está no ensino de uma língua mutilada às novas gerações, que têm todo o direito a uma aprendizagem correCta e qualificada da Língua Materna delas.
É isso que precisamos de impedir, ou melhor, VAMOS IMPEDIR.
***
Vejamos este mau exemplo que os governantes dão ao país e ao mundo que fala e escreve Línguas europeias e cultas.
«Efectivamente, desde Janeiro de 2012, muitos portugueses vivem numa realidade ortográfica alternativa», diz o Aventar aqui: http://aventar.eu/2016/01/13/fact-fato/
Eu não lhe chamaria realidade ortográfica alternativa.
A isto chama-se ABRASILEIRAR a nossa língua.
A realidade ortográfica é a seguinte:
Com acordo ou sem acordo, no Brasil, continuarão a dizer e a escrever FATO. Isto é um faCto.
Em Portugal, com acordo ou sem acordo diz-se faCto, mas os mais distraidinhos escrevem FATO, e a isto chama-se IGNORÂNCIA.
Realmente, pelo que vemos nesta amostragem do Diário da República, órgão de informação oficial português, é que a ignorância entranhou-se como uma peste, na governação portuguesa.
***
Posição do actual Ministro da Cultura, JOÃO SOARES, sobre o AO90, em 2013
«Pelas nove e meia da noite de segunda-feira, 07.Jan.2013, disse na SIC Notícias: «Eu, não sendo um entusiasta do Acordo Ortográfico, sou o mais que é possível a favor de que unamos cada vez mais esta língua, porque é o Brasil que lhe dá também uma grande vitalidade.»
Ver aqui:
http://chovechove.blogspot.pt/2015/11/acordo-ortografico-97.html
O Brasil é que dá grande vitalidade à Língua Portuguesa?
Em 2013, João Soares não era Ministro da Cultura, era um mero deputado que aplaudia outras “culturas”.
Ainda não se pronunciou, como Ministro (que eu saiba), sobre a mixórdia resultante da aplicação do AO90.
Contudo, para orientação do Senhor Ministro, aqui deixo uma frase lapidar, de Rui Moreira, que poderá ajudá-lo a orientar-se no caminho certo, Senhor Ministro da "coltura":
«Se todos os países de Língua Portuguesa, excepto o Brasil, falam e escrevem correctamente Português, por alma de quem é que todos têm de passar a escrever e pronunciar dialecto brasileiro? Quem tem estado a assassinar a Língua Portuguesa é o Brasil, e por que raio os restantes países não mandam o Brasil aprender bom Português?»
***
O que se escreve por aí… pretensamente… em Português…
Este AO90 não vingará, porque é um autêntico aborto.
Mas se vingar será um monstrengo. E sendo um monstrengo não mais será a Língua Portuguesa, rica e bela.
Portugal perderá a sua identidade, e estes governantes entrarão para a História, como os maiores traidores da Pátria.
O que vemos nesta amostra envergonha as pedras portuguesas.
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Fonte:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10208652346211113&set=gm.1059742994071073&type=3&theater
Apesar de tudo, e retirando aquele EM, gostei desta publicação, porque no Brasil, o "normal" é escrever as palavras referidas de um modo errado. Estas e centenas de outras.
E se não AGIRMOS, será assim que os nossos adolescentes escreverão, não tardará muito.
***
Fonte:
O que aqui vemos é indizível.
Nem o mais desinstruído, de todos os defeituosamente instruídos do mundo lusófono, fala e escreve deste modo tão ignorante.
Mas em Portugal, os que querem ser mais acordistas do que os que pariram este aborto, escrevem assim… deste modo torpe.
***
E para os actuais governantes, que têm o poder de travar imediatamente esta perniciosidade, deixo aqui uma verdade incontestável:
O AO90 não modificará coisa alguma no Brasil.
Eles continuarão a escrever como sempre escreveram: incorretamente (incurrêtâmente).
Continuarão a escrever (não me refiro à pronúncia, porque o que aqui está em causa é apenas a ortografia das palavras mal ou bem ditas): Amazônia, Antônio, idéia, Coréia, fato (em vez de faCto), contato, anistia, umidade, entre centenas de centenas de outros vocábulos, que nada têm a ver com a Língua Portuguesa.
E os restantes países lusófonos, nós incluídos, e os jovens aprendizes da Língua, todos nós continuaremos a escrever Amazónia, António, ideia, Coreia, faCto, contaCto, aMnistia, humidade, entre centenas de centenas de outros vocábulos…
Outro dado adquirido é que a esmagadora maioria do povo brasileiro nem sequer sabe o que é o Acordo Ortográfico; e o nosso povo também não. E o povo de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, etc., idem.
Portanto, o AO90 é um projeCto completamente, absolutamente, inteiramente falhado.
Isabel A. Ferreira
E sabem porquê?
Porque a ser, só seria em 22 de Setembro de 2016.
E, mesmo depois disso, não será obrigatório, porque o AO90 é inconstitucional.
Dizem os juristas.
«Há ainda uma razão mais a montante: o acordo não tem validade internacional.A assinatura (em 1990) do texto original tem repercussões jurídicas: fixa o texto (e os modos como os signatários se vinculam), isto segundo o artº 10º da Convenção de Viena do Direito dos Tratados. Por isso, não podia ser modificado de modo a entrar em vigor com a ratificação de apenas 3... sem que essa alteração não fosse ratificada por unanimidade!Ainda há meses Angola e Moçambique invocaram OFICIALMENTE a não vigência do acordo numa reunião OFICIAL e os representantes OFICIAIS do Brasil e do capataz dos brasileiros, Portugal, meteram a viola no saco. Ora, para um acordo internacional entrar em vigor em Portugal, à luz do artº 8º da Constituição Portuguesa, é preciso que esteja em vigor na ordem jurídica internacional. E este não está! » diz um comentador.
Rosa Cruz e Silva, Ministra da Cultura de Angola, afirma que o país tem todo o interesse em RECTIFICAR o acordo ortográfico
FAYEZ NURELDINE/AFP/Getty Images
Angola não autorizou Acordo Ortográfico “a nenhum nível governamental”
O Acordo Ortográfico não foi "autorizado a nenhum nível governamental" em Angola. Para o país, "o Acordo tem lacunas e é necessário rectificá-las antes da implementação".
Ver notícia neste link:
https://observador.pt/2016/01/01/angola-nao-autorizou-acordo-ortografico-nenhum-nivel-governamental/
***
E quem são os “outros” para dizerem o contrário?
Que direito tem o governo português de impor um acordo inconstitucional?
É preciso que esta notícia corra mundo.
É preciso que os Portugueses se recusem veementemente a escrever incorreCtamente a sua Língua Materna.
Só utiliza o AO90 quem nada sabe sobre Língua Portuguesa.
Ninguém, em Portugal, a nenhum nível, é obrigado a utilizar este acordo que tanto desacordo tem gerado entre os verdadeiros guardiães da Língua e os outros, os vendilhões e traidores da Pátria, que não têm o direito de impor o que não pode ser imposto ilegalmente.
Angola preserva mais a Língua Portuguesa do que Portugal, o país que a gerou.
Não é vergonhoso?
Sentindo-me defraudada com os governantes do meu País…
O extermínio desta tragédia em forma de acordo é a única saída para salvar a Língua Portuguesa.
Isabel A. Ferreira
Não seria mais inteligente da vossa parte?
(ATENÇÃO! Os exames a que me refiro são os exames dos alunos...)
Não traria mais benefícios aos nossos alunos?
O que pretendem para as crianças portuguesas?
Transformá-las em analfabetinhas funcionais, desde pequeninas?
O que está a passar-se em Portugal é, de acordo com as palavras de um mestre (com as quais concordo plenamente), o resultado de anos e anos de destruição do ensino no nosso País. A partir do momento em que os sucessivos governos (de esquerda e de direita) transformaram a educação num negócio, a tendência é surgirem cada vez mais indivíduos analfabetos. Quando se substitui a exigência pelo facilitismo dá nisto. Hoje os alunos entram nas universidades sem saber escrever, e saem de lá da mesma forma. Como se sabe, as Universidades Privadas são instituições que vendem diplomas. Um aluno que é fraco e não tem média entra na privada.
São décadas de desinvestimento na Língua Portuguesa, no Ensino em geral e nas escolas. E agora esta imposição ILEGAL de um acordo ortográfico que ninguém quer a não ser os políticos e o editores, que não se importam de destruir a Língua, por uns tostões.
E, como recorda e muito bem uma outra docente, como se já não bastasse o analfabetismo que grassa nas escolas e até nas Universidades, vão, e pelo que dizem, a pedido dos professores, acabar com os exames do 2º e 3º ciclo. No meu tempo tínhamos muito mais matérias e fazíamos exames na 4ª classe, no 2º ano do ciclo e não ficámos traumatizados por isso. Como se vê a culpa não é só dos maus ministros, há culpa de muita gente, e as novas gerações é que pagam.
Senhores governantes, mude-se o Governo, mas mude-se também a POLÍTICA DO ENSINO e da CULTURA, para que Portugal possa evoluir como um País com gente culta dentro...
Isabel A. Ferreira
Quantos, dos que por aqui deambulam, se negam a comprar livros que seguem o Acordo Ortográfico de 1990?
Quantos, neste Natal, não darão lucros aos escritores e editores traidores?
Eu já tinha encomendado uns livrinhos para oferecer às crianças, neste Natal, e quando soube que os livrinhos vinham de acordo com a cartilha acordista, desfiz o negócio, logo ali.
E o autor disse-me: «Ah! Mas as crianças estão a aprender a escrever esta nova linguagem...»
Ai estão? Pois não estão a aprender coisa nenhuma. Estão a DESAPRENDER, e os culpados são os que têm a faca e o queijo na mão para travar esta balbúrdia e a incentivam com um MEDO IRRACIONAL de um coisa que nem sequer EXISTE.
Vamos recusar-nos, neste Natal, a comprar livros que seguem este acordo ilegal?
Prometem?
Isabel A. Ferreira
Para reflexão...
(Origem da imagem: Internet)
Oficialmente ninguém pode obrigar alguém a escrever "incorretamente" (incurrêtâmente) a própria Língua, ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
Têm de protestar. Têm de bater o pé. Têm de dar murros na mesa. Mas não há "oficialidade" nenhuma que nos obrigue a escrever "incorrêtâmente", até porque o AO90 não é válido, pois nenhum país a não ser Portugal o aplica. É um acordo sem acordo.
Se todos os que se opõem a este aborto ortográfico se recusarem a utilizá-lo, incluindo nas ESCOLAS, o AO90 acaba em dois tempos.
Pensem nisto.
***
Comentários a propósito de textos a “malhar” no AO90:
O Joaquim enviou-me este comentário:
«Só tenho uma coisa a dizer. Pela sua lógica, ainda estaríamos a escrever como no início do século XX, com pharmácia, etc. A escrita não tem de ter as marcas de etimologias passadas e que só aos linguistas interessam. Não faz sentido. Para isso há manuais da História da língua. A escrita deve ser fonética, isso sim. O mais simples possível. Já agora, não digo que concordo com tudo o que o acordo estabelece, mas, seguindo a lógica de fora (verbo) e fora (exterior), então porque não para (verbo) e para (preposição)?!»
Respondi deste modo, ao Joaquim:
Joaquim, e eu só tenho uma coisa a dizer também:
Uma coisa é a evolução natural de uma Língua, da qual deu pharmácia/farmácia como exemplo. Um péssimo exemplo, porque em farmácia, nada mudou a não ser o fonema PH (grego) para o latino F, letra do nosso alfabeto, do Alfabeto Latino. E a isto chama-se EVOLUÇÃO.
Outra coisa é a mutilação irracional de uma Língua, para diminuir o índice de anafabetismo, ou, pior ainda, para a afastar intencionalmente da sua MATRIZ.
Evolução, sim. Mutilação, não.
E já agora, pelo que disse, depreendo que o Francisco é unilingue: só conhece a língua mutilada que lhe impingiram.
Se conhecesse a Língua Inglesa, a Língua Francesa, a Língua Alemã, a Língua Italiana, a Língua Castelhana, saberia que a Língua Portuguesa faz parte desse rol de línguas cultas e europeias, que têm uma história.
A iscrita debe ser funética? Atão bamos lá iscrebê-la cumu se fála. Qer à móda do Puârto ou à alentejana, cumpadri?
***
O brasileiro Paulo disse:
«Este aborto ortográfico DESTRUIU um Património Português sem nada acrescentar aos lusófonos de outras nacionalidades.»
Correctíssimo.
***
Paulo Simões partilhou uma legenda da TVI onde podia ler-se esta calinada: “espétaculos” e um amigo brasileiro comentou isto: "Rapaz, que baderna terrível fizeram com a língua portuguesa por aí... Se fosse uma ex-colônia a fazer isto, mas trata-se da "dona" do vernáculo..."
Este comentário vale ouro. Diz tudo o que há a dizer sobre este acordo desacordado. O Paulo Simões tem a noção das coisas. Fossem todos os Brasileiros, como é este Brasileiro, e nós não andaríamos aqui a esgrimir, deste modo, descontentes.
Ainda haverá alguém que tenha dúvidas?
***
Um “linguista” desconhecido, sem nome, nem cara, atirou-me esta:
«Peço desculpa, mas o que escreve não faz sentido. Qual é a sua formação? Está ligada à área das letras? Se está não parece.»
Respondi-lhe deste modo:
Pois seja quem for, senhor linguista, e sem lhe pedir desculpa (por que deveria?) a minha formação não lhe interessa, mas é pública (se quiser saber é só procurar).
E sabe por que não interessa, senhor linguista? Porque qualquer pessoa, neste nosso País, que tenha a quarta-classe concluída em 1977 ou antes desta data, entende perfeitamente o sentido daquilo que escrevo contra o Acordo Ortográfico de 1990.
O aborto ortográfico de 1990 vem tão-só na sequência da mutilação irracional de uma Língua, decretada por interesses jurídico-político-diplomáticos e económicos.
As Línguas evoluem. Não se mutilam. Não recuam para dialecto, quando já são uma Língua.
Na linguagem nova, que por aí desponta, já não se escreve “que”, mas Q ou K. Não é mais fácil? Poupa-se tempo e letras.
Dizer: “tou indo”…é mais a direito do que dizer “estou indo”… e infelizmente caminhamos para esta simplificação analfabética…
Senhor linguista, vê-se logo que não tem qualquer conhecimento da Língua Portuguesa, se tivesse, saberia por que a palavra arquiteto, escrita desta maneira mutilada, se lê arquitÊto.
E arquiteCto, que é como se deve escrever este vocábulo, em Boa Língua Portuguesa, lê-se arquitÉto.
É por estas e por outras que este aborto ortográfico tem de ser atirado ao caixote do lixo, que é o lugar onde deve estar. No caixote do lixo. Ou melhor, numa incineradora, para ser reduzido a cinzas, que o vento se encarregará de desfazer e levar para bem longe...
E os que o defendem devem aprender a Língua, começando pelo Alfabeto, e pela origem da palavra Alfabeto.
***
E o Manuel disse:
«A reforma ortográfica de 1911, ao substituir o "ph" pelo "f", o "th" pelo "t" e o "ch" (com valor de "k") por "c" ou "q", também descaracterizou a língua e afastou-a, neste caso, da sua herança grega. Passar a escrever "assinatura" em vez de "assignatura", "erva" em vez de "herva" ou "prática" em vez de "practica" também afastou a nossa grafia da sua herança latina. Acha "natural" escrever "filosofia", "prática" ou "caos" apenas porque já aprendeu a escrever assim. Nada mais. Precisamente da mesma que as crianças de hoje, quando crescerem, vão encarar "atual", "diretor" ou "ótimo". A ortografia é apenas uma convenção. Como dizia Fernando Pessoa, "primeiro estranha-se, depois entranha-se".»
E eu respondi:
Manuel, o que aqui está em causa é a imposição de uma linguagem mutilada que não partiu da evolução natural da Língua, como aconteceu nas reformas ortográficas anteriores a 1990. E se passámos de “practica” para “prática”, deveríamos passar de “director” para “dirétor”, e não passámos. E sabe porquê? Não sabe. Então vá aprender.
Desta linguagem, do tempo de D. Dinis:
«Vós me preguntades polo vosso amigo? E eu ben vos digo que é sano e vivo. Ai, Deus, e u é?» passou-se naturalemente, para a que hoje utilizamos, com o aval de quem sabe das coisas da Língua, e não por interesses políticos obscuros, e por gente vergada ao lobby de editores inescrupulosos.
***
E o Manuel voltou a encostar-me à parede:
«Cara Isabel, acho que confunde as coisas. Confunde a evolução da fonética, da sintaxe e da gramática da língua com a ortografia. A ortografia é o conjunto das regras que definem a escrita das palavras de uma dada língua. Estas regras são estáticas. Não evoluem "naturalmente"... São convenções, tal como o código da estrada. O vermelho é para parar e o verde para avançar apenas porque se convencionou que assim seria. Indo buscar o exemplo de D. Dinis: seria perfeitamente aceitável que escrevêssemos "ben" em vez de "bem". Mas, na ortografia portuguesa, convencionou-se que as palavras nunca deveriam terminar em "n" mas sim em "m". É uma característica tipicamente portuguesa que, nesse pormenor, nos afasta das ortografias espanhola, francesa, inglesa, etc. O que a leva a concluir que não foi mutilação o que se fez em 1911? Substituir o "ph" pelo "f" ou acabar com o "y"? Na época, a oposição também foi enorme. Teixeira de Pascoaes escreveu: «Na palavra lagryma, a forma da y é lacrymal; estabelece a harmonia entre a sua expressão graphica ou plastica e a sua expressão psychologica; substituindo-lhe o y pelo i é offender as regras da Esthetica. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mysterio... Escrevel-a com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficie banal». Fernando Pessoa dizia que a ortografia sem y era um escarro que o enojava, etc. etc. Como disse, a Isabel vê as alterações anteriores como evoluções perfeitamente naturais e aceitáveis e as novas como mutilações irracionais, abortos, etc. porque contraíam o que se habituou a ter como certo. Mas, muitas das pessoas que passaram por alterações anteriores também as acharam igualmente irracionais, aberrantes, etc. Ou seja, é tudo uma questão de hábito!»
E eu respondi:
Manuel não, não é uma questão de confundir as coisas, até porque cada coisa é uma coisa, em qualquer Língua: fonética, fonologia, sintaxe, gramática, ortografia, etimologia, léxico, morfologia, semântica, enfim… a Língua é algo complexo, que nós, os menos novos, aprendíamos em profundidade, com a “ajuda” do Latim e do Grego.
Eu, pessoalmente, apesar de ser portuguesa, aprendi a ler e a escrever no Brasil, porque fui para lá com dois anos. E tinha as “coisas” da Língua como definitivas.
Enganei-me.
Aos oito anos, de regresso a Portugal tive de reaprender aquela Língua que ouvia de um modo em casa, e aprendia de outro modo, na escola, e foi então que me apercebi de que havia duas línguas faladas e escritas de modo diferente.
Aos quinze anos, fui novamente para o Brasil, com uma bagagem da Língua onde já havia a aprendizagem do Latim e do Grego, o que me deu uma outra perspectiva da “minha” Língua.
E nada mais foi igual.
Mas no Brasil, novamente, se quis continuar os estudos, tive de regressar àquela outra língua que, para mim, já era conhecida como outra língua.
Aos vinte anos, depois de já ter frequentado o primeiro ano da Universidade, regressei a Portugal definitivamente, e deparei-me outra vez com a “minha” Língua Materna. E regressei ao Latim e ao Grego, por necessidade imperiosa do estudo da Epigrafia, Paleografia e Civilização Grega.
O que aprendi e desaprendi, nestes entretantos, foi que a Língua Portuguesa tinha uma origem, que foi perdida no Brasil, por diversos motivos, e lá, o Latim era “língua” de missa. E o Grego era a Língua dos emigrantes que vieram da Grécia.
Não se ia à origem das palavras.
Em 1911 não houve mutilação.
Quando iniciei a minha carreira jornalística (quem diria?) escrevia-se “òbviamente”, “ràpidamente”, etc., e tive de aprender a reescrever aquilo que já tinha aprendido e desaprendido várias vezes.
Como vê, em mim, isto não é uma questão de não estar habituada a escrever “assim ou assado”.
Os que trabalharam no Acordo Ortográfico de 1911, eram estudiosos da Língua Portuguesa, e não estavam pressionados por políticos e por editores que querem, porque querem ganhar dinheiro, e há que colocar a Língua Portuguesa à venda, sem mais, nem porquê, e a transformá-la no “simplex” tão socrático que deu cabo disto tudo.
Teixeira de Pacoaes (que muita gente escreve Pascoais erradamente) e Fernando Pessoa, grandes estilistas da nossa Língua, foram críticos das mudanças da época deles, sim, porque estavam “habituados” àquele tipo de escrita que aprenderam na escola. E as mudanças nem sempre são fáceis de aceitar, não por serem más, mas por serem apenas mudanças.
Eu não. O meu motivo não é esse, porque aprendi a escrever ATO em vez de ACTO, e depois tive de aprender a escrever ACTO, e quis saber PORQUÊ.
E nesse PORQUÊ é que está o âmago da minha CRÍTICA ao AO90.
Aceitei sem qualquer peleja a escrever “obviamente” em vez de “òbviamente”.
Mas não aceito escrever ATO (novamente), em vez de ACTO apenas porque uns tantos senhores que não sabem o que fazem, querem, porque querem a unificação de uma Língua, que é Portuguesa em Portugal e nos países africanos de expressão portuguesa, e brasileira no Brasil.
Apenas isto, caro Manuel…
***
E ao João Pedro que me interpelou sobre a palavra arquitecto, respondi-lhe deste modo:
João Pedro, arquiteto e arquiteCto não se lêem da mesma forma. Aliás o que será um "arquitÊto"????
Quanto ao Português ser uma das línguas mais faladas no mundo… não é. Porque os milhões do Brasil, falam à brasileira, não à portuguesa.
Não reconheço que a Língua Portuguesa, a Língua de Camões, seja falada ou escrita no Brasil. Porque não é.
Eu conheço as duas versões e garanto-lhe que não é a mesma coisa... Se fosse, eu não teria de reaprender a Língua de todas as vezes que ia de cá para lá, ou vinha de lá para cá...
E também lhe garanto que nunca mais na minha vida hei-de escrever ATO em vez de ACTO, ou FATO em vez de FACTO.
João Pedro, por favor, vá à etimologia da palavra HOMEM.
É provável que na época de Camões, os menos esclarecidos escrevessem "omem" em vez de homem..., bem como os menos esclarecidos, nossos contemporâneos, escrevem “helicótero”, em vez de helicóptero.
No Brasil escreve-se UMIDADE, em vez de HUMIDADE.
Mas esteja atento a quem escreve o quê...
Agora vá á etimologia da palavra HUMIDADE...
Que importância terá isto?
Tem TODA a importância.
Por algum motivo as palavras têm uma HISTÓRIA.
A Língua Brasileira desviou-se da Língua Portuguesa. Enriqueceu-se com um vocabulário oriundo dos Indígenas e Africanos, e maneiras de dizer muito próprias, que dão um certo encanto àquele falar.
Mas não lhe chamem Língua Portuguesa, por favor.
Origem da foto: https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90?fref=ts
Isabel A. Ferreira
«Mal vai aos povos que não respeitam o próprio idioma. É como ultrajar a Bandeira. É como renegar a Pátria» (Fernando de Araújo Lima*)
Porque é urgente, urgentíssimo, travar a onda de ignorância que anda por aí a ultrajar a Língua Portuguesa, a esmagá-la, a estraçalhá-la, a mutilá-la, como se fosse um farrapo velho, sem utilidade, sem dignidade, sem história, senti-me impulsionada a criar este Blogue para congregar as ideias de todos os que, como eu, sentem a revolta a moer-lhe a alma.
Eu, pessoalmente, sou livre para desobedecer a uma “ordem” oriunda de quem não tem a mínima noção do que está a fazer.
Recuso-me a deixar-me levar na onda da ignorância e da estupidez que uns poucos traidores da Pátria lançaram sobre nós.
E porque a imposição de uma escrita, que não serve Portugal, nem os Portugueses, mas também os países que integram a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), pois sabemos que milhares são os que não estão de acordo com este acordo da discórdia linguística, que vai contra os interesses de Portugal, temos o dever de alçar as nossas armas para defender a Identidade Portuguesa que, para quem não sabe, é a qualidade própria do que é português, o carácter específico da Cultura ou da História de Portugal, o sentimento de amor ou de grande afeição por Portugal, e exigir que o próximo governo português recue nesta que é, segundo palavras de Eugénio Lisboa, «das coisas mais infames que este nosso Parlamento tem votado. Ficará na História, como uma das maiores nódoas produzidas depois de o "25 de Abril"».
E Eugénio Lisboa, um ensaísta e crítico literário português, especialista em José Régio, disse ainda mais isto:
«Quando ainda estava em Londres, fui surpreendentemente nomeado vogal, em representação do Primeiro-ministro, da Comissão da Língua Portuguesa ou lá como se chamava, sendo chamado a pronunciar-me sobre o Acordo. Votei contra e dei as minhas razões, tendo o cuidado de não medir as palavras… Tenho escrito frontalmente contra o acordo e assinado todas as petições contra o dito. O problema é a profunda iliteracia e cobardia dos deputados que insistem em implementar este aborto, devido ao lobby forte dos editores oportunistas que se apressaram a fabricar manuais e dicionários, seguindo o (des) acordo, contra o que tudo recomendava.»
Eis a verdade.
Mas o pior, o pior é a desalfabetização, já em curso, nas escolas portuguesas, tendo como cobaias, inocentes crianças que não têm como dizer NÃO à sua desinstrução, e os professores, acobardados pela “imposição oficial” deste aborto ortográfico, nada fazem para desfazer esta coisa infame, estando mais preocupados com os bolsos.
O Blogue O Lugar da Língua Portuguesa será um lugar de luta, e servirá para derrubar os muros que se ergueram, para não deixar passar a Luz que irradia de uma Língua construída ao longo de séculos, e que uns poucos, vendidos ao lobby de mercenários e políticos ignorantes, pretendem destruir num ápice.
Reparem na imagem mais abaixo:
Eu sou a que está de pé.
Quem estará disposto a seguir-me, para cumprir o dever cívico de salvar a Língua Portuguesa?
(Origem da imagem: Internet)
Isabel A. Ferreira
* in Prefácio do livro «A Língua Portuguesa» de João Araújo Correia (Editorial Verbo – Lisboa/S. Paulo)
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