…que amanhã será discutido no Parlamento.
Na berlinda estará a Inteligência dos deputados da Nação...
Entretanto, fiquemo-nos com este magnífico texto de Bagão Félix, que reúne os vocábulos mais ridículos jamais grafados no Portugal anterior ao AO90.
É que a escrita também é feita da estética das palavras, que têm imagem e não apenas som.
«O ACORDO MORTOGRÁFICO NA AR»
Por António Bagão Félix
«A petição “Cidadãos contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990” é amanhã debatida na AR, bem como um louvável projecto de Resolução do PCP, o único que recomenda o recesso de Portugal do AO, outras medidas de acompanhamento e uma nova negociação das bases e termos de um eventual Acordo Ortográfico.
Com base nesta amálgama ortográfica, no que leio e no que até já vi ensinado (!), ficcionei um texto-caricatura para ilustrar este absurdo na nossa língua escrita. A bold assinalei as aberrações endógenas e toda a gama de facultatividades do AO e, em itálico, realcei erros resultantes da total confusão do “pós-acordismo” e todos os dias vistos nos jornais e televisões. Ei-lo:
A receção do hotel estava cheia e o recetor não tinha mãos a medir. Agora que a recessão já não é um fato, ninguém para o turismo. A fila era de egípcios do Egito que não têm o “p” no nome do país porque lhes disseram que a concessão do visto dependia da conceção do mesmo. Entre eles, alguns eram cristãos coptas, perdão cotas.
O hotel tinha dois restaurantes tão suntuosos quanto untuosos: o cor-de-rosa e o cor de laranja (este sem direito a hífens), porque o diretor mandou adotar o AO. Quer dizer, foi uma adoção sem adoçar o citrino. Os coutentes não ficaram contentes.
Um dos egípcios (um ator atormentado) perguntou se havia produtos lácteos dos nossos laticínios. Tudo isto por causa de um “c” que tanto faz parte, como não faz parte do leite.
Outro dos turistas que se havia zangado quis retratar-se e, para isso, resolveu retratar os amigos com uma “selfie”. Um outro rececionista (semi-interno e semiletrado) e que mais parecia um espetador, distraiu-se e picou-se num cato que, esse sim, era um doloroso espetador. Ficou com as calças semirrotas que lhe levariam parte do salário semilíquido.
Outro, por acaso um cocomandante – que tinha sido corréu porque correu no Cairo que era corruto – estava com um problema ótico e queria um médico. Tinha uma infeção que, mesmo sem o “c”, teimava em ser infecciosa. Foi-lhe sugerido ir a um hospital. O turista lá foi e, num dos corredores em forma de semirreta onde cruzou com um marreta, depois de passar pelas zonas infantojuvenil e materno-infantil (outra vez os hífens…), viu uma seta para a esquerda com “doenças óticas” e outra para a direita também com “doenças óticas”. Coisas de arquitetos ou arquitetas. Baralhado, virou para a direita. Foi visto por um oftalmologista quando precisava de um otorrino para o ouvido. Lá está: caiu o “p” ocular, que já tinha sido dispensado no auricular!”. O melhor é o míope ser surdo e vice-versa.
Por causa do facto transformado erradamente em fato, aumentou a gama dos fatos: há o fato tributário que assenta que nem uma luva. Há a união de fato mesmo que sem ele. Há o fato consumado que leva a que a Crimeia seja russa de fato. Os turistas ficaram encantados com tantos fatos no Verão.
Entretanto, foi desligado o interrutor do elevador porque precisava de uma interrupção para uma inspeção.
O diretor do hotel, preocupado, fez uma reunião e ficou de elaborar uma ata que nem ata nem desata. É que o seu corretor ortográfico também não ajudou e por isso pensou pedir ajuda a um amigo corretor da Bolsa. Acontece que, mesmo com tato, não encontrou logo o contato dele. Quando o conseguiu, o corretor ficou zangado dizendo-lhe “eu cá não me pelo pelo pelo de quem para para desistir”. Houve uma grande deceção na secção e, perentoriamente, falou-se numa rutura. No fim, porém, feita a arimética das contas, tudo acabou num pato de afetos».
Fonte:
https://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2018/02/19/o-acordo-mortografico-na-ar/
Este é o título de um artigo que li na Internet.
Gosto de bolachas de chocolate… Mas com bom aspÊto e feitas de insÊtos? Como disse????
Andei à procura do étimo ou etimologia de aspÊto e insÊtos (pois esta é a pronúncia correCta deste conjunto de letras) para que pudesse entender que bolachas de chocolate são estas, e se seriam digeríveis.
Eis as bolachas de chocolate, segundo o acordo ortográfico de 1990, com bom aspÊto e insÊtos.
Procurei, procurei, em dicionários de Língua Portuguesa comuns e especializados, e não encontrei absolutamente nada que me levasse à etimologia destes dois "vocábulos" estranhos, para que eu pudesse decidir se deveria experimentar comer, tranquilamente, estas bolachas, sem que me causassem indigestão ou alguma alergia fatal.
Consultei também a Internet (que costuma dizer-nos de tudo e mais alguma coisa), contudo, em Língua Portuguesa da gema, ou seja, na minha língua-mãe, nada encontrei igualmente.
No entanto, não desisti, e com um pouco de boa vontade, lá encontrei apenas o significado (não a origem) de aspÊto e insÊtos, no linguajar do acordo ortográfico de 1990, que os governantes portugueses querem impingir-nos à força de uma resolução (muito mal-amanhada) do conselho de ministros.
E não é que descobri que os adePtos do AO de 1990 pretendem, a todo o custo, que aspÊto signifique o mesmo que aspeCto, cuja origem assenta na palavra latina “aspectus” (aparência exterior das coisas), e insÊtos seja o mesmo que inseCtos, que deriva do vocábulo também latino “insectum” (classe de artrópodes cujo corpo se divide em tal e tal e tal…)?
Não, não brinquem com coisas sérias, senhores governantes!
É que ao pretenderem desenraizar a Ortografia Portuguesa, além de demonstrarem uma colossal ignorância da mesma, levam os mais incautos a comerem bolachas de chocolate com aspÊtos e insÊtos, altamente nocivos à saúde mental dos Portugueses lúcidos.
São dois amontoados de letras sem nenhum vislumbre de sentido.
São duas “coisas” inexistentes no Léxico Português.
Então, é necessário e urgente acabar com esta farsa, antes que as crianças comecem a comer bolachas de chocolate com ingredientes fabricados sem a mínima regra de sanidade mental.
Fonte da notícia:
Isabel A. Ferreira
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