A propósito da minha publicação “Manual de Inglês Acordizado?» recebi este comentário:
«O que vale é que os Ingleses "cospem" neste tipo de treta.... O meu filho fala Inglês tão bem quanto Português. INFELIZMENTE, apesar do esforço que fiz para o trazer para o seu /meu país e aprender a escrever Português....Morreu no charco! Escreve esterqueira porque se não o fizer... REPROVA.»
Pois é, mas reprovar alunos que se recusem a escrever incorretamente a sua Língua Materna é um manifestamente um acto ILEGAL.
Os alunos podem RECUSAR-SE a usar a grafia brasileira. Não há lei alguma que os obrigue a escrever incorretamente (T.F: incurrêtamente). Os "ofícios" das escolas, ou a resolução do conselho de ministros não têm validade de Lei. E apenas uma LEI pode obrigar alguém a fazer o que não quer.
Logo, os professores, se estivessem para aí virados, PODERIAM recusar-se a analfabetizar (acto de ensinar assente na premissa do AO90, que visa impedir, dificultar e atrapalhar o ensino da escrita e da leitura) os alunos, e os alunos, se os pais exigirem, podem recusar-se a escrever incorretamente a sua Língua Materna, consignada na Constituição da República Portuguesa.
Tudo é uma questão de não se acomodarem.
Os governantes apostam nesse comodismo e no medo que tudo isto provoca em quem não está informado, por conveniência dos políticos.
Portanto, há que passar palavra e AGIR!
Isabel A. Ferreira
Este é um episódio da realidade portuguesa, numa universidade.
Mafalda (nome fictício), estudante na UL, solicitou os meus serviços para lhe rever o texto da sua dissertação. Aceitaria se não estivesse acordizado. Estava, porque era obrigada, embora não concordasse, informou-me ela. Então, a minha resposta foi não. Não corrijo textos acordizados. Se os corrigisse, teria de os “passar” a limpo, para a grafia portuguesa. A legítima. A única. A que se encontra em vigor.
Aguardei quase uma semana pela resposta da Mafalda:
«Peço desculpa por só lhe estar a responder agora, mas só hoje consegui ter uma resposta definitiva à minha última tentativa para não utilizar o novo AO.
A resposta não foi a que eu desejava, mas foi aquela que estava a prever. O que me disseram foi que sou mesmo obrigada a utilizar o novo acordo ortográfico. Isto porque, por um lado, a UL adoptou o novo AO e, por outro, existe legislação nacional, actualmente em vigor, que obriga as escolas a utilizarem o novo acordo ortográfico e a imporem a sua utilização aos seus alunos.
Quando disse à Isabel que a minha orientadora me disse para utilizar o novo AO, expliquei-me mal. A orientadora também é contra o novo AO, mas quis defender os meus interesses. Mesmo que ela fizesse de conta que não reparou, a dissertação não iria passar da secretaria após a entrega. E mesmo que na secretaria também não reparassem, do dia da defesa iam dizer-me para alterar e entregar novamente.
Como não estou a fazer o mestrado para ter esta graduação só porque sim e preciso mesmo dele por motivos profissionais e com urgência, e como também, embora sendo contra o novo AO, não estou tão acerrimamente envolvida nesta causa como a Isabel, não vou fazer mais nada e vou mesmo entregar a dissertação escrita com o novo AO.
Tenho pena de não poder contar com a sua colaboração (e também já nem vou contactar mais ninguém para fazer a revisão), mas entendo perfeitamente a sua postura e dou-lhe os meus sinceros parabéns pela sua coerência.
Pedindo-lhe desculpa pelo tempo que lhe tomei…»
***
Esta resposta deixou-me perplexa. A UL obriga os alunos a escreverem mal a Língua Materna? Por alma de quem?
Cara Mafalda,
Doeu-me a alma ao ler esta sua mensagem. Por si, que está a ser ENGANADA, e NÃO É OBRIGADA a aplicar o AO90 na sua dissertação, porque não existe nenhuma legislação nacional (não existe) que a obrigue a aplicá-lo.
E também me faz doer a alma, pelas mentiras que o sistema apregoa, ignorando e desrespeitando a Constituição da República Portuguesa.
A UL até poderia ter adoptado o AO90, por ignorância ou por interesses duvidosos, só que a UL NÃO PODE EXIGIR que os alunos apliquem esta aberração. E se a Mafalda apelasse para a Justiça, teria ganho de causa.
A falta de informação ou a ignorância optativa, é que “obriga” as escolas a imporem uma norma ilegal.
A sua orientadora, desculpe que lhe diga, deveria informar-se melhor, e não induzir a Mafalda em erro. Fica mais fácil dizer «É obrigada» do que «Não é obrigada, mas isso implicaria algum incómodo, e os professores (hoje transformados em serviçais do ensino) optam por não se incomodarem».
Saiba que existe muitos alunos do Ensino Superior que se recusam a entregar as suas dissertações em AO90 e não lhes acontece nada.
Saiba também que existem alguns professores que não aplicam o AO90 nas escolas e não lhes acontece nada, porque legalmente ninguém pode fazer nada contra quem se recusar a escrever com erros ortográficos.
São poucos. E é nisso e no medo que alunos e professores têm de perder “algo” (ainda que hipoteticamente), que os políticos incompetentes e subservientes ao lobby político-editorial apostam, para impingir uma ortografia mutilada.
Se a sua dissertação não passasse na Secretaria, a Mafalda tinha todo o direito de apresentar uma queixa, porque a aplicação do AO90 é ilegal e inconstitucional (já lhe tinha dito e enviei-lhe um link, mas vou deixar aqui um outro para demonstrar-lhe o que digo:
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/em-portugal-a-imposicao-do-ao90-e-18730
Compreendo a sua situação. O sistema vale-se da necessidade dos jovens, para impor uma “coisa” ilegal, de lesa-língua e lesa-pátria.
Sim, eu estou empenhadíssima em defender a Língua Portuguesa, e aproveitarei este seu exemplo para agitar as águas estagnadas do ensino da Língua Portuguesa, em Portugal.
Estes casos têm de ser desmascarados, porque são ilegais. E a UL não pode obrigar ninguém a cometer uma ilegalidade. É ilegal.
Sinto muito, por si.
Gostaria que não pensasse que estou a “pressioná-la” por interesse.
Eu até estaria disposta a abdicar da minha remuneração pelo trabalho, se a Mafalda tivesse a coragem de romper as amarras. Essa seria a minha maior recompensa.
Mas compreendo que não queira arriscar. Mas se arriscasse, nada poderiam fazer contra si.
Sinto muito por si, pelo seu dilema e pela Língua Portuguesa, que está a ser atirada ao caixote do lixo, e os grandes culpados são os professores que deviam ser os primeiros a rejeitar esta aberração ortográfica, e não o fazem por medo, por ignorância, por comodismo, por ser mais fácil acomodarem-se e por subserviência.
Não pense que me fez perder tempo.
Obrigada, por ter-me escolhido. Valeu a pena, porque poderei ajudar a desmascarar todos os que obrigam os alunos a escrever incorrectamente a própria Língua, induzindo-os a cometer uma ilegalidade».
***
Esta foi a minha resposta à Mafalda.
A Mafalda entregou a sua dissertação de mestrado cheia de erros ortográficos.
E este é o exemplo perfeito da miséria educativa em que se encontra o ensino da Língua Portuguesa em Portugal.
***
E nem Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, que jurou defender e cumprir e fazer cumprir a Constituição defende a Língua Oficial do País que representa.
Não é uma vergonha?
Isabel A. Ferreira
Não vimos nenhum professor, pai ou aluno sair à rua a manifestar-se contra o AO90.
A Fenprof entregou 71 mil assinaturas em protesto pela escola pública, porque lhes mexeram nos bolsos…
E se estas assinaturas fossem aproveitadas para protestar contra a aberração ortográfica, chamada AO90, impingida ilegalmente nas escolas, e que está a formar ignorantezinhos?
Nunca vimos sair às ruas um protesto de professores, pais e alunos contra a maior fraude da História de Portugal: o AO90.
Era este o protesto que (também) deveria ser feito em defesa do símbolo maior da nossa identidade: a Língua Portuguesa.
Isabel A. Ferreira
Não é propriamente sobre o AO90, mas bem espremidinho, o texto pode adaptar-se ao tema, e aqui fica o recado para quem aceitou, sem pestanejar, impingi-lo às crianças portuguesas.
«Primeiro dia de aula: o professor de «Introdução ao Direito» entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
- Qual é o seu nome?
- Chamo-me Nelson, senhor.
- Saia de minha aula e não volte nunca mais! - gritou o desagradável professor.
Nelson ficou desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
- Agora sim! - vamos começar .
- Para que servem as leis? Perguntou o professor.
Seguiam assustados ainda os alunos, porém pouco a pouco começaram a responder à sua pergunta:
- Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
- Não! - respondia o professor.
- Para cumpri-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
- Não!
- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
- Para que haja justiça - falou timidamente uma garota.
- Até que enfim! É isso, para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça?
Todos começaram a ficar incomodados pela atitude tão grosseira. Porém, seguíamos respondendo:
- Para salvaguardar os direitos humanos...
- Bem, que mais? - perguntava o professor .
- Para diferenciar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem...
- Ok, não está mal, porém respondam a esta pergunta:
"Agi corretamente ao expulsar Nelson da sala de aula?"
Todos ficaram calados, ninguém respondia.
- Quero uma resposta decidida e unânime!
- Não! - responderam todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
- Sim!
- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! Vou buscar o Nelson - disse. Afinal, ele é o professor, eu sou aluno de outro período.
Aprendam:
Quando não defendemos os nossos direitos, perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.»
Origem da imagem e do texto
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. «Cada um de vocês tem a o...