O meu objectivo com este trabalho é simplesmente o de traçar o percurso da Língua Portuguesa no Brasil, até chegar ao AO90, e demonstrar que além dos interesses económicos dos editores e livreiros (portugueses e brasileiros) que foram por água abaixo, existem interesses políticos obscuros, (pergunte-se a Cavaco Silva sobre as "pressões do Brasil", com acenos maçónicos)) porque incompreensíveis à luz da Razão, e seria fundamental exigir aos políticos e à dupla Evanildo Bechara-Malaca Casteleiro que expliquem aos Portugueses o que realmente está por trás deste (des)acordo ortográfico, que parece ter sido engendrado por quem sofre de disortografia.
O que Sérgio Vaz diz é a mais pura verdade.
Quando falamos em AO90, falamos maioritariamente da grafia brasileira, do que no Brasil já se chamou Português e hoje se chama “Técnicas de Comunicação e Expressão”.
Esta grafia mutilada, afastou o nosso Português - que já foi a Língua Oficial do Brasil, e continua a ser apenas por uma questão política - da sua Matriz greco-latina, indo-europeia, transformando-se num Dialecto, ou se preferirem, na VARIANTE Brasileira do Português, o qual foi sendo enriquecido pelas línguas indígenas e africanas, pelas línguas das vagas de emigrantes de várias nacionalidades (italianas, francesas, espanholas), que se fixaram no país, e pelos neologismos que foram surgindo, a partir de palavras inglesas, que os brasileiros preferiram adoptar, pondo de parte as palavras já existentes em Português, integrando um léxico que podemos chamar, com toda a propriedade, brasileiro, já muito distanciado do Português, que, também com propriedade, pode ser designado por Dialecto Brasileiro (com paralelo no Crioulo-CaboVerdiano).
Em 1911 houve uma tentativa de simplificar e unificar a Língua Portuguesa, que não deu certo, porque o Brasil não concordou com o que foi proposto, e distanciou-se da ortografia portuguesa, oriunda da reforma ortográfica então realizada, com o intuito de baixar o índice de analfabetismo em ambos os países.
Em 1945, foi assinada a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira, entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, e a qual ainda está em vigor em Portugal, porque não foi revogada, e que o Brasil, apesar de a ter assinado, acabou por rejeitar, optando pelo Formulário Ortográfico, que elaborou unilateralmente em 1943, no qual se mutilou a Língua Portuguesa, sem a mínima consciência científica.
A este propósito, Antônio Houaiss, o editor das enciclopédias brasileiras, declarou que a Convenção Ortográfica de 1945 que, realmente, unificava a língua, foi recusada por ser "lusitanizante". O que é que isto significa? Significa que o Brasil já tinha a grafia brasileira mutilada e nada o faria regressar à grafia do colonizador.
E tudo o que era (e continua a ser) lusitanizante era (é) desprezível para os esquerdistas brasileiros. E nos anos 30, os motivos invocados para a recusa da grafia portuguesa são também de ordem político-macónica.
Deslusitanizar a Língua Portuguesa foi um objectivo dos sucessivos governos brasileiros, uma vez que a “colonização” estava (e, por mais inacreditável que pareça, ainda está) atravessada na garganta daqueles brasileiros que nunca compreenderam o fenómeno da colonização europeia no mundo, e lamentam-se de não terem sido colonizados pelos Ingleses, que estão na génese dos Estados Unidos da América do Norte, pois sonham vir a ser os Estados Unidos da América do Sul, e ainda não tendo sido capazes de o ser, apesar de 194 anos de independência do jugo português, culpam os portugueses pela própria incompetência (ainda há pouco tempo, Lula da Silva o fez, alto e em bom som, em Espanha) o que tem gerado uma lusofobia, que se foi evidenciando em actos governamentais, e, sobretudo, no estudo da língua mutilada, e de uma História do Brasil totalmente deturpada, lusófoba e mentirosa.
A mutilação do Português no Brasil teve também um outro propósito: diminuir o alto índice de analfabetismo, que então grassava naquele que é o maior país livre da América Latina, uma vez que a Língua escrita não coincidia com a língua falada, e isso complicava a aprendizagem, nomeadamente no que dizia respeito às consoantes ditas mudas, que deixaram pura e simplesmente de ser grafadas, originando uma grafia sem raiz, sem nexo, sem história, exceptuando alguns vocábulos, que resistiram à mutilação, porque os brsileiros pronunciavam esdsas consoantes, como, por exemplo, percePção, entre umas outras poucas.
E este tipo de sentimento menor foi se propagando ao longo dos tempos, e hoje, na Internet, correm os maiores despautérios, não só na escrita da Língua, como no que se diz da História do Brasil ligada a Portugal, o que tem fabricado uma quantidade incontável de ignorantes e analfabetos funcionais.
Apenas para se ter uma ideia, vou aqui transcrever, ipsis verbis, um texto que encontrei na Internet, (e como este há milhares deles) onde podemos verificar duas coisas: a falta de informação e de estudo, e a falta de formação em Língua Portuguesa.
(Assinalo a negrito o que mais me intrigou):
«O português é falado em cinco continentes, porém sempre vêm à tona as diferenças entre o português do Brasil e o português do Portugal. São os dois países de língua portuguese mais importantes. A variante africana é muito parecida com europeia, portanto o Brasil é a única ex-côlonia portuguesa que se distanciou mais da língua do Imperio Português de Vasco de Gama e companhia.
A realidade é que os quase dez milhões e meio de portugueses representam uma pequena porcentagem dos 200 milhões (aproximadamente) de brasileiros. Nem somando a população falante de português na Angola (14,7 milhões), Moçambique (12,6), Guiné-Bissau (1,46) e Cabo Verde (450 526 pessoas) chegam a fazer sombra ao todo-poderoso Brasil.
A influência do Brasil é tão grande que nos últimos anos, houve uma reforma ortográfica para unificar ambas, e na qual a normativa brasileira ganhou mais peso. Além disso, curiosamente, o Museu da Língua Portuguesa não se encontra em Lisboa, mas em São Paulo.»
Um museu que, há pouco tempo, foi estranhamente incendiado.
Origem deste texto:
https://www.blazaar.com/blog/5-curiosidades-do-portugues/
(Este texto foi eliminado depois da publicação deste meu trabalho).
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Aqui há uns anos, o Ministério da Educação do Brasil decidiu mudar os currículos e a metodologia do ensino da Língua Portuguesa. Então começou-se pelo nome da disciplina, saindo o vocábulo Português, que deu lugar às «Técnicas de Comunicação e Expressão». E com esta mudança, foi retirado do ensino os textos dos clássicos portugueses e brasileiros, que foram substituídos por relatos de futebol e coisas do género. Isto tudo em nome da “felicidade” dos alunos.
Foi também eliminado o estudo da Literatura Portuguesa.
Resultado: o ensino da Língua, no Brasil, degradou-se substancialmente.
Vejamos a opinião de uma docente brasileira, que me respondeu deste modo, quando lhe falei no ataque que a Língua Portuguesa está a sofrer com a imposição da grafia mutilada que o AO90 sugere:
«Estou numa guerra constante contra ataques muito mais drásticos, porque a concordância já desapareceu há anos, o adjetivo já não concorda com o substantivo em gênero nem em número, os verbos a cada dia perdem mais tempos e pessoas, depois de perder modos, neologismos pavorosos aparecem da noite pra o dia a partir da cópula ilícita do português com o americanalhês, e é um verdadeiro suplício ter que suportar o hediondo gerúndio de Miami: vamos estar enviando, vamos estar verificando, e assim por diante. E quando se protesta, os novos teóricos de plantão acusam: puristas! Danem-se! Declarei guerra, porque a língua ninguém me rouba, haja o que houver, custe o que custar. A língua despencou no abismo. É uma calamidade indescritível. Desde a ditadura militar que se implantou em 1964, começou um programa de desalfabetização dos brasileiros, que devem ser condenados a eternos produtores de matéria-prima e fornecedores de mão-de-obra. O projeto para o Brasil é continuar a ser uma grande fazenda na qual se vive pra engordar o boi, matar o boi, comer o boi e depois dormir. Entretanto, se vocês fizessem ideia do descalabro a que chegou a "última flor do Lácio", bela e rica língua portuguesa, aqui no Brasil, por obra de um programa deliberado de políticos a serviço da invasão USA, entenderiam que pra nós oi ou olá é de somenos. O que me diz de "aonde" ter-se tornado uma partícula conectiva para todos os casos e situações imagináveis, em que o pobre falante indigente não faz ideia da existência e função dos pronomes relativos, dos advérbios de tempo e modo, e até de conjunções conclusivas ou explicativas? Já não se escreve cantar, mas sim canta. Os erres foram eliminados dos verbos». L. Nóbrega
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Entretanto vejamos o que nos diz Ivo Miguel Barroso, um jurista português:
«Não há nenhum argumento de carácter linguístico, pedagógico e cultural que justifique a adopção de mais uma reforma ortográfica em Portugal; bem pelo contrário. O AO90 regula apenas certos aspectos da ortografia, não incidindo sobre nenhum dos restantes aspectos da linguagem escrita: o léxico, a sintaxe, a morfossintaxe e a semântica, nas variantes euro-afro-asiático-oceânica e do Português do Brasil. Por isso, alegar que o AO90 contribui para uma “língua comum unificada” - que ninguém escreve (nem fala) - é uma falsidade.
O aspecto mais grave do alegado "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa" é ter criado, em Portugal, a partir do nada, centenas de palavras "novas", inexistentes em qualquer das ortografias, inclusive na variante brasileira do Português: “conceção”, por concepção; “receção”, por recepção; “perceção”, por percepção; "exceto" , por excepto, etc..
O AO90 foi imposto na Assembleia da República, em todas as suas Plataformas, através de Deliberação de 15 de Dez. de 2010 (por iniciativa do próprio Presidente da AR, Jaime Gama), com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2012.
Essa Deliberação foi aprovada por unanimidade (!!), ou seja, com votos a favor de PS, PSD, CDS, PCP, BE e PEV. Mas, passados mais de 4 anos, a mixórdia continua»
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De facto, a mixórdia continua.
Vejamos agora o que nos diz (textualmente) Gustavo Vieira, um brasileiro com quem andei a esgrimir, no Google:
(Os excertos assinalados a negrito são meus):
«Sinto muito, mas lendo os comentários que aqui escrevem, tenho alimentado um certo sentimento de recusa deste academicismo europeu, que mesmo sofrendo não consegue reconhecer a cultura de outros povos.
Você como historiadora que se identifica deveria saber que a história não é a mesma para quem "ganha ou perde" uma ação político-social.
Graças não só ao grande destaque que o Brasil tem na América Latina, mas também aos nossos maravilhosos escritores que deram uma impulsinada na literatura, agora então genuinamente brasileira <3 que o português brasileiro é reconhecido e diferenciado no Mundo. Somos os únicos lusofonos na América, e conseguimos nos diferenciar dos nossos vizinhos de língua espanhola - o que em certo ponto não acho legal, pois a língua acaba sendo uma barreira entre as nações, embora nos viremos no chamado portunhol. Há denominações que eu também não acho boas como dizem os americanos: "O Brasil e a América Latina", sendo que ambos os países possuem raízes linguísticas originadas do latim.
A academia brasileira não costuma fazer essa segregação entre nações lusofonas inclusive, não sei Portugal, mas o Brasil possui representantes de outros países de língua portuguesa na Academia Brasileira de Letras.
Penso que além de poder constituir um belo bloco cultural as nações lusofonas possam ter relações econômicas mais estreitas, isso embora estejam os países extremamente presos aos seus respectivos blocos; relações diplomáticas também seriam ótimas, como por exemplo, a facilitação de vistos, o que para Portugal seria difícil devido ao Espaço Schengem.»
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Sim, tudo poderá ser um mar de rosas, e uma união de corações brasileiros e portugueses, unicamente se cada país (Brasil e Portugal,) continuar a usar a sua própria língua: no Brasil, as tais «Técnicas de Comunicação e Expressão», e em Portugal, a Língua Portuguesa, saída da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira 1945, ainda em vigor, oficialmente, porque oficiosamente os subservientes ao Poder instalado aplicam o AO90.
Entretanto, na conversa entrou um Badstuber, que representa a “galera” baixa do Brasil, e que, também em reprodução, ipsis verbis, diz esta coisa espantosa, infelizmente, comum a milhares de brasileiros:
«Precisamente por ter muitos negros no Brasil, é que eu não gosto de negros. Eu sei como são vocês. Onde têm negros sempre vai ter pobreza, delinquência, favelas, etc. E ainda assim vocês se vitimizam. Odeio os portugueses por ter trazido tantos negros para o Brasil.
Isabel A. Ferreira portugueses de merda, o Brasil é um pais ruim por culpa de vocês. Vocês trouxeram escravos africanos. negros são sinônimos de pobreza, favelas, delinquencia, assaltos, violência, vandalismo, trafico de drogas, aids, funk, estupros, atraso, homicidios, etc. Sem negros o Brasil seria um pais muito melhor.»
A fonte desta conversa está no link (mais abaixo) onde pode ler-se inacreditáveis comentários de muitos mais badstubers onde a lusofobia está bem patente no que representa o pensar de, infelizmente, uma larga franja do actual povo brasileiro.
(O vídeo que aqui publiquei, onde estavam as provas do que acima referi, como pode ver-se, foi eliminado, depois da publicação deste meu texto (em 2016).
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Na terceira parte deste trabalho ater-me-ei a um livro de crónicas, intitulado “A Brasilidade dos Portugueses”, da autoria de A. Gomes da Costa, falecido em 2017, e que foi presidente do Real Gabinete Português de Leitura, sediado no Rio de Janeiro (Brasil), uma edição da Editorial Nórdica Ltda., e com o qual espero provar a origem política do AO90 que Portugal, servil e parvamente, está a tentar impingir aos Portugueses, e tragicamente às crianças portuguesas, que estão a ser enganadas.
Isabel A. Ferreira
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Génese do Acordo Ortográfico de 1990 (I)
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-genese-do-acordo-ortografico-de-1990-52848
Génese do Acordo Ortográfico de 1990 (II)
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-genese-do-acordo-ortografico-de-1990-53853
Génese do Acordo Ortográfico de 1990 (III)
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/genese-do-acordo-ortografico-de-1990-55885
. Génese do Acordo Ortográf...