«Agora as crianças (no Brasil) vão poder falar e escrever errado para não serem constrangidas...»
«Uma tristeza a mais em nossa educação... E pasmem o nome do livro é "por uma vida melhor". Logo não teremos mais nada que nos diferencie dos animais irracionais...
***
Em Portugal passa-se exactamente o mesmo. As crianças já estão a escrever incorreCtamente a sua Língua Materna, e aquelas, que não conseguem seguir a matéria e não estão preparadas para avançar de ano, não podem reprovar para não serem constrangidas e o Ministério da Educação possa mostrar um pseudo-sucesso escolar, quando o falhanço é total!
Uma tristeza a mais também na Educação em Portugal.
Ambos os países estão unidos na formação dos futuros analfabetos escolarizados e funcionais, e na destruição da Língua Portuguesa.
Pois é!
Em Portugal também se calibra tudo por baixo, com a chancela da IGNORÂNCIA!
Deste modo, nem Brasil nem Portugal terão um lugar no futuro. Serão dois países atulhados de analfabetos.
Até porque a LÍNGUA não é apenas um meio de comunicação, mas essencialmente um vector de IDENTIDADE NACIONAL e PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL de cada país.
«A Língua é um dos elementos da nacionalidade; pugnar pela vernaculidade daquela (Língua) é pugnar pela autonomia desta (nacionalidade)» J. Leite de Vasconcellos dixit.
A identidade brasileira está no modo como falam e escrevem, no Brasil, tendo-se distanciado do modo de falar e de escrever português, daí que possamos designar esse modo de falar e de escrever como Dialecto Brasileiro, seguindo todas as definições do vocábulo dialecto, sem que tal seja um insulto (como os menos esclarecidos, para não dizer ignorantes, consideram) para o Povo Brasileiro.
A identidade portuguesa, também está na sua Língua, na Portuguesa, e no modo como ela é escrita e falada na Europa.
Quando um Português e um Brasileiro estão frente a frente, num debate, apenas os surdos mentais não conseguirão ouvir as enormes diferenças fonéticas, lexicais e sintácticas da fala dos intervenientes, e essas diferenças é que constituem a base para diferenciar uma Língua de um Dialecto, e dizem: este fala Português; o outro, Brasileiro. Até uma criança diz isto.
E o que é que isto tem de insulto?
Isabel A. Ferreira
Diz-se que Margarita Correia é linguista e especialista em lexicologia, ou seja, estuda as palavras como se as colocasse num microscópio. Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa foi recentemente eleita presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) um organismo da CPLP, e proferiu esta inacreditável sentença: «As reformas ortográficas não são feitas para os velhos. São feitas para o futuro».
A senhora linguista até tem razão. As Reformas Ortográficas são feitas para o futuro. Contudo, a senhora linguista esqueceu-se de especificar que Reformas Ortográficas e para o futuro de quem.
Primeiro, o AO90, não é uma reforma ortográfica, mas simplesmente uma cópia (mais acento, menos acento, mais hífen, menos hífen, mais pê, menos pê, mais cê, menos cê) da grafia brasileira, saída do Formulário Ortográfico de 1943, efectuado no Brasil, portanto, antes da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira 1945, que o Brasil assinou, mas não cumpriu, tendo atirado ao caixote do lixo esse compromisso.
Bom, e é a cópia desse Formulário Ortográfico de 1943 (mais acento, menos acento, mais hífen, menos hífen, e meia dúzia de pês e cês que não emudeceram no Brasil) que a senhora linguista considera reforma ortográfica, e, na verdade, ela não foi feita para os velhos, mas também não foi feita para os novos, porque simplesmente não foi feita, nunca existiu como reforma ortográfica.
O que se fez foi pegar na actual ortografia brasileira, em vigor desde 1943, modificar-lhe uns acentos e uns hífenes, para disfarçar, e chamar-lhe acordo ortográfico de 1990, engendrado por Malaca Casteleiro (Portugal) e Evanildo Bechara (Brasil), e que apenas os serviçais portugueses aplicam, e que realmente se destina ao futuro, mas ao futuro dos futuros analfabetos.
Francamente, senhora linguista! Esperava-se muito mais de quem estuda as palavras como se as colocasse num microscópio… Ao que parece, o microscópio de V. Excelência é cego.
Para quando a extinção da CPLP e da IILP, dois organismos completamente dispensáveis, porque absolutamente inúteis?
Isabel A. Ferreira
Fonte:
O que me ocorre, como cidadã portuguesa, é endereçar à ATIM o meu mais elevado agradecimento pela dignidade com que está a tratar a Língua (Oficial) Portuguesa, a minha Língua Materna e a Língua Oficial de Moçambique.
Infelizmente, os governantes portugueses não têm essa lucidez, e em Portugal escreve-se algo a que podemos chamar «mixordês», uma ortografia sem pés nem cabeça, sem ponta por onde se lhe pegue, que não segue nem sequer as (acanhotadas e mutiladoras) regras do acordês.
O modo como se escreve actualmente em Portugal é bem pior do que o intragável AO90.
Mutila-se a língua, como se mutila um cadáver para o esconder de um crime.
É vergonhoso.
Página da ATIM: http://www.atim-mtia.org/
A salvação da nossa bela Língua Portuguesa, europeia e culta, está nas mãos de Moçambique, de Angola, de São Tomé e Príncipe, da Guiné Bissau e Timor Leste.
Tradutores/Mutiladores da Língua Portuguesa, ponham os olhos nestes objectivos da ATIM (escritos em Português correCto), e, por favor, traduzam os livros e as legendas nas televisões em BOM PORTUGUÊS.
Já estamos fartos de ver a nossa Língua, culta e europeia, tratada como uma língua de terceiro-mundo, uma língua primitiva e inculta, uma língua de analfabetos iniciados na escrita.
Vós sois piores do que os analfabetos. Os analfabetos não aprenderam a ler nem a escrever por falta de oportunidade, portanto a mais não são obrigados. Mas vós tivestes a oportunidade de andar na escola, e aprenderam a ser simplesmente ignorantes.
***
«A ATIM tem como objectivos fundamentais os seguintes
a) zelar pela qualidade da tradução e interpretação em Moçambique;
b) estabelecer condições de trabalho e enquadramento profissional;
c) zelar pela dignidade profissional e defender os direitos específicos do tradutor e do intérprete;
d) promover a colaboração entre os profissionais de tradução e de interpretação e entre estes e as instituições relacionadas com a sua actividade específica;
e) promover e estimular a formação de tradutores e intérpretes;
f) articular com as entidades competentes, instituições de formação, entidades legais a criação de mecanismos para a acreditação e licenciamento de tradutores e intérpretes em Moçambique.
g) promover relações sociais e culturais entre os seus membros.
Parabéns Moçambique. Parabéns ATIM.
Isabel A. Ferreira
(Origem da imagem: Internet)
Perguntei a um ex-líder partidário se era verdade que o seu partido tinha aderido ao Acordo Ortográfico de 1990, ou se tinha votado a favor da sua aplicação, porque tinha a informação do contrário.
Sim, o seu partido aprovou, com reservas, o que um ainda jovem deputado tem vindo a exprimir com cada vez mais insistência, baseado na ideia de que a Língua evolui (o avô do ex-líder escrevia pharmacia, ele já não, ele escreve no Português que aprendeu na escola) mas que é preciso evitar a colonização dos interesses editoriais brasileiros, ai isso é preciso.
Respondi-lhe o seguinte:
Acredito que os deputados mais novos, como não tiveram um aprendizado da Língua aprofundado, não saibam que este acordo do desacordo, não tem nada a ver com EVOLUÇÃO. Pelo contrário. Tem a ver com uma profunda IGNORÂNCIA da Língua, e um recuo, pois foi reduziu-a a dialecto.
O que os brasileiros fizeram com a Língua Portuguesa é problema deles. Eles que a escrevam e falem do modo que lhes dá mais jeito.
O ensino no Brasil (sei do que falo porque já estudei lá) é péssimo. Uma grande fatia do povo brasileiro vem de uma classe mal alimentada, logo, pouco dotada intelectualmente, e com grandes dificuldades de aprendizagem.
Como a Língua Portuguesa não é pêra doce, optaram por facilitá-la, para que a taxa de analfabetismo não fosse tão alta.
É que passar de PHarmácia, para Farmácia, em nada alterou a palavra, a não ser a sua grafia. Houve evolução, não houve recuo.
Mas se escrevermos "setor", em vez de sector, ou outras palavras assim que tais, teremos forçosamente de ler "s'tor", e isto já mexe com a pronúncia, com a etimologia e com a grafia da palavra.
"Setor" não tem significado algum, em Língua Portuguesa. Contudo, se lhe chamarmos Língua Brasileira a palavra passa a significar o que os Brasileiros quiserem.
É uma palavra mutilada, que perde o seu sentido, em Português. Mas não, em Brasileiro.
Mia Couto, um escritor moçambicano que muito aprecio, é mestre em “inventar” palavras. Mas inventa-as com um sentido absolutamente brilhante.
É um escritor que sabe valorizar a Língua.
Lamento que, na Assembleia da República, não haja alguém com conhecimento aprofundado da Língua Portuguesa para poder DEFENDÊ-LA dos abutres portugueses e brasileiros, que querem enriquecer à conta do empobrecimento da NOSSA Língua, um símbolo da identidade portuguesa, e colonizar Portugal através dela.
A mim, não me preocupa os que, por ignorância optativa, se vergam à ordem governamental e escrevem e pronunciam incorreCtamente a Língua. Só passam por ignorantes.
A mim, o que me preocupa é pretenderem fazer das nossas crianças, IDIOTAS.
A mim preocupa-me o futuro.
***
O Rodrigo, comentando uma das minhas publicações, disse o seguinte:
«Acho que não entendo tanta resistência. A língua é dinâmica. Não sou a favor desse preciosismo! Ainda que goste de ler Gil Vicente em português arcaico. Mas acredito sinceramente que a língua também deve ser prática. Pelo que entendo a ideia foi simplificar não empobrecer!»
Como diz?
A ideia foi simplificar, não empobrecer?
Simplificar o quê? Pensa que hoje as crianças são mais estúpidas do que as das gerações anteriores, desde Dom Dinis, em cujo reinado foi decretada a obrigatoriedade do Português nos documentos oficiais?
O AO90 não simplificou coisa nenhuma. Pelo contrário, além de complicar, empobreceu a ortografia, afastando os vocábulos da sua raíz greco-latina. Empobreceu-a. Reduziu-a a dialecto. Fê-la RECUAR.
Digam-me o que é um "arquitÊto". Se forem capazes de chegar à raiz deste amontoado de letras, e dizerem-me o que isto é, que significado tem isto, dou a minha mão à palmatória.
A Língua é dinâmica, sim. E deve ser dinâmica.
Mas jamais deve ser mutilada, para facilitar a aprendizagem. Nenhuma outra Língua europeia, com muitas mais consoantes não-pronunciadas, do que na Língua Portuguesa, jamais mutilou a ortografia, para facilitar a aprendizagem dos menos dotados intelectualmente.
***
E o Teófilo, respondeu e muito bem: «Os que estão com o novo AO são precisamente aqueles que têm dificuldades em aprender e falar uma língua científica como a nossa. Para esses um dialecto seria o ideal. E é precisamente nisso que querem transformar a nossa língua.»
Correcto.
***
Já o P. Baptista veio com esta: «Um chorrilho de disparates e de falsidades. Parem de lançar a confusão sobre as crianças e a sua aprendizagem. E, já agora, parem de dar erros. A lei é para todos. É já tem 15 anos! Houve o tempo da discussão que se fez, há o tempo da execução que se faz».
Como disse, P. BaPtista? Ou devo escrever Batista?
Chorrilho de disparates e falsidades é tudo o que diz respeito ao desrespeito pela Língua Portuguesa, e que um acordo tão desacordado veio agigantar.
E quem dá erros crassos é quem escreve e fala segundo o evangelho (mal fundamentado) do AO de 1990, porque o que está em vigor é a ortografia de 1945, simplesmente porque não foi revogado.
***
E a propósito da carta que dirigi aos professores e aos sindicatos:
«Concordo totalmente com o teor da carta. E o que devem fazer os pais para defender os filhos desta acção castradora? Que meios legais existem ao alcance do vulgar cidadão?»
Respondo:
Os pais deviam ser os primeiros a PROTESTAR.
Não protestam, porque o povo português só protesta quando lhe vão aos bolsos.
***
Então veio o David, e disse:
«EU É QUE SOU ANALFABETO. HAHAHAHA. MAS EU JÁ NÃO ADEMIRA SÓ TENHO A QUARTA CLASE. NÉ. NO MEU TEMPO NÃO DEU PARA MAIS, TIVE QUE ÍR TRABALHAR NÉ. MAS NÃO É POR ISSO QUE SE DEIXA DE SER BOM PROFICIONAL».
Lá isso é verdade, David. Mas os verdadeiros analfabetos não são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar. Os verdadeiros analfabetos são aqueles que tiveram oportunidade de estudar, e não aprenderam NADA, e escrevem acim, como o David.
***
E a Maria também disse de sua justiça:
«Escrevia-se mal, pessoas que quando eram crianças tiveram de ir trabalhar em vez de ir à escola, agora vejo senhores e senhoras doutoras que passaram o tempo a estudar escrevem tão mal».
É verdade, Maria.
A escola não nos dá tudo. O que nos dá tudo é a nossa vontade de aprender, seja fora ou dentro da própria escola, se tivermos a sorte de a frequentar.
É que não basta ir à escola. É preciso que tenhamos capacidade de aprender. E há alguns senhores/as doutores/as que por muitos estudos que tenham, só sabem o que sabem, e não vão além desse pequeno saber.
***
E é esse pequeno saber que está de mala e cuia (* ) na Assembleia da República Portuguesa.
(*) «Mala e cuia» - expressão brasileira, que não fica nada mal neste contexto. É que a união da Língua passa por enriquecê-la com expressões das novas culturas oriundas das ex-colónias. Não passará nunca por mutilá-la.
Isabel A. Ferreira
. Portugal e Brasil unidos ...
. QUANDO UMA LINGUISTA CONF...
. A recém-criada Associação...
. A Língua Portuguesa não é...