Hoje, nós, OS Portugueses, distanciamo-nos dos políticos, e celebramos também o Dia de Portugal, o NOSSO Portugal, não, o dos estrangeiros, e também o Dia das Comunidades Portuguesas, espalhadas pelos quatro cantos do mundo, que os políticos portugueses tanto desprezam, porque, NÃO honrando Portugal, como não honram, como podem honrar os Portugueses, que, na diáspora, vêem a sua Cultura, a sua História e a sua Língua tão DESPREZADAS pelos governantes, que, hipocritamente, descaradamente, andam por aí a mentir-lhes, vendendo-lhes gato por lebre, com a ilusão dos milhões?
A primeira referência conhecida do simbolismo festivo do dia 10 de Junho, dia da morte do Poeta, data do ano de 1880, num decreto real de Dom Luís I, que o proclamou como "Dia de Festa Nacional e de Grande Gala" para comemorar os 300 anos da morte de Luiz Vaz de Camões, em 10 de Junho de 1580.
Porquê “Língua de Camões”? Porque, na verdade, Camões foi considerado um revolucionário em relação à Língua Portuguesa culta da sua geração, trazendo à Língua inovações linguísticas, evidenciadas no Poema Épico «Os Lusíadas».
A este propósito, diz a investigadora Maria Helena Paiva:
«Os Lusíadas constituem um testemunho de primeira importância sobre uma mudança (linguística) em curso na época. Camões não se revela apenas como um homem do seu tempo cuja linguagem reflecte a variedade padrão, sobre a qual o corpus metalinguístico quinhentista fornece uma informação específica ao nível da consciência, da práxis escritural e da dimensão normativa. O aumento da amplitude da variação que o texto acusa não é só inerente à diversificação dos conteúdos, à pluralidade de vozes e à policromia de cambiantes. Camões identifica a tendência que prevalecerá no futuro, e extrai, daquilo que intui na língua, consequências detectáveis no plano da criação estética».
Hoje, celebramos também a Língua de Fernando Pessoa, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Antero de Quental, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eugénio de Andrade, Padre António Vieira, Ferreira de Castro, Florbela Espanca, Natália Correia, Aquilino Ribeiro, Miguel Torga, António Lobo Antunes, Manuel Maria Barbosa du Bocage, Vitorino Nemésio, Raul Brandão, Altino do Tojal, Luísa Dacosta, Luís Rosa, Fernando Campos, Fernando Namora, Júlio Dinis, Mário de Sá-Carneiro, Luísa Costa Gomes, Gil Vicente, José Saramago, Vergílio Ferreira, Marquesa de Alorna, Teolinda Gersão, Deana Barroqueiro, Dom Dinis, Maria Velho da Costa, Hélia Correia, Ilse Losa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Cesário Verde, Fernando Dacosta, José Régio, Mário de Andrade, Maria Isabel Barreno, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa Rita Pintor, Almada Negreiros, Afonso Lopes Vieira, Maria Gabriela Llansol, Alexandre O’Neill, Maria Judite de Carvalho, Bernardim Ribeiro, Camilo Pessanha, Maria Teresa Horta, Fernão Lopes, Herberto Helder, Garcia de Resende, José Cardoso Pires, Sá de Miranda, Teixeira de Pascoaes, Mariana Alcoforado e tantos, tantos outros, que não me vêm agora à memória.
Todos estes escritores, prosadores e poetas portugueses fizeram da Língua Portuguesa um Monumento à Arte de Bem Escrever a Língua que Dom Dinis, ele próprio um excelente Trovador, nos deixou, e constitui o nosso Património Cultural Linguístico, que os governantes acordistas, de má-fé e ignorantemente, estão a tentar destruir.
É bem verdade que a Língua Portuguesa gerou Variantes/ Dialectos/Crioulos, como lhes queiram chamar, que hoje são usados nas ex-colónias portuguesas de África e América do Sul, e noutros territórios dos confins da Ásia.
Nessas Variantes/Dialectos/Crioulos foram escritas obras primorosíssimas, porém, o que hoje celebramos é a GENETRIZ de todas essas Variantes/Dialectos/Crioulos, para que se saiba que a Língua Portuguesa não pode se triturada, à mercê de gostos duvidosos e com base nos milhões, e continuar a ser chamada Portuguesa. Será portuguesa apenas por conveniências políticas, altamente lesivas dos interesses de Portugal.
Para celebrar a “Língua de Camões” escolhi este belíssimo poema musicado por Zeca Afonso (a política, aqui, fica de fora, se fazem favor), porque a nossa Cultura é feita de uns e de outros.
E VIVA a Língua Portuguesa!
Isabel A. Ferreira
Quadro pintado referente a Camões a’prisionado em Goa. Trata-se de uma pintura a guache, de 1556, considerada como retratando co veracidade o maior poeta lusíada.
Endechas a Bárbara Escrava
Endechas a uma cativa, chamada Bárbara, por quem Luiz de Camões andava de amores, na Índia
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.
Ũa graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E, pois nela vivo,
É força que viva.
Luiz de Camões
"A Cultura assusta muito. É coisa apavorante para os ditadores. Um Povo que lê (bons livros) nunca será um povo de escravos» (António Lobo Antunes)
https://
Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3362702717092073&set=a.102726493089728&type=3&theater
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Hoje é o #diamundialdolivro e vamos celebrar ao longo do dia com a voz dos nossos autores e editores!
Acompanhe-nos por aqui e pelo Facebook das nossas chancelas: Companhia das Letras Portugal, Alfaguara Portugal, Editora Objectiva, Nuvem de Tinta, Suma de Letras Portugal, Arena Editora.
Um bom dia do livro para todos!
#PenguinRandomHouse #FicoemCasaaLer
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O Principezinho é um livro que já quase toda a gente leu. Lembram-se da palavra chave desse livro? Cativar! Não “cativar” à maneira de Mário Centeno, o senhor ministro que me desculpe, mas cativar seduzindo, encantando. Há no livro, como na raposa, que pede ao Principezinho que a cative, a mesma exigência: o livro quer que fiquemos a olhar para ele, a contemplá-lo, e quer que tenhamos tempo para o fazer. O prazer de olhar longamente e sermos nós donos do nosso tempo são características de civilização. De civilização avançada, uma civilização que saboreia, que frui, que se deleita.
Hoje, Dia Mundial do Livro, é esse tempo dos deuses que devemos usar. Usem-no, os meus caros leitores, para afagar as capas tão bonitas destes dez clássicos que aqui, navegando na nossa colecção de Clássicos, vos oferecemos. Virem depois a página e deixem-se levar pela torrente de sensações, pelos mundos que se colam a cada página, pelos dramas intensos, pela doce ironia, pelos conflitos pícaros. Um livro são páginas e palavras. Mas que transubstanciação é essa que converte essas palavras, que seriam só água corrente, no mais exaltante dos vinhos, como no milagre das Bodas de Caná? Que paixão se solta do papel e das páginas que nos sabe aos beijos da boca da amada no Cântico dos Cânticos?
Cinco clássicos das literaturas de língua portuguesa, cinco das literaturas russa, inglesa, francesa e americana. Estes são os livros com que hoje, Dia Mundial do Livro, e nos dias que se seguem, celebramos o mistério e a paixão do livro. Quase lhos oferecemos, mas tem ainda assim de os comprar. Porque comprar livros é um acto de civilização com que o leitor cativa cada autor.
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Na página do Facebook Português de Facto encontram muitas sugestões de bons livros escritos em BOM Português:
https://www.facebook.com/portuguesdefacto/photos/a.789300531156489/1574763905943477/?type=1&theater
Porque há que celebrar os Livros escritos com afeCto pela Língua Portuguesa.
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Como levar à falência as editoras que se vergaram ao AO90?
(Sim, porque esta é a pena que elas merecem por terem cometido um linguicídio)
Andar pelo Facebook a passar o tempo, gostando e desgostando das publicações anti-AO90, que por lá se propagam, em várias páginas, não leva a lado nenhum.
É preciso mais acção e menos conversa.
O que pode ser feito?
Podemos levar à FALÊNCIA as editoras que se vergaram ao AO90, com olhos esbugalhados a pensar nos €€€€€€€€€ que podiam meter ao bolso. E este é UM dos caminhos para acabar com a mixórdia que se ensina nas Escolas portuguesas e se anda a escrever por aí, ignorantemente.
Sabemos que o acordo ortográfico não abriu o mercado brasileiro ao livro português, nem vice-versa, aliás como já era de esperar (e não vou sequer entrar nos pormenores que justificam este falhanço, porque só os muito ingénuos acreditaram em tal abertura).
Um destes dias, tive na mão um livro para crianças intitulado Diário de um Banana, da Booksmile, onde se lia Edição em Português (venda interdita no Brasil). Estando o livro escrito à brasileira, por que a sua venda é interdita no Brasil? Isto é algo que gostaria de saber e vou averiguar.
Achou-se (se tivessem pensado, não chegariam a esta conclusão) achou-se que ao estabelecer uma ortografia "unificada" (o que foi um falhanço total, porque absolutamente inviável) o AO90 iria facilitar a circulação do livro português no Brasil (uma vez que no Brasil não se entende o nosso Português). E este foi um dos argumentos usados a favor da aplicação do acordo, cujo tiro saiu pela culatra.
Porém, como achar que o acordo unificaria a ortografia do Brasil e de Portugal foi um erro de cálculo incalculável, essa ilusão deu com os burros n’água, tanto que a LeYa, que foi logo in$talar-$e no Brasil, a achar que ia encher os bol$o$, já de lá saiu. E agora marca-se passo, por que nem livros portugueses entram no Brasil, nem livros brasileiros entram em Portugal (no Correntes D'Escritas 2020, só havia uma autora brasileira).
O AO90 foi (é) um daqueles erros apenas cometidos por quem só viu (vê) $$$$$$$$$ diante dos olhos. E como sempre ouvi dizer: quem tudo quer, tudo perde.
A aplicação do AO90 é ilegal e inconstitucional, dizem os juristas de alto gabarito.
O AO90 não unificou coisa nenhuma, e jamais unificará, a não ser que o Brasil ceda e adoPte a Língua Portuguesa, de faCto, porque é o único país da dita lusofonia, que não a escreve e fala na íntegra, e que Portugal mande o AO90 às malvas e regresse à racionalidade.
E como os maiores vendilhões da Língua Portuguesa são as editoras que andam por aí a vender gato por lebre, ou seja, a chamar portuguesa a uma grafia abrasileirada, há que levá-las à falência e obrigá-las a publicar livros e manuais escolares e dicionários em Português correCto, se quiserem que os Portugueses, que não se renderam a este modismo acordista, a esta fraude, a este negócio dos mais sujos de que há memória em Portugal, comecem a comprar-lhes livros.
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Sugestão de Miguel F.:
«Uma forma adicional de dar força à falência dessas editoras, seria por exemplo no ínicio dos anos escolares, ser comprado apenas UM ÚNICO exemplar de cada manual escolar e distribuí-lo digitalmente (fazer scans, criar um pdf e enviar por email) por todas as famílias e estudantes do país.
Conseguem imaginar o IMPACTO NEGATIVO que teriam essas editoras (acordistas, fraudulentas e traidoras da língua)?»
Se isto não for ilegal, é uma excelente ideia!
Análise jurídica a esta ideia:
«Supostamente será ilegal segundo a protecção de direitos de autor (?), mas por outro lado também o DESacordo é ilegal e usam-no impunemente.»
A dedução lógica da lei é que supostas "obras" que usam uma ortografia claramente ilegal não poderão ser consideradas obras, não estando por isso protegidas por direitos de autor. E assim sendo, deixa de ser ilegal a sua reprodução.
Na pior das hipóteses, e já que o governo e a justiça portugueses funcionam tão pobremente que deixam algo tão obsceno como o DESacordo continuar a ser inconstitucional e ilegalmente impingido aos portugueses, certamente não será difícil alguém publicar esses pdfs online e partilhá-los sob anonimato, uma vez que quem usar esses pdfs (famílias e estudantes) não poderão ser criminalizados pois não foram eles quem reproduziram tais "obras" cheias de erros.»
Pois aqui aqui fica a sugestão, porque já chega de tanta mixórdia ortográfica, que anda disseminada por aí, como um vírus, que não mata gente, mas mata a Língua Portuguesa.
Isabel A. Ferreira
Mais um excelente texto de Nuno Pacheco, que nos fala do «“lixo linguístico”, que tanto repugna.»
Nuno Pacheco
14 de Março de 2019, 7:30
«Em 1986 havia quem propusesse para o “acordo ortográfico” a abolição (ou seria “abolicao”?) dos acentos. Não passou, mas mesmo assim há quem a pratique.
Há quem os odeie, ou baralhe, ou ignore, mas é injusto. Porque os acentos operam milagres. Alteram, com um simples traço, pais em país, e transformam uma fracção de unidade, o avo, num avô ou numa avó, consoante se escolha o acento (ou sinal diacrítico) adequado. Isto na escrita, porque na oralidade ninguém confundirá pais, país, avos ou avós. Que se saiba…
Mas, tal como se despreza a boa escrita, há muito que se começou a desprezar os acentos. O cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso disse um dia que a língua portuguesa não tem acentos de mais, tem até acentos a menos. Na sequência disso, num artigo que escreveu no jornal O Globo, em 2012, a propósito do “acordo ortográfico” de 1990 (“outra maluquice”, dizia ele), falou assim da língua: “É seguro que a ausência de acentos a torna mais fácil? A facilidade é uma virtude para uma língua? Ouço muitos malucos brasileiros dizerem que ‘o português é uma língua muito difícil’. De onde vem essa ideia? Do Ministério da Pesca?”
Sim, o Ministério da Pesca deve ter culpas. Mas antes dele deve haver, até entre escritores, quem ache que a escrita merece tudo menos cuidados e apuro. Não se trata de criatividade gráfica, que essa é também uma arte (veja-se Guimarães Rosa ou Mia Couto), trata-se de desleixo. Num interessantíssimo e acutilante texto publicado no início deste ano na revista do Expresso (em 5 de Janeiro) e intitulado “Lixo linguístico”, Pedro Mexia lembrava que “em 1981 Vasco Graça Moura pediu a 68 poetas, ensaístas, romancistas, historiadores, académicos, críticos e jornalistas um testemunho sobre os desafios que a língua portuguesa enfrentava.” O resultado foi publicado dois anos depois pela Imprensa Nacional: 17 textos. Isto quereria dizer, concluiu então Vasco Graça Moura, que aqueles a quem endereçou tal desafio “não consideravam ‘preocupante’ ou ‘pertinente’ a questão da língua e o seu uso.”
Ainda não consideram. Ironia das ironias, acaba de chegar às lojas um volume antológico da obra completa do poeta açoriano J. H. Santos Barros (1946-1983) intitulado Alexandrina, Como Era – Todos os Poemas, editado pela mesma Imprensa Nacional, filtrado pelo “acordo ortográfico” de 1990 mas todo ele ligado, ou escrito, ou prefaciado, por gente que discorda do dito “acordo” e não o usa na escrita (António Lobo Antunes, autor do prefácio, que só escapou à acordização por não usar ali nenhuma palavra propensa a alterações; Jorge Reis-Sá, autor da nota à edição; e, pior ainda, o próprio Vasco Graça Moura, que criou a colecção onde o livro é publicado, a Plural Poesia, e era feroz adversário do “acordo”). Claro que isto não importa aos editores: o desrespeito por tais opções faz-se lei pela imposição.
Mas adiante, que ainda não chegámos aos acentos (alguns escreveriam “chegamos”, mas convém sempre distinguir o tempo verbal na escrita, para evitar confusões: aqui é passado, não presente). Em finais do ano passado, coincidiram em Lisboa dois textos exemplares quanto à não-acentuação. O primeiro, em Setembro, foi a edição nacional (igual à brasileira, como deve ser) do mais recente livro do escritor e compositor brasileiro Nelson Motta, Força Estranha. Nele, tão estranha quanto a força intrínseca do livro, estava (e está) a ausência de uma série de acentos gráficos. Podia ser estilo, e assim percebia-se, mas não é. Nem sequer é respeito pelo “acordo ortográfico” de 1990, já que, à data, ele disse ao PÚBLICO: “Achei uma bobagem esse negócio da nova ortografia, não faz o menor sentido.” O que é, então? Ele atribuiu o caso a erro de revisão. O certo é que, no livro, a par de palavras como “côro” e “idéia” acentuadas (respeitando, e bem, a ortografia brasileira pré-1990), surgem palavras sem acento como “voce” (você), “taxi” (táxi), “dificil” (difícil), “ridiculo” (ridículo) ou “Polonia” (Polónia, que é Polônia no Brasil) ou “chines” (chinês). E há incongruências como, na mesma linha (pág. 175) surgir “tablóides” e, a seguir, “escandalos” (sem acento).
Mas nada supera o que sucedeu, em Novembro, com o manifesto-convocatória da Marcha Pela Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres. Já na palavra de ordem inserida na capa se lia “Basta de violencia” (sem acento). Mas no interior, num texto aliás longo, não há uma única palavra acentuada. E assim temos “sistemica”, “confortavel”, “nao”, “genero”, “assedio”, “adulterio”, “hipocrita”, “indigenas” ou sentencas”, “intencao”, “exploracao” (estas últimas sem cedilha), etc. Os promotores da malograda proposta de acordo ortográfico de 1986 devem ter pulado de gozo: também eles propunham a abolição (ou seria “abolicao”?) dos acentos, poupando-nos a essa maçadoria de uma escrita clara e fácil de entender sem memorizações ou segundas leituras. Também eles, nesse malfadado texto, escreviam “licito” (por lícito), “vocabulos” (por vocábulos) ou “grafica” (por gráfica).
Pois bem: tirem os assentos aos acentos, e eles caem; como as pessoas quando lhes tiram, sem aviso, a cadeira. E com os acentos caem as palavras, nesse lamaçal ininteligível para onde os “acordos” têm vindo a arrastá-las.
É esse o “lixo linguístico”, que tanto repugna.»
Fonte Jornal "Público":
https://www.publico.pt/2019/03/14/culturaipsilon/opiniao/arranjem-assentos-acentos-senao-caem-1865217
Na berlinda estará a Inteligência dos deputados da Nação...
Errar é humano, mas insistir no erro é insano.
Origem da imagem: Internet
Foi agendada, em recente cimeira de líderes dos grupos parlamentares, a discussão do AO90, bastante contestado praticamente em todos os países da CPLP.
Trata-se do debate, em plenário, de uma petição lançada em 2017, com difusão pública, que conta com 22.689 assinaturas e mais de 200 Subscritores, incluindo António Lobo Antunes, Eduardo Lourenço, Pacheco Pereira, Boaventura de Sousa Santos, entre tantos outros nomes sonantes, do mundo lusófono.
Ver petição aqui:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=acordoortografico90
A Petição «Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990» será discutida no dia 21 de Fevereiro, próxima quarta-feira, às 15 horas (2.º e último ponto da Ordem de Trabalhos).
Ao que sabemos, pelo menos um dos partidos (o PCP) prepara-se para apresentar nesse dia um projecto de resolução com vista a uma eventual desvinculação de Portugal do AO90.
Quem me conhece sabe que sou apartidária (mas não apolítica) e, como tal, estou totalmente à vontade para concordar ou discordar de qualquer iniciativa partidária, ou ser livre para votar em pessoas válidas, sejam de que partido for. Sempre o fiz, desde que me foi dado o direito de votar.
E, neste momento, muito sinceramente, lamento que o PCP não tenha a maioria absoluta no Parlamento, para que Portugal pudesse ver-se livre desta “coisa viscosa” que dá pelo nome de AO90, e que está a conspurcar a Cultura Linguística Portuguesa, e a afastar Portugal das suas raízes europeias.
O que se espera desta discussão?
Mediante tudo o que já foi dito e escrito sobre a inutilidade, a inviabilidade e a ilegalidade de um “acordo” praticamente bilateral, que impõe a Portugal a ortografia brasileira, espera-se que, na próxima quarta-feira, no Parlamento Português, haja Bom Senso e Senso Comum por parte de todos os partidos políticos que terão voto na matéria, e que vença a Inteligência, para que a ortografia portuguesa possa ser devolvida, na íntegra, a Portugal.
Para sustentar a inutilidade, inviabilidade e ilegalidade do AO90, sugiro a consulta deste link, que dá voz ao Bom Senso, ao Senso Comum e à Razão…
O QUE OS PORTUGUESES CULTOS PENSAM SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-portugueses-cultos-pensam-33885
O QUE OS BRASILEIROS CULTOS PENSAM SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-brasileiros-cultos-pensam-8246
O QUE OS AFRICANOS CULTOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA PENSAM SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-africanos-cultos-de-expressao-37150
Isabel A. Ferreira
Texto de Ana Cristina Pereira Leonardo
O Prémio Camões não tem espinhas. Criado em 1989 por iniciativa dos governos de Portugal e do Brasil, visa “consagrar anualmente um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Quanto ao prémio de “Jornalismo Cultural”, instituído pela Sociedade Portuguesa de Autores em 2013, pretende “distinguir personalidades individuais e colectivas (sic) que mereçam reconhecimento devido à divulgação regular do trabalho de autores, artistas e outros agentes culturais, seja ao nível da imprensa escrita, da radiofónica ou da televisiva”.
Este ano, ambos coincidiram num ponto (se escrevesse “aspecto”, veria a palavra passar a “aspeto”, algo que quis evitar para que não se pensasse que pretendo bandarilhar alguém...): tanto o galardoado com o Prémio Camões como o galardoado com o Prémio de Jornalismo Cultural são férreos opositores ao Acordo Ortográfico. Na sua qualidade de deputado, Manuel Alegre foi o único do PS a votar contra; Nuno Pacheco, jornalista do “Público”, tem escrito sobejamente sobre o tema, definindo-se na primeira pessoa como “defensor acérrimo da diversidade da língua portuguesa, nas suas riquíssimas variantes, e adversário do acordo ortográfico de 1990”.
Se citássemos agora Margarida Rebelo Pinto: “não há coincidências”, o argumento não deixaria de ser tão fraco como os seus livros. Porque, realmente, podia ser coincidência. O que já nos obriga a pensar é que, de todos os portugueses contemplados com o Camões a partir de 1995 (os anteriores foram Miguel Torga, 1989, Vergílio Ferreira, 1992, e Eugénio de Andrade, 2001), nem um para amostra veio defender o AO. Manuel Alegre, Hélia Correia, Manuel António Pina, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís, Maria Velho da Costa, Sophia de Mello Breyner, Eduardo Lourenço e José Saramago – todos se pronunciaram contra.
Ora isto, sejamos honestos e coincidências à parte, são muitos contra de peso. Ouço vozes. Ah! Tudo escritores antigos! Ah! Mas também o Pascoaes defendia o Y e o Pessoa o PH (***)! A armadilha de tornar a discussão sobre o AO numa discussão entre progressistas e conservadores deu no que deu. Porque, sejamos de novo honestos. O Y de Pascoaes sempre se leu I e o PH de Pessoa sempre se leu F. Agora tentem lá distinguir oralmente “receção” e “recessão” e provem que isto não é desfigurar a língua.
Fonte:
https://www.facebook.com/ana.c.leonardo/posts/10211329527582572
(***) Para dizer que Fernando Pessoa defendia o PH, mas escrevia o seu nome com F (Ambos têm o mesmo som). Então, se tínhamos um F no alfabeto português, por que utilizar o PH dos gregos?
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