Quinta-feira, 22 de Outubro de 2015

A Língua Portuguesa não é um ovo para ser mexida à vontade do "freguês"

 

LÍNGUA.jpeg(Origem da imagem: Internet)

 

Perguntei a um ex-líder partidário se era verdade que o seu partido tinha aderido ao Acordo Ortográfico de 1990, ou se tinha votado a favor da sua aplicação, porque tinha a informação do contrário.

 

Sim, o seu partido aprovou, com reservas, o que um ainda jovem deputado tem vindo a exprimir com cada vez mais insistência, baseado na ideia de que a Língua evolui (o avô do ex-líder escrevia pharmacia, ele já não, ele escreve no Português que aprendeu na escola) mas que é preciso evitar a colonização dos interesses editoriais brasileiros, ai isso é preciso.

 

Respondi-lhe o seguinte:

 

Acredito que os deputados mais novos, como não tiveram um aprendizado da Língua aprofundado, não saibam que este acordo do desacordo, não tem nada a ver com EVOLUÇÃO. Pelo contrário. Tem a ver com uma profunda IGNORÂNCIA da Língua, e um recuo, pois foi reduziu-a a dialecto.

 

O que os brasileiros fizeram com a Língua Portuguesa é problema deles. Eles que a escrevam e falem do modo que lhes dá mais jeito.

 

O ensino no Brasil (sei do que falo porque já estudei lá) é péssimo. Uma grande fatia do povo brasileiro vem de uma classe mal alimentada, logo, pouco dotada intelectualmente, e com grandes dificuldades de aprendizagem.

 

Como a Língua Portuguesa não é pêra doce, optaram por facilitá-la, para que a taxa de analfabetismo não fosse tão alta.

 

É que passar de PHarmácia, para Farmácia, em nada alterou a palavra, a não ser a sua grafia. Houve evolução, não houve recuo.

 

Mas se escrevermos "setor", em vez de sector, ou outras palavras assim que tais, teremos forçosamente de ler "s'tor", e isto já mexe com a pronúncia, com a etimologia e com a grafia da palavra.

 

"Setor" não tem significado algum, em Língua Portuguesa. Contudo, se lhe chamarmos Língua Brasileira a palavra passa a significar o que os Brasileiros quiserem.

 

É uma palavra mutilada, que perde o seu sentido, em Português. Mas não, em Brasileiro.

 

Mia Couto, um escritor moçambicano que muito aprecio, é mestre em “inventar” palavras. Mas inventa-as com um sentido absolutamente brilhante.

 

É um escritor que sabe valorizar a Língua.

 

Lamento que, na Assembleia da República, não haja alguém com conhecimento aprofundado da Língua Portuguesa para poder DEFENDÊ-LA dos abutres portugueses e brasileiros, que querem enriquecer à conta do empobrecimento da NOSSA Língua, um símbolo da  identidade portuguesa, e colonizar Portugal através dela.

 

A mim, não me preocupa os que, por ignorância optativa, se vergam à ordem governamental e escrevem e pronunciam  incorreCtamente a Língua. Só passam por ignorantes.

 

A mim, o que me preocupa é pretenderem fazer das nossas crianças, IDIOTAS.

 

A mim preocupa-me o futuro.

 

***

 

O Rodrigo, comentando uma das minhas publicações, disse o seguinte:

«Acho que não entendo tanta resistência. A língua é dinâmica. Não sou a favor desse preciosismo! Ainda que goste de ler Gil Vicente em português arcaico. Mas acredito sinceramente que a língua também deve ser prática. Pelo que entendo a ideia foi simplificar não empobrecer

 

Como diz?

 

A ideia foi simplificar, não empobrecer?

 

Simplificar o quê? Pensa que hoje as crianças são mais estúpidas do que as das gerações anteriores, desde Dom Dinis, em cujo reinado foi decretada a obrigatoriedade do Português nos documentos oficiais?

 

O AO90 não simplificou coisa nenhuma. Pelo contrário, além de complicar, empobreceu a ortografia, afastando os vocábulos da sua raíz greco-latina.  Empobreceu-a. Reduziu-a a dialecto. Fê-la RECUAR.

 

Digam-me o que é um "arquitÊto". Se forem capazes de chegar à raiz deste amontoado de letras, e dizerem-me o que isto é, que significado tem isto, dou a minha mão à palmatória.

 

A Língua é dinâmica, sim. E deve ser dinâmica.

 

Mas jamais deve ser mutilada, para facilitar a aprendizagem.  Nenhuma outra Língua europeia, com muitas mais consoantes não-pronunciadas, do que na Língua Portuguesa,  jamais mutilou a ortografia, para facilitar a aprendizagem dos menos dotados intelectualmente.

 

***

E o Teófilo, respondeu e muito bem: «Os que estão com o novo AO são precisamente aqueles que têm dificuldades em aprender e falar uma língua científica como a nossa. Para esses um dialecto seria o ideal. E é precisamente nisso que querem transformar a nossa língua.»

 

Correcto.

 

***

 

Já o P. Baptista veio com esta: «Um chorrilho de disparates e de falsidades. Parem de lançar a confusão sobre as crianças e a sua aprendizagem. E, já agora, parem de dar erros. A lei é para todos. É já tem 15 anos! Houve o tempo da discussão que se fez, há o tempo da execução que se faz».

 

Como disse, P. BaPtista? Ou devo escrever Batista?

 

Chorrilho de disparates e falsidades é tudo o que diz respeito ao desrespeito pela Língua Portuguesa, e que um acordo tão desacordado veio agigantar.

 

E quem dá erros crassos é quem escreve e fala segundo o evangelho (mal fundamentado) do AO de 1990, porque o que está em vigor é a ortografia de 1945, simplesmente porque não foi revogado.  

 

***

 

E a propósito da carta que dirigi aos professores e aos sindicatos:

 

«Concordo totalmente com o teor da carta. E o que devem fazer os pais para defender os filhos desta acção castradora? Que meios legais existem ao alcance do vulgar cidadão?»

 

Respondo:

 

Os pais deviam ser os primeiros a PROTESTAR.

 

Não protestam, porque o povo português só protesta quando lhe vão aos bolsos.

 

***

 

Então veio o David, e disse:

 

«EU É QUE SOU ANALFABETO. HAHAHAHA. MAS EU JÁ NÃO ADEMIRA SÓ TENHO A QUARTA CLASE. NÉ. NO MEU TEMPO NÃO DEU PARA MAIS, TIVE QUE ÍR TRABALHAR NÉ. MAS NÃO É POR ISSO QUE SE DEIXA DE SER BOM PROFICIONAL».

 

Lá isso é verdade, David. Mas os verdadeiros analfabetos não são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar. Os verdadeiros analfabetos são aqueles que tiveram oportunidade de estudar, e não aprenderam NADA, e escrevem acim, como o David.

 

***

 

E a Maria também disse de sua justiça:

 

«Escrevia-se mal, pessoas que quando eram crianças tiveram de ir trabalhar em vez de ir à escola, agora vejo senhores e senhoras doutoras que passaram o tempo a estudar escrevem tão mal».

 

É verdade, Maria.

 

A escola não nos dá tudo. O que nos dá tudo é a nossa vontade de aprender, seja fora ou dentro da própria escola, se tivermos a sorte de a frequentar.

 

É que não basta ir à escola. É preciso que tenhamos capacidade de aprender. E há alguns senhores/as doutores/as que por muitos estudos que tenham, só sabem o que sabem, e não vão além desse pequeno saber.

 

***

 

E é esse pequeno saber que está de mala e cuia (* ) na Assembleia da República Portuguesa.

 

(*) «Mala e cuia» - expressão brasileira, que não fica nada mal neste contexto. É que a união da Língua passa por enriquecê-la com expressões das novas culturas oriundas das ex-colónias. Não passará nunca por mutilá-la.

 

Isabel A. Ferreira

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:14

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Segunda-feira, 19 de Outubro de 2015

O AO90 é uma violação ao direito à aprendizagem correcta da Língua Portuguesa

 

Um direito que todas as crianças portuguesasas maiores vítimas deste crime ortográfico, têm.

Vamos ser cúmplices deste acto criminoso?

Vamos permitir a consumação deste crime?

Bagão Félix.png

Origem da imagem:  https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90?fref=ts

 

Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a integridade da Língua Portuguesa morrerá connosco. E ficará a nova geração à deriva, arrastando atrás de si a má língua

 

Penso que está nas mãos dos professores de Português travar esta tragédia. Só eles poderão recusar-se a ensinar esta língua desenraizada, na sua forma grafada.

 

Só eles podem fazê-lo.

 

Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de Desobediência Civil, por uma causa mais do que justa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.

 

E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores, tivesse resistido ou resistisse agora, para que a onda se agigantasse ou se agigante…

 

O que vão ensinando e a quem?

 

As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua?

 

Estão a ser obrigadas a aprender algo que, em Portugal, por não ser Português, está incorreCto.

 

É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.

 

Isto é desrespeitar o direito à aprendizagem correcta, que todas as crianças têm.

 

O que faz falta é CORAGEM para dizer NÃO a algo que compromete gravemente a identidade cultural portuguesa, a portugalidade, o respeito pela Língua Materna.

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:35

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Sábado, 17 de Outubro de 2015

«Estas bolachas de chocolate têm bom aspeto? São feitas à base de insetos»

 

Este é o título de um artigo que li na Internet.

 

Gosto de bolachas de chocolate… Mas com bom aspÊto e feitas de insÊtos? Como disse????

 

Andei à procura do étimo ou etimologia de aspÊto e insÊtos (pois esta é a pronúncia correCta deste conjunto de letras) para que pudesse entender que bolachas de chocolate são estas, e se seriam digeríveis.

 

 

Bolachas.jpeg

 Eis as bolachas de chocolate, segundo o acordo ortográfico de 1990, com bom aspÊto e insÊtos.

 

Procurei, procurei, em dicionários de Língua Portuguesa comuns e especializados, e não encontrei absolutamente nada que me levasse à etimologia destes dois "vocábulos" estranhos, para que eu pudesse decidir se deveria experimentar comer, tranquilamente, estas bolachas, sem que me causassem indigestão ou alguma alergia fatal.

 

Consultei também a Internet (que costuma dizer-nos de tudo e mais alguma coisa), contudo, em Língua Portuguesa da gema, ou seja, na minha língua-mãe, nada encontrei igualmente.

 

No entanto, não desisti, e com um pouco de boa vontade, lá encontrei apenas o significado (não a origem) de aspÊto e insÊtos, no linguajar do acordo ortográfico de 1990, que os governantes portugueses querem impingir-nos à força de uma resolução (muito mal-amanhada) do conselho de ministros.

 

E não é que descobri que os adePtos do AO de 1990 pretendem, a todo o custo, que aspÊto signifique o mesmo que aspeCto, cuja origem assenta na palavra latina “aspectus” (aparência exterior das coisas), e insÊtos seja o mesmo que inseCtos, que deriva do vocábulo também latino “insectum” (classe de artrópodes cujo corpo se divide em tal e tal e tal…)?

 

Não, não brinquem com coisas sérias, senhores governantes!

 

É que ao pretenderem desenraizar a Ortografia Portuguesa, além de demonstrarem uma colossal ignorância da mesma, levam os mais incautos a comerem bolachas de chocolate com aspÊtos e insÊtos, altamente nocivos à saúde mental dos Portugueses lúcidos.

 

São dois amontoados de letras sem nenhum vislumbre de sentido.

 

São duas “coisas” inexistentes no Léxico Português.

 

Então, é necessário e urgente acabar com esta farsa, antes que as crianças comecem a comer bolachas de chocolate com ingredientes fabricados sem a mínima regra de sanidade mental.

 

Fonte da notícia:

http://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/estas-bolachas-de-chocolate-tem-bom-aspeto-sao-feitas-a-base-de-insetos

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:25

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