Por isso, este texto vai ao cuidado do PS, da Aliança Democrática (AD), do CHEGA, da IL, do BE, da CDU, do PAN e do Livre, para que refliCtam no mal que o ilegal AO90 está a fazer ao País. Todos serão penalizados e responsabilizados e pela anarquia ortográfica implantada em Portugal, graças ao desprezo que os políticos votam à que ficará para a História como a Questão da Língua, que está a conduzir à destruição de um dos maiores símbolos identitários do nosso País, e pela anarquia social, que traz Portugal de rastos. Não podemos fiar-nos em quem não trata a Língua Portuguesa com RESPEITO.
A publicação é de Cardoso Manuel Joaquim, no Facebook:
https://www.facebook.com/photo/?fbid=7571648689534529&set=gm.1508325163294442&idorvanity=1059980261462270
(Entretanto, o acordista foi banido do Novo Movimento Contra o Acordo Ortográfico, e com ele, este diálogo, que, no entanto fui a tempo de recuperar, porque é preciso que se divulgue a cassete acordista, baseada na mais monumental ignorância das Ciências da Linguagem, para que se compreenda o quão necessário e urgente é parar com esta investida, completamente insana, contra a Língua Portuguesa).
Isabel A. Ferreira
Ó "Setor" pergunta o aluno ao professor ...
Eu como já fui "setôra", sei o que é ser "setôr".
Alberto Teixeira
Isso já deu o que tinha a dar.
Alberto Teixeira o que é o "isso"? Porque conforme for, já tinha a dar, ou não. O mundo nunca avançou com os acomodados.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira também pouco avança com regras que não se cumprem. Ficou mal? Ficou. Mas cada vez há mais brasileiros em Portugal.......quem fala bretao em França?
Alberto Teixeira quais regras que não se cumprem? As regras do ilegal e inconstitucional aborto ortográfico? Em França há milhares de emigrantes portugueses, e nem por isso, os Franceses falam Português. No Brasil, há milhares de Portugueses e falam Brasileiro.
Quem não se sente, não é filho de boa gente. E esta coisa de rastejar aos pés do Brasil não é coisa de seres vertebrados.
Nós somos PORTUGUESES, temos uma LÍNGUA, a NOSSA e mais nenhuma. Os imigrantes que para aqui vierem deviam ser obrigados a falar PORTUGUÊS. A regra é essa em qualquer país do mundo, excePto na muito subserviente República Portuguesa DOS Bananas .
No Reino Unido, os imigrantes falam INGLÊS. Na Alemanha, os imigrantes falam Alemão. Na França os NOSSOS emigrantes falam FRANCÊS; quando cá vem até lhes chamam os "franciús", de tantos "avecs" que ouvimos.
Estar a puxar o saco do Brasil é coisa de quem sofre de um monumental complexo de inferioridade.
A Portugal o que é de Portugal, ao Brasil o que é do Brasil. Eu no Brasil, quando lá vivi, falava BRASILEIRO, porque se falasse Português ninguém me entendia.
Por alma de quem Portugal tem de abandonar a sua Língua Materna para AGRADAR aos Brasileiros? Isto só num país de Zés Parvinhos.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira o mais interessante é que o Latim é uma língua morta.....as coisas evoluem, adaptam-se. Línguas nascem, morrem, adaptam-se.....tudo muda tomando sempre novas qualidades. O português do Brasil é um português de um Portugal antigo. Hoje fui à pharmacia ou à farmácia? Qual a necessidade de mudar?
Alberto Teixeira o Latim até pode ser uma Língua morta, mas está viva nas Línguas Românicas, entre as quais está a Língua Portuguesa, que os acordistas ignorantes querem matar, mas enquanto houver PORTUGUESES no mundo, ela viverá, ainda que como língua minoritária. Há muitas línguas minoritárias na Europa, cujos povos as falam e escrevem, sem esse sentimento de inferioridade, que afecta a pobreza mental dos acordistas portugueses.
Sim, as coisas evoluem, mas o AO90 não faz parte da evolução da Língua, e quem assim pensa é um ignorante das Ciências da Linguagem. O AO90 faz parte de um retrocesso linguístico que criou a novilíngua dos básicos, e apenas dos BÁSICOS. As pessoas cultas NÃO usam essa linguagem pobre, usada apenas por aqueles que não têm capacidade intelectual para PENSAR uma Língua culta e bem estruturada, oriunda do Latim, como a Língua de Portugal, que pelo que vejo, NÃO é a sua.
E para sua informação, NÃO existe "português do Brasil", o que existe é uma VARIANTE BRASILEIRA da Língua Portuguesa, a qual desvirtuou o Português antigo, para se afastar da Língua dos colonizadores. Essa foi a obra do enciclopedista brasileiro-libanês, Antônio Houaiss, que se dedicou a deslusitanizar o Português herdado do colonizador, criou o AO90.
Enfiaram-lhe uma cassete pela cabeça abaixo, e agora despeja para qui umas monumentais ignorâncias que fazem parte do mundinho dos complexados.
Quanto à farmácia ou PHarmacia, sabia que o PH é o símbolo maior da ignorância dos acordistas?
Sabe, por que motivo Fernando Pessoa escrevia PHarmacia, mas grafava o seu nome Fernando, com ÉFE?
SE não sabe não se meta a trazer o PH à liça, porque só demonstra uma gigantesca ignorância.
Para falar de um IDIOMA é preciso conhecê-lo e estudar as Línguas comparadas. E o grande erro dos acordistas foi aceitarem a ignorância dos que CORROMPERAM a Língua Portuguesa como EVOLUÇÃO.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira ahahah gostei da sua resposta. A língua é algo vivo e não são leis que a vão mudar. Só o uso é a prática do dia a dia. O tal Latim dos livros não era aquele que o povo falava......se agora o bué entrou na língua ninguém o vai tirar. Noutro dia ouvi alguém dizer que tinha um date. Ora bem......casa vez mais as TV vão impondo a nivilingua e não vai haver regras que a contrariem. Os transmontanos dizem tchover e Tchaves mas a gente escreve chover e Chaves.....nas os eslavos têm ainda o tch.....coisas. Leia um texto medieval e veja se o entende à primeira. Pai é com i....não há muito era com e. Bem como mãe é com e e já foi com i. Nessa altura como se pronunciavam essas palavras? E que tal as placas que indicam Matozinhos e Ermezinde em vez de Matosinhos e Ermesinde? Aí língua minha que tanto me enganas.....
Alberto Teixeira a Língua é algo vivo e está em permanente mudança. Com isto concordo consigo. Se assim não fosse ainda estaríamos a fazer sinaizinhos uns aos outros, ou a escrever hieróglifos.
Eu acho piada o seu raciocínio virado do avesso. Não faz a mínima ideia do que é a Língua viva. Deu um exemplo do que é a Língua viva com o BUÉ, mas não sabe que isso faz parte da evolução da Língua. E é óbvio que o vocabulário que se acrescenta à Língua pode enriquecer a Língua. Essa do “date” já NÃO faz parte do enriquecimento da Língua, porque TEMOS vocábulos em PORTUGUÊS para designar “date”: data, mas também tâmara, porém os brasileiros usam-na como “encontro romântico”, por influência dos “esteites”, para eles é fino falar à “americanês”. Já não é o caso de BUÉ. BUÉ é um vocábulo novo, que NÃO existe em Português. E tanto quanto sei, pertence ao léxico angolano. Agora, OUTRA COISA é CAPAR os vocábulos, e isto já não faz parte da Língua viva, mas sim, da Língua que querem MATAR.
A Língua Brasileira foi enriquecida pelos falares indígenas brasileiros e africanos, e pelos outros falares dos vários povos que se fixaram no Brasil. Como é que essa Língua tão mesclada e tão distanciada do Português pode ainda ser chamada de Português, senão por má-fé?
Está enganado quando diz que «cada vez mais a TV vai impondo a novilíngua e não vai haver regras que a contrariem.» Está a desviar o papel da TV. A TV, todas as emissoras de TV em Portugal, NÃO estão a espalhar uma novilíngua culta, estão, sim, a espalhar uma linguagem básica, empobrecida, cheia de rococós e nove horas básicas, parva, medíocre, e que não vingará, porque a mediocridade é algo que não vinga. Apodrece, com o tempo.
Eu não sei quais são as suas habilitações literárias. Li que estudou na FCUP, portanto deduzo que é alguém das Ciências e NÃO das Letras, e poderá estar neste pormenor a explicação para os seus disparates. Confunde Linguagem, com linguajar. Confunde fonologia, com sotaque. E desconhece o porquê de se deixar de grafar Pae, substituído por Pai. Para saber isto é preciso ESTUDAR Línguas. E quanto mais se afunda nestas andanças, mais ignorância demonstra.
Einstein dizia que todos nós somos ignorantes em alguma coisa, com uma diferença: quem sabe que é ignorante, por exemplo, em Física Quântica, como eu, não OUSA debater Física Quântica em público. Mas o senhor NADA sabe das Ciências da Linguagem, e vem para aqui despejar a cassete dos acordistas, toda ela assente na mais monumental IGNORÂNCIA. Se ao menos soubesse que Ermezinde ainda é Ermezinde, mas também Ermesinde e Matozinhos ainda é Matozinhos e Extremoz ainda é Extremoz, e Luiz ainda é Luiz, mas também Luís, e que os Baptistas ainda são Baptistas, mas também Batistas e Buçaco é Buçaco, mas também Bussaco. A Língua só engana a quem NADA SABE da Língua. É por isso que os acordistas deviam reduzir-se à sua ignorância, ou então vão estudar Ciências da Linguagem. O que não podem é andar por aí a pensar que todos somos parvos para engolir a vossa ignorância.
Alberto Teixeira É respeitável o seu estado de espírito negativo, mas nós o que mais precisamos é de pessoas que nunca deixem de acreditar.
Mesmo que nunca tenhamos a tão desejada vitória, pelo menos os traidores linguísticos vão sentir o peso na consciência pela traição ao idioma pátrio.
A vida e o mundo dão muitas voltas, a Terra gira, o Sol nasce e quem sabe se a vitória não virá a acontecer?
Por mim, quando deixar de acreditar, deixarei de visitar esta página.
(" ... e dos fracos não reza a História ...”)
Alberto Teixeira
Eduardo Henrique de certeza que virá uma vitória qualquer. Aliás a quantidade de vocábulos anglo-saxonicos que ouço a propósito de tudo e de de nada......os jovens até já dizem palavrões em inglês. Isso é que devia assustar e não o acordo fofinho que até permite duas grafias.....
Alberto Teixeira este seu último comentário leva-me a questionar: o senhor baterá bem da bola? Ou estará nesta página anti-acordo a mando de alguém? É um bom pau-mandado, mas um péssimo cidadão, que se deixa vender por 30 dinheiros? E sabe como acabou o que ficou para a História como o Grande Traidor?
Espero que todos os que querem MATAR a Língua Portuguesa, sejam levados à Justiça. Estamos a trabalhar para isso.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira vivem os anti acordo, são detentores da verdade. Guardem-na coisa ciosamente
Alberto Teixeira sim, os anti-acordo são os detentores da verdade, basta ler este seu comentário, que diz bem da necessidade de LUTAR pela Língua Portuguesa.
Basta de ter gente em Portugal a escrever incorreCtamente a Língua Oficial Portuguesa, a que está consignada na Constituição da República Portuguesa, e que o presidente da República está a violar, sem o mínimo respeito pelo cargo que ocupa, pelo País que diz representar e pelos Portugueses de quem diz ser de TODOS.
Pois NÃO é o presidente de TODOS os Portugueses. Só o é daqueles que se estão nas tintas para Portugal, para os Portugueses e para a Constituição da República Portuguesa. É o presidente apenas dos APÁTRIDAS e dos TRAIDORES.
... o músico, o trovador, o poeta, aquele que usou as palavras e a pauta musical para lutar contra todas as tiranias, para lutar por uma sociedade mais humana, mais justa… falecido na passada segunda-feira à noite, dia 16 de Março, de doença prolongada. Tinha 69 anos.
Lutou igualmente contra o imbecil AO90 e em prol da Língua Portuguesa, que ele utilizava com tanta mestria, e sim, nenhuma Língua merece ser deformada tão imbecilmente, cerceando a liberdade e a inteligência de todos quantos a amam e utilizam, porque a Língua de um País não é uma coisa que se mexa e remexa ao sabor dos interesses obscuros de políticos irresponsáveis. A Língua é um Património Cultural Imaterial inviolável, um vector de identidade e unidade nacional.
E só os apátridas e traidores não sabem disto.
Viva quem assim escreve e canta!
Até sempre trovador!
Viva Quem Canta
Por Pedro Barroso
Já que aqui estou
Vou-lhes agora contar
De mil passos feitos vida
Desta vida atribulada
Desta vida de cantar
Se sobrar peito
Depois de mil melodias
Depois de tantas palavras
Tantas terras tant’stradas
Tantas noites tantos dias
Viva quem canta
Que quem canta é quem diz
Quem diz o que vai no peito
No peito vai-me um país
No Algarve mandei baile
Toquei adufes na Beira
Em Trás os Montes aprendi
A bombar como um Zé Pereira
Mundo fora dei abraços
Nos Açores e na Madeira
Deixei amigos do peito
E em casa cantei na eira
Viva quem canta
Que quem canta é quem diz
Quem diz o que vai no peito
No peito vai-me um país
Trago nos dedos malhões
Toquei rondas de caminho
No Douro aprendi Janeiras
Dancei as chulas no Minho
No Alentejo fica o peito
Da planície de cantar
No fado colhi o jeito
De um país por inventar
Viva quem canta
Que quem canta é quem diz
Quem diz o que vai no peito
No peito vai-me um país
Cantei no alto de um monte
Num tractor ou num celeiro
Para vinte ou vinte mil
E das palavras fiz viveiro
P’ra quem canta por cantar
Pouco mais se pediria
Mas quem canta p‘ra sentir
E p’ra explicar-se e p’ra ser
Pensem só quanto haveria
Ainda por dizer
Viva quem canta
Que quem canta é quem diz
Quem diz o que vai no peito
No peito vai-me um país
«É como se estivéssemos condenados a escrever como se urrássemos em vez de falar.» (José Pacheco Pereira)
Mais um genial texto de José Pacheco Pereira, in Público, em 16/05/2015. Contudo, esta data bem pode ser a de hoje, 04/06/2019, porque os apátridas da Língua continuam a governar-nos (esperemos que por pouco tempo).
(Nota: os excertos a negrito e os sublinhados são da responsabilidade da autora do Blogue).
Texto de José Pacheco Pereira
À memória do Vasco Graça Moura
«Não sei se são válidos ou não os argumentos jurídicos que discutem a data da aplicação efectiva do Acordo Ortográfico [AO], se nestes dias, ou em 2016. Isso não me interessa em particular, a não ser para registar a pressa suspeita em o aplicar contra tudo e contra todos. Mas uma coisa eu sei ao certo: é que o desprezo concreto do bem que ele pretende regular, a língua portuguesa, é evidente nessa mistura sinistra de inércia, indiferença e imposição burocrática com que se pretende obrigar os portugueses a escrever de uma forma cada vez mais abastardada.
Na sua intenção original, o Acordo pretendia ser um acto de política externa, uma forma de manter algum controlo sobre o português escrito pelo mundo todo, como forma de garantir uma réstia de influência portuguesa num conjunto de países que, cada vez mais, se afastam da centralidade portuguesa, em particular o Brasil. Se é um “acordo” é suposto que seja com alguém. No entanto, desse ponto de vista, o AO é um grande falhanço diplomático, visto que está neste momento em vigor apenas em Portugal, com promessas do Brasil e Cabo Verde, esquecimento em Moçambique, Guiné Bissau, S. Tomé e Timor-Leste, e recusa activa em Angola. Nalguns casos há protelamentos sucessivos, implementações adiadas e uma geral indiferença e má vontade. Para além disso, nenhuma implementação do AO, vagamente parecida com a pressão burocrática que tem sido feita em Portugal, existe em nenhum país, a começar por aquele que parecia ser o seu principal beneficiado, o Brasil. Ratificado ele foi, aplicado, não.
Mas com o mal ou a sorte (mais a sorte que o mal) dos outros podemos nós bem, mas ele revela o absurdo do zelo português num AO falhado e que nos isolará ainda mais. Onde os estragos serão mais significativos é em Portugal, para os portugueses, e para a sua língua. É que o Acordo Ortográfico não é matéria científica de linguistas nem, do meu ponto de vista, deve ser discutido nessa base, porque se trata de um acto cultural que não é técnico, e como acto cultural em que o Estado participa, é um acto político e as suas consequências são identitárias. Não me parece aliás que colha o historicismo habitual, como o daqueles que lembram que farmácia já se escreveu “pharmácia”, porque as circunstâncias políticas e nacionais da actualidade estão muito longe de ser comparáveis com as dos Acordos anteriores.
É um problema da nossa identidade como portugueses que está em causa, na forma como nos reconhecemos na nossa língua, na sua vida, na sua história e na sua proximidade das fontes vivas de onde nasceu: o latim. Não é irrelevante para o português e a sua pujança, a sua capacidade de manter laços com a sua origem no latim e assim comunicar com toda a riqueza do mundo romano e, por essa via, com o grego, ou seja, o mundo clássico onde nasceu a nossa cultura ocidental. Esta comunicação entre uma língua e a cultura que transporta é posta em causa quando a engenharia burocrática da língua a afasta da sua marca de origem, mesmo que essas marcas sejam “mudas” na fala, mas estão visíveis nas palavras. As palavras têm imagem e não apenas som, são vistas por nós e pela nossa cabeça, e essa imagem “antiga” puxa culturalmente para cima e não para baixo.
O AO é mais um passo no ataque generalizado que se faz hoje contra as humanidades, contra o saber clássico e dos clássicos, contra o melhor das nossas tradições. Não é por caso que ele colhe em políticos modernaços e ignorantes, neste e nos governos anteriores, que naturalmente são indiferentes a esse património que eles consideram caduco, ultrapassado e dispensável. Chegado aqui recordo-me sempre do “jovem” do Impulso Jovem aos saltos em cima do palco a dizer “ó meu isso não serve para nada”, sendo que o “isso” era a história. Esta é a gente do AO, e, como de costume, encontram sempre sábios professores ao seu lado, os mesmos que vêem as suas universidades a serem cortadas, em nome da “empregabilidade”, da investigação nas humanidades e em sectores como a física teórica e a matemática pura, teorias sem interesse para os negócios. “Ó meu, isso não interessa para nada!”.
Mas estamos em 2015 (2019) e hoje o português de Portugal está sitiado e numa situação defensiva. Não é no Brasil que o português está em risco, nem em Angola, Cabo Verde, Moçambique ou Timor. Aí os riscos do português são os riscos de sempre e vêm da extensão da colonização, da sua relação com as línguas autóctones, dos crioulos que gerou, e do modo como penetrou nas elites e no povo desses países, se é ou não a língua de cultura ou a língua da administração e do Estado. E não é certamente no Brasil que o português está na defensiva, bem pelo contrário, é no Brasil que o português está num momento particularmente criativo.
Quer se goste quer não, a locomotiva da língua portuguesa não é a academia portuguesa, mas a pujança do povo e da sociedade brasileira, a sua criatividade e dinamismo. E isso fará com que o português escrito no Brasil esteja sempre para lá de qualquer AO, como aliás aconteceu no passado e vai acontecer no futuro. É o mais fútil dos exercícios, até porque enquanto o tem um papel. Se abastardamos o português de Portugal, nem esse papel teremos, a não ser escrevermos um “brasileiro” mais pobre que não serve de exemplo a ninguém.
A vitalidade do nosso português está nos seus grandes escritores, Miranda, Camões, Bernardes, Vieira, Herculano, Camilo, Eça, todos conhecedores do seu Virgílio, do seu Horácio, do seu Ovídio, mesmo do seu escolar Tácito, César ou Salústio. Todos lidos, estimados e estudados no Brasil, que por eles faz muito mais do que nós alguma vez fizemos, por exemplo, com Machado de Assis. E é também por isso, que a maioria dos escritores portugueses contemporâneos recusa o AO, como quase toda a gente que está na escrita e vive pela escrita e é independente da burocracia do estado. Todos sabem que o português permite todas as rupturas criativas, dos simbolistas ao Sena dos Sonetos a Afrodite Anadiómena – “E, quando prolifarem as sangrárias,/ lambidonai tutílicos anárias,/ tão placitantos como o pedipeste”, – ao “U Omãi Qe Dava Pulus” de Nuno Bragança. Criativamente a nossa língua vernácula suporta e bem tudo, menos que seja institucionalizada com uma ortografia pobre e alheia à sua história.
O futuro do português como língua já está há muito fora do nosso alcance, mas o português que se fala e escreve em Portugal, desse ainda podemos cuidar. É que é em Portugal que o português está em risco, está na defensiva, e o AO é mais uma machadada nessa defesa de último baluarte. É em Portugal que um Big Brother invisível, que se chama sistema educativo, retira todos os anos centenas de palavras do português falado, afastando das escolas os nossos escritores do passado e substituindo-os por textos jornalísticos. É em Portugal que uma linguagem cada vez mais estereotipada domina os media, com a substituição dos argumentos pelos soundbites, matando qualquer forma mais racional e menos sensacional de conversação. É em Portugal que formas guturais de escrita, nos SMS e nos 140 caracteres do Twitter, enviados às centenas todos os dias por tudo que é adolescente, ou seja, também por muitos adultos, se associa à capacidade de escrever um texto, seja uma mera reclamação a uma descrição de viagem. É neste Portugal que, em vez de se puxar para cima, em nome da cultura e da sua complexidade, em nome da língua e da sua criatividade, em nome da conversação entre nós todos que é a democracia, se puxa para baixo não porque os povos o desejem, mas porque há umas elites que acham que a única pedagogia que existe é a facilidade.
E é neste Portugal que uma geração de apátridas da língua, todos muito destros em declamar que a “a nossa pátria é a língua portuguesa”, minimizam a nossa identidade e a nossa liberdade, que vem dessa coisa fundamental que é falar e escrever com a fluidez sonora do português, mas também com a complexidade da sua construção ortográfica. É como se estivéssemos condenados a escrever como se urrássemos em vez de falar.
Fonte:
https://estatuadesal.com/2015/05/17/os-apatridas-da-lingua-que-nos-governam/
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