Eu não conhecia João Pedro Graça pessoalmente. Cruzámo-nos na Internet, através dos nossos Blogues, porque partilhávamos da mesma luta: restituir a Portugal a NOSSA amada Língua Portuguesa, livre da enfermidade que a desfigurou, o inadjectivável acordo ortográfico de 1990 (AO90, reduzindo-a ao estado mais básico que uma linguagem pode descer.
No seu Blogue Apartado 53, João Pedro Graça, corajosamente, com determinação, sem papas na língua, sem receio de ser politicamente incorrecto, defendeu a NOSSA Língua Portuguesa com unhas e dentes e outras ferramentas, que ele, eximiamente, sabia usar como ninguém mais o fazia.
Nunca teve prurido em que ou timbrassem de xenófobo ou racista, algo que ele não era, porque quando defendemos a nossa Língua, a nossa Cultura, a nossa História, de predadores malévolos, exercemos o nosso dever cívico de cidadãos portugueses. E o resto são balelas de quem NÃO sabe argumentar, de quem não tem como argumentar, e o mais fácil é chamar-nos de xenófobos e racistas.
João Pedro Graça partiu demasiado cedo, mas deixa-nos um legado precioso: o seu Apartado 53, um precioso acervo documental sobre o maldito AO90, que há-de levar para o charco da História todos os seus intervenientes.
Desde 16/17 de Março de 2024 que não tínhamos notícias de João Pedro Graça, na sua Página do Facebook. Estranhámos a sua ausência, poderia estar de férias, mas jamais esperávamos que ausência seria tão definitiva.
Hoje fomos surpreendidos pela triste notícia da sua morte.
João Pedro Graça era um Homem, com H maiúsculo, que nos habituámos a respeitar.
Um Homem que entrará para a História, como um cidadão Português que cumpriu briosamente o seu DEVER cívico de defender a nossa Identidade Linguística, ao contrário dos predadores da Língua, que ficarão às portas da História, como gente que passou pelo mundo e nenhum legado deixou aos vindouros senão cobardia, servilismo e mediocridade.
Uma GRANDE PERDA para a família e amigos, a quem envio as minhas mais sentidas condolências, mas também uma GRANDE PERDA para todos nós, para mim, que o tinha como um amigo, ainda que virtual.
Em sua memória, continuaremos a lutar como ele lutou, até que devolvam a DIGNIDADE à nossa Língua-Mãe.
Até sempre, amigo João Pedro Graça!
Até sempre!
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ILC Vídeo Apresentação Web, por João Pedro Graça
Como foi possível a ILC-AO ser rejeitada?
Só o concebo num regime ditatorial.
Isabel A. Ferreira
https://www.youtube.com/watch?v=4EEB3TZT0zI
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P.S.:Por falar em culturas portuguesa e brasileira, morreu esta semana João Pedro Graça, professor e tradutor, que foi impulsionador e primeiro subscritor da Iniciativa Legislativa de Cidadãos Contra o Acordo Ortográfico de 1990 (ILC-AO), que também subscrevi por imperativo de consciência e dever de cidadania. Iniciativa que a Assembleia da República, como foi oportunamente denunciado, tratou de silenciar recorrendo a tudo o que tinha à mão. Apesar disso, João Pedro Graça não desistiu de lutar publicamente contra essa aberração a que polidamente chamaram “acordo” e cujo préstimo tem sido nulo, além de não contribuir para o futuro da língua portuguesa no mundo. João Pedro Graça morreu, mas não morreu a causa a que dedicou parte da vida e que continuaremos em sua memória. O “acordo” é que tarda a morrer, alimentado artificialmente pelo soro da ignorância.
Nuno Pacheco
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Sim, "as culturas portuguesa e brasileira podem conviver em saudável harmonia, sem que qualquer delas perca identidade", no respeito pelas respectivas características da língua, oral e escrita, em que cada uma se exprime e define. Saúdo o esforço, a dedicação, o saber e o empenho com que João Pedro Graça - que infelizmente a morte nos roubou - defendeu a língua portuguesa, combatendo a imposição política aberrante, acéfala e criminosa do AO90 a Portugal. Subscrevi a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico (ILCAO), para a qual recolhi centenas de assinaturas. E não posso admitir que, na democracia, que nos trouxe há 50 anos o 25 de Abril, a Assembleia da República se permita ignorar e desprezar a voz dos cidadãos expressa na ILCAO! Leiam e respeitem a Constituição!
Comentário de Maria José Abranches
Não podia estar mais de acordo com o que JPG diz no texto
10 de Junho, Dia da Língua Portuguesa
publicado no Apartado 53 - Um blog contra o AO90 e outros detritos, e o qual transcrevo mais abaixo.
«Esta é uma data a celebrar, efectivamente, e que nada tem a ver, pelo que em caso algum deve dar azo a quaisquer confusões, por lapso ou contaminação propagandística, com o dia da língua brasileira, a 5 de Maio; esta outra data, totalmente alheia a Portugal, aos portugueses e à sua Língua, consiste numa série de eventos artificiais patrocinados por brasileiros, pelo político profissional António Guterres, por uma organização brasileira (paga pelo erário público português) a que resolveram os implicados chamar “CPLP” e por uma pequena seita de fanáticos brasileirófilos misturados com alguns sôfregos capitalistas e um grupinho de rapazolas para ir apanhar as canas e servir umas caipirinhas.» (JPG)
Haja quem diga a verdade verdadeira, que se espelha neste texto, de leitura obrigatória. É que o que mais irrita nisto tudo é os actuais governantes, nomeadamente aquele que deveria defender e cumprir a Constituição da República Portuguesa, e não defende nem cumpre, pensarem que TODOS os Portugueses são parvos. Se ao menos houvesse vergonha e honra!!!
Isabel A. Ferreira
«Comemora-se hoje, 10 de Junho, o Dia de Portugal, da Língua Portuguesa, de Camões e da diáspora.
Esta é uma data a celebrar, efectivamente, e que nada tem a ver, pelo que em caso algum deve dar azo a quaisquer confusões, por lapso ou contaminação propagandística, com o dia da língua brasileira, a 5 de Maio; esta outra data, totalmente alheia a Portugal, aos portugueses e à sua Língua, consiste numa série de eventos artificiais patrocinados por brasileiros, pelo político profissional António Guterres, por uma organização brasileira (paga pelo erário público português) a que resolveram os implicados chamar “CPLP” e por uma pequena seita de fanáticos brasileirófilos misturados com alguns sôfregos capitalistas e um grupinho de rapazolas para ir apanhar as canas e servir umas caipirinhas.
Por exemplo (se bem que nestes casos exista um dever de observar alguma espécie de gravitas e de dignitas, dado o estatuto de algumas das pessoas em causa), Cavaco, Malaca, Sócrates, Bechara, Lula, Reis, Santana e Canavilhas contribuiram — cada qual a seu modo e na medida das suas possibilidades políticas e das respectivas “influências” — não apenas para esgalhar o AO90, essa arma de destruição maciça da Língua Portuguesa, como também para inventar a festarola sambística do “5 de Maio“. Esta invenção ocorreu primeiramente em 2018 (caramba!, há três anos, mas que coisa antiga, vetusta, cheia de tradição e verdete) e no ano seguinte, 2019, a UNESCO, sabe-se lá por que bulas e a troco de quê, resolveu puxar o lustro àquela bota “proclamando” essa mesma data como “Dia Mundial” da língua brasileira.
Coisa estranha, esta suspeitíssima manobra diplomática junto da UNESCO, visto que parece ser esse “Dia Mundial” da língua brasileira, precisamente, um caso muito raro ou único. Existe naquele organismo supranacional o “Dia Internacional da Língua Materna”, o que consubstancia um conceito radicalmente diferente, por genérico e abrangente, mas qualquer pesquisa (interna ou via Google) por “Dia da Língua” (ou por “language day”) devolve apenas um resultado, no que respeita a línguas de países historicamente colonizadores: além do tal “5 de Maio”, o “Day” da “bambochata” do “pôrrtugueiss universáu”, não existe qualquer “Day” para qualquer outra Língua nacional. À excepção, evidentemente, dos dias dedicados às línguas de trabalho oficiais admitidas na ONU: Arabic (18 December), Chinese (20 April), English (23 April), French (20 March), Russian (6 June) e Spanish (23 April). Estes seis casos justificam-se por aquilo que representam (línguas de trabalho da ONU), mas o dia da língua brasileira é o único a fintar essa lógica formal.
Dever-se-á talvez rever a definição do verbo “tresandar”. Isto já não é só uma história (muito) mal contada.
Se a UNESCO e o próprio secretário-geral da ONU estão atolados em tão viscoso entroncamento de lamaçais, então estaremos não apenas perante uma das maiores burlas diplomáticas de sempre como vamos assistindo — muitos, com passividade ou indiferença — a um filme de encenação deprimente, péssimo guião, actores horríveis. Demasiado mau para ser verdade, de facto.
É hoje o único, o verdadeiro Dia da Língua Portuguesa. Eis uma certeza absoluta, séria e fiável.
Deixemos as alucinações para os imperialistas e os xenófobos, as mentiras para os desequilibrados e mitómanos, a verborreia para aqueles “intelectuais” em cuja cabeça apenas existe um preço escrito na testa.
JPG
A arte de transformar uma ILC-AO numa ILCalem-se
Imagine-se o ridículo: pedir à AR que recomendasse ao governo que pedisse à AR que revogasse uma resolução da própria AR!
Nuno Pacheco
“Público”, 10 de Junho de 2021
Não há inspiração camoniana (“Cale-se de Alexandre e de Trajano…”) no título deste texto, apesar de hoje, 10 de Junho, se celebrar Camões, a par de Portugal e das Comunidades. Não, o motivo é outro e nada tem de metafórico; pelo contrário, é literal. Expliquemo-nos: há um “cantinho” reservado aos cidadãos na Assembleia da República (AR); não para se sentarem, para isso há as galerias, mas para intervirem na actividade parlamentar. É um espaço virtual onde podem ser apresentadas três tipos de iniciativas: legislativas, petições e referendos. E ali se acolhe o que a lei e as regras (há um manual do utilizador, com 23 páginas) permitem. Dia 7, por exemplo, estavam lá três iniciativas legislativas de cidadãos (ILC, com 3393, 3101 e 543 assinaturas, respectivamente) e 36 petições. A mais “pesada”, de Abril, tinha 192.129 assinaturas (para afastar o juiz Ivo Rosa), a segunda 10.625 e a última apenas 3.
Mas, antes delas, uma outra ILC foi fazendo um longo e duro caminho até estar composta, aceite e pronta à votação. Se não tivesse esbarrado, antes, num muro. Falamos da ILC-AO, respeitante ao Acordo Ortográfico (AO90) e de que já aqui se falou mais do que uma vez (declaração de interesses: sou um dos subscritores). As raízes de tal iniciativa remontam a 2008 e centram-se no segundo protocolo modificativo do dito: “[o AO90] entrará em vigor com o terceiro depósito de instrumento de ratificação junto da República Portuguesa.” Isto, que muitos políticos acharam natural, foi um golpe inadmissível. Um acordo que envolve oito países (depois de se lhes juntar Timor-Leste) não podia entrar em vigor só com o “sim” de três; ou melhor, só poderia se todos os oito tivessem ratificado essa alteração de fundo. Só que, de facto, quatro nem sequer ratificaram o acordo, quanto mais os dois protocolos modificativos; e os restantes fizeram-no com métodos e em datas bastante duvidosas, como também oportunamente aqui se demonstrou em Agosto e em Dezembro de 2019. Mas a verdade é que a Assembleia da República aprovou, pela Resolução n.º 35/2008, de 29 de Julho, esse inominável segundo protocolo. Objectivo da ILC-AO? Que a AR o revogasse.
Nestes muitos anos, e enfrentando mudanças de leis e regras, a ILC fez o seu caminho. Foi recolhendo assinaturas, entregou-as em Abril de 2019 (21.206 validadas, feitos os acertos) e foi transformada oficialmente em projecto de lei, com o número 1195/XIII. Datada de 30 de Outubro de 2019, a Nota de Admissibilidade concluía: “A apresentação desta iniciativa cumpre os requisitos formais de admissibilidade previstos na Constituição, no Regimento da Assembleia da República e na Lei sobre a Iniciativa Legislativa dos Cidadãos.” Tudo certo?
Sim e não. Porque depois o assunto emperrou. Em 6 de Novembro, baixou à Comissão de Cultura e foi como se tivesse baixado à terra, na acepção funerária do termo. Debateu-se, contrariou-se, pediram-se pareceres e… ignorou-se a Lei das ILC, a n.º 17/2003, que diz expressamente que o respectivo relatório e parecer devem ser elaborados no prazo de 30 dias e, esgotado tal prazo, a ILC deve ser agendada “para uma das 10 reuniões plenárias seguintes”. Ora o relatório/parecer só foi enviado ao Presidente da AR em 29 de Junho de 2020, com muitos 30 dias já gastos e só em 16 de Setembro de 2020 é que foi discutida em Conferência de Líderes, órgão ao qual cabe decidir a agenda do Plenário. E o que sugeriram os líderes em conferência? Que a ILC fosse transformada em petição. Imagine-se o ridículo: pedir à AR que recomendasse ao governo que pedisse à AR que revogasse a resolução da própria AR!
Como isto não tinha, nem tem, pés ou cabeça, a resposta foi “não”. Resultado: a ILC-AO continua lá, embalsamada, à espera, com as seguintes notas (claramente contraditórias): “Aguarda agendamento pela Conferência de Líderes”; e na linha abaixo: “Iniciativa não agendada por não estarem cumpridos os requisitos constitucionais, legais e regimentais para o efeito”. Tudo isto se resume a uma argumentação surreal: os cidadãos podem propor leis, mas leis não revogam resoluções; para isso, tinham de propor uma resolução; só que os cidadãos não estão autorizados, por lei, a propor resoluções; solução? A petição; que é pedir ao governo da nação que recomende a tal resolução que revogue a resolução. Há paciência?
Tudo isto é uma não-resposta. Lembra-me um conto de Hergé que li em miúdo, chamado O “Manitoba” não responde. O “Manitoba” era um transatlântico, silenciado por piratas. Terá o “Manitoba” encalhado em São Bento, transformando a ILC-AO numa ILCalem-se?
Nuno Pacheco
[Transcrição integral de artigo, da autoria de Nuno Pacheco, publicado no jornal “Público” de 10 de Junho de 2021. Destaques e “links” (a verde) meus. Cópia do artigo recebida por email.] (JPG)
Fonte: https://cedilha.net/ap53/2021/06/10-de-junho-dia-da-lingua-portuguesa/#comment-area
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