João Esperança Barroca apresenta-nos mais uns exemplos entre centenas, e cada vez mais frequentes, de um inaceitável mixordês, na comunicação social, a maior divulgadora de disparates linguísticos, e que já estão a ultrapassar todos os limites.
E o que se vislumbra lá para as bandas de Belém e de São Bento, no sentido de acabar com esta VERGONHA NACIONAL?
NADA.
E este NADA diz bem do NENHUM INTERESSE em defender a Língua Portuguesa, e de não ter vergonha na cara de se andar por aí a fazer de conta que Portugal NÃO é um país, mas simplesmente um insignificante território de NINGUÉM, que nem um presidente da República tem para defender a alínea 3 do artigo 11º (Símbolos Nacionais e Língua Oficial) da Constituição da República Portuguesa, que diz o seguinte: «A Língua oficial é o PORTUGUÊS». Não consta que seja o MIXORDÊS, que vai nesta amostragem mais abaixo.
Isabel A. Ferreira
Fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=10224189935789452&set=gm.4702832613095408
Em Defesa da Ortografia (XL)
por João Esperança Barroca
«[…] neste ponto do inútil e inutilizável Acordo Ortográfico, ninguém sabe bem como se escreve ou pronuncia a língua portuguesa que, ao contrário das línguas anglo-saxónicas, cortou as suas raízes latinas na ortografia e na fonética e aderiu ao patois africano e brasileiro, países onde ninguém sabe bem o que é e para que serve o Acordo Ortográfico.» (Clara Ferreira Alves, Jornalista e escritora)
«De facto! Como é possível a crianças de língua inglesa conseguirem aos 6-7 anos aprender a escrever “egg”, “leg”, “science”, “scene”… ou de língua francesa, “scène”, “science”, “cousin”, “cousine”… sem ficarem traumatizadas para sempre? […] O chamado Acordo Ortográfico não decapitou apenas a eito as consoantes mudas, com os resultados conhecidos e prenhes de exotismo que fizeram brotar das pedras vocábulos como espetador, interrutor, receção, conceção, aceção, perceção, percetível, espetável, espectáculo, etc. O AO inventou também confusões onde estas não existiam, quando, por exemplo, decide incongruentemente retirar o acento diferencial a pára, mas o mantém no verbo pôr (para o distinguir, argumenta-se, da preposição por. […] Daí a alfaiataria em que se viu transformado o “Diário da República”, com fatos página sim, página não, os contatos para contactos, que passaram a encher as páginas online de Portugal, incluindo as das universidades, ou a invenção de uma espécie rara só existente entre nós: os inteletuais, alguns deles cultores de fição e ténicas apuradas.» (Ana Cristina Leonardo, Crítica literária e autora)
No último “Em Defesa da Ortografia XXXIX”, publicado em Setembro, apresentámos um conjunto de personalidades que, convictos (e não convitos, como também por aí se lê) de que aplicam o AO90, utilizam na verdade uma outra ortografia, com fatias do Acordo de 1945 à mistura com vocábulos nascidos com o AO90. São, pois, exemplos das multigrafias que este acordo potenciou, à imagem de um qualquer scriptorium medieval.
Como é infindável o número de erros a que o AO90 abriu portas, continuamos hoje a divulgar mais alguns exemplos dos que foram iludidos pelas lérias da unidade essencial da língua e da língua de trabalho da ONU, isto é, à imagem do BES, verdadeiramente lesados pelo Acordo Ortográfico:
- Maria Eduarda Gonçalves, investigadora, escreve adopção, contrariando a Base IV do acordo;
- Filipa Raimundo, professora, escreve Outubro, não respeitando a Base XIX;
- Miguel de Albuquerque, Presidente do Governo Regional da Madeira escreve projecção, prospecção, objectivos e perspectiva, não aplicando a Base IV;
- A Presidência da República utiliza, na sua página, proactivamente, reactivamente e Jardim-de-Infância, desrespeitando, respectivamente, as Bases IV e XV;
- Pedro Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura, em Dezembro de 1990, e responsável pela assinatura portuguesa no AO90, como já vimos num escrito anterior, recorre a uma ortografia mista, com os nomes dos meses em maiúscula (Janeiro, Abril, Maio, Julho, Agosto, Setembro e Dezembro), recta, cabeça-de-lista e anti-sistema, a par de redações, diretor, atuais, atualizados, diretas e perspetivas. O autor da tristemente célebre tirada “Agora facto é igual a fato” não respeita, pois, as Bases IV, XV e XIX.
Se nos meios académicos e nos actores políticos o panorama é este, como será com o cidadão comum?
Quando, caro leitor, deparar com este tipo de situação, em que os respectivos emissores caíram no logro e afirmam, sem rebuço, usar o AO90, desengane-os, por favor.
Apetece, pois, fazer a pergunta que já foi feita: «[…] O que pode levar indivíduos de reconhecida qualidade científica a propor, e tornar a propor, medidas que um exame crítico, mais ou menos aturado, demonstra serem descabeladas, irresponsáveis, quando não idiotas?» (Fernando Venâncio, escritor e crítico literário)
Será pelos mesmos motivos? Ou por outros, ainda mais obscuros?
O AO90 lançou o caos ortográfico em Portugal, e descaracterizou a Língua Materna dos Portugueses, deixando-nos sem Língua que nos identifique como Nação Portuguesa.
Grafa-se por aí à brasileira, à balda, uma mixórdia ortográfica sem precedentes, denunciam-se as fraudes, e é como se nada estivesse a acontecer.
Isto é grave. Isto é gravíssimo, num Estado que se diz de Direito.
Portugal foi assaltado pela grafia brasileira, e a justificação para isto, a tal dos milhões de falantes e escreventes sul-americanos, é absolutamente patética! Repetimos: jamais nenhum país ex-colonizador, trocou a própria grafia pela do ex-colonizado. Isto só poderia ter acontecido num país como o nosso, onde o complexo de pequenez avassala os que nos governam.
Vamos recordar o que nos diz Octávio dos Santos, no demolidor texto «Descolonização ortográfica, já!» que reduz a zero o AO90.
E nesta quadra natalícia, não desejaremos BOAS FESTAS aos que nos desgovernam.
Nesta quadra natalícia optamos por desejar que o Menino Jesus encha de LUZ as mentes ofuscadas pelo obscurantismo.
Isabel A. Ferreira
Texto de Octávio dos Santos
Publicado no Jornal Público
«Descolonização ortográfica, já!
Como é que pessoas e instituições aparentemente sensatas aceitam participar nesta patética e degradante farsa, à qual não estão obrigadas? (Octávio dos Santos)
publico.pt, 16.04.19
Não deveria ser necessário, por se referir a algo evidente a quem é minimamente atento, honesto e inteligente, mas mesmo assim deixo um aviso aos “acordistas”, quer activos, por convicção (poucos, fanáticos, pervertidos), quer passivos, por capitulação (muitos, cobardes, preguiçosos): a (efectiva, plena) unificação ortográfica transcontinental “lusófona” nunca será concretizada.
Tal devemos agradecer principalmente a africanos (mas também a asiáticos, aos timorenses): Guiné-Bissau, Angola e Moçambique ainda não ratificaram, passados todos estes anos, o AO90 – aliás, a Academia Angolana de Letras, em Outubro de 2018, pronunciou-se formalmente contra a ratificação; e em Cabo Verde, que a fez, parece porém estar cada vez mais próxima (Abraão Vicente, ministro da Cultura do governo da Cidade da Praia, confirmou-o em entrevista concedida em Fevereiro último) a institucionalização do crioulo como idioma nacional – o que significará que aquele arquipélago deixará de ser, de facto, um país de língua oficial portuguesa, seja lá o que esta for actualmente. Portanto, e uma vez mais, em África luta-se pela descolonização; nisto deveriam reflectir muito seriamente todos os alegados “antifascistas” que se preparam para celebrar neste mês os 45 anos do 25 de Abril com “a” minúsculo.
Agora há que saber se em Portugal se vai acabar com a experiência catastrófica, não utópica mas sim distópica, de uma “novilíngua” que viola a etimologia europeia predominante em todas as nações civilizadas do Mundo e que resultou da “adoção” ilegal e reforçada, deste lado do Atlântico e isolando-nos daquelas, de uma subversão terceiro-mundista executada por uma ditadura brasileira da década de 40 do século passado decidida a diminuir os laços com o Velho Continente, e em especial com a nação ex-colonizadora de que muitos brasileiros se envergonha(va)m – para o comprovar basta recordar certas reacções ao incêndio que destruiu o Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, em Setembro de 2018. Os portugueses, e, mais concretamente, os seus supostos representantes que têm assentos (mas que dispensam acentos) no hemiciclo par(a)lamentar, poderão ter ainda em 2019 uma nova oportunidade de terminar esta traição, esta auto-sabotagem da cultura, identidade e honra nacionais, se e quando for apresentada e votada a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, cujos responsáveis anunciaram em Janeiro último terem alcançado finalmente (o número mínimo de) 20 mil assinaturas necessárias e isso o comunicaram à Divisão de Apoio ao Plenário da Assembleia da República, neste momento aguardando o agendamento. Infeliz e vergonhosamente, sabe-se o que aconteceu na anterior oportunidade, ocorrida a 22 de Fevereiro de 2018: a proposta de desvinculação do “Acordo Ortográfico de 1990” defendida naquela data pelo PCP foi rejeitada por BE, PS, PSD e CDS, com as excepções, expressas em apoio ou abstenção, de oito deputados (um do PAN, uma socialista, um social-democrata e cinco centristas). Este quase consenso, da esquerda à “direita”, na continuação da destruição de uma componente fundamental do património nacional é apenas mais um motivo (outros, igualmente relevantes, existem) que justifica uma mudança de regime neste país, com a consequente exclusão (e, em alguns casos, detenção) dos “políticos” que manifestamente não sabem, não querem e/ou não conseguem defender o autêntico interesse público.
Já se sabia que a “ortografia” do AO90 é a do abuso, da arrogância. E desde que José Sócrates e Lula da Silva, principais culpados da exumação e da reanimação do “cadáver acordizador”, foram acusados judicialmente e mandados para a prisão, passou a ser igualmente a da corrupção, do crime. Pelo que todos os que aceitam “escrever” dessa maneira são cúmplices dessa corrupção, desse crime. Cada vez mais o “aborto pornortográfico” se assemelha a uma doença altamente “contagiosa”, cujo sintoma mais visível é a incapacidade dos que se submetem ao dito cujo se aperceberem do ridículo em que caem. Um exemplo (verdadeiro) entre vários possíveis: quem escreve “proveta” referindo-se a “provecta” não pode estar num estado normal, minimamente saudável; e o mesmo se aplica a outras aberrações como “afetar”, “detetar”, “espetáculo”, “fatura” ou “receção”. Isto para não falar daqueles que estão já em situação “terminal” e escrevem “apocalise”, “abruto” ou “corruto”. Como é que pessoas e instituições (públicas e privadas, empresas, e não só editoras) aparentemente sensatas aceitam participar nesta patética e degradante farsa, à qual não estão obrigadas? É na verdade espantoso como há tantas prontas a obedecer a “normas” absurdas e anormais só porque são impostas “de cima”. Compreende-se hoje ainda melhor por que é que Portugal aguentou quase 50 anos de ditadura.
Octávio dos Santos
Fonte:
. Em Defesa da Ortografia (...
. Li no “Público”: António ...