Domingo, 16 de Maio de 2021

Quando a Língua e a História de Portugal se cruzam com a Língua e com a História do Brasil o resultado não pode ser pior

 

Sempre foi assim, desde as minhas andanças por terras do Brasil.

 

A questão é: porquê ainda tem de ser assim, passados tantos anos?

 

Não há qualquer motivo, para que seja assim, mas sendo, e como quem não se sente, não é filho de boa gente, nem honra o País da sua origem, nunca deixei, nem deixo barato as falsidades e as afrontas à Cultura, à Língua e à História portuguesas.

 

E desta vez não foi diferente. Recebi dois comentários afrontosos, e o que fiz foi simplesmente defender a minha Bandeira – a Portuguesa.

Fiz mal?

Isabel A. Ferreira

 

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Carlos comentou o post Portugal e Brasil: dois países, duas línguas... às 11:00, 14/05/2021 :

 

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***

 

Carlos, vou ater-me, também de forma respeitosa, mas muito realista, apenas ao seu último parágrafo = trivial discurso de um brasileiro que se preza de o ser: «Só gostaria (ou gostava) de deixar uma dica, de forma respeitosa e sátira, em breve o Brasil vai colonizar Portugal que Portugal passará a se chamar "Brasil do Norte" e ainda falará o idioma "brasileiro de Portugal". Brincadeiras a parte, grande abraço e bom trabalho

 

Satírico ou não, brincadeiras à parte, ou não, o Carlos diz que gostaria (tempo futuro) ou gostava (tempo passado) de deixar uma dica, a dica que tantas vezes EU, nas minhas andanças pelo Brasil, num PASSADO, já bem passado, ouvi demasiadas vezes, para acreditar que num futuro, que já é PRESENTE, poderia acontecer: o de, um dia, Portugal poder ser colonizado pelo Brasil, a modos de vingança, por não se designar Inglaterra. O que ainda não se sabia era como o fazer.

 

Mas lá chegou um tempo em que os marxistas brasileiros, eivados de um ódio lunático por tudo o que soe a colonial, colonialismo e colonizadores, lembraram-se de estroncar a História comum aos dois países, pulverizando-a com asquerosas mentiras, que introduziram nas Escolas (que eu frequentei), começando aqui a vingança; e colonizar Portugal através da destruição da Língua Portuguesa, a qual Antônio Houais se apressou a deslusitanizar (o termo é dele).

 

Entretanto, o sonho da “Língua Brasileira”, preconizado por alguns intelectuais brasileiros, num passado distante, acordou do sono profundo em que estava mergulhado, quando uns tantos idiotas, entre pseudo-linguistas, políticos ignorantes e editores mercenários, engendraram e puseram em marcha o Acordo Ortográfico de 1990, pensando com isso que iriam “conquistar” Portugal, esquecendo-se que nem Napoleão Bonaparte, que fez três tentativas, o conseguiu. E o que os bravos Portugueses de antanho fizeram com os generais de Napoleão, os bravos Portugueses hodiernos continuarão (porque a acção já começou) a fazer com os novos candidatos a colonizadores.

 

E eis-nos chegados ao tal futuro, que já é presente, onde  se estrebucha para manter essa colonização de Portugal, através da Língua, que, por CONVENIÊNCIA, ainda se chama portuguesa, mas que os Brasileiros, logo que possam, mudarão para BRASILEIRA.



Todos sabemos que esse dia chegará, entretanto, Portugal libertar-se-á dos colonos brasileiros e deixá-los-á livres e felizes com a VARIANTE BRASILEIRA do idioma português, e a Língua Portuguesa regressará às suas origens, ao seu território ibérico, dure o tempo que durar esse regresso, porque nos corre nas veias o sangue dos nossos bravos antepassados, que nunca permitiram que nem Castelhanos, nem Franceses, nem Ingleses, usurpassem o pequeno (apenas territorialmente) País que nos deixou Dom Afonso Henriques, mas que, infelizmente, os esquerdistas portugueses também eivados de um ódio lunático por tudo o que tornou Portugal GRANDE aos olhos do mundo, querem destruir, para, muito subservientemente, servirem interesses estrangeiros. 

 

Um grande abraço, também para si.

Isabel A. Ferreira

 

***

 

- - - - - respondeu ao seu comentário no post «Opinião sobre “Contestação do Livro “1808” de Laurentino Gomes” de autoria de Isabel A. Ferreira» às 10:02, 14/05/2021 :

 

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***

 

Gostaria de trocar ideias com quem tivesse um nome.

 

Não é o caso, ainda assim, vou responder, porque este comentário está eivado do ódio dos marxistas brasileiros, por tudo o que é colonial, colonialismo e colonizadores, então lembraram-se de estroncar a História comum aos dois países, pulverizando-a com asquerosas mentiras, como as que aqui relata, as quais introduziram nas Escolas brasileiras (que eu frequentei, por isso SEI), começando aqui a vingança, por Portugal não se designar Inglaterra.


Quando o Brasil se tornou independente, ficou INDEPENDENTE, e isto significa que os brasileiros poderiam ter acabado com a mentalidade colonizadora, mas não tiveram CAPACIDADE para o fazer. E a culpa NÃO É dos Portugueses hodiernos.

 

Seja quem for que está por traz deste comentário diz que é «extremamente contra julgar o passado através dos valores éticos e morais da actualidade, e não fez mais do que julgar esse passado à luz dos valores do tempo hodierno, ao dizer que é mais contra «quem não assume os erros cometidos no passado». Quais erros é que os Portugueses da actualidade cometeram, num passado que nem sequer viveram? Num passado em que todos os colonizadores colonizavam quase do mesmo modo, e digo quase, porque os Portugueses foram os menos agressivos, os menos carniceiros.


De que INVASÃO do Brasil fala? Isso é linguagem de marxista IGNORANTE, porque os há com sabedoria. O Brasil foi invadido por Holandeses, Franceses, Ingleses, mas NUNCA por Portugueses. Não sabia? Então fique a saber.

 

A história que vos contam nas mal-amanhadas escolas brasileiras é uma história de carunchinhos, muito eivada de uma ignorância, da mais pura. Devia ter vergonha de envergonhar o Brasil com a sua desmedida ignorância.

 

O Brasil pós-independência foi afectado, sim, mas pela INCOMPETÊNCIA dos que não souberam aproveitar essa LIBERTAÇÃO, para se verem livres do jugo do colonizador. Em vez de aproveitarem a libertação, encolheram-se num complexo de colonizados, o complexo de inferioridade, o complexo de vira-lata (de que fala Nelson Rodrigues) que vos incapacitou de CRESCEREM como país e como povo. Agora querem pôr a culpa aos colonizadores? Olhem por vós abaixo. Vejam o que estão a fazer aos indígenas: invadem a terra deles, como se fossem os novos colonizadores, os verdadeiros INVASORES. Ao menos os portugueses nunca os expulsaram das suas terras. Os verdadeiros DONOS do Brasil são os indígenas. Os outros, vocês, vieram por acréscimo.

 

A sua insistência na INVASÃO do Brasil é demonstrativa de uma ignorância atroz. Quando os Portugueses chegaram às terras, que depois baptizaram de Terras de Santa Cruz, o BRASIL NÃO EXISTIA. Nem o Brasil nem os brasileiros, que hoje atacam os indígenas e lhes querem tomar as terras, que são deles, por DIREITO. Isso não vos ensinam nas escolas? Mas deviam ensinar.

 

Nenhum português hodierno se enaltece por aquilo que eram os VALORES daquela época, e válidos para TODOS os outros povos colonizadores. Mas, a inteliêngia diz-nos que por muito bárbaros que tivessem sido os antepassados, nada podemos fazer para mudar ESSA barbárie, a não ser NÃO a repetir.

Nós ORGULHAMO-NOS pelo nosso feito de dar novos mundos ao mundo, não nos orgulhamos das barbaridades cometidas por TODOS os que colonizaram territórios nessa época: Ingleses, Holandeses, Franceses, Espanhóis (só estes EXTERMINARAM três civilizações avançadas, da época: a Inca, a Asteca e a Maia). Não nos orgulhamos dos extermínios de povos, mas não fomos NÓS que os cometemos. 


Olhe, vá estudar HISTÓRIA do Brasil nos livros escritos por HISTORIADORES, e não nos livros escritos por imbecis ignorantes, que não têm a mínima noção da infinitude da ignorância deles.

 

Só quando os brasileiros ignorantes (porque os há com Saber) se dignarem a estudar a HISTÓRIA tal como ela é, e não através da lupa fosca de marxistas ignorantes, talvez a relação Brasil/Portugal possa levar outro rumo.



Ah! E não se esqueçam: DEIXEM de INVADIR (aqui sim, o termo é este) os territórios dos INDÍGENAS BRASILEIROS, os verdadeiros donos desses territórios, dos quais os Portugueses nunca os expulsaram. Deixem os Indígenas em paz. Estamos no ano 2021 d. C., e não no ano 2021 a. C.

 

E quando quiser comentar, sugiro que vá à certidão do seu nascimento, (se é que a tem) e veja o nome que lá consta, para o USAR com legitimidade, nos comentários.

 

E saiba que a sua falta de discernimento e saber, neste comentário, é um INSULTO ao Brasil e ao Povo Brasileiro INSTRUÍDO.


Isabel A. Ferreira

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:57

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Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2020

«A pentaortografia»

 

Um texto de M. Moura Pacheco, professor universitário aposentado, que nos fala da “unidade” linguística que o AO90 veio acrescentar à nossa escrita, à escrita da Língua Portuguesa que, obviamente, é a de Portugal, ou não fosse Portugal o berço desta Língua, que gerou uma Variante, a brasileira, que está no cerne da “pentaortografia” aqui esmiuçada.

Isabel A. Ferreira 

 

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Por M. Moura Pacheco

 

«Quando eu aprendi a escrever, havia duas ortografias: a certa e a errada. Agora há, pelo menos cinco. E todas auto-consideradas certas – é a pentaortografia.

 

1 – Primeiro a ortografia clássica ou ortografia antiga, como alguns lhe chamam (e muito bem) (*). Foi com essa que aprendi a escrever e é com essa que escrevo este e outros textos, sempre da forma o mais ortodoxa possível, isto é, fiel à norma e evitando os erros. Estes, se acontecerem, são involuntários.

 

2 – Depois há a ortografia do chamado «acordo ortográfico» que, por sinal, nunca foi acordado.

Esta, por sua vez, comporta algumas variantes consoante os vários pais do «acordo». Porque esta ortografia é filha de muitos pais, desde filólogos que se sentem pais e donos da língua, até políticos que julgam que a língua evolui por decreto. Por sua vez, estes pais são quase todos bígamos, cada qual casado com a sua opinião e com a sua presunção.

Esta é a ortografia dos devotos do «acordo».

(Não há aqui espaço nem tempo – nem esse é hoje o meu intuito – de tratar do acerto ou desacerto do «acordo» que nunca foi acordado).

 

3 – Há ainda a ortografia do «super-acordo» ou dos fanáticos do «acordo». São aqueles que não podem ver uma consoante antes de outra sem que, zelosamente, a façam cair.

O «acordo» estabeleceu que as consoantes mudas devem cair (**), como, por exemplo, é o «p» de «baptismo» ou o «c» de «actual». Mas os fanáticos super-acordistas vão mais longe e entendem que não só as consoantes mudas devem cair, mas também as falantes. Fazem cair o «c» de «contacto» ou de «facto» e escrevem «contato» e «fato». Como cair fazem o «p» de «criptogâmica» ou de «abrupto»» e escrevem «critogâmica» e «abruto». Ao fazer cair aquele «c» e aquele «p», esta ortografia permite-se o desplante de também querer «acordar» a pronúncia!!!

 

4 – A quarta ortografia (possivelmente a mais corrente) é uma mistura das três anteriores, em doses e proporções ao gosto de cada um, em «cocktails» sortidos de um extenso cardápio.

Basta ler qualquer revista ou jornal, ou, de preferência, aquelas notas de rodapé que as televisões passam todos os dias, para nos apercebermos da imaginação criadora destes novos «barmen».

 

5 – A quinta ortografia é a que não se integra em nenhuma das anteriores, que está errada à luz de qualquer delas, que desvirtua a fonética, atraiçoa a etimologia, ofende a morfologia e atropela a sintaxe. Uma espécie de sublimação da anterior. Mas é, talvez, a mais popular de todas.

Das duas velhas ortografias, o «acordo» que ninguém acordou conseguiu fazer cinco – a pentaortografia. É o que se chama produtividade cultural!!!

 

*Professor universitário aposentado.

Nota: por decisão do autor, este texto não obedece ao impropriamente chamado acordo ortográfico.

 

Fonte:

https://www.diariodominho.pt/2020/12/05/a-pentaortografia/?fbclid=IwAR3Z9FR4jNaaWBASp5JKuBMLeyk0WTUf8V7RnWxQ0zkRCeq2Anftd8mIGWQ

 

***

 

(*) Neste ponto, permita-me discordar do senhor Professor. A ortografia que está vigente em Portugal, desde 1945, a nossa ortografia, não deve ser chamada de “ortografia antiga”, porque ela não é antiga, mas actual. A “antiga ortografia” é a de 1911. E a ortografia preconizada pelo AO90 é a de 1943, implementada apenas no Brasil. É que nem sequer o AO90 está em vigor, como os governantes nos querem fazer crer.  O AO90 está em vigor apenas para os servilistas e desinformados, os comodistas e acomodados, e claro, para os que optaram pela ignorância, porque uma Resolução do Conselho de Ministros não faz lei, e apenas uma LEI pode pôr em vigor alguma coisa.   



(**) Aqui permita-me o Professor M. Moura Pacheco, acrescentar o seguinte: não foi o AO90 que estabeleceu que as consoantes mudas devem cair. Esse estranho propósito, existe no Brasil desde 1943, por isso, eles escrevem teto, arquiteto, fatura, setor, adoção, direto, etc., etc... Antônio Houaiss e, mais tarde, Evanildo Bechara, ao convidar Malaca Casteleiro para se unir aos Brasileiros, no sentido de elaborarem um “acordo ortográfico” entre os dois países, já tinham na mira a Base 4, do Formulário Ortográfico de 1943, estabelecido unilateralmente pela Academia Brasileira de Letras, para vigorar apenas no Brasil, e que dizia o seguinte: Consoantes mudas: extinção completa de quaisquer consoantes que não se proferissem, ressalvadas as palavras que tivessem variantes com letras pronunciadas ou não, a base usada na formulação do AO90, com o intuito de “unificar” as grafias brasileira e portuguesa, esquecendo-se os obreiros de tal (des)acordo que os Brasileiros não pronunciam, por exemplo, o de contaCto e de faCto, e os Portugueses pronunciam; e que os Brasileiros pronunciam o de percePção e recePção  e suas variantes, e os Portugueses não pronunciam. Daí que essa unificação teria de passar por esta coisa simples: ou os Brasileiros começavam a pronunciar o de contacto e facto, e a não pronunciar o de percepção e recepção, ou instalar-se-ia, como se instalou, a tal pentaortografia de que nos fala o Professor,  e a qual não interessa a ninguém. Mas como os portugueses servilistas sempre tiveram a mania de ser mais papistas do que o papa, e como a ordem emanada das mentes alienadas acordistas é para cortar, seja torto ou a direito, os cês e os pês, que lhes aparecerem pela frente, até quando eles se lêem, como é o caso dos exemplos apresentados pelo Professor, temos a inconcebível escrita analfabeta que, desavergonhadamente, anda por aí a envergonhar Portugal e os Portugueses, numa atitude única e inconcebível, em todo o mundo, que é a de fazer recuar uma Língua (a Portuguesa) à variante de si própria (a brasileira).

 

Jorge Calado diz que dá-lhes jeito pensarem que somos todos criancinhas, mas até as crianças já se aperceberam de que algo vai mal na Língua que lhes estão a impingir nas escolas, e fazem perguntas inteligentes, exigindo respostas também inteligentes. E mais: elas, porque são muito mais perspicazes do que os que lhes ensinam a escrever incorretamente (incurrêtâmente) a Língua Materna delas, apercebem-se imediatamente quando as respostas são estúpidas, e o que eu ouço as crianças dizerem acerca dessas respostas dava para escrever um tratado sobre «Como afastar as crianças do gosto pela Língua, pela Escrita e pela Leitura».  

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:10

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Quarta-feira, 17 de Outubro de 2018

“Dirêtu", “Dirêtâ" ou “Indirétâ"?

 

Dirêtu e dirêtâ (transcrição fonética de direto e direta) está grafado à brasileira.

 

Indiréta (transcrição fonética de indireCta) está grafado à portuguesa, como convém e é de direito e de facto.

 

A RTP prefere adoPtar o mixordês, nova forma de grafar em Portugal, misturando as duas grafias: a brasileira e a portuguesa.

 

DIRÊTA.jpg

 

E a CMTV escreve à moda de quê? Da ignorância.

 

INDMNIZAÇÃO.jpg

 

Em que ficamos?

 

Não é urgente mandar às malvas o AO90, para que os órgãos de comunicação social e os Portugueses, em geral, e os políticos e os governantes, comecem a escrever correCtamente a nossa Língua Oficial, a Portuguesa?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:07

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Quinta-feira, 5 de Abril de 2018

«Admirável Língua Nova (Parte VII)»

 

MANUEL.jpg

 

Por Manuel Matos Monteiro

 

Afinal, ainda é preciso ir atrás da pronúncia da moda para saber escrever. Há quem chame a isto “simplificação”. Eu chamo-lhe “pesadelo”.

 

Copio abaixo excertos de duas respostas acerca das grafias acordizadas de “ceptro” e “veredicto”. Devo, antes de mais, sublinhar a extrema importância do Ciberdúvidas ao serviço da língua, aliando saber e generosidade. Sublinho ainda o excelente trabalho desenvolvido na área da língua do autor da primeira resposta. Lamento o caminho que seguiram quanto ao Acordo.

 

Sobre a grafia acordizada de “ceptro”, lemos:

 

“Voltando ao Ceptro/cetro, esta palavra não está indicada com pronúncia do p em nenhum dos dicionários actuais (mas simplesmente ¦cetro¦), nem existe a variante ceptro no Brasil. Ora o companheiro diz que há comunidades que pronunciam o p. Nesta base, passo a aceitar a necessidade da dupla grafia e deixei, portanto, de lhe fazer objecções.

 

Com o Acordo, a ortografia já não mora nos dicionários? É essa a grande novidade? Bastará que uma pessoa reivindique a pronúncia da terra em que mora? De qualquer lugar do globo em que se fale português? E se a terra dessa pessoa não tiver sido abençoada pela “pronúncia culta” nas consoantes mudas e falantes? Ou a “pronúncia culta” é, afinal, uma grande treta? Se há uma “pronúncia culta”, como se justificam tantas duplas grafias?

 

Na mesma resposta, lemos ainda:

 

“Como nunca me canso de repetir, na pronúncia não há critérios taxativos de correcto ou incorrecto.” 

 

Como se defende então um Acordo que põe a grafia correcta (a ORTOgrafia) a reboque de algo em que “não há critérios taxativos de correcto ou incorrecto”?

 

E ainda da mesma resposta:

 

“Por exemplo, para ovelha, o dicionário da Academia indica restritamente a pronúncia ¦vâ¦, quando Rebelo Gonçalves aceitava como legítimas: ¦vâ¦, ¦vâi¦ e ¦vê¦ ...”

 

Por aqui se vê a dificuldade em fixar pronúncias. Se o espírito acordista da pronúncia porventura ou desventura migrasse para aqui, teríamos – só para duas fontes! – uma grafia e uma tripla grafia.

 

Noutra resposta, acerca de “veredicto”, é dito:

 

“No Brasil, a forma veredicto, com c pronunciado, era a recomendada até há pouco tempo, mas a{#c¦}tualmente é mais comum ouvir a forma sem essa consoante, daí a legitimidade de veredito (informação dispensada pelo consultor Luciano Eduardo de Oliveira).”

 

Como disse?! Teremos, portanto, de ir modificando a ortografia ao sabor de todas as modas e de todas as terras?! “Actualmente é mais comum”, mas “há pouco tempo” não era... e daqui a uns tempos, como será? E noutros lugares da lusofonia? O consultor vai escutando mais de duzentos milhões e enviando para cá as alterações da pronúncia do Brasil (e de qual Brasil?) com que periodicidade? A ortografia navega assim ao grado da corrente... Agora, há uma certa trepidação no sentido de pronunciar… Agora, já não... No limite, será o que cada pessoa vai escutando que irá moldando a ortografia – uma ortografia unipessoal? É isso?!

 

Não bastava já a trapalhada de termos de distinguir as palavras de dupla grafia por flutuação de pronúncia dentro de Portugal das palavras de dupla grafia por diferença de pronúncia entre Portugal e o Brasil, não bastava já os dicionários e prontuários não se entenderem quanto às palavras que são de dupla grafia (e a qual dos dois grupos pertencem) e quanto às locuções que perderam os hífenes – coitados dos professores e dos encarregados de educação que levarem isto do Acordo a sério e consultarem mais do que uma fonte para saber se há dupla grafia quanto à consoante ou se os hífenes de uma locução – e são tantas! – desapareceram. Não bastava tudo isso – afinal, ainda é preciso ir atrás da pronúncia da moda para saber escrever. Há quem chame a isto “simplificação”. Eu chamo-lhe “pesadelo”.

 

Tomo a liberdade de voltar a citar, desta vez de outro lado, até porque não está tudo na Internet – e há tanta coisa valiosa (e esquecida) fora dela.

 

“Não têm faltado em Portugal e no Brasil espíritos ansiosos e revolucionários que proclamam a necessidade de simplificar radicalmente a grafia, chegando a propor-se a atribuição de um valor único a cada letra. Por exemplo, escreve-se sociedade e lê-se suciedade! Imagina-se deste modo um contra-senso fazer o o igual a u, e, portanto, considera-se mais prático, isto é, ao alcance de todas as inteligências (principalmente das infantis) a correspondência do símbolo com o som. As pessoas que pensam de tal forma esquecem-se de que, além de se tornar necessário inventar um alfabeto enorme para acorrer a todas as necessidades de representação gráfica, estávamos caídos nas maiores incongruências diante de palavras da mesma família. Por exemplo, aquela sociedade, que se queria suciedade, e se relaciona (pelo latim socius) com sócio, ficava… desassociada, porque o sócio… não podia passar a súcio. […] Do mesmo modo, a rosa do roseiral seria a rosa do ruseiral. E assim por diante, em milhentos exemplos. Isto, exemplificando apenas com uma das representações – a do o a valer de u, que causa tantos protestos. Não se julgue que é de agora a ânsia pela ortografia sónica.”

 

Assim escreveu Vasco Botelho de Amaral, no seu Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português, de 1947!

 

Apesar de a maioria dos Portugueses pronunciar “joâlho”, “coâlho”, “dechida”, “pechina”, “menistro”, “vezinho”, “ademenistrador”, alguém imagina que a ortografia possa ir no encalço de tais pronúncias? Ou que se decrete a dupla grafia, porquanto certas comunidades linguísticas pronunciam “joelho”, “coelho”, “descida”, “piscina”, “ministro”, “vizinho”, “administrador”? A ortografia e a pronúncia (diferente da transcrição fonética…) situam-se em diferentes planos. Escrevemos “exacto” e não “izátu”. E assim é noutras línguas.

Citando Nuno Pacheco (“Surdos dos olhos, cegos dos ouvidos”, publicado neste jornal): «Os ingleses pronunciam “no” e “know” da mesma exacta maneira, tal como “night” e “knight”, ou “right” e “wright”. Imaginam alguém a sugerir que tais palavras passem a ser escritas da mesma forma porque têm o mesmíssimo som? Não, loucos desses só existem por cá.» 

 

O único documento oficial de defesa do Acordo, a sua Nota Explicativa, jura que: “De facto, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção, a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c? Só à custa de um enorme esforço de memorização […].” Se o único argumento de defesa do Acordo, demonstrada a fraude da uniformização, é a putativa facilidade de aprendizagem das crianças de seis e sete anos, responda o acordista que conseguir: por que razão nunca, antes da aplicação do Acordo, vi um português, por mais iletrado que fosse, que escrevesse “directo” ou “directa” sem c ou “adoptar” sem p?

 

Vi, como muitos, confusões com s e z – por exemplo, “analizar” e “gáz”. Com c, ç e ss, tantos, tantos, tantos – só a quantidade de “acessores” que há para aí… No mês passado, um canal de televisão muito visto noticiava “Agreções com Paus e Facas”, como se pode ver na página do Observatório da Asneira. Com ch e x – os erros do “xixi” (e, não raro, com hífen), do “xoné”, da “chícara”, entre muitos outros. Com g e j – nunca me esquecerei da placa “sugeito a multa” e de um sem-número de “tijelas” (correctamente, “tigela”, do latim tegella). Com i e e – ainda recentemente recebi a “imissão da factura” – o c estava lá, como sempre esteve, o e é que não; e quantas trocas de “eminências” e “iminências” não vemos diariamente. Até a ausência do h no início de palavra – a página referida acima exibe uma notícia do mês passado com “homem de 77 anos ospitalizado”. Mas nunca vira ninguém escrever “ação” ou “atua” ou “ator” ou “atriz” – justamente aquilo em que o Acordo decidiu mexer!

 

Se o critério de diminuir o número de erros pelo estapafúrdio matrimónio da ortografia e da pronúncia (culta ou inculta) fosse o critério primeiro, teriam de resolver todos os erros acima. Porque não tocaram nas palavras começadas por ch e x em que a etimologia é o móbil principal? Ou na presença do h no início de palavra?¹ A etimologia aqui foi tida em conta. Porquê? A pronúncia não foi critério. Porquê? (Quando, ainda por cima, ao contrário das ditas consoantes mudas, não haveria necessidade de dupla grafia por não existir flutuação de pronúncia.) Nestes casos, já se pode infligir um enorme esforço de memorização às pobres crianças? Não peçam coerência e lógica ao Acordo – mal se toca nele, todo ele desaba…

 

Que fique claro de uma vez por todas: o Acordo decidiu inventar um problema que só existia na cabeça de quem o escreveu. Entre os muitos e variados erros de quem aprendeu a escrever com o Acordo de 1945, a presença das chamadas consoantes mudas era algo em que todos, absolutamente todos, acertavam. Com o Acordo de 1990, há UM acordista que possa dizer que a aplicação do critério da pronúncia esteja a correr bem?

 

(Continua.)

 

¹Malaca Casteleiro, numa entrevista ao Observador, de 13 de Fevereiro de 2017, garantiu que foi a pressão mediática do “ataque à virilidade” do “homem com ‘h’ grande” que travou a supressão dos agás no início dos vocábulos. Asseverou ainda que o principal motivo do Acordo residiu na existência de “duas ortografias oficiais para a língua portuguesa, a brasileira e a portuguesa. Do ponto de vista da promoção internacional da língua, era prejudicial”. Elas persistem, caro Prof. Malaca Casteleiro.

 

Fonte:  https://www.publico.pt/2018/04/02/culturaipsilon/opiniao/admiravel-lingua-nova-parte-vii-1808831

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:06

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Sexta-feira, 3 de Março de 2017

"Portuguese (Africa)"??????

 

"Portuguese (Africa)"??

 

PR ÁFRICA1.png

 

Depois de remover o Português Europeu do Google Tradutor, deixando apenas o Português Brasileiro e apelidando-o apenas de "Português", está o Google agora a admitir que existe um Português em África? E assim sendo, será este diferente dos outros? Ou pelo menos da variante brasileira? De que modo? Aplicará o AO90?

Será esperar para ver... (Firefox contra o Acordo Ortográfico)

 

***

Isto é influência do Brasil.

 

Para muitos brasileiros, pouco dados à Geografia e à Cultura Geral, Portugal não pertence à Europa, mas sim à África. E eu sou testemunha desse ENSINO deturpado. Já tive de me levantar numa aula, no Brasil, para chamar mentiroso ao professor de Geografia Económica, que queria passar essa ideia à turma.

 

A mim, alguns brasileiros chamam-me de marroquina. Não é que ser marroquina me faça mossa. Mas colocam-me num país que não é o meu.

 

Não consigo entender por que os políticos portugueses ainda não se aperceberam de que estão a tomá-los por parvos.

 

E o ministro Santos Silva será um bom ministro, porém, dos NEGÓCIOS dos estrangeiros.

 

Fonte:

https://www.facebook.com/FirefoxContraOAcordoOrtografico/photos/a.248609471911266.45227.213877095384504/992980824140790/?type=3&theater

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:59

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Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2017

A má influência da mutilação introduzida pelo AO90 nas palavras pronunciadas

 

LÌNGUAS.png

 

Um destes dias, “passei” pela RTP3 e estava a dar uma notícia qualquer sobre produtos portugueses promovidos na Rússia, no preciso momento em que o correspondente da RTP naquele país, Evgueni Mouravitch dizia que aquele s’tor (pronunciado assim tal e qual) estava em expansão.

 

Evgueni Mouravitch é um cidadão russo que aprendeu Português, com todas as regras, como um bom estrangeiro quando quer aprender uma Língua, e sempre falou a nossa língua com fluidez e bem pronunciada.

 

Ora acontece que com esta moda mutiladora das palavras introduzida no nosso Português através da Base 4 do Formulário Ortográfico Brasileiro, quebrou-se todas as regras da linguagem escrita, e a falada foi fatalmente afeCtada. E tanto os Portugueses, como principalmente os estrangeiros que se deparam com as palavras mutiladas, começaram a ler conforme a grafia aconselha.

 

Assim, aquele “sector”, sem o , forçosamente terá de ser pronunciado “s’tor”, ou então teria de ser acentuada - sétor - ou, repondo a legitimidade da palavra, teria de estar grafada seCtor, para que Mouravitch a pronunciasse correCtamente. E isto qualquer estrangeiro e também qualquer criança portuguesa, que esteja a aprender a ler, e a escrever, entenderá. As crianças já lêem s’tor. Só os acordistas não entendem, porque a cultura linguística deles não chega sequer aos calcanhares da cultura linguística das crianças.

 

Já ouvi jornalistas a ler as notícias nos pontos, e pronunciar as palavras mutiladas, segundo as regras gramaticais: dir’tor, âção, dirêto… que é assim que têm de ser pronunciadas, se não estão acentuadas ou grafadas correCtamente.

 

Eu própria, quando vou a um banco e vejo escarrapachado à minha frente aquele “diretor de marketing”, peço para falar precisamente com o “dir’tor”. Diante dos olhos esbugalhados do meu interlocutor, confirmo: «sim, dir’tor, não é isso que ali está escrito

 

É preciso pôr termo a este descalabro. Pretendem que os estrangeiros, que aprenderam Língua Portuguesa (não a brasileira), a reaprendam a escrever segundo a ignorância do AO90?

 

Ora se os Ingleses ou os Espanhóis lhe dessem para fazer acordos ortográficos com as ex-colónias, lá teria eu de desaprender o que levei anos a aprender com todas as regras, para falar e escrever bem estas línguas????

 

Ponho-me no lugar dos estrangeiros que suaram muiiiiito para aprender uma das Línguas mais completas, mais ricas, mais cultas, mas também mais difíceis do mundo, a Língua Portuguesa, para agora a verem mortalmente mutilada…

Que pobreza!!!!! Que tragédia!!!!! Que desgraça!!!!!

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:54

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Domingo, 4 de Setembro de 2016

«Toda a lógica instrumental do AO90 é brasileira»

 

Encontrei um texto muito curioso no Apartado 53 - Um blogue contra o AO90 e outros detritos, intitulado «Toda a lógica instrumental do AO90 é brasileira» [jornal “Opção” (Brasil)]»que me provocou urticária, porque já estou farta desta ditadura ortográfica que os governos português e brasileiro nos andam a impor sem um mínimo fundamento lógico e contra toda a lógica da contestação que está a sofrer em todo o mundo lusófono.

 

É chegada a hora de derrubar esta ditadura, porque na verdade as ditaduras não se combatem, derrubam-se.

 

Ditadura ortográfica.jpeg

 Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=436998136495476&set=a.139582772903682.1073741833.100005558791212&type=3&theater

 

Nesse texto começa-se por dizer que «os países lusófonos apresentam resistência em introduzir as novas normas de modo efectivo. Por quê? O argumento principal é de que se trata de um acordo brasileiro».

 

Não. Não é verdade. O argumento principal não é este. Nem pouco mais ou menos, até porque “ser brasileiro” não seria impedimento, se a ortografia sugerida nesse acordo, tivesse uma proveniência culta e fosse baseada na genealogia da Língua Portuguesa, algo completamente “chinês” para os “estudiosos” brasileiros que ousaram “mexer” na Língua sem o mínimo conhecimento dela. E a prova será apresentada mais adiante.

 

O argumento principal para o mundo lusófono rejeitar este AO90 é o facto de este não ter pés nem cabeça, não ter ponta por onde se lhe pegue; por destruir a etimologia das palavras, empobrecendo, de um modo grosseiro, a Língua Portuguesa, transformando-a numa língua inculta e mutilada; «é um instrumento cientificamente deficiente, não há nele uma única norma que se aproveite, nem uma única vantagem que lhe possa ser apontada», de acordo com Artur Magalhães Mateus.

 

Em suma, é um autêntico aborto ortográfico destinado a ir parar ao caixote do lixo.

 

Mas o mais insólito, neste texto, é a descrição dos motivos que levaram os seus “fabricantes” a elaborá-lo, não constando nenhuma razão cientifico-linguística:

 

O acordo foi elaborado em 1990 e previa:

 

1 – «A uniformização da língua em todas as suas variantes» e em todos os continentes. Objectivo que não foi alcançado, e nunca será, até pela impossibilidade de ser alcançado, pelos motivos mais óbvios. São oito os países, cada um com as suas especificidades, e a uniformização destruiria a estrutura de uma Língua que nasceu na Europa.

 

Segundo o autor do texto «a proposta de uniformidade era para contribuir com a internacionalização da Língua Portuguesa. Além disso, a acção iria propiciar a disseminação da língua, possibilitando a circulação de bens culturais entre os países lusófonos, que contam com mais de 250 milhões de falantes - só o Brasil possui mais de 200 milhões.»

 

É preciso que se diga que aos Portugueses Cultos não interessa a disseminação da versão inculta da Língua Portuguesa. O Brasil até pode ter 200 milhões de falantes e escreventes de Português. Mas desses 200 milhões, quantos escreverão correctamente o Português? Quantos falarão correctamente o Português (não estou a falar da pronúncia)?

 

2 – «A simplificação da ortografia para que ela fosse melhor aceita…» E perguntamos: "melhor aceita" por quem? Pelos que não têm capacidade intelectual para aprender uma língua? As línguas são assim, simplificadas, sem mais nem menos, para poderem ser aceites ou não aceites pelos menos dotados intelectualmente? Qual das línguas cultas existentes no mundo foi simplificada para ser melhor aceite, como se se tratasse de uma comum mercadoria?

 

3 – «Para tornar a língua mais acessível a estrangeiros». Como disseram? Os estrangeiros estarão preocupados em simplificar a língua deles para a tornar mais acessível aos brasileiros ou portugueses mais atacanhados? Algum povo, algum dia se lembrou de uma tal idiotice? Os Alemães (que têm, uma língua difícil) os Ingleses, os Franceses, os Italianos, os Russos, os Espanhóis, enfim… algum dia simplificarão as línguas deles, para facilitar a vidinha dos imbecis?

 

4 – «Para aproximar os países, sobretudo Portugal e Brasil». Aproximar como? Estão assim tão distantes linguisticamente que não conseguem entender-se uns aos outros? É sabido que os brasileiros mais incultos têm muita dificuldade em entender o Português. Mas qualquer português inculto não tem a mínima dificuldade em entender seja quem for: um brasileiro, um inglês, um francês ou até um chinês… Se não se entendem de um modo, entendem-se de outro. Sempre há a linguagem universal: a das mãos (e não estou a falar do Braille). E que saibamos, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor, Cabo Verde e Guiné-Bissau sempre estiveram próximos de Portugal, não precisando de simplificar a língua para se entenderem connosco. Porquê, então, os brasileiros?

 

5 – E finamente para «facilitação dos negócios». Ao longo de todos estes séculos os negócios entre os países lusófonos teriam sido prejudicados pela falta de “comunicação” ou “aproximação”? Por acaso os negócios que fazemos com países como a China, cuja língua é um mistério para a maioria dos portugueses, não se fazem? Terão os chineses de simplificar a língua deles, para que nós possamos aprendê-la e aceitá-la melhor e com isso facilitar os negócios?

 

Bem. Estes foram os cinco “argumentos” para que o AO90 fosse parido. Nenhum deles apresenta uma razão válida e de peso.

 

Mas faltou referir o argumento principal: a negociata obscura que envolve editores, livreiros e políticos duvidosos, portugueses e brasileiros (apenas), porque os outros países lusófonos não foram para aqui chamados. E este é que foi a principal mola que moveu os que pariram este aborto ortográfico.

 

E o texto prossegue com afirmações das mais espantosas e que dizem da verdadeira natureza do que está por detrás deste acordo do descontentamento de milhões de falantes e escreventes da Língua Portuguesa.

 

Ler o texto completo aqui:

http://cedilha.net/ap53/?p=4096

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:11

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Sexta-feira, 15 de Abril de 2016

A mutilação da "Língua-Mater"

 

O desabafo de uma cidadã brasileira sobre o acordo do seu descontentamento…

 

DESCONTENTAMENTO.jpeg

 

Texto de Elizabeth Pereira Gabas

 

«Ando macambúzia, cabisbaixa e sorumbática, desde o dia 01/Janeiro, quando ouvi oficiosamente em dois jornais televisivos diferentes, que o AO entraria em vigor no Brasil, a partir de então...não pelo que representa aqui, tolices de meia dúzia (se tanto) de regras sem sentido, mas porque um aceite do Brasil, era a chancela de que "pulhíticos" de ambos os lados precisavam, para deflagrar a hecatombe nuclear da Língua Portuguesa, que como o próprio nome diz é a "Língua de Portugal"...dentro da enorme incompetência brasileira, ninguém, ou quase ninguém, está preocupado, nem sabendo, nem nunca ouviu falar, qualquer coisa que fosse, sôbre a MUTILAÇÃO-LÍNGUA-MATER que esse abôrto (com acento para diferenciar da 1ª pessoa do singular do presente do verbo abortar), como se apresenta, ou seja, monstruosamente, representa para a Nação Portugal...mas POR QUE justamente em cima da Cultura, da Identidade Secular de um Povo, em cima da cultura-identidade meio-secular de outras Nações, quando há infinitas outras formas (e imaginação é o que não lhes falta), para roubar, exercer a corrupção desmedidamente, usurpar, enriquecer desbragadamente e ilicitamente até à 20ª geração de cada ratazana-humanóide, que infelizmente não depende de inteligência para se reproduzir...

 

Como Amália Rodrigues, "Sinto Pena"...pena das crianças que serão forçadas a aprender um idioma-frankenstein, longe, muito longe, da "última flôr de Lácio, inculta e bela; que era a um só tempo: esplendor e sepultura; ouro nativo que na ganga impura, abruptamente minava entre os cascalhos e velava"...por mim, continuarei como aprendi e já que tudo enlouqueceu, abusarei dos acentos diferenciais a meu bel-prazer, dos hífens da maneira que quiser e só não "adoptarei" o trema, porque já não era do meu tempo...mas ainda vou pensar a respeito...e sempre que souber como se escreve em PT- PT, (pré-abôrto, é evidente), assim o farei.

 

Por hora e num último apêlo, conclamo-vos a reunir os penúltimos esforços (mesmo sabendo, que tudo em geral, está pra lá de difícil), em função da LUTA PELA DERRUBADA DO FAMIGERADO AO!!!

 

Sem esquecer, para pensar e repensar, parafraseando o livro do Apocalipse, sobre o Juízo Final: Deus vomitará os mornos!!!»

 

Elizabeth Pereira Gabas

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:55

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Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2016

«Academia e Bom Senso»

 

Ninguém pediu um acordo perfeito. Aliás, ninguém pediu acordo algum mas, a haver um, ao menos que fosse decente...

 

ACADEMIA.jpeg

 

Texto de Nuno Pacheco

 

«No dia em que o Governo caía, discutia ali bem perto a Academia o bom senso da ortografia. Pode parecer o início de um péssimo verso, mas é a mais pura das verdades. A Academia das Ciências de Lisboa teve a louvável ideia de abrir as suas portas (dias 9 e 10) à discussão de um problema sério, o da ortografia nacional, que alguém resolveu “simplificar” em transnacional. Em dois dias, profícuos, lá tivemos, em pacífica mas tensa convivência, acordistas (o corrector acaba de me emendar para açorditas, o que me obrigou a pô-lo na ordem) e não-acordistas, com muitos argumentos repetidos, uns frágeis e outros sólidos, e algumas novidades deste nosso mundo.

 

Do presidente da Academia, Artur Anselmo, ouvimos esta declaração: “A Academia não foi consultada no momento em que um ministro da Cultura decidiu pôr em vigor o que ainda estava em discussão” (o acordo ortográfico de 1990, AO90). Ninguém o contestou, mas os dois principais rostos do dito, Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara (que, diga-se, aguentaram estoicamente os dois dias que durou o colóquio) garantiram que tudo “está bem”. Malaca, que confessou “estar saturado” do tema (o que diremos nós, caro senhor!), remeteu as críticas para a “nota explicativa” (que ele acha que ninguém leu, quando muitos acham que foi ele que não a releu), garantiu que em Portugal o AO “está plenamente em vigor” e que “camadas jovens aprendem facilmente a nova ortografia”; e anunciou mais um simpósio para Timor-Leste (!) em 2016.

 

Como se vê, o turismo da língua não cessa. Só a língua, pobre dela, não viaja nem se livra do monstro que lhe ataram às pernas. Ah, e o Vocabulário Ortográfico Comum, essa coisa essencial ao acordo que devia estar pronta logo, logo? Ouça-se Malaca: “Está em bom andamento.” Como se vê, nenhum problema. Bechara, por seu turno, além de se perder na história (recuou até 1911!), disse que o acordo visa “favorecer um ensino fácil da leitura e da escrita” e quase lamentou aquilo de que o Brasil abriu mão: “O Brasil fez as cedências necessárias”... Houve, ainda, alguns números de feira, como o da “infernização do hífen”, com diapositivos onde se lia “aspecto” — o autor era brasileiro, atenção — em lugar do “aspeto” que por aí se instalou; e uma “regra única” para “acentuação objetiva” apresentada como mezinha (a mania das regras únicas é, pelos vistos, contagiosa), regra essa que afinal se verificou... serem várias. Um delicioso delírio.

 

Argumentações contra este acordo houve muitas: desde a importância da “expressão grafémica da ortografia” até à “formatação mutiladora do português europeu”, passando pela ridícula imposição à ciência (as propriedades “ópticas” dos minerais passam a “óticas”, o que nos levará a encostá-los aos ouvidos para confirmar), à idiotia de fazer regredir palavras já consagradas (“reescrever” passa a “re-escrever”, segundo o AO, por ter duas vogais iguais seguidas), ao desastre da confusão entre “fonémica” e “fonética” ou ao “atentado contra a significação corrente das palavras”.

 

Muito se afirmou e demonstrou. Disse Alzira Seixo que Evanildo Bechara (hoje paladino do AO) terá afirmado, num encontro nos Açores, que o texto actual do acordo não teria condições para servir de proposta normativa por ter “imprecisões, erros e ambiguidades”. O próprio, presente, podia ter tentado desmenti-la, mas não o fez. Já Malaca dissera que o acordo “tem com certeza algumas incongruências, não há acordos perfeitos”. Certamente. Ninguém pediu um acordo perfeito. Aliás, ninguém pediu acordo algum mas, a haver um, ao menos que fosse decente...

 

A Academia das Ciências de Lisboa teve a louvável ideia de rediscutir a ortografia.

 

Com este, e abrindo agora as (hoje generosas) portas da Academia para o mundo que lá fora o reproduz, vamos lendo horrores como “impato” por impacto, “fatos ilícitos” por factos ilícitos, “corrução” por corrupção, “seção” (à brasileira) por secção, “começamos” por começámos (confundindo tempos verbais, numa submissão à norma regular brasileira), “pato” por pacto, tudo isto em documentos oficiais (PR, Governo, autarquias, etc.), escolares, textos empresariais, imprensa, etc. Além, claro, de uma constante mistura de grafias, sem tino nem nexo. Há um exaustivo levantamento online feito por João Roque Dias, especialista em tradução técnica, e é assustador! Está tudo bem? Claro que está! Em 2016, haverá excursão gongórica a Timor! As escolas e o país... que se arranjem com o resto.»

 

in

http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/academia-e-bom-senso-1714297?frm=ult

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:01

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Sexta-feira, 20 de Novembro de 2015

Os Portugueses produzem factos, e os Brasileiros vestem ternos

 

CONTATO.png

 

Fonte da imagem:

https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90/photos/a.645077242260614.1073741827.199515723483437/720139231421081/?type=3&theater

 

Por estas e por outras iguais a estas, devemos lutar pela destruição do Acordo Ortográfico de 1990 e não pela sua revisão, que não serve para nada.

 

O que vemos na imagem está no Jornal de Letras, dirigido pelo acordista José Carlos de Vasconcelos.

 

(Deixei de comprar este jornal há muito).

 

Estas palavras, se o AO90 fosse legal e estivesse em vigor de FACTO, estariam MAL ESCRITAS, no Português de Portugal, e, à excePção de CONTATO, estariam também ERRADAS no “Português” do Brasil.

 

Mas para quê andarmos aqui a dizer isto assim: Português de Portugal e Português do Brasil?

 

Então a Língua Portuguesa não é só UMA?

 

Se não é então separemos as Línguas: Língua Portuguesa é a de Portugal. E a Língua Brasileira é a do Brasil.

 

Nós não dizemos a Língua Portuguesa de Angola, ou de Moçambique, ou da Guiné-Bissau, ou de Timor-Leste… Dizemos?

 

E por que não dizemos?

 

Porque esses povos não mutilaram a Língua que herdaram do colonizador.

 

Ficará mais fácil para todos, e Portugal não perderá a sua identidade, se deixarmos a Língua do Brasil seguir o seu destino separada de Portugal.

 

Deixem a Língua Portuguesa em paz, e não andem a espalhar pelo mundo um Português "incorretamente" (incurrêtâmente) escrito, com a chancela de Portugal. Se querem continuar a escrever "incorretamente" o Português, não lhe chamem Português. Porque não o é.

 

Houve uns senhores que se dirigiram a mim em termos menos simpáticos (para os quais estou-me nas tintas) na minha última publicação intitulada «A Portugal, o que é de Portugal! Ao Brasil, o que é do Brasil!» E só depois descobri porquê.

 

E sabem, porquê? Porque há gente que só lê o que está à frente do nariz. O cartaz. O texto? Nem sequer o leram. Ou se leram não o entenderam, que é o mais certo e habitual, porquanto a iliteracia  que por aí grassa é gigantesca. E depois sai destas coisas:

 

Tito Sanches de Magalhaes «A Língua Brasileira?!!! Que barbaridade é esta? Não existe Língua Brasileira. Existe sim Língua Portuguesa, que pode ser o Português do Brasil. Valha-nos Santa Ignorância.»

 

Pois valha ao senhor a Santa Ignorância!

 

Se tivesse lido o texto, não diria (ou diria? fico na dúvida…) tal coisa.

 

Existe uma Língua Brasileira, sim, ou Variante Brasileira, derivadas da Língua Portuguesa, mas não lhe chamem Língua Portuguesa, porque não é. De FACTO, não é.

 

E o outro senhor veio com esta:

 

Edward Luiz Ayres d'Abreu «Claro... E passa também a existir uma Língua Moçambicana, uma Língua Angolana, uma Língua Açoriana, uma Língua Madeirense, uma Língua Cabo-verdiana, uma Língua guineense, uma Língua timorense... ... Santa ignorância...»

 

Pois, outra vez a Santa Ignorância a valer a alguém que não leu ou não soube interpretar o meu texto.

 

Claramente. Cada um desses países tem uma linguagem muito própria e com características locais.

 

Por que não admitir a possibilidade de se livrarem da Língua do ex-colonizador, se não querem respeitá-la?

 

(O que não é o caso dos mencionados países da CPLP).

 

Eu aprendi a ler e a falar no Brasil. Tantas vezes o repito. E mais tarde aprendi a REESCREVER e a falar a minha Língua Materna, em Portugal - a Língua Portuguesa. Sei o que estou a dizer.

 

Oficialmente a Língua Brasileira não existe, mas oficiosamente ela é uma realidade. Basta dar uma voltinha pela Internet.  

 

Mas oficiosamente ela é Brasileira porquê? Porque não respeita a matriz e a Gramática da Língua Portuguesa.

 

Penso que este seria o momento certo para colocar os pontos nos is, e fazer esta divisão de uma vez por todas. Assim ficávamos livres do monstruoso AO90.

 

Então o senhor Edward disse-me isto:

 

Edward Luiz Ayres d'Abreu «Isabel A. Ferreira, o que diz é cientificamente discutível e, na prática, insustentável. Dizer que Machado de Assis ou Ariano Suassuna escrevem em brasileiro é patético. Supor que diferenças lexicais e sintácticas tornam uma "língua" "independente" é ainda mais patético.

 

Na Venezuela não se fala venezuelano, mas castelhano. Nos E.U.A. não se fala americano, mas inglês. No Burkina Faso não se fala burkinense, mas francês. No Taiwan não se fala taiwanense, mas mandarim. Além do mais, não faz sentido falar em "brasileiro" pelo simples facto de que em diferentes regiões do Brasil há tradições linguísticas muito diferentes. O português de São Luís do Maranhão é mais parecido em muitos aspectos com o de Lisboa do que com o de São Paulo. Em que ficamos? Em São Paulo fala-se "brasileiro" e em São Luís "português"? E no Rio de Janeiro? E no Rio Grande do Sul?...»

 

Pois é senhor Edward, tudo isso é muito bonito... mas não me convence.

 

Sabe porquê? Porque os Venezuelanos, os Norte-americanos, os Burquinenses, os Taiwaneses não mutilaram o Castelhano, o Inglês, o Francês ou o Mandarim, como os Brasileiros  mutilaram a Língua Portuguesa. E isso faz toda a diferença.

 

Mas os políticos portugueses, em conluio com os políticos brasileiros, querem impingir-nos uma grafia que não pertence à Língua Portuguesa.

 

Então que fiquem lá com a deles, e nós cá com a nossa.

 

E atenção: gosto bastante do modo de dizer brasileiro e do riquíssimo léxico brasileiro, das expressões brasileiras, que até uso frequentemente, e penso que se não fosse esta desunião linguística, nós cá não ficaríamos pobres com expressões brasileiras, como esta: «estás com cara de sinhá mariquinha cadê o frade…» à qual acho bastante piada e é genial.

 

Mas ninguém me obrigue a escrever anistia, contato, fato (por faCto), ato, diretor, setor, ação, etc., etc., etc.. Isto não é Português. Se não é Português o que será? Francês, Inglês e Mandarim também não é.

 

Só pode ser brasileiro.

 

Mas o senhor Edward não ficou satisfeito. E voltou à carga:

 

Edward Luiz Ayres d'Abreu «Acho sinceramente que está a confundir alhos com bugalhos e que definitivamente ainda não percebeu que quem tem interesse em "impingir" este AO90 não é o Brasil... mas uma meia dúzia de grandes editoras, brasileiras e portuguesas, que obtiveram lucros astronómicos com a reedição de dicionários, prontuários e gramáticas, fora o resto, coadjuvadas por uma vintena de linguistas e de políticos semi-analfabetos.»

 

Mas o senhor Edward não entendeu que eu não estou a confundir alhos com bugalhos.

 

E quando dois governos (um brasileiro, outro português) se metem a fazer acordos... não são apenas os editores mercenários brasileiros e portugueses que têm as culpas.

 

É uma vergonha o que se passa: a Língua Portuguesa abrasileirada, na sua forma grafada,  tomou conta da Internet, e os estrangeiros que a aprendem não aprendem a Língua Portuguesa, mas sim uma língua derivada da Portuguesa, uma VARIANTE  do Português, "incorretamente" escrita, nascida e criada no Brasil, com o objectivo de facilitar a aprendizagem de milhares de analfabetos, mas também de se afastarem da Língua do ex-colonizador,  por motivos políticos.

 

Isto é um facto. Esta é que é a verdade.

Portanto, se querem continuar a escrever "incorretamente" não lhe chamem Língua Portuguesa. 

Mas o senhor Edward não ficou satisfeito:

 

Edward Luiz Ayres d'Abreu «Cara Isabel A. Ferreira: 1. Um pouco mais de prudência tê-la-ia feito estudar um pouco da história da reforma de 1911 e sucessivos acordos ortográficos. Chegaria rapidamente à conclusão de que a "vanguarda" dos pró-reforma e pró-acordistas foi quase sempre portuguesa; 2. O AO90 não foi impingido pelo Brasil, volto a explicá-lo, mas por um grupo de linguistas portugueses e brasileiros. Antes pelo contrário: o Brasil neste momento, ao contrário de Portugal, é o país que mais tem defendido uma revisão deste acordo tão mal amanhado. 3. É de uma ignorância profunda dizer que o AO90 "abrasileirou" o português... Do lado brasileiro poder-se-ia dizer que o AO90 "aportuguesou" o "brasileiro"... porque houve também do lado brasileiro danos lamentáveis como o da supressão do trema (que em Portugal já tinha também lamentavelmente sido extindo há algumas décadas atrás), instrumento fundamental para que os leitores saibam ler palavras como unguento, sequestro, seriguela, desmilinguido, líquido ou arguir, dentre tantas outras... Já para não falar de casos como "pára / para", que prejudicaram tanto brasileiros como portugueses de igual forma.

 

Antes de destilar os seus preconceitos e atestar publicamente o seu profundo desconhecimento, estude um pouco mais sobre o que de facto representa o AO90.

 

Atenção: eu sou também um acérrimo defensor da revogação deste AO90, que está efectivamente muito mal concebido... Mas, sinceramente, a causa anti-AO90 só tem a perder com "argumentos" néscios como os seus. Desculpe a sinceridade.»

 

Ah! Como este senhor Edward está enganado!

 

Como tenho repetido várias vezes, aprendi a ler e a escrever no Brasil. Mas o que sei hoje sobre a Língua Portuguesa foi em Portugal que aprendi, pois quando regressei ao meu país, tive de reaprender a Língua que me ensinaram no Brasil, e que eu tinha por garantida, e por conta disso, ainda levei umas boas reguadas. E nem queiram saber o que me diziam, quando fálává  brásilêru.

 

As reformas anteriores não são para aqui chamadas, porque foram elaboradas por especilistas, ao contrário dos do AO90, e não lhes chame linguistas, porque eles nada sabem da Língua, se soubessem nunca teriam proposto um tal acordo. NUNCA!

 

Claro que o AO90 foi imposto por políticos ignorantes, e logo impingido pelo mercado livreiro de ambos os países, e logo os vendilhões portugueses fizeram com que os governantes de lá e de cá se vergassem a esse negócio sujo, como é apanágio dos (maus) políticos.

 

Os Portugueses, que defendem a Língua Portuguesa, não estão interessados numa revisão deste AO, porque este AO não tem ponta por onde se lhe pegue, por ter sido fabricado por mercenários e não por cientistas da Linguagem, ao contrário dos acordos anteriores.

E fique sabendo que foi o Brasil que chamou Portugal para a engendração deste AO90. E isto é um facto mais do que comprovado e divulgado.

 

É óbvio que o  Acordo Ortográfico de 1990 está assente na ortografia brasileira, saída do Formulário Ortográfico de 1943.

 

O Brasil herdou uma Língua Europeia Culta. O que fez com essa Língua? Mutilou-a. E de entre todos os países da CPLP é o único que EXIGE tradução para as obras escritas em Língua Portuguesa. Porquê? Então não temos a mesma Língua?

 

E não posso admitir que se confunda preconceito com a minha indignação, ao pretenderem que eu escreva incorretamente a minha Língua Materna.

 

Não tenho preconceito algum no que respeita ao Brasil. Quem assim pensa, pensa pequeno. A maioria da minha família é brasileira.

 

O AO90 não passa de uma gigantesca farsa, protagonizada por ignorantes portugueses e brasileiros.

 

É isto que representa o AO90.

 

O mais me irrita é a falta de LITERACIA que deturpa as palavras que escrevo a este respeito.

 

***

Depois veio a Loren, dizer-me esta coisa assim:

 

«Ao contrário do que pensa a sra. Isabel, não falamos PATO e não temos a necessidade de usar FACTO (aí me parece que são os portugueses que não conhecem o brasileirês, nós temos o TERNO). Eu entendo perfeitamente a Língua Portuguesa falada e escrita em Portugal, ainda que muitos cidadãos portugueses insistam em não utilizá-la da melhor forma e culpabilizam o acordo por tal vergonha

 

Eu não penso nada sobre o que não existe.

 

Não, na realidade não falam, nem escrevem PATO, foi um modo exagerado de dizer, da minha parte; mas escrevem e dizem, por exemplo, CONTATO (em vez de contaCto); FATO (em vez de facto).

 

Claro que os Brasileiros não têm necessidade NEM PODEM vestir FACTOS, porque os FACTOS não se vestem, nem no Brasil, nem em parte alguma.

 

Os Brasileiros vestem TERNOS (indumentária composta por um trio: calças, colete e casaco) e vestem muito bem.

 

Os Portugueses vestem FATOS, de duas ou três peças.

 

Então que necessidade tiveram os Brasileiros de transformar um FACTO num FATO?

 

A Loren até pode entender perfeitamente a Língua Portuguesa, mas os Editores Brasileiros  não entendem nem aceitam livros escritos em Portugal, que teriam de ser traduzidos, e claro, perdiam dinheiro.

 

Por isso os editores brasileiros e os editores portugueses esfregaram as maõs de contentes, quando os políticos ignorantes, de lá e de cá, inventaram esta moda do acordo, para encherem os bolsos.

 

E sendo assim, que cada país fique com a sua língua.

 

Os Brasileiros continuarão a usar os seus TERNOS, e os Portugueses a vestir FATOS, e a criar FACTOS ao redor deste famigerado AO90, que serve mais para DIVIDIR do que para UNIR.

 

E nós não queremos desunião.

 

Mas no que respeita à Língua estamos em DESACORDO, ou seja, não há ACORDO possível.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:39

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