Para tornar a Saga da LínguaPortuguesa ainda mais surreal, chegou-me, via e-mail, uma notícia que me surpreendeu pela negativa: em Portugal, nasceu mais umjornal, o PÚBLICOBrasil, com o objectivo de falar com os brasileiros que vivem em Portugal, e dar visibilidade à Variante Brasileira do Português, como se já não bastasse os subservientes órgãos de comunicação social, que, cegamente, se venderam ao ilegal AO90, tal como Judas se vendeu ao Sinédrio, por 30 dinheiros, e já propagam a torto e a direito, em demasia e mal, a grafia brasileira, e o Brasileiro, as Brasileirices e os Brasileiros reinam, em Portugal, e já há portugueses com vontade de deixar de o ser.
Belo serviço está o Jornal Público a prestar a Portugal!
Não esperava tal atitude. Não, do Jornal Público.
Considero isto uma espécie de traição à Língua Portuguesa.
Os Brasileiros precisam de um jornal só para eles, com a linguagem deles, porque não percebem a nossa? Então, têm de deixar de designar a linguagem do Brasil como "Português do Brasil", porque o Português do Brasil NEM sequer existe. O que existe é a Variante Brasileira do Português, tão válida quanto outra qualquer variante de uma qualquer outra Língua.
E é óbvio que isto nada tem a ver com integração. Quando vamos para um país estrangeiro, integramo-nos através da Língua local. Isto tem a ver com uma imposição, cada vez mais evidente, da Variante Brasileira do Português, com motivações unicamente políticas.
Eles são muitos? São. Ninguém pode negar as evidências.
Mas nós não temos nada a ver com isso.
Entretanto, aguardei um certo tempo, para publicar esta PARTE II, da minha reflexão sobre a questão das Línguas d’aquém e d’além-mar, até que aparecesse algo que me fizesse unir as pontas, para poder perceber melhor esta necessidade premente de criar o PÚBLICO Brasil, para dar visibilidade à Variante Brasileira do Português, como se já não nos incomodasse ver, por aí, a Língua Portuguesa manchada pelo mal-amanhado AO90.
E esse algo, surgiu-me, através de umtexto[clicar no link], publicado no PÚBLICO Brasil, intitulado «Casal de brasileiros compra escola em Estoril. “Foi paixão à primeira vista”» - Brasileiros assumem o comando do Colégio Príncipes de Aviz. A meta é investir no setor, [em Língua Portuguesa seCtor] que eles consideramum dos mais promissores de Portugal.
Parece-me que dizer que o seCtor escolar é um dos mais promissores de Portugal traz água no bico. Tudo isto, aos olhos de quem está atento à actual triste realidade portuguesa, é muito estranho e não passará de uma espécie de jogo, há muito engendrado, para, propositadamente, pôr em destaque a Variante Brasileira do Português, desprezando-se, desse modo, a Língua autóctone: a Portuguesa. E não me venham falar do AO90, porque é ilegal, inconstitucional e NÃO está em vigor em Portugal.
É que esta escola NÃO se limita a ser uma escola para alunos brasileiros. Nada contra, muito pelo contrário, até porque cada Povo tem o direito de manter viva a sua própria Língua e dar a conhecê-la aos mais novos, caso queiram regressar ao seu País de origem.
Porém, com 91alunos portugueses matriculados, o Colégio Príncipes de Aviz (antigo Externato com o mesmo nome), com 13 professores também portugueses, trabalha com o primeiro ciclo educacional.
A grande questão é: que linguagem vai vigorar neste Colégio: a Língua Portuguesa em vigor, em Portugal, legalmente [NÃO a do ilegal AO90] ou a Variante Brasileira do Português? Terão os alunos portugueses de escrever Antônio ou António? Geladeira ou frigorífico? Sorvete ou gelado? Irã ou Irão? Celular ou telemóvel? Diretor [vocábulo brasileiro originário do unilateral Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943, ou direCtor [vocábulo português, mas também inglês, castelhano, francês de raiz latina]? Trem ou comboio? Ação ou ACção?
E quanto à pronúncia das palavras? Pronunciarão direitu ou djirêitu? P'rspéCtivâ ou pêrspéquitchivá?
A não ser que esses alunos queiram aprender a Variante Brasileira do Português (ou Língua Brasileira a ser) como uma Língua estrangeira, assim como aprendem o Inglês, o Francês, o Castelhano, etc., não descurando nunca a Língua Materna: a Língua Porruguesa.
As crianças que entrarem para o primeiro ciclo deste Colégio qual das linguagens aprenderão? A NOSSA ou a do casal brasileiro? A d'aquém ou d’além-mar?
É verdade que o Português será tão mais vivo, quanto maior for a sua diversidade. Mas o que está a acontecer é uma tentativa dolosa de meterem a Língua Portuguesa no mesmo saco da Variante Brasileira do Português agitando-o energicamente, para dali fazer sair uma linguagem amixordizada, que não pode ser designada nem como Portuguesa, nem sequer como Brasileira.
Será o quê então?
O que pretendem com este jogo político [não-linguístico] alienígena?
Por dias não estará, e muito menos por décadas. Resta-nos daqui aalgum tempo.
O linguista garante, mas há quem garanta com firmeza que o idioma falado e escrito, actualmente, no Brasil é o Brasileiro, há muito, muito tempo...
Apenas os decisores políticos o designam como Português do Brasil por meros obscuros interesses políticos.
Não sou eu que o digo!
Enviaram-me, via e-mail, umtexto [clicar no link] publicado ontem, com um conteúdo que, na minha opinião, NÃO de perita na matéria, mas de uma estudiosa empírica da Língua Portuguesa, é falacioso, e vou explicar porquê.
(E bajuladores é o que há mais ao redor dos decisores políticos, por isso, estes acham que estão a fazer a coisa certa)
- Há muito que insisto, neste meu Blogue, nesta temática. Tenho sido ignorada. Nós queremos que o AO90 seja eliminado e reposta a nossa grafia, a grafia portuguesa, e que o Brasil reconheça, de uma vez por todas, que a sua Língua é a Língua Brasileira, para ONTEM. Não para daqui a décadas, quando a Língua Portuguesa já estiver morta e enterrada, como eles pretendem.
- O linguista citado no texto insiste em designar como “Português do Brasil”, a linguagem brasileira, desconhecendo que, no Brasil, já não se fala Português há muito, muito tempo.
- Como a linguagem no Brasil sofreu grandes evoluções, desde há muito, não será dentro de algumas décadas, conforme o refere o linguista, que poderá ser reconhecido o Brasileiro, porque já o é reconhecido por milhões de brasileiros, há muito tempo, até porque passei parte da minha infância e juventude no Brasil, a ouvir falar em Brasileiro e NÃO em Português, e há pouco tempo, uns editores brasileiros, quiseram que eu traduzisse para Brasileiro, o meu livro “Contestação”, que foi escrito em Português, mas eu recusei. Apenas os políticos d’aquém e d’além-mar e os que gravitam à volta deles, como fiéis satélites, insistem nesta falácia, por conveniências meramente políticas, e NÃO linguísticas.
- Portanto, este linguista, ao falar em décadas, até que o Brasileiro (que já o é oficiosamente há muito tempo), se transforme em Brasileiro (oficialmente), está a desviar-se da realidade.
- Para destruírem a Língua Portuguesa, até já vale dizer que o «Português não nasceu propriamente em Portugal, mas sim no Reino da Galiza, um território que fazia parte do que hoje é a Galiza, em Espanha, fundado no século V após a queda do Império Romano». Então o que fez Dom Diniz, quando contratou doutores das Ciências da Linguagem, para fazer nascer uma nova Língua?
- Este linguista refere as variantes brasileira e portuguesa, como se a Língua Portuguesa fosse uma variante de si própria. Parece desconhecer, por completo, o significado do termo variante, que em Linguística é sinónimo de dialecto, e a Língua Portuguesa deixou de ser um dialecto, quando se distanciou do Galaico-Português, um dialecto derivado do Latim, de onde se originaram a Língua Galega e a Língua Portuguesa. Línguas irmãs. Para quem estiver interessado em aprofundar este tema, recomendo, vivamente, a leitura de um precioso livro, intitulado «Historia da Lingua Galega», da autoria de Xosé Ramón Freixieiro Mato [professor emérito na Facultade de Filologia da Universidade da Corunha na área de Filologia Galaico-Portuguesa] e Anxo Gómez Sánchez [filólogo, escritor, licenciado em Filologia Hispânica, subsecção galaico-português, na Universidade da Corunha, e Professor de Língua Galega em Carral] onde a história do Galego e do Português é contada com mestria, saber e de um modo absolutamente fascinante.
- O linguista também «antevê [e tem todo o direito em antever] um futuro em que a língua falada no Brasil se distanciará tanto do Português europeu que acabará por ser considerada um idioma separado. “Não há maneira de retroceder, não há maneira de travar esse processo de afastamento entre o Português e o Brasileiro». O que talvez o linguista não saiba é que a língua falada actualmente no Brasil já se distanciou há muito tempo do Português, e não será necessário designar como europeu o NOSSO Português, porque NÃO há outro. Isto é absolutamente um descabido pleonasmo.
- O linguista dá como exemplo de influências entre a linguagem brasileira e a portuguesa (como se no Brasil o léxico português tivesse lá alguma influência) a geladeira e o frigorífico, esquecendo-se de que o vocábulo geladeira, para designar frigorífico é exclusivamente um vocábulo brasileiro, portanto, a criança NÃO está a falar à brasileira, ao usar o termo geladeira, mas, sim, a falar Brasileiro, se aplicar ao vocábulo geladeira. Em Português geladeira significa tanque utilizado nas fábricas de gelo para congelar a água. E isso tem toda a importância no adequado uso das palavras. E vê-se por aí tantos vocábulos mal aplicados, que até dói!
- Esquece-se o linguista de que a estrutura da linguagem usada no Brasil NÃO é a estrutura do Português. As diferenças lexicais são acentuadas. A grafia é o que se vê, na aplicação do AO90, as diferenças na morfologia, na sintaxe e na semântica são bem notórias, e, obviamente, NÃO impediriam a consolidação de uma “língua brasileira” distinta, como o afirma o linguista, porque a motivação é unicamente política.
- Não concordo, nem nunca concordei com as teorias deste linguista, por não ver nelas nenhuma consistência científica. Penso que ele está para a Língua Portuguesa tal como Malaca Casteleiro esteve, não contribuindo, até ao momento, com absolutamente nada que pudesse dar dignidade à Língua Portuguesa, que está a ser insolentemente usada e abusada.
- Para mim, este artigo não traz nenhuma mais-valia em Defesa da Língua Portuguesa, tendo sido tratada como se ela não fosse carne, nem peixe, como sói dizer-se lá na minha terra.
Concordo plenamente, com o que se diz na publicação da Clarice Ribeiro, transcrita mais abaixo.
Basta dizer que quando o Brasil deslusitanizou a Língua Portuguesa , que era a Língua oficial desta colónia de Portugal, e a americanizaram, castelhanizaram, italianizaram, afrancesaram e a ela acrescentaram os falares indígenas brasileiros e africanos, e de outros povos que se fixaram no Brasil, ela distanciou-se substancialmente do Português, na fonologia, na ortografia, no léxico, na morfologia, na sintaxe e na semântica, deixando de ser Portuguesa e passando a ser uma Variante Brasileira do Português, que cada vez mais é apenas e unicamente Brasileira.
Aprendi a ler e a escrever no Brasil uma Língua, que quando regressei a Portugal tive de abandonar, para aprender a ler e a escrever Português. De volta ao Brasil, fui obrigada novamente a escrever Brasileiro, para continuar os estudos. E quando regressei definitivamente a Portugal , lá tive eu de abandonar o Brasileiro, para ficar com o meu Português.
Alguns editores brasileiros, para editar as obras de Saramago ou mesmo um livro que escrevi a contestar umas mentiras sobre Dom João VI, no livro 1808 de Laurentino Gomes, propuseram que fossem traduzidas para BRASILEIRO.
E dizem que a Língua Brasileira não existe? Existe e deve ser assumida de uma vez por todas, pelo Brasil.
Um País sul-americano, com a projecção que tem no mundo, não precisa da muleta portuguesa para impor a sua própria Língua. Cabo Verde já assumiu a Língua Cabo-Verdiana, oriunda da Língua Portuguesa, tal como a Língua Brasileira é oriunda da Língua Portuguesa, que, por sua vez é oriunda do Latim.
É assim o ciclo das Línguas. Começam por ser dialectos e depois seguem o seu caminho como Línguas autónomas.
O Brasil NÃO tem uma Língua autónoma. Está na hora de a ter.
«Em Pindorama, o nome indígena do Brasil, falava-se 1200 línguas, essas línguas não morreram, elas resistem e existem, elas estão vivas na língua brasileira.
O brasileiro é falado no Brasil e tem status na Guiana Francesa, Paraguai, Suriname, Uruguai, Colômbia e Venezuela.
O brasileiro é uma língua que tem em sua base a herança portuguesa colonial, no entanto, tem influência de línguas indígenas, especialmente do tupi antigo. Também tem influência de línguas africanas, italianas, alemães e espanholas, sendo o galego o idioma espanhol que mais influenciou a língua brasileira.
Há várias diferenças entre o português e o brasileiro, especialmente no vocabulário, pronúncia, sintaxe e variedades vernáculas. Vários campos da pesquisa linguística já reconhecem que não há como considerar o português de Portugal e do Brasil a mesma língua, são línguas diferentes, compartilharem o mesmo nome não faz sentido.
Segundo Faraco, após a independência, no século XIX, "passou-se a viver um longo período de incertezas, titubeios e ambiguidades, sendo a língua ora designada de língua brasileira, ora de língua nacional", em 1935 houve projeto de lei para mudar o nome da língua oficial do país para "brasileiro", mas não foi aprovado. Em 1946, houve outro projeto, mas também não foi aprovada. É uma questão de justiça e independência, falamos brasileiro.
Fontes:
FARACO, C. A. História sociopolítica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.
BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro? um convite à pesquisa. Parábola Editorial. São Paulo: 2001.
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
CIPRO NETO, Pasquale. O dia-a-dia da nossa língua. Publifolha. São Paulo: 2002.»
Carta enviada por Carlos A. Coimbra, um cidadão português que vive em Toronto (Canadá) há longos anos, a uma personalidade televisiva portuguesa, a propósito da corrupção activa exercida sobre a NOSSA Língua, à qual as comunidades portuguesas na diáspora estão atentas, e que defendem com unhas e dentes, ao contrário dos decisores políticos e apolíticos portugueses.
Isabel A. Ferreira
Texto de Carlos A. Coimbra
«Quero então expor-lhe as minhas ideias quanto à presença da Língua no Brasil nos média de Portugal.
Aliás, uma pessoa que se interessa por, e tanto pesquisou sobre descobrimentos, deve forçosamente dar importância à língua que "viajou" pelo mundo fora.
Há vários aspectos por onde entrar no assunto, mas começo com a diferença entre sotaque (ou pronúncia) e corrupção da língua.
Eu admito não conhecer Portugal tão bem como quem lá vive. Mas sei que há diferentes pronúncias, como do Alto Minho, da área do Porto, a inflexão de Alentejano, o por vezes quase incompreensível São Miguelense, e a "corrupçon" da Madeira.
Mas todos usam a mesma gramática, a mesma semântica, sem mudar a ordem das palavras, nem as alterar (um brasileiro diria alterar elas).
E o mesmo se mantém em relação a Angolanos e outros nacionais de territórios que foram portugueses, embora o sotaque deles seja mais carregado.
Só que continuam a falar o mesmo Português.
Lendo textos escritos por um português ou pessoa de proveniência africana, não podemos extricar qualquer evidência acerca da origem da pessoa.
Aliás, como comparação, entre os vários espanhóis (castelhanos) falados, eu sei distinguir o Castelhano original, o Mexicano, o Cubano e Porto-riquenho (caribenho) e o Argentino.
Contudo, todos falam o mesmo Castelhano, com a mesma gramática e ortografia; a única distinção é o facto de usarem alguns termos locais.
E quanto ao Inglês, lendo textos escritos por americanos e britânicos, vemos a mesma língua, embora haja diferenças pontuais na ortografia (z/s, or/our, etc...).
Ninguém pensou em unificar a ortografia, nem em usar em permanência locutores do outro lado (embora os média americanos usem alguns jornalistas não-americanos no estrangeiro, por razões que têm a ver com obtenção de vistos, por exemplo).
Agora falando do Brasileiro, a coisa é muito mais séria.
A modificação que os escravos foram fazendo à Língua dos colonizadores, em termos de pronúncia e possivelmente função da gramática das Línguas nativas, levou até a que os Brasileiros de hoje troquem a ordem normal das palavras, não usem verbos correctamente e tanto mais.
Um brasileiro que falava bom português gramaticamente foi o Presidente Temer...
E então posso passar ao vício de meter um 'i' onde ele não existe: abisurdo, opitar, e inúmeros outros exemplos.
E é contagioso! Exemplo:
Um tempo depois do 07 de Outubro, os Israelitas levaram jornalistas à povoação chamada Sderot (além de hebraico, é assim que está escrito na placa à entrada: Quer dizer "Boulevards", plural de Sder - eles formam plurais em -ot e em -im).
Esse grupo incluía pelo menos um português e uma brasileira.
Eu sei, porque vi uma peça na RTP e outra na Globo, na mesma noite.
Ora a brasileira dizia Siderot, devido à aversão que os Brasileiros têm a dizer duas consoantes juntas (Lula inclusivamente).
E fiquei chocado por ouvir o jornalista português copiar a brasileira, também dizendo Siderot!
Ainda mais curioso, noutra ocasião, ouvi outra repórter brasileira que preferia dizer Isderot (idêntico o que fazem com 'esporte').
Ora todo este linguajar "à brasileira" passa muito para lá de questões de pronúncia ou entoação, e consiste em corrupção da Língua.
Não se pode deixar de dizer isso quanto à introdução de sílabas que não existem.
Infelizmente, a Língua Brasileira tem características dominantes, tal como o Castelhano, senão basta ouvir portugueses que vivem há muito tempo no Brasil ou na Venezuela...
Isto é devido às Línguas serem parecidas, e tal não acontece comigo nem com quem mora na França (adoptam certos termos, mas não lhes afecta a pronúncia).
Não questiono o direito ao trabalho em Portugal de brasileiros, mas não quero ouvi-los na rádio e televisão a falar de assuntos que não têm nada a ver com o Brasil.
Isto particularmente quando os sotaques portugueses e africanos que referi não parecem ter lugar cativo nos canais de TV a que tenho acesso, e esses falam Português!
Creio que jornalistas portugueses até devem ficar ofendidos por serem preteridos. O caso do brasileiro na TVI/CNN-P a comentar futebol é um exemplo extremo, pois dá a ideia que se esgotou em Portugal quem saiba falar do assunto!
Aliás, quando um canal aqui em Toronto adquiriu uma meteorologista com pronúncia australiana, pode crer que eu protestei...
O Português falado já sofre de tantos erros...
E bem basta a falta de respeito pela audiência que leva a cair no Inglês fácil, em parte pela perda de vocabulário, causando até asneiras devido a não saberem o significado das palavras (ouvi uma comentadora que quando falava do Suez, lembrou o caso dum barco que entupiu o canal, e disse que era um verdadeiro "checkpoint", quando tal seria um "bottleneck").
Qual a necessidade de usar alguém que nem fala o Português correcto, e que em qualquer momento pode dizer uma "brasileirice"?
Eu nasci com inclinação para lógica (levou-me aos computadores) e Línguas (passou de entretenimento a conhecer a fundo o Inglês, a falar Italiano além de Castelhano e Francês, e saber o suficiente de Alemão; as minhas maiores peneiras vêm de me ter ensinado mais que o suficiente Russo, antes de haver Internet).
E sou compreendido em muita coisa de várias outras línguas estranhas, sem pretender que as falo minimamente, só por diversão. Até o tradutor do Google me entende, e isso tem utilidade neste país de imigrantes.
Mas o que interessa aqui é que quero fazer o que posso para proteger o verdadeiro Português da influência do Brasileiro, e que não seja considerado "variedade europeia", como me escandalizou a professora Dr.ª Sandra Duarte Tavares, pois assim caracterizou o meu Português original, enquanto assessora da Língua (!) na RTP.
Ofenderam-me, insultaram-me, tanto o PM como o PR: um disse que até gostaríamos de falar com o sotaque brasileiro, e o outro lembrou-se de imitar (mal) a fala brasileira, enquanto Chico Buarque ficou de boca aberta a pensar sabe-se lá o quê do indivíduo...
Pois lembro-me de dois casos:
Num jogo amistoso entre não me lembro quem e um Benfica em que entraram Ricardo Araújo Pereira e Fernando Mendes, o Ronaldo (o original, chamado "Fenômeno" pelos brasileiros - com ô) magoou-se, foi para o banco e foi entrevistado: Lesionou-se? Hem? Lesionou-se? Heeeem? Machucou-se?
Aí ele finalmente entendeu...
E recordo que a propósito de não sei quê, no Brasil, perguntei a uma pessoa: mas que explicação lhe dão a si?
Nada de resposta até eu modificar a pergunta...
O 'lhe' e o 'a si' não faziam parte do entendimento da Língua da pessoa...
Isto está indecentemente comprido, mas eu queria apresentar os meus argumentos duma maneira mais completa, que não têm nada a ver com xenofobia (aprecio, por exemplo, o Português que ucranianos falam).
E tenho a certeza de que mais tarde vou lembrar-me de mais que podia ter escrito...
(Retirei hoje, esta imagem do site, mas se, por um acaso, se lembrarem de corrigir o erro (o que considerarei muito louvável), o link do texto, no fim desta publicação, confirmará a minha indignação)
Também na “Questão da Língua” há muita corruPção -- ainda por cima estepê é pronunciado e escrito nas mais diversas Línguas mundiais: Português, Inglês, Alemão, Castelhano, Francês, Ucraniano, Polaco, Romeno, Brasileiro, Catalão, Sueco, Luxemburguês, etc., por aí fora...
Ainda mais por cima o facto de este erro monumental estar online desde 31 de Janeiro, e não ter uma alminha que desse conta do erro e se apressasse a corrigi-lo para não deixar ficar mal os envolvidos, nomeadamente a RR. É o que faz contratar mão-de-obra barata ignorante.
No meu tempo de Jornalismo no activo, nos Jornais por onde passei, isto dava direito a um despedimento, muito bem despedido.
Quem assim escreve deve regressar ao 1º ano da Escola Básica, para aprender com um Professor com Pê maiúsculo, como se escreve uma palavra tão simples como corruPção. Até os Brasileiros grafam à portuguesa este vocábulo, embora o pronunciem com ô, acrescentando-lhe um i: «côrrupição».
Bem sei que o AO90, muito ignorantemente, manda mutilar as palavras que tenham cês e pês não pronunciados. E então há gente que leva isto tão a sério, mas tão a sério, que quando vê um pê ou um cê à frente, instintivamente, elimina-os da palavra. Isto é de gente que não sabe pensar a Língua. E se não sabepensar a Língua como pode exercer uma profissão em que a Língua é o seu mais precioso instrumento de trabalho? Isto já ultrapassa a ignorância que políticos ignorantes permitiram que se disseminasse por aí, ao imporem ilegalmente um acordo ortográfico engendrado por Antônio Houaiss e Malaca Casteleiro, com as mais obscuras intenções.
Este tipo de erros estão espalhados por toda a parte, nas televisões e nos jornais, revistas e publicações acordistas. E não há ninguém da classe intelectual, da classe docente, da classe política, da classe literária, da classe das letras, da Academia das Ciências de Lisboa que grite bem alto um BASTA a esta pouca vergonha?
Dizem-me: «ah! mas isto é uma gralha». Não, não é uma gralha. Uma gralha fica apenas uns segundos, vá lá, uns minutos online. Isto é ignorância, desleixo e nenhum brio profissional.
Seria um acto de inteligência genial, de um QI acima dos 140, que uma autoridade maior da República Portuguesa pusesse mãos a esta obra e extirpasse de uma vez este cancro chamado AO90, já com metástases espalhadas por todas as áreas do Saber, o qual está a matar a Língua Portuguesa.
Este é o momento de dizer BASTA!!!!!! Estamos com eleições à porta. Como estão a comportar-se os partidos políticos que se candidatam à corrida para o PODER, no que respeita a esta vergonha nacional? Não haverá ninguém, entre os que governam, com vergonha na cara? Com brio político? Com inteligência genial? Terão todos um QI abaixo de 90? Isto já ultrapassou a questão política. Isto já entrou no campo da falta de inteligência, da falta de bom senso, da falta de brio profissional, da falta de vergonha na cara.
Nunca Portugal esteve cotado tão por baixo como nos tempos que correm, que nem a sua Língua Materna uma boa fatia dos portugueses sabe escrever!!!! País tão cheio de analfabetos e semianalfabetos ao mais alto nível!!!!!
BASTA!!!!! Há que dizer BASTA! a esta vil subserviência a um País que maliciosamente usurpou a NOSSA Língua Portuguesa!
Se os governantes portugueses permitem tal abuso, nós NÃO permitimos.
Andam por aí avender gato por lebre, ao dizerem que o “português” registou o maior número de inscrições, batendo línguas como o Russo ou o Árabe, que integram o National Examinations in World Languages, conferindo créditos para acesso ao ensino superior nos EUA. E para chegarem aí chamam à Variante Brasileira do Português, Português, e depois a comunicação social portuguesa, sem o mínimo espírito crítico, diz que sim, e propaga a mentira, que muitos acham que é verdade, mas NÃO é.
Simplesmente, NÃO é.
Sabe-se que nos EUA existe uma colónia brasileira muito superior, em número, à colónia portuguesa. Daí que, seguindo uma política expansionista do vale tudo da Língua que se fala e escreve no Brasil, esta comunidade brasileira, que se apoia na muleta europeia, sem a qual não conseguiria impor-se, dá aulas do que denominam “português”, enganando, assim, os mais incautos. E a isto chama-se USURPAÇÃO de Património CVultural Imaterial alheio.
É preciso que se saiba o seguinte: a Língua oficial do Brasil denomina-se Portuguesa, unicamente por conveniência política. A língua, de facto, no Brasil, é a Brasileira, reconhecida por milhões de brasileiros, desde os tempos em que por lá andei a estudar. O Brasil jamais conseguirá singrar sem a sua MULETA europeia, daí continuar a fingir que existe um português do Brasil. NÃO há. O Português, que os Brasileiros herdaram [poderiam ter escolhido o Tupi-Guarani, depois da independência], foi completamente deslusitanizado, logo, já não é Português.
Além disso [mulher] tem outra coisa [para relembrar um marco da cultura musical brasileira (***)]: a deslusitanização foi de tal ordem que, no Brasil, e passo a citar: «Há alguns anos, o Ministério da Educação resolveu mudar os currículos e a metodologia do ensino da Língua Portuguesa. Até o nome da disciplina foi modificado oficialmente: saiu o Português dos programas e deu lugar à Comunicação e Expressão.» in “Destratando o Português” – capítulo do livro «A Brasilidade dos Portugueses», págs. 144/145, de A. Gomes da Costa [falecido presidente do Real Gabinete Português de Leitura], crónica escrita em 20/08/2001.
E isto é um facto, mais do que comprovado.
É de lamentar que tenhamos uns governantes que, sofrendo de um brutal complexo de inferioridade, optam pela ignorância, acreditando nas baboseiras que uma esquerda brasileira ignorante anda por aí a espalhar, e que uma comunicação social portuguesa, muito servilmente (ou deverei dizer rendida ao deus pataca?), anda por aí a dizer ÁMEN.
Isabel A. Ferreira
(***) A Cultura Brasileira é riquíssima, a Variante Brasileira do Português também é riquíssima. Haverá necessidade de andarem a USURPAR o Português, que pertence à Cultura Portuguesa, para se imporem ao mundo? Não havia necessidade alguma, apenas por uma secreta maldade o fazem . A cada Povo o que lhe pertence: a Portugal o que é de Portugal – o Português), e ao Brasil o que é do Brasil – a Variante Brasileira do Português.
***
Eis um comentário com uma súmula perfeita do que realmente se passa, em relação a esta questão da Língua.
Daí que o tenha apensado ao meu texto, para que chegue a mais pessoas, porque, nem todos os que lêem o texto, lêem os comentários, no que fazem muito mal, porque, por vezes, nos comentários está escondida muita verdade.
Muito obrigada pelo esta sua análise, que condiz perfeitamente com a mais pura realidade.
Quanto aos totós alegres, penso que eles estão quase todos na classe política, na classe docente e na classe jornalística, porque o Povo não pensa, pelo menos, não pensa no que é essencial, e porquê? Porque não o INFORMAM, nem o FORMAM.
No meu tempo de Jornalismo, no activo, o lema era INFORMAR, FORMANDO.
Hoje, é o que se vê: uma subserviência bacoca ao Poder também bacoco.
Aos brasileiros falta-lhes o conhecimento do que é Portugal e da sua cultura, boa ou má, mas portuguesa e, ao mesmo tempo, qual o contributo que Portugal deu ao Brasil para que hoje seja o império territorial que é, ou seja: metade do território de toda a América do Sul. A maioria desconhece a história do Brasil e não sabe falar Português porque os brasileiros estão independentes há duzentos anos e não ensinaram o Português aos seus cidadãos e no princípio do século XX não quiseram aceitar o estudo e a dinâmica linguística que Portugal imprimiu à sua própria língua. Basta ler Cândido de Figueiredo, membro da Academia de Lisboa e autor do dicionário de Língua Portuguesa de seu nome, para concluir que uma certa casta brasileira de iluminados não aceitava que Portugal desse orientações à sua própria língua e Portugal respeitou essa não aceitação. Agora, no último quartel do século XX, os brasileiros vendo no que se tinham metido, para ganhar tempo, propuseram a Portugal essa iluminada ideia de uniformização de ortografia mas com uma percentagem quase nula para eles e a grande percentagem de alteração para nós. Todos estes pormenores são quase desconhecidos da grande maioria dos portugueses. Portanto, há gato escondido com rabo de fora e a maioria dos portugueses são eufóricos com coisas pequenas e têm pouco jeito e rigor para analisar as coisas. Resultado: somos uns tótós alegres.
A finalidade deste “acordo” político é que uma das seis ex-colónias, sul-americanas, submeta a sua ex-potência colonizadora, europeia, e as demais ex-colónias africanas desta, a uma forma de neo-imperialismo cultural que se consubstancia na “adoção” ditatorial de uma “ortografia única”: a brasileira. [“post”Anatomia da Fraude]
Concatenando sequencialmente, como óbvias relações de causa e efeito, a invenção da CPLP, oEstatuto de “Igualdade” (2000), a imposição do AO90 (2011)e, por fim, oAcordo de Mo(r)bilidade (2021), ficam ainda mais claros os reais objectivos de toda a trama. Com a intensa, sistemática e longa campanha de desinformação — nesta se incluindo a paradoxal vitimização política dos beneficiados(1, 2, 3)e o silenciamento da oposição através do insulto e da ameaça (1, 2, 3, 4, 5) –, os últimos dados revelam já que pelo menos três desses objectivos foram atingidos: a substituição da Língua portuguesa pelo crioulo brasileiro, aaculturação selváticae o estabelecimento de umEstado brasileiro na Europa. [“post” “Igualdade” pela porta dos fundos”]
Doutor em educação, é professor, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL); presidente do Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro (Ciee/RJ)
Temos maisde 300 milhões de pessoas no mundoutilizando, como ferramenta de trabalho, a nossa queridalíngua portuguesa. A preocupação da Comissão de Lexicografia e Lexicologia da Academia Brasileira de Letras, hoje presidida pelo especialista Evanildo Bechara, tem sido a sua descomplicação. A esse empenho se juntam hoje o recém-eleito Ricardo Cavaliere e a competente imortal Ana Maria Machado.
São imprecisos os limites entre anorma cultae a linguagem popular. Ser moderno não é só adotar procedimentos de filmes, revistas, jornais e programas de televisão, como se faz em certas partes do Rio de Janeiro. Há um claro desejo de imitar o inglês, primeira língua de mais de 500 milhões de pessoas.
É claro que desejamos ampliar os laços que nos ligam à Comunidade dos Povos de LínguaPortuguesa (CPLP), como tem se referido continuamenteo presidenteLuizInácio Lula da Silva(PT). Sabe-se que só3% dos 350 mil verbetes registrados no Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa são escritos da mesma forma, o que merece uma ampla e contundenterevisão. Eis aí um maravilhoso pretexto para a ação decisiva danossa diplomacia, com o necessário trabalho em favor da sonhada unificação. O Itamaraty, numa nação que nem é tão rica assim, está empenhado em emprestar dinheiro aos povos necessitados. Não seria o caso de uma ação cultural mais expressiva?
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A modalidade da educação a distância (EAD), em grande expansão no mundo, pode ser um precioso instrumento de harmonização de procedimentos. Está na hora de somar esforços nesse sentido.
Quando vem à tona o nome do inesquecível Pelé,pensamos se não é um verbete que uniria as nações lusófonas. O Dicionário Michaelis saltou na frente. Sugerimos acompanhar a bela iniciativa.
Queremos nos deter um pouco mais sobre essa homenagem ao craque. Ouvi de um acadêmico que não concordava com a ideia, “pois com o tempo o nome de Pelé poderia ser esquecido”. Argumento furado, pois a história sempre ligará o nome do atleta doSantosaos títulos conquistados pelo Brasil com a sua ajuda e os gols inesquecíveis do “Rei do Futebol”.
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De toda maneira, este artigo está sendo feito em defesa da língua portuguesa e do seu futuro. A união lusófona é, politicamente, uma ideia altamente defensável e oportuna. A nossa diplomacia tem aí um belo campo de trabalho.
[Transcrição integral, conservando o brasileiro do autor brasileiro publicado num jornal brasileiro, incluindo as ligações internas do original. Inseri outros “links” (os de cor verde) a “posts” do Apartado, com extractos apensos. Imagem de topo: recorte do site “Talk2Travel“.]
a “posts” do Apartado, com extractos apensos. Imagem de topo: recorte do site “Talk2Travel“.]
Olá, Célia e Isabel! Concordo plenamente com a vossa colocação. Eu sou brasileiro, estudei em escola pública e atesto que a educação brasileira está muito aquém da portuguesa. Há até mesmo estrangeiros de outras nacionalidades se colocando como linguistas criando padrões para o Português falado no Brasil. Se nem os brasileiros em seu precário sistema de ensino conseguem dominar, imaginem estrangeiros de outras nacionalidades em solo brasileiro se colocando como letrados... Acho que isso já diz a que pés andam as equivalências educacionais... O "vitimismo" realmente impera. Vocês não imaginam os absurdos que algumas pessoas escrevem se houver uma simples fala que relacione a cor da pele ou questões sexuais. Eu aprecio e acordo com a vossa postura. Defendam tudo que preserve a cultura e as tradições do vosso povo. Infelizmente, Portugal está sobrecarregado de estrangeiros. Reconheço que há falta de mão de obra e a única forma de tapar essas lacunas é abrir as fronteiras para os imigrantes ( e os que tem vindo ultimamente, ao menos do Brasil, são da pior espécie), mas desenvolvam políticas públicas para preservar os traços linguísticos do vosso povo, ou muito em breve, o que hoje se conhece como o sotaque Português de Portugal vai ser conhecido apenas por relatos em livros de história. Um abraço do Alto Minho.
Um abraço de quem tem o Brasil como sua segunda Pátria, e tem a Cultura Brasileira no seu ADN.
E um ALERTA!!!!!!!
《(...) muito em breve, o que hoje se conhece como o sotaque Português de Portugal vai ser conhecido apenas por relatos em livros de história.》Diz o JPG que esta é uma frase assassina, sim, por isso, o Erick ALERTA para que Portugal desenvolva políticas públicas para preservar os traços linguísticos do NOSSO povo, OU, muito em breve, o que hoje se conhece no Brasil como o "sotaque Português de Portugal" vai ser conhecido apenas por relatos em livros de história.
E isto é uma verdade cruel. E se nada fizermos para SALVAR a NOSSA Língua, é isto que acontecerá, e é isto que eles pretendem: os de lá e os de cá.
CAPÍTULO I Disposição geral Artigo 1.º (Línguas oficiais)
1. As línguas chinesa e portuguesa são as línguas oficiais de Macau. 2. As línguas oficiais têm igual dignidade e são ambas meio de expressão válido de quaisquer actos jurídicos. 3. O disposto nos números anteriores não prejudica a liberdade de escolha, por cada indivíduo, da sua própria língua e o direito de a utilizar na sua esfera pessoal e familiar, bem como de a aprender e ensinar. 4. A Administração deve promover o ensino das línguas oficiais, bem como a sua correcta utilização.
Muito se tem falado da CPLB, sempre torcendo a realidade para dar a entender que aquilo serve para mais alguma coisa além de encobrir politicamente o expansionismo brasileirista, mas na verdade essa fictícia “comunidade” de homens de negócios e caciques sortidos jamais fez fosse o que fosse além daquilo que identifica os dois tipos de sócios, ou seja, negócios para alguns e caciquismo para os restantes.
A Comunidade dos Países de Língua Brasileira, essa espécie de entidade especializada em efabulações — cuja eficácia apenas pode ser comprovada por alucinada estimativa, isto é, especulando sobre o número de débeis mentais que tais patranhas engolem — mas apenas interessada em cumprir à risca o planode a)linguicídio, b)aculturaçãoe c)anexação,nunca mexeu uma palha que escapasse à “lógica” imediatista do lucro.
A Guiné Equatorial, um pequeno país de língua espanhola (Castelhano)governado pelo ditador Obiang, aderiu à confraria sem a menor dificuldade ou sequer um assomo de dignidade (e muito menos de indignação) por parte do28.º Estadoou da “metrópole” federal.
Timor-Leste, um Estado-membro “exótico” onde menos de 10% entendem, 5% falam e 1% escrevem Português, recebeu o PR tuga pelo 20.º aniversário da independência e o dito convidou os timorenses para “irem mais a Portugal” (ver/ouvirreportagem, a partir dos 3m26s). À excepção dos professores de Português (portugueses, eu próprio fui um deles) e dosbrasileiros que por lá já vão parando (a Austrália é logo ali), a CPL”P” não mete o bedelho na Terra do Sol Nascente.
Se o Brasil é o “gigante” que tantos pategos tugas admiram, então Angola e Moçambique são dois grandes matulões que os mesmos pategos menosprezam. Assinaram ambas as fantochadas, CPL”P” e #AO90, mas não participam de forma alguma em qualquer dos acordos inventados pelo Brasil com a conivência de alguns mercenários portugueses.Nem Angola nem Moçambique ratificaramou sequer dão sinais de pretenderem sujeitar-se à língua brasileira.
Por fim, Macau. Apesar de recentemente ter havido algumas incursões exploratórias, a armar à“difusão e expansão” da língua brasileira, Macau ainda conserva algum tipo de imunidade tanto ao vírus do enriquecimento súbito (e brutal) como em relação a febres demagógicas e hemorragias de palavras ocas. Trata-se de uma região autónoma comGoverno próprio, e ainda bem — no caso — que a China é um verdadeiro gigante ao pé do qual o Brasil (mais de seis vezes menor) terá de provar do seu próprio veneno supremacista. Resguarda-se assim Macau de contaminações, aquele belíssimo enclave, preservando em pleno viço o idioma de Camões.
Até quando se queixam de alguma coisa relacionada com a Língua Portuguesa, aos macaenses — honra lhes seja feita — apenas interessa resolver de imediato qualquer problema. Não fazem queixinhas a ninguém e nem lhes ocorre, decerto porque não são parvos, esperar que a CPLB vá lá impor-lhes a “língua universau”.
A este deputado Che Sai Wang não condecora o outro, o brasileirista-mor, o fulano dos “afetos”.
Criticada falta de meios e traduções tardias – Hoje Macau
Português | Criticada falta de meios e traduções tardias
Che Sai Wang considera que os órgãos executivo, legislativo e judicial são maus exemplos da utilização da língua portuguesa. O deputado recorda aos governantes que o idioma de Camões também é oficial e pede medidas face à sua desvalorização
Apesar de o português ser uma língua oficial do território, os órgãos executivo, legislativo e judicial caracterizam-se por constantes limitações na utilização do idioma. A crítica é feita pelo deputado Che Sai Wang, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), numa interpelação escrita em que pede medidas para contrariar esta tendência.
Uma das principais críticas de Che, tem a ver com o tempo que as autoridades demoram a fazer traduções do chinês para o português. E o deputado destaca o caso dos tribunais. “É necessário muito tempo para carregamento dos acórdãos dos diferentes tribunais no website. A publicação mais recente do Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base foi no dia 28 de Abril de 2022, e a publicação mais recente do Juízo Laboral foi no dia 21 de Janeiro de 2021. Não obstante a publicação mais recente do Juízo Criminal ter sido no dia 18 de Janeiro de 2023, a data da publicação anterior foi no dia 8 de Outubro de 2021, ou seja, registou-se um intervalo de dois anos”, apontou Che.
O Governo também não se livra de críticas, principalmente devido à suposta promoção da governação electrónica. Para Che é uma implementação a duas velocidades, em que a língua portuguesa é sempre descurada.
“O Governo não tem parado de realçar a necessidade de se continuar a promover o governo electrónico, mas a não divulgação atempada de informações impossibilita o respectivo acesso por parte do público, impedindo a implementação do governo electrónico e prejudicando o direito à informação dos residentes”, acusa.
Vamos lá “optimizar”
Num contexto em que a língua portuguesa está cada vez mais de marcha-atrás engatada, Che quer saber o que vai ser feito para “assegurar a utilização simultânea das duas línguas”. “De que medidas dispõe para o efeito?”, questiona. “O Governo deve ainda recrutar mais tradutores e actualizar, atempadamente, as informações em ambas as línguas, para evitar prejudicar os direitos e interesses dos residentes ao nível da respectiva consulta. Vai considerar fazê-lo?”, pergunta.
Ao mesmo tempo, Che WaiSang questiona o número de serviços do Governo com capacidade efectiva para cumprir as leis em vigor, no que diz respeito à utilização do português.
“Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º101/99/M, ‘[t]odos têm o direito de se dirigir numa das línguas oficiais, oralmente ou por escrito, a qualquer órgão da Administração, bem como às entidades concessionárias no exercício de poderes de autoridade, e a receber resposta na língua oficial da sua opção.’ Actualmente, quantos serviços públicos cumprem e põem em prática, com rigor, esta norma?”, interroga.
[Transcrição integral de artigo publicado no jornal “Macau Hoje de 02.03.23. Destaques meus. Imagem de topo de:semanário “Ponto Final”(também de Macau e também em Português)]
[Nota: não é mera coincidência o padrão da calçada portuguesa em Macau ser igual ao da imagem de cabeçalho do Apartado 53. Trata-se, evidentemente, de um traço cultural sui generis que se encontra em todos os países e territórios que foram outrora colónias portuguesas. Incluindo o Brasil.]
A expressão “português do Brasil” está de tal forma enraizada no imaginário de alguns portugueses e na estratégia política do Brasil que chega por vezes — tanto nos meios mais passivos, porque ignorantes, e são muitos, como nos círculos mais bajuladores e parolos, que são ainda mais — a passar por verdade incontestável. Nada de mais falso, evidentemente, e nem o matraquear constante de tão bizarro wishful thinking (ou tão estranha alucinação) de uns e de outros, analfabetos e deslumbrados, poderá jamais abalar a realidade: a Língua Portuguesa e o brasileiro são tão diferentes entre si como o Português e o Galego, por exemplo, mesmo dando de barato que a Língua Galega, ao contrário da brasileira, mantém intactas as estruturas gramaticais — nomeadamente a sintaxe — comuns a ambas as Línguas.
Para ilustração da similitude entre o Português e o Galego, o que exclui liminarmente dos termos de comparação a língua brasileira, serviria qualquer uma das milhares de gravações “made in” Galiza que se podem encontrar no Youtube. Servindo apenas de exemplo, por conseguinte, mas também porque versa um assunto relacionado com a colonização linguística, o vídeo seguinte ilustra perfeitamente a evidência: Português e Galego são efectivamente quase iguais, com regras comuns, inteligíveis e coerentes entre si.
Portanto, como mais uma vez se vê e comprova — aliás, caso alguma dúvida subsista, basta ir aSanxenxo, por exemplo,que é já ali,e falar seja com quem for –, entre o Português e o Galego existem muito menos diferenças do que entre o Português e o brasileiro. Repita-se: as duas línguas ibéricas partilham exactamente as mesmas regras gramaticais, ao passo que a ex-colónia sul-americana as demoliu; os brasileiros têm obviamente o direito de fazer o que entenderem com aquilo que aos brasileiros pertence, incluindo a língua cuja origem portuguesa tanta repugnância lhes causa.
Justificam-se assim os encómios devidos à “jornalista formada pela Universidade de São Paulo, especializada em Jornalismo Digital“, por ter ousado — ou terá sido por mera distracção, quem sabe — escrever e publicar, para variar, contrariando a pandemia de públicas mentiras e negócios privados, a verdade, toda a verdade e só a verdade: não fala português.
Pode até não ser exactamente um acto revolucionário, ao contrário do que escreveu Orwell, mas a verdade liberta (João 8:32) ou, pelo menos, não merece castigo.
Saudações, PT (BR)
Com uma expressãozinha pequena, revelo minha brasilidade e descubro, todo dia, que não falo o português.
Na escola brasileira, ao lado de clássicos nacionais, comoMachado de Assis, João Guimarães Rosa e Clarice Lispector, os alunos precisam ler obras de Eça de Queiroz, Agustina Bessa-LuíseJosé Saramago. Comigo não foi diferente. Naquela altura, aos tropeços de uma jovem leitora preocupada com exames, pouco me importava de que lado do Atlântico estava cada autor. Já me era suficiente saber as escolas literárias e os estilos de cada um.
Não me recordo de ter estranhado mais o vocabulário de um Eça do que de um Machado. Os textos de ambos eram maravilhosamente diferentes e belos aos meus olhos adolescentes. E talvez tenha nascido bem ali uma grande ignorância que ora confesso: sempre achei que a minha língua fosse o português. Desde o ano passado, porém, venho descobrindo que falo um português.
A minha conclusão é de uma obviedade acachapante para os portugueses, que cresceram a ouvir os brasileiros tomando liberdades com sua língua materna novela atrás de novela. Nunca imaginei que agradeceria a Manoel Carlos por ser tão bem percebida (vejam como estou a aprender, semgerúndio também). Viva o nosso softpower, que agora passa também poryoutubers e influenciadores digitaisque cruzam fronteiras.
No Brasil, especialmente em 1980 e 1990, porém, não tivemos a sorte de ter contato com produções culturais portuguesas que nos apresentassem as diferenças linguísticas e nos preparassem os ouvidos. No máximo, de vez em quanto, topávamos com algumsoftware que pedia para escolher: PT-PT ou PT-BR? Algo que eu fazia sem dar qualquer atenção.
Este é meu primeiro contato mais intenso com Portugal. Antes disso, só havia cá estado (ou estado aqui, se eu for seguir o meu português) uma vez, em 2018, para um evento quase todo em inglês. E não há um dia em que eu não descubra uma palavra ou expressão novas. Talvez eu não tenha reparado que Eça falava outro português porque, naquela época, não havia nem autocarrro/ônibus, nem telemóvel/celular.
Também tenho de lidar com a sensação diária de escrever e/ou falar “errado” – o que é particularmente incômodo para alguém que trabalha com a língua. Há regras diferentes para os porquês e, confesso, ainda me dói ver uma pergunta com “porque” juntinho.
Falando em juntinho, adoro a relação dos portugueses com o diminutivo. Há jantarinhos e até beijinhos que podem, ainda assim, ser grandes. Beijinhos esses que me causam alguma confusão quando enviados “para si”. No Brasil, esse pronome oblíquo só é usado de maneira reflexiva em referência à terceira pessoa. “Ele cuidava de si próprio” seria levemente pleonástico, por exemplo. Quando enviam “beijinhos para si”, logo penso num “autobeijo”, para só depois retribuir. E, com essa breve observação linguística, espero ter ajudado os portugueses a ler o olhar confuso que pode surgir em alguns brasileiros diante de uma situação tão gentil.
Mais curioso, porém, foi perceber que basta uma reles palavra ou expressão para descortinar minha origem toda.
– Tô!
– Alô?
A rigor, ao atender o telefone, queremos só testar se o canal está funcionando: tanto faz a palavra que se usa. Mas não deixa de me soar divertida a maneira portuguesa de cumprir essa função fática. Quando alguém diz “por favor” (não “faz favor”) e “imagine” (no lugar de “por nada”), também é quase como se apresentasse um passaporte brasileiro. Agora, com licença, que achei bem elegante essa forma PT-PT de dizer “tchau”, mas deixar entreaberta a porta da comunicação.
A autora escreve em português do Brasil. Jornalista formada pela Universidade de São Paulo, especializada em Jornalismo Digital
[Transcrição integral (incluindo “links” a azul e destaques a “bold”) de artigo, da autoria de Letícia Sorg, publicado pelo jornal “Público” em 6 de Fevereiro de 2023.Sendo a autora brasileira, esta transcrição não foicorrigida automaticamente.A expressão “português do Brasil” é da autoria do “Público”. Destaques e “links” a cor verde acrescentados por mim.]
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