E bota parvos nisso!!!
O AO90 é alvo de grande chacota, por ser a maior parvoíce jamais engendrada para servir de língua a um País.
Os que o pariram são alvo de grande chacota, por demonstrarem uma descomunal ignorância sobre a génese da Língua Portuguesa.
Quem o aplica é alvo de grande chacota, por vários motivos: subserviência, comodismo, desinformação…
Então por que o AO90 ainda não foi atirado ao caixote do lixo?
Que interesses obscuros estarão por detrás desta coisa parva?
Origem da imagem:
Todos conhecem o provérbio árabe: «Os cães ladram e a caravana passa…», e imaginamos uma caravana de beduínos montados em camelos a passar, indiferentes, aos latidos dos cães…
Quando alguém, como nós, defensores de uma causa justa, neste caso, defensores da Língua Portuguesa, na sua forma culta e europeia, incomoda os poderosos, os políticos, os governantes, e estes pretendem fazer ouvidos de mercador, atiram-nos este provérbio à cara, como se fosse uma pedra… Esquecendo-se de que por vezes, o que parece ser, não é, e com um pouco de habilidade vira-se o bico ao prego.
Existem pelo menos duas interpretações para este provérbio. Uma que desmerece o papel dos cães, e outra que os coloca nos píncaros.
Seguirei a versão de Millôr Fernandes (um desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista brasileiro) para dizer ao que venho.
Para Millôr, quem nos diz que os cães deste provérbio não são moralmente superiores aos indivíduos que seguem na caravana?
«Pois a caravana passa. Mas não de superioridade. Passa, correndo de medo! Bem que desejaria parar no oásis. Mas onde há cães, há homens. E são esses homens que a caravana teme. Pois, invertidos os papéis proverbiais, imediatamente descobrimos de quem é composta essa caravana de camelos», montados por malfeitores da Língua, vendilhões da Pátria, mercenários sem crédito, mercadores de lixo ortográfico, ditadores que arrastam pelo chão a Língua Portuguesa.
É por medo, e não por superioridade, que a caravana passa apressada, correndo, indiferente aos latidos dos cães. Passa disfarçada, «escondendo-se atrás das dunas, até sumir nos desvãos da História».
E os cães... somos nós, que pugnamos por uma Língua limpa do lixo ortográfico que esses mercadores nos querem impingir como mercadoria da melhor proveniência.
E, querem saber? Quanto a mim, prefiro ser cão a ladrar, do que ditador a (des)governar.
Porque destes cães rezará a História. Quanto aos ditadores, que arrastam a Língua pelo chão, serão atirados ao Caixote do Lixo da História, porque esse foi sempre o destino de todos os tiranos.
Isabel A. Ferreira
. Os cães ladram e a carava...