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‘sam-de-kid’, ou 100 maneiras de chamar burro a um asno
Brás Cubas|14/04/2025
Dizia-me certo velho frade de Santo Agostinho — homem de escassa cabeleira, mas longas latinadas, embora erudito — que a verdadeira ignorância nunca se apresenta sozinha, mas surge sempre com ar grave de sabedoria alheia, qual papagaio em toga. E como as moscas que invadem a casa, os cães que se aventuram pela Igreja e os burros que se embrenham na biblioteca, não pedem licença: mas zumbem, ladram e zurram como se tivessem caiado as paredes, cinzelado os turíbulos e redigido os códices.
Serve este célere intróito para declarar — com o espanto comedido de quem já viu um bispo tocar maracas numa homilia — que, mesmo sabendo disto, nem nos tempos em que me dava à metafísica da modorra e ao tédio da razão imaginei assistir ao dia em que um vate de microfone, de nome Sam the Kid (o qual, diga-se, soa a detergente juvenil ou a suplemento vitamínico para cérebros anémicos), se proclamaria legislador da língua portuguesa.
Ou, melhor dizendo, um sintactólatra — termo que aqui crio para designar o sujeito possuído por um fervor gramatical egocêntrico, crente de que a sintaxe se curva à sua própria batida.
Este cidadão da rima fácil, que julga que o génio se mede em decibéis e que a eloquência se alcança com boné de pala e pose de apóstolo suburbano, resolveu arrogar-se autoridade filológica — só porque encontrou, entre os becos da academia, um professor de Letras, um tal Marco Neves, que julga ser vanguarda dar aulas ao lado de um rapper, numa espécie de catedrático-da-bandalheira.
Pois veio agora Samuel Mira, o ortónimo do bardo do beat, com ufania digna de um Napoleão de capuz e sneakers, que tem o “direito” de forjicar a sua própria gramática. Disse — pasme-se, leitor já habituado ao circo — que não há mal algum em dizer facar, quando o verbo correcto é esfaquear; que se pode muito bem dizer altivismo, mesmo sabendo que se diz altivez — e fá-lo, presume-se, por um acto de resistência semântica, como quem grafita erros em paredes sintácticas —; e que até o já célebre há-des (esse grito de guerra dos ignorantes com convicção) deve ser aceite como legítimo, pois, segundo o novo cânone do desleixo militante, já é “tão usado, há tanto tempo, por tanta gente”, que já ganhou o direito consuetudinário à parvoíce instituída. Sim, “na boa”. Sim, porque neste novo regime linguístico — uma espécie de República Popular da Prosódia Desviante —, a frequência substitui a correcção, o erro reiterado passa por inovação, e a ignorância, desde que tatuada em rima e projectada por colunas com subwoofer, transforma-se em decreto.
E com ares de profeta suburbano, misto de seminarista da quebrada e condestável do calão, o Sam ainda avisa — entre trejeitos, poses e meneios coreográficos —: “Respeita a minha gramática”, com o tom ameaçador de quem saca de uma esfaca para te facar caso ouses questionar a vontade soberana do kid.
Trata-se, pois, não de uma revolução séria — dessas com tochas, tambores e tratados —, mas de uma rebelião gramatical de pantufas, conduzida por um gramaticida doméstico, um lexicofractário de rima solta, um seditionário da sintaxe armado de boné e ego ampliado por reverberação digital. Sam the Kid não ergue barricadas com livros, mas com podcasts; não cita Quintiliano, mas berra punchlines — com fúria e convicção — como quem confunde a ablativa latina com o abanar da cabeça.
Como profeta do erro consagrado, ergue-se aqui um Moisés do calão, abrindo o Mar Vermelho da ortografia com a tábua do “porque apetece-me”. Acredita ele piamente que o idioma é um plasma moldável, um slime linguístico onde se enfiam os dedos e se inventa, ao sabor do beat, uma nova morfologia: mais flexível que um pronome indefinido, mais líquida que uma preposição num copo de plástico. Ah, se Camões erguesse a cabeça! Tê-lo-íamos a duelar com rimas afiadas como lâminas. E se Vieira ainda soprasse no púlpito da lógica, havia de fulminar tal criatura com sete sermões e oito exorcismos.
Mas regressemos ao ponto: a língua, senhor Kid, não é uma coutada privada, nem um brinquedo de vaidades momentâneas. A língua é um corpo vivo, sim — mas vivo porque tem ossatura, nervos, coração e memória. E a sua vitalidade não provém de abastardar-se com “há-des” e “altivismos”, mas de se reinventar a partir do que é nobre, fecundo e belo. Só um néscio com pretensões a doutrinador popular é capaz de confundir plasticidade com palermice.
Ainda ousas perguntar quem é o dono da palavra, sugerindo que como pertence ao povo, és o seu representante – logo, tens carta branca. Pois escutai agora, em nome do mais finado e ressuscitado dos prosadores: a palavra, meu caro trovador de calão e beatbox, não tem dono, é certo — mas tem tutela. Está sob a guarda severa da razão, da tradição e do bom senso, esses velhos juristas do vernáculo que zelam pela dignidade da língua como um mordomo inglês vela por uma prataria centenária. Não se lhe chega de boné ao contrário, nem se lhe transmuta a ortografia como quem troca de sapatilhas — sob pena de a converteres, não em arte, mas em charada.
Queres ‘gramaticalizar’ o mundo à tua maneira? Muito bem — também o lunático na enfermaria desenha mapas novos da Terra com feijões e cotão, mas ninguém por isso lhe encomenda um atlas.
Dir-me-ás talvez que a língua é viva, que se reinventa, que floresce nas ruas como erva daninha. Concedo. Mas mesmo a erva daninha tem nome botânico e regras de poda. O latim deixou-nos raízes, declinações e ordem — não para nos tolher a alma, mas para nos evitar a vergonha de dizer “há-des” em pleno Senado da lógica.
Queres inventar palavras, substituir vocábulos existentes por gírias ocas, julgando que descobres a pólvora linguística? Pois te digo: a língua, como o amor, não precisa de novas posições a cada minuto para provar que é criativa. Às vezes basta declinar bem o verbo ‘respeitar’ — sobretudo quando se fala de palavras que vêm de Homero, de Camões ou de Vieira.
Queres ser dono da palavra? Merece antes ser servo dela, pois só quem a serve com rigor, com humildade e com leitura é que pode, um dia, quiçá, ser admitido à sua mesa — e talvez, só talvez, autorizado a pôr-lhe um novo talher.
Não queiras cair no ridículo de inventar vocábulos numa língua que possui mais de um milhão — sim, mais de um milhão! — de termos já cunhados, polidos, declinados e redimidos por séculos de uso, abuso e génio. Uma língua que foi cultivada por Camões, lavrada por Vieira, ordenada por Bluteau, enobrecida por Garrett, tresvariada por Pessoa e reinventada — quando necessário, e só quando necessário — por mestres que sabiam a diferença entre neologismo e narcisismo. Antes de presumires que falta à língua uma palavra, considera se não será a tua cabeça que tem vocábulos a mais e leitura a menos.
Contempla a elasticidade, plasticidade e riqueza desta língua de séculos, caro Samuel. Vede, por exemplo, para burro — esse monumento à teimosia encadernada —, consigo dizer-te noventa e nove, bem contados, vocábulos:
Não queiras tu, com diatribes linguísticas — meio freestyle, meio fricassé —, que o teu pseudónimo enriqueça, sob forma etimológica e fanhosa, a língua portuguesa. Porque se insistes muito, ainda verás, em futura edição do vocabulário, uma entrada assim grafada:
sam-de-kid, s. 2g. —Indivíduo compelido a paroxismos de jactância analfabeta, fenómeno linguístico em que, munido de rimas pobres e confiança desmedida, este se proclama guardião da língua enquanto a espanca em praça pública. Designa também o acto de misturar ignorância gramatical com convicção artística, quando se acredita que o solecismo, se berrado ao microfone, se transforma em estilo. Frequentemente associado a declarações de amor à língua portuguesa que envolvem a omissão do sujeito, a morte do predicado e um enterro do clíticocom beat de fundo.
E o verbete figurará entre “asinice” e “atrocidade”, como quem ocupa o lugar do meio numa ceia de equídeos. Tem dó, Samuel: não bastava à pobre mula já carregar sobre o lombo o peso da ignorância humana — agora arrisca suportar também o teu ego sem dicionário. Cuida de ti: e não te esforces em demasia, porque se insistes em revolver a gramática com as patas do capricho fonético, és capaz até de destronar o próprio burro, relegando-o a um simples quadrúpede sensato, ao pé da tua acéfala arrogância de bípede com manias de poeta e legislador. E então aí, burro passará a ser somente o centésimo sinónimo possível de sam-de-kid.
N.D.Correio Mercantil foi um periódico brasileiro do século XIX (1848-1868), onde o grande Machado de Assis deu os seus primeiros passos. O PÁGINA UM registou-o como marca nacional no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. O autor desta crónica, Brás Cubas, é obviamente um pseudónimo, constituindo não uma homenagem ao fidalgo e explorador portuense do século XVI, que fundou a vila brasileira de Santos, mas sim a Machado de Assis e ao personagem de um dos seus mais famosos romances. Tal não deve ser interpretado como sinal de menor rigor, independentemente do carácter jocoso, irónico ou, claro, sarcástico.
As imagens foram produzidas com recurso a inteligência artificial.
Este texto chegou-me via e-mail [não assino jornais que não saibam honrar a identidade linguística portuguesa], com o título OVÓMITO.
Depois de ler o que li, compreendi que O VÓMITO é o título perfeito para algo que não lembraria nem ao mais analfabeto dos analfabetos fazer, ou seja, escrever um chorrilho de ignorâncias sobre um dos maiores símbolos identitários dos Povos: as Línguas Maternas.
Por isso, dou-me a liberdade de pensar como a pessoa que me enviou O VÓMITO, ou seja, o que a Isabela Figueiredo escreveu foram palavras vomitadas, possivelmente a soldo de alguém muito influente que, por sua vez, estará a soldo de outro alguém, ainda mais influente, e que quer acabar de vez com a Língua Portuguesa. E esta é a única certeza.
É que de borla ninguém se atreveria a expor-se, assim tanto, ao ridículo!
Vou servir-me das palavras do jornalista brasileiro, Sérgio Vaz, adequando-as a esta inacreditável circunstância, para dizer que a autora do texto «Eu fazer, tu fazer, ele fazer», para quem, a Língua serve apenas para falar uns com os outros, e a escrita que se lixe, avacalhou a Língua Portuguesa e expô-la ao ridículo, desmoralizou-a, bagunçou-a, desordenou-a, sem ter a mínima noção do burlesco da coisa. Isto é de quem nunca estudou Línguas e nada sabe da formação das Línguas. O estudo do Português não é diferente do estudo do Inglês, do Francês, do Castelhano, enfim, de todas as Línguas Cultas do mundo.
A autora do texto tem toda a liberdade de escrever o que escreveu, mas tem de saber que ao dizer o que disse está sujeita a sofrer consequências, nada abonatórias ao Prémio Urbano Tavares Rodrigues que lhe foi atribuído. O mestre Urbano deve estar a dar voltas no seu túmulo!!!!
Já agora, eu também pagava para ver a cara que fariam as pessoas cultas, se este texto fosse traduzido para várias Línguas e corresse mundo. Portugal havia de ficar de rastos!
«As línguas e os sofás existem para se estragar»?
Será que a Isabela quis gozar com a Cultura Culta Linguística?
Isabel A. Ferreira
***
Eis O VÓMITO:
«OPINIÃO
Eu fazer, tu fazer, ele fazer
Isabela Figueiredo
Escritora, vencedora do Prémio Urbano Tavares Rodrigues [????????]
O último acordo ortográfico gerou indignação, mas parece que não se deu o Apocalipse. Continuamos a entender-nos
14 novembro 2024 22:57
Sejamos honestos: a língua portuguesa não é a mais bonita do mundo. Menos para mim. Com ela cresci e me fiz. Quero mergulhar na minha língua e escarafunchar nela. Não lhe dou descanso.
Afinal, após o último acordo ortográfico que tanta indignação gerou, parece que não se deu o Apocalipse. Continuamos a falar e a entender-nos por escrito, sem grandes dúvidas. São todas naturalmente eliminadas pelo contexto, como com qualquer palavra homónima. Para sabermos se o verbo acreditar significa crer ou credenciar precisamos de estabelecer uma relação de sentido com a frase na qual está inserido. “Acredito no Fernando” é diferente de “acredito o Fernando”, tal como “para já” depende do contexto oracional para exprimir “parar” ou se tratar da preposição “para”, como em “vou para lá”. Usar a língua com medo de a estragar é um erro evitável. As pessoas que compram um sofá de pele, mas nunca lhe retiram o plástico protetor, passam a sentar-se num sofá de plástico. As línguas e os sofás existem para se estragar. Estragar não é necessariamente mau. Se a língua é um organismo vivo, precisa de movimento. Fazer exercício, embora nos possa custar, revigora-nos.
Não podemos partir do ingénuo princípio de que a língua já nos chegou inteira vinda do princípio dos tempos. Em 1924 não se falava nem escrevia o português de hoje. Ousemos projetar-nos em 2124, que está quase aí. O verbo “tar”, devidamente consagrado na fala, estará já consolidado na escrita?
Somos todos donos da nossa língua materna. Usamo-la e modificamo-la diariamente. Proteger a língua de maus-tratos é uma tarefa inglória. Não se pode travar a corrente de um rio.
Quanto mais desconhecemos a forma como uma língua funciona, devido a total iliteracia ou a desconhecimento da gramática, mais ela se altera. Atentemos na forma como articulam as pessoas que não sabem ler e escrever. Replicam exercícios fonéticos. Dizem o que ouvem, como ouvem, o que multiplica novas versões lexicais. Recentemente conheci uma senhora alentejana que me disse chamar-se Catana. É um nome muito invulgar. “Nunca conheci ninguém com esse nome”, disse. Surgiu-me a suspeita de que poderia tratar-se de uma corruptela de Caetana. Pergunteilho. Confirmou. “Sim, é isso, mas toda a gente me chama Catana.” Não é impossível que lhe apareça uma neta Catana em sua honra.
Há lugares do Brasil onde a morfologia e sintaxe do português se alteraram de tal forma pelo uso que os verbos perderam a flexão em género e número e quase se conjugam como em inglês. Uma espécie de “to do, did, done”. No Brasil, a miríade de criações vocabulares e semânticas mostra uma floresta amazónica linguística cheia de cor, som, seiva e pequenos brilhos que se extinguem ou acendem.
As línguas e os sofás existem para se estragar. Estragar não é necessariamente mau. Se a língua é um organismo vivo, precisa de movimento. Fazer exercício, embora nos possa custar, revigora-nos []
As línguas não se alteram por mero decreto. Quando chega o decreto, já elas mudaram há meio século. A Lei de Lavoisier aplica-se à língua que nem ginjas. Nela, nada se perde, e mesmo o que se ganha transforma-se.
Colunistas de jornal e puristas da língua que ainda tomam antiácidos para sobreviver ao acordo ortográfico (AO) de 1990 insurgem-se contra pessoas como eu, que desonram o português escrevendo como querem. Com e sem AO. Uma misturada. Lembram os velhotes obcecados em contar sempre a mesma história. É importante para eles, mas já ninguém os ouve. Não será desprezível lembrar que o uso da língua reflete posições e ambições de poder que ninguém quer perder. A este propósito, há uma história que gosto de contar: há quase década e meia, data da entrada em vigor do AO, os meus alunos, que invariavelmente se esqueciam de usar as consoantes mudas em “redacção” e “epiléptico”, insurgiram-se quando elas caíram. Sobretudo os que davam mais erros. Como era possível que tivessem de deixar de usar uma regra que nunca cumpriram? Diverti-me com isto, em silêncio. Escrevia-lhes no quadro “redacção”. Pedia que lessem. Liam redação. Segundo passo: escrevia “redação”. Liam redação. Qual a diferença, perguntava. “Como reagem quando leem banda desenhada brasileira? Esta alteração prejudica a mensagem?” Silêncio.
Avento uma explicação: a aquisição das regras gráficas de uma língua confere um estatuto social e cultural. Quem escreve de acordo com as regras pertence automaticamente a uma elite bem escrevente, com os privilégios sociais que daí advêm. Nunca lho tinham dito, mas inconscientemente sabiam-no. Absorveram-no informalmente.
Claro que os brasileiros se riem dos nossos pruridos linguísticos. Os brasileiros e todos os africanos e timorenses que usam a língua, que é deles, como lhes serve melhor. Agrada-me que a língua portuguesa pareça uma grande manta de croché que vai crescendo com malhas e desenhos diferentes, partindo de uma mesma técnica.
Deem 100 anos à belíssima língua na qual escrevo estas palavras e voltem cá para a ler e ouvir. Não vão gostar, porque nós, por defeito, não gostamos de mudança. Quem sabe se não nos soará como uma página de Gil Vicente, ou Camões, ou Padre António Vieira? Talvez tenhamos de contratar um tradutor recentemente desencarnado lá no outro mundo.
«Quando sai uma reforma dessas, jogam-se no lixo todos os livros didácticos, para fabricar e vender tudo de novo. É uma reforma supérflua e inútil, provavelmente interesseira. Nunca vi ninguém fazer isso com o inglês, por exemplo, que é cheio de consoantes e vogais que ninguém pronuncia e nem por isso é preciso fazer reformas ortográficas periódicas.»
Walnice Nogueira Galvão, Escritora e crítica literária brasileira
«E, no ano em que comemoramos um dos raros génios nacionais, Camões, continuamos indiferentes aos estragos que a nossa língua teve com o Acordo Ortográfico, que, para além do enorme desastre diplomático, só continua em vigor por pura inércia. Essa inércia é o retrato do patriotismo das nossas elites políticas, que estão todas a reler Os Maias, quando perguntadas sobre o que estão a ler, e que vão agora durante um ano buscar à Wikipédia umas frases de Camões, para parecer que ainda lhes importa a língua que ajudam a matar na sua ortografia todos os dias.»
José Pacheco Pereira, Professor, cronista e político no jornal Público em 06-07-2024
«Se existisse em Portugal uma verdadeira e informada opinião pública, já há muito teria causado escândalo a forma como cada vez há mais pessoas a pronunciarem palavras que não pronunciavam antes, por influência da má ortografia, que assim gera uma má pronúncia. Supostamente, o malfadado Acordo Ortográfico teria como objectivo aproximar a escrita da pronúncia. Agora, o Mr. Hyde (a má ortografia) destrói a própria pronúncia. Efeitos perversos, de que ninguém fala, quase ninguém… E muito menos discute a sério.»
Helena Carvalhão Buescu, Professora catedrática e emérita da Universidade de Lisboa e escritora
No “Em Defesa da Ortografia LXXI”, chamámos a atenção para a afirmação de Pedro Correia, e de muitos outros, no programa “Prova Oral”, de que, hoje, sem recurso a ferramentas tecnológicas, ninguém sabe aplicar devidamente o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).
A propósito desta afirmação, leia-se o artigo de opinião de Clara Não, ilustradora, ativista(seja lá o que isso for) e autora, “O cúmulo da desumanização e objetificação das mulheres: o concurso da Miss AI”, publicado no jornal Expresso, em 2 de Julho do corrente ano.
A autora opta por escrever na nova ortografia e presenteia-nos, por ordem alfabética, com os seguintes termos: afetam, atuais, autoestima, auto-estima, cor-de-rosa, direcionadas, diretamente, efetiva, espetáculo, objetificação e refletir. Como se vê, Clara Não tem uma clara opção pela ortografia das palavras decepadas. Conviria, contudo, que alguém alertasse: Não, Clara Não, a senhora não utiliza a nova ortografia; utiliza uma terceira, uma mixórdia, que é uma mistura da ortografia de 1945 com enxertos da de 1990.
Continuando a pesquisa de aberrações que enxameiam e enxamearam a Comunicação Social, deparámos com:
1.“O Ministério Público no STJ interveio na sessão para pedir a absolvição da juíza, tendo a procuradora-geral adjunta Odete Oliveira dito que as declarações de Isabel Magalhães vieram confirmar a sua convição na inocência da arguida.” Jornal I, 02-04-2014.
“O líder da CGTP considerou que vai ser necessário um grande trabalho de discussão e de auscultação dos trabalhadores, mas manifestouconvição que o resultado será “uma grande greve geral no dia 27”. Jornal I, 04-06-2013.
“Paula Teixeira da Cruz manifestou ainda a convição de que Portugal vai terminar rapidamente o programa da “troika”, considerando que estão a ser dados passos no sentido da criação de uma “sociedade sustentada e sustentável”. Jornal I, 11-03-2014.
“Os protestos continuam hoje pedindo melhorias também nos setores de saúde e educação e exigindo o fim da corrução.” Jornal I, 20-6-2013.
O presidente ucraniano apelou esta sexta-feira aos países aliados para que ignorem as "linhas vermelhas" de Moscovo e permitam que Kiev utilize armas de longo alcance na Rússia. Volodymyr Zelensky participa pela primeira vez na reunião do grupo de contato dos aliados da Ucrânia em Ramstein, uma base área dos EUA na Alemanha. RTP, 06-09-2024.
“Segundo apurou o JN, depois de diversos contatos telefónicos a que António Afonso não respondeu, cerca das 22 horas, familiares dirigiram-se à habitação e encontraram o antigo autarca sem vida.” JN, 07-09-2024.
Como vê, caro leitor, nos sítios do costume, mora a ortografia do costume. Quase ninguém fala, não é?
Ah, parece que andam aí uns telescópios modernos…
Ah, o JN precisa de mais umas horitas para aplicar as regras da hifenização.
Ah, o Record também tem, recorrentemente, como na locução ponta-de-lança, umas saudáveis recaídas…
João Esperança Barroca
(Nota: este telescópio é para uso auditivo. Não esquecer.)
Este ano Portugal celebra os 50 anos do 25 de Abril que nos trouxe a democracia. Tendo em conta que uma das bases e suportes da democracia é a capacidade de nos ouvirmos uns aos outros, agradecia que considerassem a minha reflexão sobre o nosso país, expressa no texto que junto envio.
Com os meus cumprimentos,
Maria José Abranches Gonçalves dos Santos
Professora (reformada)
Residente em Lagos"
No ano em que celebramos o cinquentenário do 25 de Abril, que libertou o país da ditadura e nos trouxe a democracia, os partidos políticos, assim como os media, que lhes dão visibilidade, não podem, mais uma vez, por prepotência, cobardia ou ignorância, silenciar a questão da imposição política a Portugal do Acordo Ortográfico de 1990.
Cidadã portuguesa - professora de Português, em Paris e em Lagos, agora reformada - consciente da minha responsabilidade, dos meus deveres e dos meus direitos, num país democrático, permito-me chamar a vossa atenção para a imperiosa necessidade de zelarmos pela defesa da nossa língua, actualmente gravemente fragilizada e em risco, pela imposição política antidemocrática do Acordo Ortográfico de 1990, a Portugal.
O desinteresse do nosso país pela nossa língua, suporte essencial da nossa identidade e da nossa cultura, é algo que vem de longe e é totalmente incompreensível. Recordemos alguns aspectos do mesmo: a Academia das Ciências de Lisboa, fundada a 24 de Dezembro de 1779, levou 222 anos para publicar o seu primeiro e único dicionário (2001), agora com uma versão na 'net'; compare-se com a Real Academia Española, de 1713, que publicou, em Outubro de 2014, a 23.ª edição do seu dicionário! E, além da falta de investimento no estudo da língua, inclusivamente no nosso sistema de ensino, convém também lembrar o esquecimento e o desrespeito a que são votados os nossos emigrantes - imagem fora de portas da nossa língua e cultura - o que Carlos Reis justifica, por isso ter pouco a ver com a 'internacionalização' da língua portuguesa!...
A política de língua nacional tem-se sobretudo empenhado em fazer Acordos ortográficos com o Brasil, que desde 1907 decidiu - e está no seu direito - escrever a sua língua de forma própria.
Estamos em 2024, um ano particularmente assinalável no desenrolar da História nacional. Evoquemos três datas essenciais e recordemos o modo como o poder político as tem tratado:
1 - 500 anos do nascimento de Camões
«Este país te mata lentamente»
("Camões e a Tença", Sophia de M. B. A.)
Num artigo do "Público" de 20 de Dezembro de 2023, intitulado «Programa das comemorações dos 500 anos de Camões em 2024 está por fazer», podemos ler:
«Resolução em Conselho de Ministros que há dois anos e meio determinou realização das comemorações estabelecia criação de estruturas que ainda não existem, diz comissária nomeada para fazer o programa.
(...) Nada existe além do anúncio da intenção do Governo de comemorar este feito, disse à agência Lusa a catedrática Rita Marnoto, comissária designada para preparar o programa das comemorações, em coordenação com as estruturas previstas. (...)»
A propósito deste 'esquecimento' nacional, recordo Jorge de Sena:
«Se me centrei em Camões, numa das minhas direcções, é porque o admiro tremendamente, tenho pena de que tão grande poeta tenha nascido português e para pasto de raça tão ordinarizada, e porque, sendo o maior e o eixo da nossa literatura, é em relação a ele que tudo tem de ser feito.» (Carta a Eduardo Lourenço, 13 de Janeiro de1968, in "Eduardo Lourenço - Correspondência - Jorge de Sena", ed. Gradiva)
«Ignorar ou renegar Camões não é só renegar o Portugal a que pertencemos, tal como ele foi, gostemos ou não da história dele. É renegarmos a nossa mesma humanidade na mais alta e pura expressão que ela alguma vez assumiu. É esquecermos que Portugal, como Camões, é a vida pelo mundo em pedaços repartida.» ("Discurso da Guarda", Paris, 3 de Junho de 1977, in "Jorge de Sena, Rever Portugal - Textos Políticos e Afins, ed. Guimarães)
Ouçamos ainda Vasco Graça Moura: «As questões da identidade começam por estar relacionadas com a língua materna e esta deve a Camões a sua dimensão moderna. (...) A língua de Camões está irreconhecível. Se ele voltasse ao mundo, decerto pensaria em rasgar a sua obra. Deixámos de ser dignos dela.» (in "A língua de Camões?"- "Público", 09 de Junho de 2010)
2 - 50 anos do 25 de Abril
«Ou poderemos Abril ter perdido
O dia inicial inteiro e limpo
Que habitou nosso tempo mais concreto?»
(Sophia de M. B. A.)
A imposição política do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) a Portugal é um verdadeiro atentado contra a democracia que nos trouxe o 25 de Abril de 1974. Todo o processo político que conduziu à sua implementação no nosso país é antidemocrático.
Começo por dar a palavra a Vítor Aguiar e Silva:
"A língua, na sua existência profunda e multissecular, vive antes de nós e sobrevive depois de nós, não podendo ser objecto, no seu corpo e no seu espírito, de alterações ocasionais e circunstancialmente políticas, que desfiguram a sua «lei secreta», ou seja, o «seu génio», como aconteceu com o aberrativo «acordo ortográfico» que constitui um inominável crime imposto politicamente à língua portuguesa.» (in"Diário do Minho", 06/01/2019)
Convém recordar que a língua de Portugal - país independente desde 1143, Tratado de Zamora - que aqui nasceu, cresceu e se formou, é falada e escrita há séculos, em todo o território nacional. "A individualidade da língua portuguesa começou a desenhar-se no domínio do léxico e pode remeter-se para uma data próxima do século VI. (...) Os dois primeiros textos escritos em português - a «Notícia de Torto» e o «Testamento» de D. Afonso II - datam de 1214-1216." (Maria Helena Mira Mateus). Em 1296, no reinado de D. Dinis (1279-1325), esta língua foi adoptada pela chancelaria régia.
Quanto ao Brasil, onde chegámos em 1500, país gigantesco e de diversa população, no século XVIII, em 1758, a língua portuguesa tornou-se língua oficial, por imposição do Marquês de Pombal, em detrimento da 'língua geral', anteriormente forjada para os contactos com a população local. Actualmente, no Brasil, além da língua portuguesa, oficial, haverá mais de 210 idiomas, uns indígenas e outros falados por várias comunidades de imigrantes.
Pessoalmente sou contra o AO90 desde que o conheci, aquando da sua publicação no Diário da República. Desde 2008, tenho lutado contra este crime de lesa-pátria, por todos os meios ao meu alcance - textos publicados, contributos enviados para os grupos de trabalho sobre o AO90 da Assembleia da República, contactos diversos por correspondência, recolha de centenas de assinaturas para a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o AO90, entregue na Assembleia da República (https://ilcao.com/ ), com 22.047 assinaturas, e que a Assembleia da República ostensivamente ignorou, etc.... Aliás, logo no início, em 2008, escrevi à Associação de Professores de Português (APP), e à FENPROF (sindicato dos Professores), insistindo na necessidade de promoverem o debate sobre o AO90, no sistema de Ensino... Não fizeram nada! Aceitaram a imposição do mesmo no ensino, esquecendo o esforço que, nas últimas décadas, tinha sido feito para combater o analfabetismo nacional...
Quando ainda estava a trabalhar, fui a Portimão ouvir Malaca Casteleiro, grande responsável pelo AO90, que defendia o dito, insistindo na vantagem da simplificação da aprendizagem da ortografia pelas criancinhas! Perguntei-lhe publicamente se as crianças portuguesas tinham algum atraso mental, visto que as crianças francesas, inglesas, italianas, alemãs, espanholas, etc., conseguiam aprender ortografias muito mais complexas do que a nossa!
Há muito que me preocupa esta espécie de - já antigo - desprezo pela língua de Portugal, assumido pela política, e também pela 'elite', nacional. O esforço feito, há décadas, para combater o nosso vergonhoso e tradicional analfabetismo está agora a ser substituído pela promoção do novo analfabetismo! Proliferam os disparates, inclusivamente nas legendas dos canais televisivos. E o corrector ortográfico ajuda fortemente...
Um dos argumentos dos defensores do AO90 é que seria difícil agora pô-lo em causa, uma vez que desde 2011 começou a ser ensinado aos mais jovens! Pasme-se: e não se preocuparam quando forçaram a sua imposição ao país e à população que, desde 1946, ortografava a nossa língua segundo o Acordo entre Portugal e Brasil (1945), que o nosso país respeitou e o Brasil rejeitou!
Quanto ao argumento de que 'as línguas evoluem', brandido pelos defensores do AO90, neste contexto linguisticamente indefensável, convém reflectir sobre os seguintes aspectos:
1.º as línguas evoluem naturalmente e não em função da imposição política de um qualquer decreto;
2.º a evolução verificada numa língua poderá exigir uma 'reforma' ortográfica, tendo em conta as características dessa língua, e não um 'acordo' ortográfico entre variantes da língua que evoluíram visível e audivelmente de maneira diferente, como é bem notório no caso da norma portuguesa e brasileira da língua portuguesa;
3.º as diferenças entre estas duas normas, no que toca a todos os aspectos da língua - vocabulário, morfologia, sintaxe, fonética - não podem ser escamoteadas com uma pretensa 'uniformização' ortográfica, via AO90 que, aliás, propõe inúmeras duplas grafias, facultatividades, numa negação aberrante do próprio conceito de ortografia;
4.º no AO90 ("Anexo II - Nota explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa") refere-se que o Brasil não respeitou o Acordo de 1945, porque seria obrigado a repor as "chamadas consoantes mudas"- que entretanto tinha já eliminado, por conta própria - e a aceitar a acentuação gráfica de Portugal, com acento agudo em vez de circunflexo, em palavras como António/Antônio; em consequência, aí se conclui também que "não é possível unificar por via administrativa divergências que assentam em claras diferenças de pronúncia, um dos critérios, aliás, em que se baseia o sistema ortográfico da língua portuguesa";
5.º Assim, justificando a recusa do Acordo de 1945 pelo Brasil, com as "diferenças de pronúncia", o AO90 impõe a Portugal a supressão das "consoantes não articuladas" (Base IV), já adoptada pelo Brasil, num total desrespeito pela referência etimológica (o que apaga a história da nossa língua e nos afasta das outras línguas europeias), e pela pronúncia portuguesa, em que a manutenção dessas consoantes preserva a abertura das vogais pretónicas, em Portugal ensurdecidas, e mantém a unidade da grafia entre palavras da mesma família; ex.: óptimo/ optimismo; directo/direcção; adoptar/adopção; recepção/recepcionista; espectáculo/espectacular; lectivo/leccionar; colecção/ colectivo/ coleccionar, etc. Aliás, podem constatar-se já as alterações na pronúncia portuguesa que esta supressão das consoantes mudas está a provocar...
6.º No essencial, o AO90, que segundo o próprio texto "constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional", impõe a Portugal as opções brasileiras: supressão das consoantes ditas mudas, assim como do hífen, nas formas monossilábicas do verbo 'haver' seguidas da preposição 'de' (ex.: há-de); supressão 'facultativa' do acento agudo nos verbos em -ar, no pretérito perfeito simples (ex.: cantámos) e do acento circunflexo no verbo 'dar', no presente do conjuntivo (dêmos), suprime-se ainda o acento circunflexo, nas formas verbais como leem, veem, deem, etc....
Convém não esquecer que a norma portuguesa, e a sua ortografia consolidada, (norma euro-afro-asiática) constituía a referência linguística da língua portuguesa considerada por Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Goa, Timor, Macau, fruto da expansão planetária que a nossa História outorgou à nossa língua.
Quanto ao referido "prestígio", talvez a língua do Brasil esteja a usufruir dele, mas não a nossa língua, de dia para dia mais desfigurada, menosprezada, ridicularizada, e repetidamente mal pronunciada e mal escrita.
3 - 10 de Março - Eleições legislativas
«É em função de um conhecimento do essencial, daquilo que não podemos abandonar sem mutilação próxima e futura, que as escolhas decisivas para o nosso destino devem ser feitas.»
(in "O Labirinto da Saudade", Eduardo Lourenço)
Todos nós, cidadãos portugueses, em idade de votar, sendo Portugal um país democrático, somos chamados a participar nestas eleições legislativas. Entre os múltiplos aspectos da vida nacional a considerar, a imposição política ilegítima do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) ao nosso país tem obrigatoriamente de ser posta em causa e discutida publicamente, contrariamente ao que tem sucedido nas inúmeras eleições anteriores, desde 1990!
Ainda não vi abordar esta questão, nem pelos políticos, nem pelos jornalistas, nos vários debates que a televisão nos tem proposto, numa atitude que só confirma a fragilidade da nossa democracia, assim como a cegueira e a ignorância nacionais, fruto do tradicional analfabetismo!
Talvez valha a pena reler - ou ler - os textos essenciais (ver abaixo) para o desenrolar de todo este processo, a começar pelo próprio Acordo: 1. Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 - "Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa"; e também pela "Rectificação" (2.) de que foi objecto (pequeno parêntese: a Assembleia da República não se tinha apercebido de que o texto do AO90 já estava escrito com o dito, e não na correcta ortografia da nossa língua!...).
Recordemos também atitudes e decisões de responsáveis políticos que conduziram a língua de Portugal à indigna situação em que agora se encontra.
Começo por esta extraordinária declaração de Cavaco Silva, então Presidente da República Portuguesa, na Feira do Livro em Díli, a 22.05.2012: «Quando fui ao Brasil em 2008, face à pressão que então se fazia sentir no Brasil, o Governo português disse-me que podia e devia anunciar a ratificação do Acordo, o que fiz.» (in "Público")
O Governo à época era socialista, sendo José Sócrates o Primeiro-Ministro. Dessa época data a - "3. Resolução da Assembleia da República n.º 35/2008 (que aprova o Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico)", "Protocolo" que determinou que a ratificação do Acordo por três países (da CPLP) bastava para a sua entrada em vigor!
É também do mesmo Governo a "4. Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011", que decidiu a aplicação do AO90 no sistema de ensino e na administração pública.
Entretanto o Governo socialista caiu e o Governo seguinte, com Passos Coelho, Paulo Portas e Nuno Crato, decidiu aplicar submissamente, e sem discussão, as decisões do governo anterior. Seguiram-se dois governos socialistas, sendo António Costa Primeiro-Ministro, e tendo no primeiro a participação do BE e do PCP: o tabu manteve-se e o AO90 continua, sem discussão, a generalizar-se e a caricaturar a nossa língua!
A terminar, dou a palavra a António Emiliano:
«Falar da ortografia portuguesa, um bem que levou 700 anos a estabilizar-se, como se fosse coisa pouca (a estabilização da nossa fronteira política continental levou cerca de 100 anos), e falar de uma mudança ortográfica como uma simples alteração cosmética do sistema linguístico padronizado de uma nação multissecular dotada de um património literário e textual imenso, é simplesmente não se saber do que se está a falar.» (in "O primado da escrita")
«O calibre dos erros e deficiências encontrados no texto do Acordo Ortográfico e da Nota Explicativa, bem como a falta de sustentabilidade razoada de várias das suas disposições - constituindo um todo que, em vez de ser apresentado de forma inatacável, como se esperaria, é passível da crítica negativa que desenvolvi, e virá afinal a ter consequências 'disortográficas' - levam-me a concluir que esta reforma causará "lesões" irreparáveis na língua portuguesa no plano da escrita, da oralidade, do ensino e do progresso científico.
Por atentar contra a estabilidade do ensino, a valorização da língua e a integridade do seu uso, valores que a Constituição consagra e protege, entendo que esta reforma não serve o interesse de Portugal e deve, em consequência, ser impugnada e rejeitada.
Lisboa, 30 de Maio de 2008»
(in "Uma reforma ortográfica inexplicável: comentário razoado dos fundamentos técnicos do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) - (Parecer) - EXCERTOS - António Emiliano, Universidade Nova de Lisboa)
N.B.:Para aceder aos textos fundamentais:
Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 - "Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa":
Este é o APELO de um Grupo Cívico de Cidadãos Portugueses Pensantes, descontentes com os atropelos à Constituição da República Portuguesa, no que à Língua Materna dos Portugueses – a Língua Portuguesa – diz respeito.
O APELO foi redigido por um Jurista, que presta apoio a este Grupo Cívico.
Dirigimo-nos a Vossa Excelência apelando à Sua intervenção no sentido da defesa da Língua Portuguesa, tal como esta nos surge definida no n.º 3, do artigo 11.º da Constituição da República Portuguesa.
Permita-nos, Vossa Excelência, o exercício do nosso dever cívico e obrigação de invocarmos a Lei Fundamental, designadamente no que tange aos deveres e obrigações que dela decorrem para todos os agentes do Estado, e, em especial, para o Presidente da República, enquanto primeiro e máximo representante do Estado. Estado a quem cabe, nos termos da alínea f) do artigo 9.º também da Constituição da República Portuguesa “[a]ssegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da Língua Portuguesa”.
Bem sabemos, Excelência, que, nos últimos anos, em concreto desde que o Estado impôs aos portugueses a aplicação de uma grafia que consideramos inconstitucional, tais deveres não têm sido cumpridos.
Esta não é uma questão de somenos importância. É um imperativo de cidadania. É um dever que nos é imposto pela Constituição da República Portuguesa. Trata-se, na verdade, da defesa do nosso Património Linguístico – a Língua Portuguesa – da nossa Cultura e da nossa História, os quais estão a ser vilmente desprezados.
Apelamos a Vossa Excelência que, nos termos consagrados na Constituição da República Portuguesa e no uso dos poderes conferidos ao Presidente da República, diligencie uma efectiva promoção, defesa, valorização e difusão da Língua Portuguesa.
Apelamos a Vossa Excelência que defenda activa e intransigentemente uma Língua que conta 800 anos de História.
Apelamos a Vossa Excelência que contrarie a imposição aos Portugueses da Variante Brasileira do Português, composta por um léxico que traduz acentuadas diferenças fonológicas, morfológicas, sintácticas, semânticas e ortográficas, e essencialmente baseado no Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943.
Apelamos-lhe, Senhor Presidente da República, que proporcione às nossas crianças a possibilidade de escreverem conforme a grafia da sua Língua Materna – aquela que foi também a Língua Materna de Gil Vicente, Camões, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Fernando Pessoa, Fernando Campos, Luís Rosas, Altino do Tojal, Luísa Dacosta, Fernando Dacosta, José Saramago e tantos, tantos outros, cujas obras estão a ser acordizadas, num manifesto insulto à Cultura Culta Literária Portuguesa – ao invés de numa grafia desestruturada, incoerente e desenraizada das restantes Línguas europeias, as quais também estão a aprender (Inglês, Castelhano, Francês).
Apelamos a Vossa Excelência, ao Presidente da República Portuguesa, mas também ao académico e cidadão Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que deixe à posteridade, como SEU legado, a reposição da Língua Portuguesa, a nossa Língua, aquela que fixa o Pensamento de um Povo, escrita e falada escorreitamente, com elegância visual, com beleza, com estilo, seguindo o exemplo dos nossos Grandes Clássicos, antigos e modernos, atrás já referidos, para que a nossa Língua, a nossa Cultura e a nossa História, de quase nove séculos, não se percam nas brumas do tempo.
Apelamos, em suma, a Vossa Excelência, que seja reconhecido e revertido o gravíssimo erro cometido e por via do qual o Estado Português adoptou o Acordo Ortográfico, anulando-o, e restituindo a Portugal e aos Portugueses a sua Língua.
Com os nossos melhores cumprimentos
(Nomes dos subscritores)
***
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Porque Língua Portuguesa só há UMA. Nem a verdadeira, nem a falsa. Somente a Língua Portuguesa. A única, e poderá estar em extinção, não, daqui a décadas, mas já amanhã, se se continuar a assobiar para o lado.
Preservá-la é uma tarefa de todos, não pode ser apenas tarefa de alguns.
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Regozijo-me com o facto de o Ministro da Educação ter evidenciado o caos que os alunos, e também os professores, sentem no ensino do Português. Preocupá-lo-á, tal situação?
Maria do Carmo Vieira
Lá vem a “Velho do Restelo”, dirão alguns leitores. Por sinal velha e também do Restelo, desde longa data, para além de fiel leitora do poeta, criador da venerável figura.
Referir Luís de Camões implica forçosamente falar da Língua Portuguesa, com o mal-estar que ressalta de ser ostensivamente tão mal-amada por “gente surda e endurecida” que se pavoneia pelo Poder e outros lugares. Confirma-o o privilégio dado ao texto utilitário em detrimento do literário, de que é exemplo o estudo do poeta, lírico e épico. O Ministro da Educação devia saber que um aluno que saiba ler e interpretar textos literários não terá qualquer problema em ler e em interpretar textos pragmáticos. O contrário é que será impossível.
Não surpreende também que Luís de Camões fosse depreciativamente usado como argumento estapafúrdio por quem negociou e ajudou a implementar o Acordo Ortográfico (AO) à revelia de todos os pareceres solicitados, e nunca é demais referir este gesto impostor que teima em repetir-se. Apregoou-se: “A língua evolui. Já não se escreve ou fala como no tempo de Camões”. Tal desorientação só pode suscitar uma gargalhada. No mesmo sentido, parafraseio o que afirmou um político de referência, ao defender o AO e confundindo ortografia com léxico: dantes também não existia “bué” no vocabulário português e agora é comummente usado! Só faltou inventar que “bué” fora resultado de um decreto, o que efectivamente aconteceu com o AO.
Num folheto turístico francês, actual, sobre o “Arco do Triunfo” e “O Soldado Desconhecido”, traduzido, como se indica, em “Português” (a bandeira confirma-o), leio que Napoleão, na noite da batalha de Austerlitz, disse aos seus soldados: […] Soldados, estou satisfeito com vocês […] Eu vou levar vocês de volta à França; lá, vocês receberão as minhas mais sinceras solicitudes […]”. Surgem depois as guerras napoleônicas e ainda a cerimônia da chegada do Soldado ou o planejamento final da praça. Alunos do 4.º ano, perante o exemplo, souberam dizer-me como deveria ficar: “satisfeito convosco”, “vou levar-vos”, “lá, receberão”, substituindo também os acentos circunflexos.
Aceito que o Brasil defenda a designação de “língua brasileira”. Que assim seja, mas libertem-nos do sufoco que é aceitar como “português” a tradução transcrita. Também à conta do AO, e pesquisando no Google, onde anteriormente aparecia a opção “português de Portugal”, temos agora a opção “pesquisar páginas em português” e daí o aparecimento de inúmeros resultados de busca terminados em com.br, antes dos sites portugueses, o que não é de admirar pelo facto de os brasileiros serem perto de 200 milhões, número que, numa óptica colonialista, serviu de argumento, descarado e absurdo, para a implementação do AO.
No livro de “Estudo do Meio” (4.º ano), a propósito de Actividades Económicas, a minha neta leu: “setor primário”, fechando a vogal inicial para logo de seguida dizer, gozando: “Setor? Então é um professor?”. Aproveitei para pôr o “c” que faltava, e que abre o som da vogal, explicando-lhe que é o correcto. Na verdade, o AO definiu a dupla grafia: setor para o Brasil, sector para Portugal, mas muitos, na habitual bajulação ou indiferença, teimam no “setor” e afins. Mas não confessou também o Primeiro-Ministro, perante o presidente Lula da Silva, e, implicando-nos, que “Temos pena de não falarmos com o vosso sotaque.” (sic)?
A demonstrar ainda quanto este AO veio confundir e equivocar, prejudicando o ensino do Português, eis como reagiu uma aluna do 1.º ciclo, perante uma actividade intitulada “Para para ler”: instintivamente colocou um acento agudo no verbo parar, pensando que a professora se enganara, vindo depois a saber que a professora o fizera porque era obrigada a cumprir o AO. Como esta professora, milhares de colegas.
Sabendo que o professor João Costa, na preparação da sua demagógica intervenção, na AR, se entreteve a contar o número de vezes que Joana Mortágua dissera “professores”, referindo apenas 1 vez “alunos”, regozijo-me com o facto de ter evidenciado o caos que os alunos, e também os professores, sentem no ensino do Português. Preocupá-lo-á a situação, senhor Ministro?
Lamentavelmente, nem Luís de Camões nem a Língua Portuguesa são privilegiados por quem de direito; no entanto, estão presentes em muitos discursos oficiais que se caracterizam pelo vazio e pela hipocrisia, com destaque para o 10 de Junho. E a terminar, um extracto de um texto de Vasco Graça Moura que em boa hora me foi enviado por uma colega e amiga, de Lagos: “(...) o que parece preocupante é o facto de cada vez menos haver em Portugal qualquer espécie de interesse por Camões e por aquilo que ele representa. O nome do autor de Os Lusíadas tende a ser apenas a marca distintiva de um feriado, ambíguo luxo nos tempos que correm, e pouco mais. As questões da identidade começam por estar relacionadas com a língua materna e esta deve a Camões a sua dimensão moderna. Mas estão à vista as consequências que, para a identidade, decorrem do actual estado de coisas: a língua materna está cada vez mais deteriorada (…). Nem sabemos pronunciá-la, nem sabemos escrevê-la ou falá-la com um mínimo de correcção. E nem vale a pena falar da situação catastrófica que virá a ser gerada pelo Acordo Ortográfico se este algum dia se aplicar (...). Vivemos numa época de apoucamento da língua, de empobrecimento do vocabulário, de aviltamento de todas as regras de gramática. (…) Vêmo-la subordinar-se servilmente ao facilitismo e à tecnologia, quando devia contribuir para uma estabilização dos seus paradigmas próprios, procurando equilíbrios permanentes com as tendências que são sinal dos tempos. (...) A língua de Camões está irreconhecível. Se ele voltasse ao mundo, decerto pensaria em rasgar a sua obra. Deixámos de ser dignos dela.” (In DN de 09.06.2010 - "A língua de Camões?")
Este é o APELO de um Grupo Cívico de Cidadãos Portugueses Pensantes, descontentes com os atropelos à Constituição da República Portuguesa, por parte do Senhor Presidente da República Portuguesa, no que à Língua Portuguesa diz respeito.
[Actualização do número de subscritores em 25 de Maio de 2023: 268]
[Actualização do número de subscritores em 05 de Janeiro de 2024: 296]
O exército, abaixo declarado, pode parecer um pequeno exército, aos olhos de quem só olha e não vê, porém, a História diz-nos que, por vezes, pequenos exércitos ganham grandes batalhas. Exemplo: Batalha de Aljubarrota. Basta serem constituídos por pessoas que contam, que fazem a diferença, que estão empenhadas, que sabem usar a arma certeira.
***
O APELO consta do seguinte:
Assunto: APELO cívico de um Grupo de Cidadãos Portugueses
Introdução:
Exmo. Senhor Presidente da República Portuguesa
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa
Coube-me enviar a Vossa Excelência este APELO, para o qual esperamos a melhor atenção, uma vez que todos acreditamos que Portugal é um Estado de Direito, uma Democracia Plena, um País Livre e Soberano, onde os seus representantes costumam ouvir os apelos dos cidadãos pensantes, descontentes com o desnorte da sua Nação.
Em anexo segue o APELO a Vossa Excelência, com todos os subscritores identificados.
Aguardando uma resposta de Vossa Excelência, envio os meus mais respeitosos cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
PS: Tornarei público, hoje, no meu Blogue «O Lugar da Língua Portuguesa», o envio deste APELO a Vossa Excelência.
(Apelo redigido por um Jurista que presta apoio ao Grupo Cívico de Cidadãos Portugueses)
Dirigimo-nos a Vossa Excelência apelando à Sua intervenção no sentido da defesa da Língua Portuguesa, tal como esta nos surge definida no n.º 3, do artigo 11.º da Constituição da República Portuguesa.
Permita-nos, Vossa Excelência, o exercício do nosso dever cívico e obrigação de invocarmos a Lei Fundamental, designadamente no que tange aos deveres e obrigações que dela decorrem para todos os agentes do Estado, e, em especial, para o Presidente da República, enquanto primeiro e máximo representante do Estado. Estado a quem cabe, nos termos da alínea f) do artigo 9.º também da Constituição da República Portuguesa “[a]ssegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da Língua Portuguesa”.
Bem sabemos, Excelência, que, nos últimos anos, em concreto desde que o Estado impôs aos portugueses a aplicação de uma grafia que consideramos inconstitucional, tais deveres não têm sido cumpridos.
Esta não é uma questão de somenos importância. É um imperativo de cidadania. É um dever que nos é imposto pela Constituição da República Portuguesa. Trata-se, na verdade, da defesa do nosso Património Linguístico – a Língua Portuguesa – da nossa Cultura e da nossa História, os quais estão a ser vilmente desprezados.
Apelamos a Vossa Excelência que, nos termos consagrados na Constituição da República Portuguesa e no uso dos poderes conferidos ao Presidente da República, diligencie uma efectiva promoção, defesa, valorização e difusão da Língua Portuguesa.
Apelamos a Vossa Excelência que defenda activa e intransigentemente uma Língua que conta 800 anos de História.
Apelamos a Vossa Excelência que contrarie a imposição aos Portugueses da Variante Brasileira do Português, composta por um léxico que traduz acentuadas diferenças fonológicas, morfológicas, sintácticas, semânticas e ortográficas, e essencialmente baseado no Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943.
Apelamos-lhe, Senhor Presidente da República, que proporcione às nossas crianças a possibilidade de escreverem conforme a grafia da sua Língua Materna – aquela que foi também a Língua Materna de Gil Vicente, Camões, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Fernando Pessoa, Fernando Campos, Luís Rosas, Altino do Tojal, Luísa Dacosta, Fernando Dacosta, José Saramago e tantos, tantos outros, cujas obras estão a ser acordizadas, num manifesto insulto à Cultura Culta Literária Portuguesa – ao invés de numa grafia desestruturada, incoerente e desenraizada das restantes Línguas europeias, as quais também estão a aprender (Inglês, Castelhano, Francês).
Apelamos a Vossa Excelência, ao Presidente da República Portuguesa, mas também ao académico e cidadão Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que deixe à posteridade, como SEU legado, a reposição da Língua Portuguesa, a nossa Língua, aquela que fixa o Pensamento de um Povo, escrita e falada escorreitamente, com elegância visual, com beleza, com estilo, seguindo o exemplo dos nossos Grandes Clássicos, antigos e modernos, atrás já referidos, para que a nossa Língua, a nossa Cultura e a nossa História, de quase nove séculos, não se percam nas brumas do tempo.
Apelamos, em suma, a Vossa Excelência, que seja reconhecido e revertido o gravíssimo erro cometido e por via do qual o Estado Português adoptou o Acordo Ortográfico, anulando-o, e restituindo a Portugal e aos Portugueses a sua Língua.
Com os nossos melhores cumprimentos,
1 - Juliana Dias Marques, Estudante de Letras
2 - Maria Vieira Raposo, Técnica Superior Administrativa
3 - Nuno Furet, Agente de Animação Turística
4 - Germano da Silva Ribeiro, Professor do Ensino Secundário (aposentado)
5 - Rui José da Silva Dias Leite, Arquitecto
6 - João Robalo de Carvalho, Jurista
7 - José Silva Neves Dias, Professor Universitário
8 - Jaime de Sousa Oliveira, Professor Aposentado
9 - Maria da Purificação Pinto de Morais, Professora do Ensino Secundário
10 - Isabel A. Ferreira, Jornalista/Escritora, Ex-Professora de Português e História
11 - Alberto Henrique Sousa Miranda Raposo, Engenheiro civil, Aposentado
12 - Albano Pereira, Sócio-Gerente da Firma Táxis Rufimota, lda.
13 - José Manuel do Livramento, Eng.º Electrotécnico
14 - José António Girão, Professor Catedrático (Reformado) da Faculdade de Economia da UNL; ex-Vice-Reitor da UNL
15 - João Paulo Norberto, Desempregado
16 - Maria do Carmo Guerreiro Vieira Sousa Miranda Raposo, Professora Aposentada
89 - Telmo Mateus Pinheiro Carraca, Oficial de Vias Férreas (Construção e Manutenção)
90 - Maria Manuela Gomes Rodrigues, Desempregada
91 - António José Ferreira Simões Vieira, Empresário e Professor do Ensino Secundário Aposentado
92 - Fernando Manuel Dias de Lemos Rodrigues, Bancário Aposentado
93 - Alexandre M. Pereira Figueiredo, Professor do Ensino Superior e Investigador
94 - Maria Elisabete Eusébio Ferreira, Professora Aposentada do Terceiro Ciclo, Educação Tecnológica
95 - Orlando Machado, Escultor FBAUP
96 – Manuel Matos Monteiro, Escritor e Revisor
97 - Fernando Maria Rodrigues Mesquita Guimarães, Reformado
98 - Octávio dos Santos, Jornalista
99 - Maria Fernanda Bacelar, Reformada
100 - José Martins Barata de Castilho, Professor Catedrático Aposentado da Universidade de Lisboa (Iseg, onde é conhecido como Martins Barata), Escritor de Romances, História e Genealogia, tendo vários livros publicados na área da Economia
101 - Cândido Morais Gonçalves, Professor Aposentado
102 - Ana Cláudia Alves Oliveira, Redactora e Gestora de Conteúdos
103 – Albino José da Silva Carneiro, Sacerdote
104 - João Daniel de Andrade Gomes Luís, Técnico Superior
165 - Eduardo Rui Pereira Serafim, Professor de Português e Latim
166 - Aurelino Costa, Poeta e Declamador de Poesia
167 - João Pedro Arez Fernandez Cabrera, Licenciado em Gestão de Empresas
168 - Margarida Maria Lopes Machado, Jornalista
169 - M. Carmen de Frias e Gouveia, Docente (da secção de Português) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
***
Esta lista não se esgota nestes 169 subscritores. A subscrição continuará, e serão enviados, a Vossa Excelência, todos os nomes que vierem depois do envio deste APELO.
Entretanto, deixamos, para consulta de Vossa Excelência, duas publicações, onde constam os nomes dos Cidadãos Portugueses Pensantes, que rejeitam o acordo ortográfico de 1990, os quais, de um modo ou de outro, têm manifestado publicamente a recusa da grafia que nos foi imposta, e que não faz parte da Cultura Linguística Europeia.
Faltam aqui os inúmeros anónimos, instruídos e menos instruídos que, não tendo acesso aos média, murmuram, por aí, o seu imenso desgosto por ver a Língua Materna deles tão despedaçada.
Curioso,este artigo de Marco Neves. Quem o ler assim de repente pode até pensar algo como “olha, mais um que já pendurou as chuteiras“. Longe vá o agoiro, é claro, de mais a mais porque “isto”, a Língua Portuguesa, que tanto aborrece a alguns, não é exactamente o pontapé na chincha. Não deixa de causar alguma estranheza, porém, futebóis à parte, que tão denodado quanto profuso escriba —tantas vezes aqui citado e transcrito— tenha agora virado a agulha para as coisas da arqueologia linguística, escavando túneis profundos, tão profundos que os não iniciados arriscam-se a sair do outro lado da Terra.
Não será revirando fósseis ou autopsiando múmias que algo de útil ou sequer inteligível poderá ressumar quanto àquilo que realmente interessa… ao povão, digamos. Nem mesmo o espantosamente básico facto que Santayana formula será para aqui chamado, ainda que por excepção, dado que — precisamente — é o passado aquilo que o AO90 pretende reescrever como suporte “ideológico” para eliminar o futuro da Língua Portuguesa.
Além das sucessivas campanhas de intoxicação da opinião pública (ah, e tal, eles são 230 milhões), de estupidificação e de anestesia em massa (novelas,escolas de samba, futebol, canais de TV, “kárrnávau”, importação de “génios” sortidos), no que diz respeito à Literatura em concreto e à escrita em geral são metódicas e persistentes as criminosas acções de reescrita do passado. Ou seja, a política do facto consumadocom efeitos retroactivos: enquanto vão apagando quaisquer vestígios da escrita “de antigamente”, a tal que estava “errada”, segundo eles, sucedem-se asreedições dos nossos clássicos (fora os manuais escolares), enormes colecções são “revisadas” e reeditadas com aniquilação selectiva de tudo aquilo que no Brasil não é pronunciado, articulado ou… dito. Portanto, respectivamente, destrói-se a ortografia (sequências consonânticas, marcas etimológicas), “adota-se” a ortoépia (pronúncia, estrutura frásica) e esmigalha-se o léxico. Vai tudo a eito.
O objectivo primário do “acordo” é, funcionando como disfarce para as negociatas(via CPLP, IILP, IC e AR) “justificar” a “adoção” da língua universau brasileira em Portugal e PALOP. Trata-se de uma complexa manobra de bastidores, insidiosa e mentirosa, levada a cabo por políticos, vendidos, traidores eidiotas úteis, no intuito de expurgar radicalmente a génese e a matriz da Língua Portuguesapara assim impor aos nacionais uma língua estrangeira e, sempre a pretexto da brasileirofonia, servir os interesses geo-político-económicos do Brasil e os interesses nada-mais-do-que-económicos dos vendilhões que por aí rastejam.
Que todas as línguas evoluíram, evoluem e continuarão a evoluir não é grande novidade e ainda menos será uma descoberta de fazer arregalar um olho, quanto mais os dois. Não será isto, aliás, com toda a certeza, nenhuma das “verdades” que toda a gente atribui a Jacques II de Chabanes; deixemos as “lapalissadas” para quem ainda acredita em historinhas; além do mais, em sinal de respeito, pois La Palisse está morto e bem morto, ou como diria o lacaio de Monsieur, se não estivesse morto com certeza estaria tão vivo como estava momentos antes de falecer. Evoluem as línguas, como tudo evolui, e esse “fenómeno” (muito anterior a Camões, note-se, aí uns 28500 anos anterior ao Grande Zarolho) é não apenas uma inevitabilidade como constitui a própria essência das coisas humanas.
O erro será, precisamente, pela sua própria natureza, arrogar-se alguém — bandoleiro solitário ou bandos deles — o direito de sequer tentar perverter, desviar, alterar o percurso inelutável da História.
Portanto, ainda que tal pareça, não pode pretender este (ou qualquer outro) autor “explicar” seja o que for de “natural” na “evolução” da Língua através da repescagem de fragmentos da escrita, do período arcaico ou até recuando à cuneiforme ou à hieroglífica; isso não apenas não explica coisíssima nenhuma — a não ser, evidentemente, o que antes porventura alguém desconhecia ter existido nesse particular — como ainda menos ou absolutamente nada explica, esclarece, justifica uma aberração (o #AO90 não contém aberrações, é todo ele uma aberração) ou serve para atenuar culpas e esbater responsabilidades dos envolvidos.
Exceptuando o facto incontornável de a língua brasileira ter tido origem na matriz da portuguesa, não existe a mais ínfima ou remota relação entre a ortografia de Eça (ou a de Camões ou a de Gil Vicente ou a de D. Afonso II) e aquela coisa que osbrasileiristas pretendem impingir a Portugale PALOP. Não existe relação alguma porque a Língua não é nem relativa nem relativizável — simplesmente é o que é: nós temos a nossa, o Brasil tem a sua.
Contudo, mantendo o statu quo, os políticos portugueses, além de não se livrarem de ficar muuuuuuito mal na fotografia, ficarão, de certeza absoluta, no caixote do lixo da História, se continuarem cegos, surdos e mudos aos milhares de vozes que, por A+B, já provaram que o AO90, além de ser ilegal e inconstitucional, pertence ao rol daquelas coisas estúpidas que as mentes mirradas, que conseguem chegar ao Poder, fazem, sem ter a consciência do que fazem, porque a política é como diz Eça de Queiroz:
Esta sordidez já vem de um tempo longe, com certeza, anterior até a Eça de Queiroz, um Homem dotado de uma extraordinária acutilância, que não tinha os políticos do seu tempo em boa conta, tal como eu também não tenho os políticos do meu tempo em boa conta, porque os tempos avançam, mas as mentalidades políticas não acompanham o avanço dos tempos. E temos que o Portugal de 2022, no que a políticos diz respeito, é o mesmo de 1890.
Portugal perdeu a pena, tal como o perdigão de Camões, e não há mal que lhe não venha, em quase todos os aspectos da sociedade portuguesa, e para culminar, temos uns políticos servis, sem capacidade alguma de fazer Portugal erguer-se das cinzas.
Isto vem a propósito do que me disse o Daniel.
E o Daniel disse-me: «Acho que deveríamos escrever "diccionário" como em "dicção".»
Penso que o Daniel tem toda a razão. Afinal, “dicção” e “diccionário”” têm a mesma raiz latina: “dictio”.
Existem muitas incongruências (levezinhas) na grafia de 1945, porém, nada que se compare às incongruências absurdas e imbecis que o AO90 introduziu no Português, recuando a nossa Língua para Variante dela própria.
E poder-se-ia aperfeiçoar ainda mais a Língua Portuguesa, NÃO mutilando as palavras, como preconiza o AO90, que assenta na grafia brasileira, mas repondo a etimologia de todas as palavras, nas quais, sem motivo algum do foro linguístico, foi retirada.
Outra maneira de simplificar a grafia de 1945, que continua em vigor em Portugal, seria pronunciar TODAS as consoantes, ditas mudas, por exemplo, seCtor, afeCto, direCtor, arquiteCto, teCto, excePto, recePção, etc., etc., etc., como, aliás são pronunciadas nas restantes línguas europeias.
Em vez de se desenraizar as palavras, retirando-lhes as consoantes, mantinha-se a sua origem, pronunciando-se as consoantes duplas, que têm uma função diacrítica, e TODOS, até os ACORDISTAS ADULTOS e COM CURSOS SUPERIORES, os ÚNICOS que não conseguem PENSAR a Língua, escreveriam as palavras correCtamente, sem qualquer dificuldade, e sem precisarem de ir buscar ao léxico da Variante Brasileira, oriunda do Português, as palavras que o Brasil mutila desde 1943, para baixar o índice do analfabetismo, que, aliás, continua elevadíssimo tanto em Portugal como no Brasil, e por mais reformas ortográficas que façam (aliás, são os únicos povos do mundo que mais reformas ortográficas fizeram, o que diz bastante da ignorância deles) nunca chegarão a parte alguma, excepto se cada um ficar com a respeCtiva Língua. Portugal, com a Portuguesa, o Brasil, com a Brasileira. E estaria o assunto encerrado. E não me venham falar na CPLP, que nada tem a ver com a Língua, mas com interesses meramente políticos (na CPLP só Portugal faz vénias ao AO90). Portugal é apenas o trampolim para tudo e mais alguma coisa, com a agravante de estar cheio de gente trampolineira.
Saiba-se que as palavras afeto, setor, diretor, arquiteto, teto, e todas as outras palavras mutiladas, com raríssimas excePções, pertencem ao LÉXICO brasileiro, NÃO, ao léxico português.
Há que fazer a Língua Portuguesa regressar às suas origens, e as suas origens não estão no Brasil, mas em Portugal.
Haja quem diga a verdade verdadeira, que se espelha neste texto, de leitura obrigatória. É que o que mais irrita nisto tudo é os actuais governantes, nomeadamente aquele que deveria defender e cumprir a Constituição da República Portuguesa, e não defende nem cumpre, pensarem que TODOS os Portugueses são parvos. Se ao menos houvesse vergonha e honra!!!
Isabel A. Ferreira
«Comemora-se hoje, 10 de Junho, o Dia de Portugal, da Língua Portuguesa, de Camões e da diáspora.
Esta é uma data a celebrar, efectivamente, e que nada tem a ver, pelo que em caso algum deve dar azo a quaisquer confusões, por lapso ou contaminação propagandística, com odia da língua brasileira, a 5 de Maio; esta outra data, totalmente alheia a Portugal, aos portugueses e à sua Língua, consiste numa série de eventos artificiais patrocinados por brasileiros, pelopolítico profissional António Guterres, por uma organização brasileira (paga pelo erário público português) a queresolveram os implicados chamar “CPLP”e por uma pequena seita de fanáticos brasileirófilos misturados com alguns sôfregos capitalistas e um grupinho de rapazolas para ir apanhar as canas e servir umas caipirinhas.
Coisa estranha, esta suspeitíssima manobra diplomática junto da UNESCO, visto que parece ser esse “Dia Mundial” da língua brasileira, precisamente, um caso muito raro ou único. Existe naquele organismo supranacional o “Dia Internacional da Língua Materna”, o que consubstancia um conceito radicalmente diferente, por genérico e abrangente, mas qualquer pesquisa (interna ou via Google) por “Dia da Língua” (ou por “language day”) devolve apenas um resultado, no que respeita a línguas de países historicamente colonizadores: além do tal “5 de Maio”, o “Day” da “bambochata” do “pôrrtugueiss universáu”, não existe qualquer “Day” para qualquer outra Língua nacional. À excepção, evidentemente, dos dias dedicados às línguas de trabalho oficiais admitidas na ONU:Arabic (18 December),Chinese (20 April),English (23 April), French (20 March),Russian (6 June) e Spanish (23 April). Estes seis casos justificam-se por aquilo que representam(línguas de trabalho da ONU),mas o dia da língua brasileira é o único a fintar essa lógica formal.
Se a UNESCO e o próprio secretário-geral da ONU estão atolados em tão viscoso entroncamento de lamaçais, então estaremos não apenas perante uma das maiores burlas diplomáticas de sempre como vamos assistindo — muitos, com passividade ou indiferença — a um filme de encenação deprimente, péssimo guião, actores horríveis. Demasiado mau para ser verdade, de facto.
É hoje o único, o verdadeiro Dia da Língua Portuguesa. Eis uma certeza absoluta, séria e fiável.
Deixemos as alucinações paraos imperialistas e os xenófobos, as mentiras para os desequilibrados e mitómanos, a verborreia para aqueles “intelectuais” em cuja cabeça apenas existe um preço escrito na testa.
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A arte de transformar uma ILC-AO numa ILCalem-se
Imagine-se o ridículo: pedir à AR que recomendasse ao governo que pedisse à AR que revogasse uma resolução da própria AR!
Não há inspiração camoniana (“Cale-se de Alexandre e de Trajano…”) no título deste texto, apesar de hoje, 10 de Junho, se celebrar Camões, a par de Portugal e das Comunidades. Não, o motivo é outro e nada tem de metafórico; pelo contrário, é literal. Expliquemo-nos: há um “cantinho” reservado aos cidadãos na Assembleia da República (AR); não para se sentarem, para isso há as galerias, mas para intervirem na actividade parlamentar. É um espaço virtual onde podem ser apresentadas três tipos de iniciativas: legislativas, petições e referendos. E ali se acolhe o que a lei e as regras (há um manual do utilizador, com 23 páginas) permitem. Dia 7, por exemplo, estavam látrês iniciativas legislativas de cidadãos(ILC, com 3393, 3101 e 543 assinaturas, respectivamente) e36 petições. A mais “pesada”, de Abril, tinha 192.129 assinaturas (para afastar o juiz Ivo Rosa), a segunda 10.625 e a última apenas 3.
Mas, antes delas, uma outra ILC foi fazendo um longo e duro caminho até estar composta, aceite e pronta à votação. Se não tivesse esbarrado, antes, num muro. Falamos daILC-AO, respeitante ao Acordo Ortográfico (AO90) e de que já aqui se faloumais do que uma vez (declaração de interesses: sou um dos subscritores). As raízes de tal iniciativa remontam a 2008 e centram-se nosegundo protocolo modificativo do dito: “[o AO90] entrará em vigor com o terceiro depósito de instrumento de ratificação junto da República Portuguesa.” Isto, que muitos políticos acharam natural, foi um golpe inadmissível. Um acordo que envolve oito países (depois de se lhes juntar Timor-Leste)não podia entrar em vigor só com o “sim” de três; ou melhor, só poderia se todos os oito tivessem ratificado essa alteração de fundo. Só que, de facto, quatro nem sequer ratificaram o acordo, quanto mais os dois protocolos modificativos; e os restantes fizeram-no com métodos e em datas bastante duvidosas, como também oportunamente aqui se demonstrou emAgostoe em Dezembrode 2019. Mas a verdade é que a Assembleia da República aprovou, pelaResolução n.º 35/2008, de 29 de Julho, esse inominável segundo protocolo. Objectivo da ILC-AO? Que a AR o revogasse.
Sim e não. Porque depois o assunto emperrou. Em 6 de Novembro, baixou à Comissão de Cultura e foi como se tivesse baixado à terra, na acepção funerária do termo. Debateu-se, contrariou-se, pediram-se pareceres e… ignorou-se a Lei das ILC, a n.º 17/2003, que diz expressamente que o respectivo relatório e parecer devem ser elaborados no prazo de 30 dias e, esgotado tal prazo, a ILC deve ser agendada “para uma das 10 reuniões plenárias seguintes”. Ora o relatório/parecer só foi enviado ao Presidente da AR em 29 de Junho de 2020, com muitos 30dias já gastos e só em 16 de Setembro de 2020 é que foi discutida em Conferência de Líderes, órgão ao qual cabe decidir a agenda do Plenário. E o que sugeriram os líderes em conferência? Que a ILC fosse transformada em petição. Imagine-se o ridículo: pedir à AR que recomendasse ao governo que pedisse à AR que revogasse a resolução da própria AR!
Como isto não tinha, nem tem, pés ou cabeça, a resposta foi “não”. Resultado: a ILC-AO continua lá, embalsamada, à espera, com as seguintes notas (claramente contraditórias): “Aguarda agendamento pela Conferência de Líderes”; e na linha abaixo: “Iniciativa não agendada por não estarem cumpridos os requisitos constitucionais, legais e regimentais para o efeito”. Tudo isto se resume a uma argumentação surreal: os cidadãos podem propor leis, mas leis não revogam resoluções; para isso, tinham de propor uma resolução; só que os cidadãos não estão autorizados, por lei, a propor resoluções; solução? A petição; que é pedir ao governo da nação que recomende a tal resolução que revogue a resolução. Há paciência?
Tudo istoé uma não-resposta. Lembra-me um conto de Hergé que li em miúdo, chamado O “Manitoba” não responde. O “Manitoba” era um transatlântico, silenciado por piratas. Terá o “Manitoba” encalhado em São Bento, transformando a ILC-AO numa ILCalem-se?
Nuno Pacheco
[Transcrição integral de artigo, da autoria de Nuno Pacheco, publicado no jornal “Público” de 10 de Junho de 2021. Destaques e “links” (a verde) meus. Cópia do artigo recebida por email.] (JPG)
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