O respeito pela democracia que nos trouxe o "25 de Abril", cujo cinquentenário celebramos este ano, é incompatível com a criminosa imposição política do AO90 a Portugal. E nestas eleições não é democraticamente defensável continuar a silenciar - como se fez em todas as outras - a discussão deste tema fundamental para a defesa da nossa identidade.
"Acordai"!
Maria José Abranches
(...) No "Público", mais um artigo de Nuno Pacheco, em defesa da nossa língua. Leiam, por favor, e enviem comentários - apoiem, não se calem - se sentem e entendem que a nossa língua é a coluna vertebral da nossa identidade, coisa que os outros povos conhecem, designadamente os antigos colonizadores, ingleses, franceses, que não recorreram a AOs para pseudo-defender as suas línguas!
Recordo as palavras de Jacques Attali: «L'identité française, c'est la langue, bien plus que le territoire. La langue d'un peuple est la colonne vertébrale de son identité.»
(...)
Por favor, não se calem, não podemos deixar morrer a nossa língua! E este apelo é particularmente endereçado aos professores, de todos os níveis e disciplinas, porque é a língua que suporta o nosso conhecimento!
Lembrem-se do que foi a ditadura e a censura, que estamos a aceitar de novo!
Celebremos os 50 anos do 25 de Abril, defendendo a democracia, que a imposição política do AO90, irresponsável e criminosamente, desprezou!
Maria José Abranches
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(Momento 1)
Como eu sempre afirmei, o PS de António Costa, no qual nunca votei, nem voto e não confio nada de nada, governou com maioria absoluta que, na verdade, como sempre afirmei e foi confirmado, essa maioria absoluta transformou-se numa autêntica ditadura da maioria sobre a minoria do povo português. Não valem nada.
Fernando Alberto
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(Momento 2)
[Um Povo maioritariamente apolítico, como poderá votar em consciência? Vota em bandeiras, mas não sabe a quem pertence as bandeiras. (Isabel A. Ferreira)].
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A propósito do texto O que precisas de saber para acompanhar os debates das legislativas, da autoria de Liliana Borges, publicado no Jornal Público
«E, mais uma vez, políticos e jornalistas estão a fazer tudo para não falar do Acordo Ortográfico de 1990, imposto a Portugal ditatorialmente, sem discussão pública, ignorando os inúmeros pareceres dos especialistas que o condenam, assim como os muitos apelos dos cidadãos - manifestos, petições, e uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos, que subscrevi e para a qual recolhi centenas de assinaturas, e que a Assembleia da República preferiu 'esquecer'! Democracia isto? E é com o desprezo pela nossa língua que estamos a celebrar o 25 de Abril, que nos trouxe a democracia?! Se isto tudo não fosse criminoso, seria sobretudo ridículo!!!»
Maria José Abranches
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Os sinais de abuso de poder tendendo para censura e métodos de ditadura do poder socialista já vêm de longe. Quis condicionar notícias de jornal e ameaçou jornalistas, abusou durante a pandemia e até quis manipular o nosso telemóvel, lança filhos contra pais obrigando-os a perfilhar na escola opiniões que rejeitam, faz contratos sem concurso, etc. - e ter corrompido a língua portuguesa por decreto é 'só' mais um dos crimes do declínio tirânico do PS.
Mário Gonçalves
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Tem toda a razão! Não estamos mal, estamos pessimamente.
Já reparou que, em todos os debates para as próximas eleições que houve, até agora, apenas um dos candidatos, o do PC, aludiu, de passagem ao tema da Cultura?
Com perfis destes, como nos havemos de admirar que a nossa língua que, como diz Pessoa, é "a nossa Pátria", seja apunhalada constantemente, com étimos estropiados pelo Desacordo Ortográfico e pelo uso abusivo, a torto e direito, de anglicismos despropositados?
No meu trabalho de escritor, de muitas décadas, (cerca de 60 livros publicados) e de Presidente da, infelizmente já extinta, Sociedade de Língua Portuguesa, sempre considerei tais atropelos, como um crime hediondo de lesa-cultura.
Há que não baixar os braços e seguir em frente com o combate a esta forma de analfabetismo...
Adalberto Alves
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Há vários crimes na atitude servil dos acordistas no Poder e fora dele: crime de lesa-pátria, crime de lesa-cultura, crime de lesa-língua e crime de lesa-infância (por obrigarem as nossas crianças a escreverem incorrectamente a Língua materna delas. Os adultos podem optar ou não optar pela ignorância, as crianças, não. As crianças são obrigadas a seguir as más orientações dos muito servilistas e acríticos professores.
Isabel A. Ferreira
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Numa outra oportunidade, tive ocasião de mencionar que vivo na Dinamarca há quase 50 anos. Apesar de andar arredado, in loco, das actividades e situações relacionadas com a política, há já muito que me tenho vindo a observar o estado da Nação, através do que vou tendo conhecimento do que se me oferece ver e ouvir nos meios de comunicação - mesmo longe da Mãe Pátria, o cordão umbilical continua sempre conotado.
A democracia não se impõe -- como aconteceu há 50 anos em Portugal -- mas aprende-se. A maioria do povo português pouco sabe o que a Democracia é e como se gere. Mas afirmo-lhe com tristeza que, mesmo aqui no norte da Europa onde a democracia tem orientado e governado as nações, ela tem-se vindo a definhar e a ser abusivamente mal interpretada. Isto deve-se aos governos de maioria absoluta, que não dão ouvidos à voz pública.
Fernando Kvistgaard
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Concordo plenamente com a sua análise, Fernando. As maiorias absolutas não fazem parte da dinâmica de uma Democracia, que tem, forçosamente, por inerência à sua própria designação, de ouvir a voz do Povo.
Isabel A. Ferreira
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(A propósito do artigo de Eduardo Marçal Grilo, intitulado «Reivindicações, opiniões, debates, comentários e tudo mais», publicado no "Público", 12 Fev. 2024
«O debate é paupérrimo. Não se ouve uma só posição sobre a situação internacional; ninguém consegue perceber como se quer pôr o país a crescer, para além das descidas dos impostos...» (E. M. G.)
"Sim, a própria concepção destes debates, com este formato, deixa muito a desejar. Mas, mais uma vez, no que toca aos debates, tendo em conta os políticos e os jornalistas, assim como relativamente ao autor deste artigo, ex-ministro da Educação, constato como o analfabetismo tradicional marcou este país: a imposição política criminosa dessa ortografia aberrante, que desfigura e ridiculariza a nossa língua materna, continua a ser tabu! Mais uma vez, temos eleições em que essa questão é cobarde e estupidamente silenciada! Os ingleses imitam a ortografia americana, os franceses a do Québec, os espanhóis uma qualquer da América Latina? E se investíssemos no estudo e ensino sério da nossa Língua, como fazem os outros, em vez de andarmos há décadas a fazer 'acordos ortográficos' com o Brasil?"
Maria José Abranches
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Abrir o escuro (expressão utilizada pelo meu filho, portador da Síndrome de Down, para “acender a luz” e que eu adoptei por a considerar brilhante) é do que mais precisamos, mas não vejo jeito de chegar à luz, porque não temos políticos interessados em resolver os problemas do País. Nenhum deles vai para a Política pelos lindos olhos de Portugal. Se fossem, Portugal, neste momento, e passados 50 anos desde o “25 de Abril”, já estaria no topo dos Países Europeus mais desenvolvidos, e, como sabemos, continuamos na cauda da Europa, em quase, quase, quase, quase tudo...
Isabel A. Ferreira
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Já nada me surpreende nas atitudes da "Vida Política", os verdadeiros, aqueles que colocavam Portugal, os Portugueses e a Verdadeira Língua Portuguesa, como algo Imperdível, já não existem na Política mesquinha, interesseira, no tempo doente que atravessamos. Mas, não faz mal, mesmo assim, continuaremos o nosso caminho, rumo aos nossos objectivos, lutando contra o AO90. (...)
Acácio Martins
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(A propósito da Carta aberta aos actuais responsáveis pelos destinos de Portugal da autoria de Maria José Abranches)
Belíssimo trabalho! Se depois disto não formos ouvidos... Que gente é esta que apareceu para nos governar, que mentalidade, que amor a Portugal e à nossa Língua?! Onde está quem nos acuda?! Lamento tanto, mas tanto... Precisamos de um outro 25 de Abril, mas, se calhar, sem cravos. As verdadeiras revoluções não podem (e vê-se) ser feitas com flores! Que posso dizer mais? Que a louvo a si e a outros, que têm tentado, com esforço, sabedoria e amor ao nosso País e à nossa Língua, combater por todos os meios ao seu alcançe, esta Grande Ofensa Nacional, que nos é feita com a maior impunidade, arrogância e despotismo.
Soledade Martinho Costa
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Isto parece incrível no Séc. XXI. Se bem que penso que em nenhum período da História, um governo, regime ou civilização procedeu à sua autodestruição. Os políticos portugueses estão a contribuir para a destruição da Língua Portuguesa e da Cultura do país! Não conseguirão, pois enquanto cá andarmos, tudo faremos para que eles não consigam destruir algo que possui séculos de história! NÃO AO ABORTO ORTOGRÁFICO!
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Esta carta devia ser lida em voz alta no Parlamento. É inacreditável que os destruidores de Portugal (todos os Governos desde o 25 de Abril) também queiram destruir a nossa alma colectiva como Povo, tendo vomitado um criminoso aborto ortográfico imposto brutalmente, totalitariamente a toda a administração pública. Pobres crianças portuguesas consideradas atrasadas mentais por esse Casteleiro de má memória (...)! Parabéns à autora da carta Maria José Abranches. Vou partilhá-la imediatamente. Desde ontem que estou em estado de choque depois de ouvir o de-bate-bate dos dois senhores que querem governar o País. Tanta mediocridade, tanta falta de educação, tanta ignorância, tanta falsidade, tanta hipocrisia. Nunca se viu uma coisa destas. E os comentadores, para se mostrarem muito importantes a analisar o inalisável! Que tristeza. Portugal não caminha para o abismo. Já está mergulhado no abismo. O PR vai ser obrigado a eleger um Governo de Salvação Nacional, que devia já ter elegido depois da retirada do (des)governo de Costa que continuou a (des)governar...
Idalete Giga
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Idalete Giga, eu ontem vi o debate dos partidos sem representação parlamentar. Alguns são novos, outros lavaram a cara, mas quando abrem a boca percebemos onde estamos. Nem os fascistas, nem os "patriotas", nem os europeístas, nem os soviéticos, nem os lunáticos genéricos disseram nada sobre a língua.
Este modelo de debates também está inquinado, porque os temas são lançados pelos apresentadores, "os assuntos que preocupam os portugueses".
Ou eu não sou português, ou a Língua não é assunto.
E depois vê-se ad nauseam os comentários: "votaram neles...", ou "não votaste, não te queixes". Se me apresentarem 20 pratos de excrementos de um animal diferente, devo comer um ou perder o direito de dizer que tenho fome?
Pedro Henrique
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(A propósito do bloqueio do PS aos textos que Isabel A. Ferreira envia aos políticos, via e-mail)
Como foi possível que o PS bloqueasse o seu texto? Prova bem a falsa democracia que tal Partido diz defender. Que atitude totalitária, arrogante, nojenta! Hoje, a censura é uma espécie de verme subterrâneo, que trabalha no escuro e na mais repugnante hipocrisia. Portugal caminha para o abismo e parece que ninguém quer ver. Não há um único seCtor da vida do nosso País que esteja bem. Cada governo que engana os portugueses e assalta o Poder é sempre pior que o anterior. Se assim não fosse, Portugal seria um dos Países mais desenvolvidos do mundo, pois temos recursos para isso. Não temos líderes. Não temos políticos humanos. Temos marionetes a mando da UE. E agora na questão da Língua, temos os maiores cobardes da nossa História, incapazes de assumir o erro GRAVÍSSIMO que foi o Aborto AO/90. Quem terá coragem para o dinamitar?
A cobardia total já foi revelada pelos falsos democratas do PS.
Tive a minha página do FB bloqueada e alguém criou três perfis falsos de mim.
Já não podemos confiar em nada. Cada vez me revejo menos nesta sociedade alienada.
Idalete Giga
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Este bloqueio só veio confirmar o que há muito venho, vimos dizendo, porque a Idalete e tantos outros também o dizem: vivemos numa ditadura de esquerda, disfarçada de democracia. As ditaduras tanto são de esquerda como de direita. Por isso, não faço distinção: são todos farinha do mesmo saco.
Como sempre, as suas análises são lúcidas e dizem da triste realidade do nosso desventurado País.
Pergunta: quem terá coragem para dinamitar o AO90?
Quem, se só temos COBARDES no Poder?
Estamos a ser cercados por uma mediocridade e pobreza intelectual urdida nos calabouços de São Bento e de Belém, para tramar Portugal.
E quem se opõe a esta mediocridade e incompetência é vigiado, é bloqueado, é interceptado, porque incomoda as mentes obscuras que nos desgovernam.
Vimos que nenhum partido político incluiu a perda da nossa identidade devido à imposição ilegal do AO90, como um assunto também prioritário.
Este é um dos maiores tabus de sempre. Porquê? Porque desde Dom Afonso Henriques que nenhum Rei, nenhum presidente da República, nem mesmo António Oliveira Salazar vendeu Portugal a um país estrangeiro. E o nosso Dom João VI, tão vilipendiado pelos ignorantes, foi um Rei que teve a coragem de enganar Napoleão, e salvar o Reino de Portugal e do Brasil, transferindo a Corte para o Brasil. Todos os outros monarcas europeus caíram às mãos de Napoleão, excepto o nosso Dom João VI.
Precisávamos de um novo governante corajoso, para nos salvar dos que estão a usurpar a nossa identidade, com a cumplicidade dos muito subservientes actuais decisores políticos portugueses.
Isabel A. Ferreira
Um extraordinário texto de António Sérgio Marques, que nos diz, nua e cruamente, das grandes e verdadeiras verdades sobre «o grande problema, que não existia, mas que a imbecilidade, reinante num largo espectro da classe política do arco do poder, inventou», ou seja, sobre o vil AO90.
Um texto de leitura obrigatória.
(As passagens a negrito são da minha responsabilidade).
Isabel A. Ferreira
(Não está aqui incluída a bandeira da Guiné Equatorial, que só é "lusófona" no papel, devido a interesses económicos. Na verdade, nesta Guiné, não se fala Português, mas tão-só Castelhano e Francês. Incluí-la nos países ditos lusófonos, é uma falácia. I.A.F.)
«A biodiversidade é um conceito cuja amplitude e valor intrínseco Cavaco, Sócrates, Casteleiro ou Houaiss - ou o mais feroz e boçal guardião do AO90 na actualidade, o belicoso e infinitamente arrogante Augusto Santos Silva - nunca compreenderam, nunca tiveram capacidade intelectual e vontade política para compreender e, consequentemente, nunca valorizaram.
A notícia relativa à publicação de um Dicionário de Português de Moçambique, constante da edição de hoje do jornal Público - derradeiro e único baluarte da resistência à consumação do famigerado Acordo Ortográfico de 1990 no 'mainstream' dos media em Portugal - remete, precisamente, para essa dimensão de 'biodiversidade' cultural que constitui uma das muitas razões que fazem desse AO90 uma aberração linguística-cultural, ao pretender impor politicamente, por decreto, uma uniformização ortográfica entre as diversas variantes geográficas da língua portuguesa que não era desejável, necessária e muito menos defensável do ponto de vista científico, por um lado, e histórico-cultural, por outro.
O grande problema, que não existia, mas que a imbecilidade, reinante num largo espectro da classe política do arco do poder, inventou - aquilo que levou a língua portuguesa ao actual atoleiro ortográfico (e, a curto prazo, fonético) - foi a indigência intelectual de Cavaco e Sócrates, o provincianismo bacoco e o pioneirismo patético dos governos desses dois tristes personagens da história da vida democrática nacional, que ditaram a surreal 'visão estratégica' , de promoção e defesa, no plano internacional, da língua de Pessoa, Saramago e Eça.
O terrível fado que assombraria o futuro da mais ocidental das línguas do Lácio foi a opção desses governos pela colaboração com meia dúzia de académicos escolhidos a dedo de ambos os lados do Atlântico (com Casteleiro e Houaiss à cabeça), espíritos corrompidos pelo vil desejo de agradar ao poder político, ambiciosos, venais e arrogantes, cuja necessidade de protagonismo mediático e afirmação científica a todo o custo, aliada à conveniente ausência de escrúpulos deontológicos, os fez sobrepor as suas posições peregrinas (nunca britânicos, espanhóis ou franceses tiveram essas pretensões megalómanas e contra-natura em termos de filogenia linguística), totalitárias e pedantes, acerca das línguas de expressão plurinacional como o Português, às posições de oposição frontal e inequívoca contra a ideia de uniformização ortográfica preconizadas pelos Malacas Casteleiros da nossa nacional desdita, defendidas pela maioria da comunidade académica, docente, literária e jornalística do país.
A tragédia da Língua Portuguesa foi a de ter sido sequestrada por um poder político nacional inculto, economicista, mesquinho e inconsciente da sua infinita estupidez numa matéria que não domina, nem tampouco entende, nem sobre a qual tinha 'jurisdição' política - a língua de um povo não é uma mercadoria - que se vergou aos interesses das grandes editoras do regime (do lado de cá) e se submeteu, alegre e alarvemente, numa lógica de colonialismo ao contrário, às pretensões brasileiras de liderar e configurar o mundo lusófono em função dos seus interesses político-diplomáticos e às suas ambições de dominação e uniformização do universo cultural e linguístico dos Estados de língua oficial portuguesa, enquanto instrumento geoestratégico de afirmação internacional do Brasil.
Somos uma nação de patetas e brutos, governados, como merecemos, por políticos ainda mais patetas, brutos e, ainda por cima, prepotentes, desonestos e totalmente permeáveis ao sequestro da função política e da 'res pública' por interesses privados sectoriais que em nada coincidem com o interesse público e nacional, sacrificando, simultaneamente, a defesa desse interesse nacional, a que estava ética e politicamente obrigado, aos interesses de outras nações, neste caso, o Brasil.
Ainda assim, o património maior da nossa 'portugalidade', o único e sublime motivo de orgulho em ser português que resta a quem tenha um olhar crítico sobre a sociedade e a cultura lusa do presente e sobre a sua História, plena de luz e de trevas, a "Pátria" de Pessoa - a nossa belíssima e riquíssima língua portuguesa - não merecia este infame e linguicida golpe desferido pelos ditos patetas (e seus acólitos e cúmplices) que fingem que nos governam, a mando, desavergonhada e criminosamente, dos seus verdadeiros senhores e patrões, domésticos e estrangeiros.
Apropriaram-se de um património imaterial que é pertença de todos os portugueses e mutilaram-no com a crueldade e a ignorância que caracterizam a barbárie e o obscurantismo de quem despreza a ciência, a ética e o povo que deveria servir e os valores que juraram defender. À traição, com a costumeira e pusilânime política dos factos consumados.
Cabe-nos a nós reclamar o que é nosso. A língua-pátria como Pessoa a definiu, o falar e o escrever do povo desta finisterra da Europa. Como o têm feito os moçambicanos ou os angolanos, mais sábios que nós, que não ratificaram (nem ratificarão) o AO90. Ou, em sentido apenas aparentemente oposto, os brasileiros, que se podem orgulhar da proeza de terem feito do português das Américas, o português oficial da República Portuguesa...das bananas. Afinal até já tínhamos essa nota tropical. "Porquê incomodar-nos?" terão deduzido os carrascos da língua de Camões que conceberam esta abjecta aberração ortográfica. Pois...»
Fonte: https://www.facebook.com/groups/emaccao/permalink/4201522939893047/?sfnsn=mo
Não estranhei absolutamente nada quando li a frase supracitada, no “assunto”, de um e-mail que me foi dirigido por Sérgio Lopes. Apenas fiquei muito curiosa, obviamente.
E se há por aí alguns Portugueses e Brasileiros que, por uma conveniência mais política do que linguística, não aceitam a existência de um Movimento pela Língua Brasileira, outros há que, muito pela calada, se movimentam no sentido de elevarem o mal denominado “Português do Brasil” a Língua Brasileira.
E eu, como conhecedora da cultura brasileira, dos desígnios brasileiros, da política brasileira, e principalmente do imo brasileiro, só tenho a dizer força, Brasil!
O que se escreve e fala no Brasil é, de facto, uma nova língua, derivada da Língua Portuguesa. Não sei por que existe tanta resistência, em Portugal, a admitir tal facto, quando, no Brasil, falar de Língua Brasileira já é uma realidade.
O que se segue é a troca de e-mails entre mim e o Sérgio Lopes (com o seu consentimento), acerca deste facto, que os menos esclarecidos se recusam a aceitar como verdadeiros.
Nos tempos que correm (e espera-se que por pouco tempo) Portugal é uma extensão do Brasil, no que à Língua diz respeito (ou não pugnasse o AO90 pela grafia brasileira), até porque, na Internet, a bandeira portuguesa foi substituída pela bandeira brasileira, para designar o Português que, obviamente, não é português.
Escreveu Sérgio Lopes:
Ouso enviar-lhe estes links na eventualidade de os não conhecer.
Gosto das suas intervenções.
Saudações
A hora e a vez do português brasileiro
Afinal, existe 'língua brasileira'?
http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/afinal-existe-lingua-brasileira.html
A LÍNGUA BRASILEIRA
Excerto: Embora no início do século XIX muito se tenha falado da língua brasileira, como a Constituição não foi votada, mas outorgada por D. Pedro, em 1823, decidiu-se que a língua que falamos é a língua portuguesa. E os efeitos desse jogo político, que nos acompanha desde a aurora do Brasil, nos faz oscilar sempre entre uma língua outorgada, legado de Portugal, intocável, e uma língua nossa, que falamos em nosso dia-a-dia, a língua brasileira. É assim que distingo entre língua fluida (o brasileiro) e a língua imaginária (o português), cuja tensão não pára de produzir os seus efeitos.
https://brasiliano.wordpress.com/2008/09/22/a-lingua-brasileira-2/
Sérgio Lopes
***
A minha resposta foi a seguinte:
Caro Sérgio Lopes,
Agradeço a sua mensagem e a sua gentileza, e os links que me enviou.
Os dois primeiros eu não conhecia.
O último, o da Eni P. Orlandi, conhecia, e já o publiquei no meu Blogue, faz algum tempo.
Para falar da “Língua Brasileira”, sou uma privilegiada, pois frequentei escolas brasileiras desde a primária à universidade, intercalando com a frequência em escolas portuguesas, também desde a primária à universidade. E o que tenho a dizer sobre isto, é que a Língua que se fala e escreve no Brasil é a Língua Brasileira, (com toda a justiça) e não a Portuguesa.
Estou com os brasileiros que pugnam pela Língua Brasileira, e defendo-a com a mesma garra com que defendo a minha Língua Portuguesa.
Não estou com os brasileiros quando eles dizem que o Português é a língua mais horrorosa do mundo, porque não é. É uma das línguas mais ricas e belas do mundo, de acordo com os estudiosos das línguas indo-europeias. Só os que nada sabem desta língua podem dizer tal disparate.
Também não estou com os brasileiros, na questão da imposição da grafia brasileira aos restantes países lusógrafos, com a invenção do pseudo-AO90, que não passa da maior fraude de todos os tempos.
De todos os países que herdaram a Língua Portuguesa e a têm como língua oficial, apenas o Brasil a deturpou, a mutilou, e dela se afastou substancialmente, americanizando-a, afrancesando-a, castelhanizando-a, italianizando-a, para não falar na introdução dos milhares de vocábulos indígenas e africanos (que aliás só a enriqueceram sobremaneira) e tudo isto confere-lhe o estatuto de uma nova língua, oriunda da Portuguesa, mas que já não é portuguesa.
Conheço as duas línguas como as palmas das minhas mãos. E, na realidade, são duas línguas diferentes.
Irei ler com mais atenção os textos que enviou, porque já vi que tenho ali muito pano para mangas, e não só, visando elaborar um texto para o Blogue.
Os meus agradecimentos e as minhas saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
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Do que li nos textos enviados pelo Sérgio Lopes, tudo espremidinho, dá o seguinte: existe um grande equívoco por parte dos brasileiros (e também dos acordistas portugueses) quando metem a Língua Portuguesa no saco das Variantes. E a Língua Portuguesa não é uma variante (ando sempre a repetir isto). A Língua Portuguesa é a ORIGEM das variantes, assim como o Latim não era uma variante entre os diversos dialectos (em que o galaico-português se incluía) que do Latim se originaram. O Latim era a ORIGEM. E a Língua Portuguesa, logo que se implantou como Língua, também é a Origem. Não uma variante.
E é esse grande equívoco que leva a que Portugal, um país que já foi livre, esteja actualmente dominado pela variante brasileira (ou dialecto, vai tudo dar ao mesmo), tendo perdido a sua identidade portuguesa, apenas porque os governantes portugueses, neles incluído o presidente da República, ou sofrem de um gigantesco complexo de pequenez, e acham que se se colarem ao Brasil ficam gigantes, ou andam a mando de alguma força oculta.
E como eu, e muitos como eu, gostaríamos de estar enganados, quando dizemos que a Língua Brasileira nunca esteve tão perto de ser implantada, e a Língua Portuguesa de desaparecer!!!!
***
Entretanto, enviei este outro e-mail ao Sérgio:
Caro Sérgio Lopes,
Agradeço o seu e-mail, com o qual não podia estar mais de acordo. Tão de acordo que quero pedir-lhe permissão para integrar as partes que dizem respeito ao Brasil, à Língua, ao AO90, aos indígenas, num texto acerca desta matéria.
Eu não sou perita em Ciências da Linguagem, apenas tenho a Língua Portuguesa como o meu mais precioso instrumento de trabalho, já leccionei Português, e aprofundei o meu conhecimento da Língua, nessa altura, em Portugal, e conheço a riqueza da Língua Brasileira, para a considerar uma outra língua. Apenas isso.
Quanto aos neo-brasileiros estou completamente de acordo consigo, que também andou por lá, e sabe como é. Sempre defendi que os verdadeiros “donos” do Brasil são os indígenas, e não o povo que veio depois de os Portugueses terem achado as terras de Vera Cruz, e que nada fez para engrandecer o Brasil depois da independência.
Um destes dias enviaram-me um texto incrível que pode ver aqui:
o que me levou a deixar lá um comentário, que não foi aprovado, e está-se mesmo a ver porquê. E o comentário dizia o seguinte:
O que não se inventa para deturpar a História comum do Brasil e Portugal, tentando com isso atenuar o gigantesco complexo de colonizado, entranhado em alguns "brasileiros" (?), que não aceitam o seu passado. Todos os países, de uma forma ou de outra foram colonizados. Portugal foi colonizado por vários povos. De todos eles recebeu benefícios, e todos eles fazem parte da História de Portugal. Complexo para quê? Porquê?
É de realçar que, de todos os países colonizadores (Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Holanda - algo que pertence a uma época específica, tal como a pré-história é pré-histórica) Portugal foi o menos bárbaro e o que mais legado cultural deixou. Não extinguiu nenhuma civilização autóctone, e foi também o menos racista e xenófobo.
Não vejo qualquer motivo, para andar a escarafunchar historietas, para justificar um passado que na realidade não existiu, ou seja, o de que o Brasil não foi colónia.
Melhor fariam atirar o complexo de colonizado a um abismo, e tentar construir um grande país, que desde 1822 é livre, e ainda não encontrou o seu rumo.
Cortem o cordão umbilical que ainda liga o Brasil ao colonizador, como todos os povos colonizados fizeram, e deixem o passado no lugar dele. Vivam o presente e construam o futuro, como um povo livre. Até ao momento, e desde 1822, os Brasileiros são escravos do seu passado português. Libertem-se, de uma vez por todas. A começar pela Língua. Assumam que ela é a Língua Brasileira, porque ela é, e vivam a vossa vida brasileira, porque nós por cá, queremos viver a nossa vida portuguesa, sem colonizados agarrados ao nosso pé. O tempo da colonização acabou. Pertence ao passado, que ninguém pode mudar ou apagar.
Digo isto com amizade. Sem mágoa. Sem remorsos. Sem culpas.
E tenho quase a certeza, (este quase é muito fraquinho) de que esta imposição do AO90 a Portugal é a vingança desses “brasileiros” complexados.
(…)
As minhas mais cordiais saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
***
O Sérgio escreveu:
Cara Isabel,
«Agradeço o seu amável retorno e, desde já lhe digo, que estou consigo quanto à aspiração dos (neo*) brasileiros de rebaptizar a sua língua. Alguma razão há para não existirem acordos ortográficos nos espaços anglófonos, francófonos e “hispanófonos”. O simples bom-senso, que faltou aos promotores do OA90 e antecessores, dita-nos que uma língua uma vez exportada para fora do seu habitat geográfico natural, sofre influências tais de ordem fonética e lexical a ela estranhas que não permitem a sua unificação.
O “brasileiro” é disso um rico exemplo, agravado pela noção de que em termos linguísticos não existe “o certo, nem o errado, existe o diferente”. Facto que, eventualmente, com tantos "diferentes" empurrará o Brasil a dividir-se em vários dialectos. Por motivos de ordem profissional conheço o Brasil de lés-a-lés, onde estive expatriado, primeiro como director-comercial, e uma segunda vez como director-geral de uma transnacional que tinha e tem filiais espalhadas por todo aquele imenso país-continente.
Bom, mas a eventual divisão em dialectos não é um problema português… O que é interessante notar é que a história da língua inglesa exportada da Europa para os EUA, não é muito diferente da língua portuguesa exportada para o Brasil. Os índios, os escravos e até os colonos franceses, holandeses (Nova Iorque nasceu de Nieuw-Amsterdam), etc., influenciaram a língua hoje falada nos EUA. O que não causa o alarido que no nosso caso se faz sentir e ouvir!
Reconheço, porém, que a Isabel reúne as condições ideais e muito superiores às minhas para julgar este tema. Eu conheci o uso da razão em Angola, fiz o liceu antigo num colégio interno em Portugal e estudos superiores em língua inglesa em Cape Town, na anda África do Sul do Apartheid, licenciatura, e o mestrado em Plantation, Flórida nos EUA.
A justificação dada pela parte portuguesa dos promotores do AO90 é completamente tola, imbecil mesmo. A Isabel verá que defendendo a preservação da língua, o Casteleiro e companhia caíram na ratoeira dos promotores da “língua Brasileira”! E correram o risco de deixar Portugal sozinho, com uma língua mutilada!!!
Retribuo as saudações “desacordistas” e votos das maiores venturas.
Sérgio Lopes
Nota* - para mim os actuais habitantes não indígenas do Brasil são-neo-brasileiros, dado que os índios são os verdadeiros aborígenes. Pena é que ainda estejam sob a tutela do "Estatuto do Índio" nome como ficou conhecida a lei 6.001. Promulgada em 1973, ela dispõe sobre as relações do Estado e da sociedade brasileira com os índios. Em linhas gerais, o Estatuto seguiu um princípio estabelecido pelo velho Código Civil brasileiro (de 1916): de que os índios, sendo "relativamente incapazes", deveriam ser tutelados por um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio - SPI; actualmente, a Fundação Nacional do Índio - Funai) até que eles estivessem “integrados à comunhão nacional”, ou seja, à sociedade brasileira…
Uma coisa é certa, durante mais de 300 anos só imigraram portugueses, quase exclusivamente, para a terra que recebeu o nome de Brasil. E durante esse tempo, quase só homens, facto que explica a miscigenação massiva com índios e africanos. Ora, ninguém se coloniza a si próprio, portanto, conquanto os índios pudessem reivindicar o estatuto de colonizados, curiosamente são os descendentes dos supostos "colonizadores" que o fazem e com tanto empenho. A imigração de italianos, franceses, alemães, árabes, asiáticos, etc., em números significativos deu-se já depois da independência, portanto, mais uma vez, não foram colonizados... Tenho para mim que é este complexo do "falso colonizado" que tem travado a ascensão do Brasil ao mundo desenvolvido. Lamentável!
Sérgio Lopes
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Também lamento muito. E não só lamento, como me questiono: por que é que estas questiúnculas só existem entre Portugal e Brasil, e não com mais nenhuma outra ex-colónia?
Alguma coisa está mal, nesta relação luso-brasileira, e tem de ser resolvida, para que o Brasil possa cumprir a sua brasilidade, e Portugal recuperar a sua identidade europeia.
Isabel A. Ferreira
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