E por que carga d’água haveria de fazê-lo, se esse “português” não é Português?
Lemos na notícia que a recém-eleita presidente do conselho científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), a portuguesa Margarita Correia (***), afirmou hoje que "não tem sido muito visível a vontade" da Guiné Equatorial para difundir o português no país.
Qual o espanto? Por que haveria a Guiné Equatorial de fazê-lo?
O que é que a Guiné Equatorial tem a ver connosco? NADA.
Qual o interesse da Guiné Equatorial em promover o dialecto brasileiro (porque é disto que se trata) no país? Interesse ZERO.
Margarita Correia diz estar «consciente e disponível para enveredar esforços para que o “Português” venha a ter outra representatividade na Guiné Equatorial, assim as autoridades do país o desejem».
A Guiné Equatorial já foi portuguesa e perdemo-la para Espanha. O cordão umbilical foi cortado. Impor o dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português) porque é disso que se trata, no país não será uma opção muito inteligente. Esquecem-se os promotores do AO90 de que nem todos são parvos, como os subservientes parvos portugueses, para aceitarem um dialecto quando existe uma Língua.
A nova presidente do conselho científico do IILP defende que "tem de haver um esforço também da própria CPLP (…) "a difusão e desenvolvimento do português na Guiné Equatorial também tem de resultar de vontade política, e essa vontade política não diz respeito ao IILP, mas é assumida por outros órgãos da CPLP».
Ainda não pararam para pensar que a Guiné Equatorial pode estar-se nas tintas para o “português” mal-amanhado que lhe querem impingir? Como os países ditos lusófonos (a Guiné Equatorial nem sequer é lusófona) à excepção de Portugal, também se estão nas tintas para este “português” mal-amanhado que lhes querem impor?
Margarita Correia salientou ainda que têm havido apoios de Portugal e do Brasil à promoção do “português” (leia-se AO90) na Guiné Equatorial, um compromisso da adesão desta antiga colónia espanhola quando aderiu à CPLP, em 2014 (uma adesão extemporânea, diga-se de passagem) quando tornou a Língua Portuguesa como uma das línguas oficiais, a par do Castelhano e do Francês.
Ora acontece que a Guiné Equatorial talvez, na altura, tivesse pensado que essa língua portuguesa era a Língua Portuguesa e não o dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português) porque nem o Castelhano, nem o Francês usado na Guiné Equatorial são os dialectos oriundos do Castelhano e do Francês, usados nas ex-colónias espanholas e francesas.
Concluindo:
Qual o interesse da Guiné Equatorial e dos países africanos de expressão portuguesa em mudar da Língua Portuguesa para o dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português)? Interesse ZERO.
Vamos ser realistas: a CPLP e a IILP também não interessam para nada. Já deviam estar extintas há muito. A época colonial finou-se. Está morta, mas pelo que se vê, não foi ainda enterrada. E é preciso enterrá-la para que os povos possam seguir o seu caminho, livres dos ignorantes do país ex-colonizador.
Deixemos as ex-colónias seguir o destino delas, e deixem-se de saudosismos bacocos.
(***) "Linguista" e "professora" da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que foi eleita na semana passada presidente (até 2020) do conselho científico do IILP, organismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a promoção e desenvolvimento do Português, melhor dizendo, do dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português)
Fonte da notícia:
Isabel A. Ferreira
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