Não é apenas em França que a Língua Portuguesa está em declínio. Um pouco por todo o mundo, a Língua Portuguesa está a perder o seu viço, a sua beleza, a sua roupagem indo-europeia, porque está viciada, está mutilada, está empobrecida na versão acordizada que gente ignorante quer disseminar pelo mundo.
O que é preciso é que a Língua Portuguesa recupere a sua beleza gráfica, a sua riqueza lexical, e não ande por aí a ser ensinada "à brasileira", com o rótulo de Portuguesa. Para que a Língua Portuguesa se imponha no mundo, Portugal tem de anular urgentemente o execrável "acordo ortográfico de 1990", que só veio lançar o caos linguístico e desprestigiar a Língua dos Portugueses, o Português de Lei, e devolver-lhe a dignidade perdida.
A Língua Portuguesa não é uma mercadoria, para que políticos apátridas andem, por aí, a vendê-la, ao desbarato.
É preciso saber que Português as escolas estrangeiras andam por aí a ensinar.
Chamam "português" à Variante Brasileira do Português, que está a ser impingida em Portugal e nas escolas estrangeiras, contudo, a Variante Brasileira está muito longe do Português. É outra linguagem, que apenas ao Brasil pertence.
É preciso saber do que falamos, quando falamos de Língua Portuguesa, para que seja ensinada nas escolas e universidades do mundo, com propriedade.
Isabel A. Ferreira
***
«A língua portuguesa em França»
Texto de
Isabelle de Oliveira
«Em França, a língua portuguesa encontra-se numa situação de declínio por razões orçamentais, mas também por falta de consideração, ou ainda, por falta de afirmação e de real vontade política. Até agora, o português ainda não se tornou uma disciplina de maior importância nas universidades francesas. A errónea concepção de uma língua pouco útil incentivou os decisores a limitar o recrutamento de docentes de português tanto no âmbito do ensino secundário como no ensino superior.
Os representantes políticos esquecem, ou pior ainda, desconhecem, que a importância de um idioma não se mede, apenas, pelo número de falantes e da influência diplomática ou poderio económico dos países em que é utilizado. Por isso, o grande desafio é o de promover o ensino do português como língua estrangeira vocacionada para o mundo dos negócios.
Uma missão para a qual os recursos educacionais (livros, métodos, etc.) ainda existem em número muito limitado e de uma forma muito incompleta. A Universidade da Sorbonne Nouvelle prossegue esforços no sentido de colmatar estas lacunas, tornando a oferta do ensino do português suficientemente alargada para responder a todas as solicitações dos estudantes. Percebe-se, cada vez mais intensamente, que o domínio do português potencia oportunidades de negócio e, por esse motivo, não por acaso, países como a China elegeram a aprendizagem da nossa língua como objectivo estratégico. Não é fortuitamente que na Universidade da Sorbonne Nouvelle sempre tivemos estudantes chineses, árabes e russos a inscreverem-se para aprender o português, sempre em conjugação com outros idiomas. No Instituto do Mundo Lusófono também apostamos, claramente, no ensino do Português de Negócios como língua de especialidade, com currículos especificamente vocacionados para o mundo empresarial. Mas, claro está, ainda há um trabalho importante a fazer no domínio da língua de especialidade, que pode vir a atestar o potencial económico da língua portuguesa, aliado ao facto de constituir, também, um importante instrumento de desenvolvimento humano.
O fado reservado à língua portuguesa é incompreensível à luz do tratamento reservado às restantes línguas. Com efeito, se todas as línguas são iguais em dignidade, isso não acontece a nível do seu uso e da sua dimensão internacional. A França celebrou acordos bilaterais com Portugal e Brasil relativos ao ensino das respectivas línguas. Então, o que tem sido factualmente concretizado por Portugal nesta matéria? O que concebem os nossos representantes políticos? Recomenda-se que alcancem: A Europa dos cidadãos só pode edificar-se sobre a Europa das línguas. [(*)]
Por outro lado, admite-se que este comportamento pouco compreensível possa decorrer de um certo complexo de inferioridade que ainda vai grassando na mente de alguns pseudo-iluminados, os quais, apesar de tudo, ainda vão tendo algum poder de decisão...
Inferioridade porquê?
Baseada em que factos?
Somos um país com oitocentos anos de História. Propagámos a nossa língua, a nossa cultura e o nosso saber pelos cinco continentes do mundo.
Influenciamos e potenciamos o desenvolvimento humano em todas essas latitudes. Sempre em português e fomentando o comércio, as trocas comerciais, legando ao mundo o conhecimento de realidades e produtos muito diversos.
A competência e meritocracia dos portugueses espalhados pelo mundo é conhecida e reconhecida, bem como as suas capacidades de trabalho, de esforço e de auto-progressão! Actualmente, de forma inequívoca, em todas as áreas de conhecimento: nas Ciências, nas Artes, no Ensino, nas áreas técnicas, no Desporto, etc..
Os Portugueses no Mundo -- e, concomitantemente, a Língua Portuguesa no Mundo -- constituem uma mais-valia incalculável da qual urge tirar partido e, sobretudo, afirmar e desenvolver sem medos!
Fonte: https://www.dn.pt/opiniao/a-lingua-portuguesa-em-franca-17207308.html
[(*)] ... ou sobre as Línguas da Europa.
Procurando Jorge Miranda, Carlos M. Coimbra encontrou este texto no meu Blogue:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-10-de-junho-a-lingua-portuguesa-e-a-379680.
E sobre este achado, Carlos Coimbra diz o seguinte:
«Posso dizer que partilho das suas críticas, objecções, etc...
E vou até mais longe, pois me preocupo e ofendo com todo o leque de maus tratamentos que andam a fazer ao idioma. Isto embora eu viva no Canadá, e por acaso vão fazer amanhã 59 anos que cheguei pela primeira vez a Toronto.»
Carlos Coimbra enviou-me também um texto seu, que é uma preciosa aula de Português, que tenho certeza que faria muito proveito a todos os acordistas destas áreas: jornalistas, comentadores televisivos, escritores, professores, presidente da República, primeiro-mimistro, ministros, deputados da Nação, políticos, autarcas, todos os que escrevem e falam MAL a Língua de Portugal
Sobre a origem do texto, Carlos Coimbra diz o seguinte:
«A partir dum certo tempo, mantive uma correspondência com o provedor da RTP, Sr. Jorge Wemans, até terminar o seu termo, no fim de 2020. Havia novo provedor indicado, mas o Conselho não gostou dele, e só quase no fim de 2021 é que entrou uma nova provedora. Pus-me em contacto com ela, e ela assegurou-me que também não gostava de certas coisas, especialmente do inglês a mais. Então prometi-lhe coligir uns apontamentos e mandar-lhe.
Então são esses apontamentos que aqui lhe envio, originalmente dirigidos à provedora da RTP.»
Antes de vos apresentar a preciosa Lição de Português de Carlos M. Coimbra (que será apresentada em três partes) devo acrescentar alguns comentários seus, muito pertinentes sobre a desgraça que se abateu sobre a Língua Portuguesa, que envergonha a Comunidade Portuguesa na diáspora, e os quais subscrevo inteiramente:
«Quanto a mim, o Brasil está a tomar conta da língua.
A pessoa que deveria ser o máximo defensor da língua, e que comenta tudo e mais alguma coisa, não o faz. E até vai a São Paulo (onde sempre me foi difícil fazer-me entender ao telefone!) prestigiar a reabertura do Museu da Língua Portuguesa (eu vi a reportagem na Rede Globo, onde falaram nos sotaques brasileiros, e apareceu Rebelo de Sousa entre outros, mas cujo nome nem foi mencionado - tenho gravação do áudio...).
– [E eu confirmo, porque ouvi. Acrescente-se que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa, depois de andar com a família pela China, arranjou um cargo na EDP, em São Paulo, firma que foi uma das patrocinadoras da renovação do Museu, e é mencionada no fim do áudio do "Museu"... I.A.F.].
E recentemente veio a saber-se que esse Museu poderá estabelecer uma sucursal em Coimbra! Ora essa, hem? Qualquer dia o meu português vai ser considerado como o Cantonês, um dialecto... Repare que o tradutor Google no sistema Android chama chinês ao Mandarim e não tem Cantonês. E pior para nós, só tem Português, mas pedindo uma tradução oral nessa língua, a voz fala "brasileiro".
E então agora, com a aprovação do Visto Para Procurar Trabalho (!), é que vai haver uma invasão de falantes de brasileiro, a ter o mesmo tipo de influência no português original que os escravos levados para o Brasil tiveram na língua que lá se falava.»
***
Nada mais verdadeiro! Nada mais demolidor! Nada mais incompreensível! Teremos nós governantes que DEFENDAM os interesses de Portugal? Não, NÃO temos.
Isabel A. Ferreira
«Degradação da língua portuguesa»- Parte I
por Carlos M. Coimbra
From: Carlos Coimbra Date: Fri, 21 Jan 2022 07:05:53 -0500
To: Ana Sousa Dias
Prezada Dª. Ana Sousa Dias,
Como já avisei, permita-me que lhe recomende que só leia isto quando tiver bastante tempo à sua disposição, se não for uma imposição demasiada. Para ter uma ideia de quem sou, apresento-me: Andei sete anos no Liceu Camões (4 anos à frente de António Guterres, pelas nossas idades), e ainda fiz um ano no IST antes de ser trazido para o Canadá. Os meus empregos foram sempre a gerir computadores, começando por usar os que havia em 1963 e cedo me meti a programar, o que não era nada fácil naquele tempo. No liceu, nunca liguei muito ao português, mas nasci com queda para línguas e para raciocinar logicamente, que são coisas relacionadas (nem vou dizer as línguas que falo, nem descrever as eventuais responsabilidades em informática, para não mostrar peneiras demasiadas).
Aposentado já há tempo, tenho ocasião desde há uns anos de ver canais portugueses e não só. Assim, os meus reparos quanto à língua poderão não ser necessariamente dirigidos à RTP, mas ela está incluída, como a Dª. Ana certamente reconhecerá. É-me mais conveniente escrever no telefone que no PC, mas se aparecer algum erro, deito a culpa para cima do teclado Google que gosta de fazer partidas, e irritantemente dá até prioridade à grafia brasileira (Antônio/António, gênero/género), coisa que já se vê me envergonha. Ouvindo o português que é falado hoje em dia por quem deveria dar o exemplo de correcção, o que sinto vai de tristeza até à raiva, passando por incredulidade...
Passando ao que interessa, acho que a Degradação da língua deva ser analisada sob vários aspectos. Começo com um comentário à parte. A Voz do Cidadão de 7 de Julho de 2020 consistiu duma colecção de 'respostas' a várias objecções do público, incluindo uma minha (de muitas), se não me engano, em último lugar. Foram essas respostas dadas por quem foi identificada como Sandra Duarte Tavares, "professora e consultora linguística". Mais tarde, o sr. Jorge Wemans descreveu-ma mais precisamente como Dr.ª Sandra D. Tavares, "mestre em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras de Lisboa e professora do Ensino Superior na área da Comunicação, e consultora da RTP (televisão e rádio) para as questões relativas à língua portuguesa".
Fiquei estupefacto quando a primeira "resposta" dela foi dada a quem tinha protestado por ter acontecido algo na Costa da Caparica, mas ela estava a ouvir (tal como eu...) constantemente na RTP dizerem Costa de Caparica (nome errado). E essa Dr.ª Sandra entreteve-se a explicar que DA era a contracção da preposição DE com o artigo definido A, quando isso não tinha nada a ver com a queixa! Para mim, tal começo não augurou nada bem com o que viria depois... Achei que várias respostas foram impróprias (<"estado-unidense" é sinónimo de "norte-americano">, por exemplo), mas o mais sério foi que numa delas a Dr.ª Sandra descreveu algo como sendo da "variedade do português europeu"! Esse desprezo escandalizou-me, e escrevi uma crítica ao programa que enviei ao sr. Jorge Wemans.
***
[Realmente!!!!! Com dras. Sandras, sendo mestres em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras de Lisboa e professora do Ensino Superior na área da Comunicação, e consultora da RTP (televisão e rádio) para as questões relativas à Língua Portuguesa, a NOSSA Língua deixa de ser LÍNGUA e passa a ser uma VARIANTE do Português europeu…. COMO DISSE??????? NÃO existe Português europeu. Muito menos uma variante do Português europeu. Existe uma LÍNGUA PORTUGUESA. Ponto final. As outras é que são VARIANTES. Ponto final. E quem não sabe isto NÃO deve ocupar cargos de consultadoria de Língua Portuguesa. Não tem competência alguma para tal. É por causa de gente assim, subserviente e vassala, que Portugal é um país onde os de fora mandam e os de dentro obedecem. Isabel A. Ferreira].
***
É com "especialistas" deste género que aconteceu ser feito um Acordo, sendo o português do país que o levou pelo mundo não considerado padrão, mas sim equivalente ao falado e escrito por aí fora.
Então vejamos a Degradação do Português, sob os aspectos de Pronúncia/Fala, Preposições, Gramática, Deturpações/Estrangeirismos, Vocabulário estrangeiro, Manias/Maus-Hábitos e o Acordo.
(...)
Carlos M. Coimbra
[Amanhã será publicada a segunda parte deste texto]
***
Para os interessados em seguir esta brilhante lição, aqui deixo os links, para os restantes textos (o primeiro, inclusive).
(Parte I)
(Parte II)
(Parte III)
Tal imagem originou uma interlocução, na qual participei, porque, como já disse algures, sou uma pessoa absolutamente sensata, amável, gentil, pacífica e pacifista, educada, afectuosa, mas diante da ESTUPIDEZ, seja de que origem for, não me contenho, nem tenho de me conter, então, sou o contrário disso tudo, porque me sinto no DEVER de deixar bem claro que NÓS, Portugueses, NÃO temos a obrigação de ACEITAR as palermices dos outros. É que se ninguém disser nada, eles acham que são o supra-sumo da inteligência, e quando se trata de Brasileiros, nomeadamente de "lauras e lauros do mundo", acham que “estão por cima da carne-seca”, quando, na verdade, “estão na pior” …
Esta interlocução foi praticamente entre mim e uma "laura maria", que se multiplica ene vez na Internet, nas redes sociais, no YouTube, com o mesmo tipo de linguagem e de mentalidade, que é preciso combater.
Isabel A. Ferreira
O maior país com o maior número de pessoas a falar o português, Brasil, será mesmo o iniciador da mudança ortográfica. Para nós não tem o menor sentido a colocação da letra "c" em palavras que não contém o som de "q". Não falamos "equixato"...pronunciamos "exato". Aliás o português ensinado mundo afora é o português brasileiro, por um simples motivo...SOMOS maioria.
Até podem ser a maioria mas isso nao vos faz os detentores da língua portuguesa, Português existe por causa de Portugal e nunca por causa do Brasil, então as unicas alteracoes que poderiam ser PEDIDAS A REPÚBLICA PORTUGUESA era a de retirar os C e os P em palavras que não são pronunciadas, mas jamais fazerem reenvidicacoes ou algo do género a uma língua que não vos pretence.
E a mesma coisa que eu ir a Apple e pedir para fazer algo que eu quero so pq comprei 1 Iphone e nao concordo de como foi feito.
Se nao concordo deixo de comprar ou de usar e de igual forma se aplica ao Brasil.
Não gosta do Português então aprendam Tupiguarani e tornem isso a vossa lingua materna e ai podem fazer o que quiserem com ela
Laura Maria diz Não falamos "equixato"...pronunciamos "exato". Mas neste caso que exemplifica o X tem valor de Z e não sofre alteração porquê?? deveria ser escrito EZATO tal como caso deveria ser CAZO não é???
O único país que tem como língua oficial o PORTUGUÊS e pertence a CPLP e aos PALOP foi Angola que continua a escrever de forma correcta porque pronunciamos o C
Paulo Mendes não sei se é do seu conhecimento, mas 70% da população brasileira é descendente de portugueses...eu inclusive...LOGO, A LINGUA NOS PERTENCE...quanto ao tupi guarani, ainda seria falado aqui se os NOSSOS antecedentes não tivessem dizimado os índios... O que eu quero dizer é que, por sermos agora MAIORIA, nós é que determinamos o que é melhor para a lingua portuguesa, quer você queira ou não. No Reino Unido, Alemanha, China, dentre outros países onde os laços comerciais com o Brasil é infinitamente maior do que com Portugal, o português ensinado é o português brasileiro. O mundo é pragmático.
António JM , na verdade a palavra não tem uma lógica. A palavra é um simbolo como qualquer outro, a ser memorizado. Escrevemos tigela com "g" e Majestade com "j"...Parece não ter lógica, mas como é um símbolo, não tem que ter logica...Já o excesso de letras é perfeitamente dispensável como "ecxato"...não necessita do c.
Laura Maria QUANTIDADE não significa QUALIDADE.
Chamem Língua Brasileira ao que falam e escrevem, e fica tudo bem.
E já agora, a palavrinha "ecxato" é alguma nova palavra do léxico brasileiro? Curiosa, esta palavrinha!
Isabel A. Ferreira não são brasileiros ou portugueses que ditarão qual é a lingua portuguesa padrão...Será aquela que é mais falada no mundo.
Laura Maria engana-se. Língua Portuguesa só há UMA. A de Portugal. As outras são VARIANTES do Português. A vossa é a BRASILEIRA. E que fiquem lá com ela. E que façam muito bom proveito dela. Mas não lhe chamem Portuguesa.
Só países com elevadas taxas de analfabetismo e incultura precisam de acordos ortográficos.
EUA e Inglaterra não precisaram nunca de acordos ortográficos.
Espanha e países sul-americanos de expressão espanhola, também nunca precisaram de acordos ortográficos.
Porquê isto agora?
Eu digo-lhe porquê: um complexo de inferioridade descomunal.
Laura Maria está muito mal informada. Fizeram-lhe uma lavagem cerebral e aceitou-a. Eu já ESTUDEI NO BRASIL, aprendi a ler e a escrever lá, e sei do que estou a falar. Sabia?
Isabel A. Ferreira Vc sabe nada do que fala. Age apenas como uma bairrista.
E o que mais percebo são pessoas portuguesas pessimamente alfabetizadas. Já que é para falar a verdade, não sabem conjugar verbos e a pontuação é algo inexistente.
Não quero ofender, apenas dissertar uma constatação lúcida. Tenho amigos portugueses. E gosto deles.
E quem te disse que inglês da América é igual ao britânico?!!! Não é não. Existem características distintas.
E palavras como geladeira, ao invés de frigorífico, ou celular ao invés de telemóvel, não é incultura. É OUTRA forma de se expressar. Devia saber disso!!!
O PORTUGUÊS falado no Brasil é o mais ensinado na Europa, China, por uma simples razão - somos a maioria a falar.
E o Brasil, sendo uma das dez maiores economias do mundo, e que comercializa globalmente, é perfeitamente compreensível ser o português brasileiro o mais aceito no mundo.
E por final o Brasil foi colonizado por portugueses com suas virtudes e defeitos TAMBÉM!!!
Laura Maria ACORDE!!!!! Estamos em 2022. O Brasil é independente desde 1822. E continua a marcar passo, porque pessoas como você não entenderam nada das lições da História.
Quantidade nunca foi sinónimo de qualidade. Sabia?
Os estrangeiros, quando querem aprender Português, escolhem a Língua Portuguesa, a ORIGINAL, e não a VARIANTE brasileira.
Como gostam de se enganarem a si próprios!
Os Africanos, de expressão portuguesa, não se afastaram da Língua Portuguesa, porque não sofrem do complexo de inferioridade (o complexo de vira-lata, de que falava Nelson Rodrigues).
Vá esperando sentada.
O Brasileiro poderá ter milhões de falantes no Brasil. Mas a Língua Portuguesa tem milhões de falantes em Portugal e nos quatro cantos do mundo.
Isabel A. Ferreira deixe de ser ridícula. A língua portuguesa ensinada no Reino Unido é o português brasileiro. A China acho que nem precisa citar. Basta ter dois neurônios pra entender o OBVIO, o porquê.
Complexo de inferioridade é o seu. Nem vou dizer o que os europeus pensam dos portugueses por consideração. E VOCÊ sabe disso.
Africanos não tem complexo de inferioridade? Haha, vc é hilária mesmo....
E se eles falam mais o português de Portugal, é porque estão estacionados no século passado. Não é culpa deles.
Agora, se a língua portuguesa tiver relevância no mundo será por causa do BRASIL, não de Portugal que encolhe economicamente bem como a sua população...
Laura Maria o seu comentário é de uma pobreza extrema. Não diz coisa com coisa. E saiba que os seus insultos não me atingem, porque a mim, só me insulta quem eu deixo.
A Laura Maria delira ao acreditar no que diz. Nada é mais lamentável do que fabricar delírios até à exaustão e acreditar que são verdades.
Fique lá com as suas ilusões. A lavagem cerebral que lhe fizeram resultou.
A Língua Portuguesa não precisa do Brasil para ser relevante. Ela É e SEMPRE FOI RELEVANTE, por si só.
As Línguas minoritárias europeias são TODAS RELEVANTES.
A língua que o Brasil espalha por aí, é uma língua de comunicação, não é uma Língua LITERÁRIA, uma Língua estruturada, uma Língua CULTA. Serve para comunicar, mas não serve para FIXAR o pensamento.
Os estrangeiros (repito) quando querem aprender Língua Portuguesa, vão ao original, não, às suas variantes. As variantes só servem para comunicar.
Eu quando quis aprender Língua Inglesa e Língua Castelhana, não escolhi os linguajares norte-americano e sul-americano. Fui à fonte, à raiz, ao original. O mesmo acontece com quem quer aprender Língua Portuguesa.
Contudo, se preferir acreditar que os estrangeiros escolhem o Brasileiro para aprender Português, leve lá a bicicleta. Contente-se com essa falácia.
Jamais a Língua Portuguesa se imporá no mundo através do Brasil, porque a VOSSA Língua já NÃO É a Portuguesa.
SE ainda não se apercebeu disto, eu REPITO quantas vezes forem necessárias.
É muito triste fazer a figura triste, que faz, ao dizer o que diz, porque opta por não querer ver o ÓBVIO.
Sinto muito.
Os Portugueses têm muito ORGULHO da sua Língua MINORITÁRIA EUROPEIA, porque é ela que FIXA o pensamento e a Cultura secular portuguesa. E esta Língua Minoritária Europeia jamais será ultrapassada pela Língua Brasileira, que anda por aí MAL escrita e MAL falada.
Pode dizer o que bem entender, porque tem essa liberdade. Pode acreditar nas invencionices que quiser, porque tem essa liberdade. Pode até insultar-me do modo que quiser, porque tem essa liberdade.
Porém, essa sua liberdade vale o que vale. Jamais conseguirá transformar a Língua Portuguesa numa língua apenas comunicativa.
Faça bom proveito com o seu BRASILEIRO.
Isabel A. Ferreira nao leio textão, ainda mais com conteúdo pouco inteligente, em telinha minúscula. Aprenda a ser concisa, vc não é um William Shakespeare, para se gastar muito tempo lendo.
Laura Maria é por não ler TEXTÕES que a sua ignorância é tão evidente.
Estou-me nas tintas que leia ou não leia os TEXTÕES em telinha minúscula. Só pessoas com MASSA CINZENTA dentro do crânio é que conseguem LER TEXTÕES numa telinha minúscula. Por isso, a sua apreciação do conteúdo que NÃO LEU, já demonstra a sua falta de massa cinzenta.
Por que não vai encher pneus de trem, que é um ofício muito mais digno do que andar pelo Facebook, a expor-se ao ridículo?
Isabel A. Ferreira Quanta grosseria, nossa !!!! A língua portuguesa brasileira é tão variante da de Portugal quanto a de Portugal é variante do latim vulgar falado pelos soldados nas ruas. Nossa língua é moderna porque ela é viva se movimenta, não estacionou no tempo. Não entendo como uma "pessoa" aproveita uma oportunidade para expressar todo seu preconceito contra um povo; que fique claro não foram os brasileiros que foram à Portugal e sim o português que veio ao Brasil, deixou sua língua e levou muitas coisas nossas tipo ouro, madeira...
Cristina Nascimento como é que num espaço tão pequeno se pode esparramar tanta IGNORÂNCIA! Parabéns! É um feito extraordinário!
Isabel A. Ferreira toma lesada!!! O seu textão é tão energúmeno... E não tenho paciência pra ler pensamento de gente tão obsoleta, retrógada, inculta, como você. Aprenda ai com o texto excelente da Cristina Nascimento. Até macaco adestrado é mais inteligente que você.
Laura Maria este seu comentário só diz de si, e absolutamente NADA diz de mim. Nem sequer belisca um fio do meu cabelo.
É gente como você que envergonha o Brasil e impede que ele EVOLUA, e faça com que mantenha um nível cultural tão baixo.
Lamento pelo Brasil. Pobre Brasil, que não merece ser deste modo tão INSULTADO, porque, infelizmente, ele está cheio de gente como você, que anda pelas redes sociais, pelo YouTube a disseminar o desmedido analfabetismo funcional e a gigantesca incultura que transparece nos seus hidrófobos comentários.
Isabel A. Ferreira lamento por Portugal, já tão desconsiderado na Europa, ainda ter VOCÊ tão atrasada que envergonha ainda mais o pequeno país... E invejo a sua burrice porque ela é ETERNA. Agora te darei um comando - escreva mais ignorâncias para eu testar um negócio aqui. Rápido!!! No aguardo...
Laura Maria ainda não desistiu de fazer papel ridículo? Não entendeu o que eu disse? A sua verborreia não me atinge. Se está habituada a fazer bullying com os mais fracos, saiba que comigo isso não funciona, porque tenho uma estrutura psicológica extraordinariamente sólida. Estou muito para além dessa sua aberração. Diga o que disser, a sua verborreia só desfavorece a si, não a mim. O que é que ainda não entendeu aqui? Preciso de fazer um desenho? Se quiser continuar, continue, porque diga o que disser só me privilegiará. Espero que consiga alcançar o significado deste meu comentário. Até agora não entendeu nada.
Isabel A. Ferreira ÓTIMO...respondeu rapidinho...Isso só comprova minha tese de que vc é ADESTRÁVEL. Responde aos comandos obedientemente. Vc é um excelente experimento para treinar "como influenciar uma mente simplória em pouco tempo".... Muito bem... Agora escreva mais para eu confirmar a tese... No aguardo.
Laura Maria ainda não percebeu que está a enterrar-se? Como poderia perceber? Está habituada a fazer bullying com os fracos. O caminho é perigoso. Ainda não se deu conta disso? Eu sou rápida, sim, porque quanto mais comentários fizer, melhor, para o meu objectivo. Não ando aqui a passar tempo. Ando aqui numa missão, com um objectivo bem definido. E a Laura Maria, está a ajudar bastante. OBRIGADA. Ainda não se apercebeu? Como pode, não é? Vá. Continue. Quando atingir o meu objectivo aviso-a.
Isabel A. Ferreira kkkk...Vc é tão previsível... Veio correndo responder, nem esperou um dia... Pois bem, vc respondeu de novo aos comandos. Está bem ADESTRADA...Convenceu-me. Eu a compro do seu dono.
Laura Maria quero dizer-lhe que o nosso (não estou nisto sozinha, ou pensava que estava?) objectivo foi finalmente alcançado, com êxito total, se quer saber.
Andou por aqui a pavonear-se como se fosse dona da verdade, e prestou-nos um grande favor, comprovando uma teoria, que se vem desenvolvendo há algum tempo, sobre o Brasil e as suas mentes "brilhantes", e a "Laura Maria" foi o expoente máximo, aquele toque final, de que precisávamos, para as conclusões finais, que circularão por outras vias. Eu avisei-a, mas não percebeu nada. Só quis olhar para o seu ego, achando que estava a dar cartas.
Quero agradecer-lhe (afinal, fui eu quem deu a cara) o facto de não ter desistido (alguns desistem) o que nos proporcionou chegar aos finalmentes. Já tínhamos visto de tudo, faltava a cereja para pôr no topo, e a "Laura Maria" foi perfeita.
Parabéns!
Posto isto, e não precisando de mais provas, tenho a dizer-lhe que daqui em diante, se quiser continuar a falar sozinha, esteja à vontade.
Quanto a mim, dou por encerrada a minha participação, nesta profícua interlocução luso-brasileira. Valeu!
***
Já depois de eu ter dito que dava por encerrada a minha participação, nesta profícua interlocução luso-brasileira, a Laura Maria, no registo de sempre, fez mais este comentário, e irá ficar a falar sozinha, uma vez que o objectivo de manter esta espécie de "diálogo", foi plenamente atingido.
Fonte:
https://www.facebook.com/114726108610753/photos/a.114867811929916/983867861696569
O título desta publicação é o assunto de um e-mail que recebi de alguém, que não irei identificar, por motivos óbvios, e que me chocou tanto quanto chocou quem o escreveu.
Há muito sabemos o que está por trás da imposição ditatorial do AO90, em Portugal. Também sabemos que a Língua Portuguesa, internacionalmente, não existe. O que existe, e veio substituí-la, é a Variante Brasileira do Português, que já não é Língua Portuguesa.
Penso que nenhum português se incomodará se a Língua Brasileira vier a ser a Língua mais falada no mundo, ou mesmo ser A Língua do mundo, como o é, neste momento, o Inglês, embora seja a terceira Língua mais falada. Que tenham muito bom proveito e sejam felizes. A inveja é um sentimento muito feio.
Os Portugueses, que se prezam de o ser, não são complexados. Estão-se nas tintas se a Língua Portuguesa vier a ser uma Língua minoritária, como a Língua Galega, desde que seja uma Língua, porque mais vale ter uma Língua minoritária, do que ter um arremedo de Língua.
Daí que, é com grande consternação que vemos a Língua Portuguesa ser substituída pela Variante Brasileira, e que continuem a chamar-lhe “portuguesa”. Porque já não é.
Sabemos que os governantes portugueses não têm um pingo de brio, daí que tanto se lhes dá como se lhes deu que a Língua Portuguesa tenha desaparecido da Internet ou do mundo. Contudo, enquanto houver PORTUGUESES (e não arremedos de portugueses) a Língua Portuguesa estará a salvo. Nós seremos o seu último reduto, tal como a Galiza é o último reduto da Língua Galega.
Isabel A. Ferreira
E-mail recebido:
Cara Isabel,
Eu inscrevi-me hoje nessa reunião na UNESCO. E ao inscrever-me eu escolhi como é óbvio a Língua Portuguesa, como estava indicado.
Como pode verificar no documento em anexo, a Língua Portuguesa parece ter deixado de existir nos cenáculos internacionais (além da Internet) e foi já claramente substituída pela [futura] língua brasileira.
Este documento não está redigido em português/acordês (AO1990) mas foi redigido directamente em brasileiro, o que não deveria suceder. Eu sublinhei a vermelho as palavras que demonstram o que aqui escrevo. Por exemplo, eu nunca “disquei” um número de telefone, e assim de seguida.
Por ter ficado extremamente chocado (para não dizer ferido com o que considero uma humilhação, para todos nós portugueses, para a Língua Portuguesa e para a Nação Portuguesa, decidi informá-la do que precede, assim como ao N. P.
Acho que seria útil e oportuno que se saiba, publicamente, como a LÍNGUA PORTUGUESA está inexoravelmente a ser eliminada internacionalmente por sucedâneos, como a futura língua brasileira, como aliás estava previsto na “AGENDA OCULTA” a qual continua a ser implementada.
Pelo menos agora está claro qual era o verdadeiro sentido deste desígnio. Só não vê quem não quer.
Cordialmente.
F.J.
***
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Em tempo de crise sanitária, económica e financeira, não podemos baixar a guarda, na luta contra esta outra crise, que abala a soberania e a independência portuguesas: a venda da Língua Portuguesa ao Brasil.
«Defender a Língua Portuguesa é defender a parte crucial da nossa existência como povo soberano e independente». Quem o diz é um amigo meu, Doutor em Engenharia Civil, Professor Catedrático em Angola, onde além dos muitos dialectos locais, também se fala e escreve Português culto e europeu, o qual não quis identificar-se, por motivos óbvios.
Um texto crucial, absolutamente obrigatório ler e reter e nele reflectir, para que possamos continuar a ser europeus e, sobretudo, portugueses.
Os que acham que Portugal é um país sul-americano olhem bem para este mapa: Portugal é um país que, com a Espanha, constitui a Península Ibérica, situada na parte mais ocidental de um continente chamado Europa. Em Espanha fala-se Castelhano, Galego, Catalão e Basco; em Portugal, fala-se Português (uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval a par do Provençal), e Mirandês (as duas Línguas oficiais portuguesas) somando-se a estas, mais quatro dialectos – Sendinês, Guadramilês, Riodonorês e Minderico (este último em extinção).
Esse meu Amigo, ausente há vários anos de Portugal, e cujo nome é considerado por ele um aspecto relativamente secundário, visitou o meu Blogue e inteirou-se da luta que se trava em Portugal em defesa da Língua Portuguesa.
Inacreditável, não é?
É que os Portugueses já foram chamados a defender o território contra a investida de vários invasores, entre eles, Mouros, Espanhóis, Ingleses e Franceses, na sua fase histórica. Já tiveram de defender direitos, ideais e ideias. Mas jamais passaria pela cabeça de ninguém (daí ser caso único, desde que o mundo é mundo) um povo (ou parte dele, porque há sempre os seguidistas, aqueles que seguem alguma coisa, seja boa ou má,sem nunca se questionarem ou fazerem juízos de valor) ter de vir defender a sua Língua Materna, apenas porque uns poucos ignorantes (e como bastam uns poucos!) querem substituí-la por uma ortografia estrangeira.
Pois esse meu Amigo, a propósito de um artigo onde apresento argumentos assertivos contra esta “invasão de bárbaros acordistas”, escreveu um texto, em Bom Português, que nos devolve a confiança no povo que já fomos, mas ainda podemos ser. Uma lição daquela História que já não se ensina nas escolas portuguesas e, por isso, tanto faz, como tanto fez, escrever esta ou aquela Língua, desde que se facilite a escrita, que é o que mais me dói ouvir da boca dos que aceitaram, sem pestanejar, a ortografia brasileira, com a supressão das consoantes mudas com uma função diacrítica, e de acentos e hífens, onde tudo isso faz falta, para se compreender a Língua.
Escreve então esse meu Amigo:
«De todos os modos o essencial do que ali diz é certamente o que repetirá (como eu, até à exaustão) em todos os seus escritos, defendendo aquilo que é a parte crucial da nossa existência como Povo Soberano e Independente, a nossa Língua.
Sem saudosismos ou passadismos retrógrados, penso que nos falta, na actualidade, como Povo, o reconhecimento daquilo que fomos capazes de fazer, quando libertos de amarras e de constrangimentos que não os nossos. Começámos por ser os primeiros a libertar a nossa parte da Península da presença dos muçulmanos, enquanto os nossos vizinhos só o fizeram quase 250 anos depois. Partimos para o mar, e embora não tivéssemos sido os primeiros (os Vikings, segundo parece, haviam-no feito com Eric, o Vermelho, por alturas do ano 1000, mas de resto sem quaisquer consequências sociais ou económicas), fizemo-lo em todas as direcções e demos início à globalização, há quase 600 anos. Dobrámos a África, chegámos à índia, à China, à Austrália e ao Japão, descobrimos o Novo Mundo (acredito, porque bem provada, na tese de Mascarenhas Barreto sobre a naturalidade portuguesa de Cristóbal Colón) e dominámos uma boa parte da África por onde tínhamos de passar nas nossas andanças para Leste.
Deixámos, por onde andámos, uma forma de viver única, não massacrámos, nem eliminámos fisicamente nenhum povo da Terra, como fizeram americanos e espanhóis, e a forma como nos relacionámos com todo o Mundo foi, essencialmente, feita na base da diplomacia. Houve naturalmente confrontos, mas quase nunca provocados por nós, que basicamente nos defendemos ou ajudámos a defender os nossos aliados. Deixámos atrás de nós um legado de saudade e de um humanismo imenso. Ainda hoje as gentes de Goa, de Malaca ou de Timor, recordam com um enorme respeito os Portugueses, para não falar na forma como somos recebidos no interior de Angola ou Moçambique pelos mais-velhos, aqueles que tiveram a oportunidade de conviver connosco. Eu sou testemunha disso, todos os dias em Angola.
Sem nacionalismos bacocos, poderemos dizer que atrás de nós ficou um legado muito peculiar, feito com erros, com imperfeições, certamente, mas com muita entrega, muito empenho, dedicação e carinho. Creio que a palavra "paternalismo" tem inteiro cabimento na forma de nos relacionarmos com os outros povos, não tanto na parte que pode significar superioridade, mas sobretudo naquilo que exprime aproximação e mesmo afecto. E é curioso verificar que é como Pai que olham para nós.
Para um povo que tinha 1.5 milhões de almas ou pouco mais no início da arrancada, vivemos num mundo onde quase 300 milhões de pessoas falam a nossa língua. Que é deles também, sem deixar de ser a NOSSA, e só perdemos identidade, só nos deslustramos perante todos eles se deixarmos de ser quem sempre fomos e tentarmos agora, como muitos imbecis procuram, disfarçar-nos atrás das cortinas da História, procurando fazer-nos desaparecer da vida desses povos, desvanecer o nosso carácter, quase a pedir desculpa de existirmos. Essa gente, que nos ataca e pretende afinal destruir-nos por dentro, não é Portuguesa, essa gente faz-se de Portuguesa por razões de interesse, e por isso porfia em contestar o que fomos, negar os nossos sucessos, tentando com isso apagar-nos da História. E a Língua, essa forma NOSSA de comunicarmos e de veicularmos o que somos, disseminar-se-ia de algum modo numa multidão de gentes, vindo a perder-se assim o rasto das suas origens.
Nos tempos que correm, em que vemos todos os dias soçobrar um pouco mais tudo aquilo que tem sido ao longo destes 875 anos de história colectiva, a razão que nos aproxima e justifica entre os demais povos da Terra, é com esperança redobrada que percebemos que não estamos sós e que aqui e ali se levantam cada vez mais vozes indignadas que protestam. E por isso me apraz muito participar neste seu blogue, onde encontro a primeira linha de defesa dos valores que são nossos, daquilo que nos pertence.
E diz mais à frente:
Foi esse querer que nos levou para longe, e que dá força ao pensamento de Gilberto Freire, o ilustre sociólogo brasileiro que definia o português "como alguém que nasce em Portugal e vai morrer não se sabe aonde". Talvez seja essa uma parte do nosso drama, o nosso verdadeiro estigma, saímos e não voltamos, acreditando que a retaguarda estivesse sempre protegida. Hoje, regressados ao quinhão natal vindos das 7 partidas do Mundo, espantamo-nos com a recepção fria quando não agreste com que nos acolhem e mal entendemos a vontade que impera no desfazer de tudo o que fomos e ainda somos. A Língua é o espaço vital, o traço de união que liga todo o Mundo onde já vivemos soberanamente e onde ainda sobrevivemos por força da nossa razão e de modo algum pela razão da força, que já não temos, ou quase nunca tivemos. Neste aspecto eu não posso deixar de me maravilhar com a capacidade extraordinária de um Paiva Couceiro, que acompanhado de meia dúzia de auxiliares (os chamados sipaios), desceu o Rio Cubango em Angola e trouxe para Portugal os povos de um território imenso (maior do que o território que nos sobra hoje), designado como Cuando-Cubango, construindo os fortes de Cuangar, Calai, Dirico e Mucusso, com duas ou três praças europeias em cada um. Ou o extraordinário Henrique de Carvalho que "abraçou" as Lundas (também maiores do que Portugal), sozinho, em conversações com os muatas quiôcos, e as ligou à nossa bandeira.
Onde está essa gente? Onde vive o espírito desses homens que olhavam para longe e impunham aos demais, sem usar necessariamente da força, a sua maneira de pensar? Fizemos um Brasil imenso, o maior país da América do Sul, com uma decisão e um querer impressionantes, resistindo ao "esfrangalhamento" em que caíram os territórios espanhóis (vale a pena ver o site Brasil Paralelo onde jovens historiadores brasileiros se fascinam a perceber o que lhes foi escondido por tantos anos). São eles as nossas melhores testemunhas.
Há uns anos a esta parte foi descoberto nas florestas da Amazónia uma fortaleza feita em cantaria de granito, onde se destacava uma placa que tinha os seguintes dizeres: - “Sua Majestade D. Pedro II, Rei de Portugal e dos Algarves (segue-se toda a panóplia de títulos que bem conhecemos)… queria que aqui se fizesse um forte. E fez-se.”
E hoje parece que nos envergonhamos de olhar para trás. Parece ser incorrecto tomar como exemplo os exemplos do passado, ou referir a grandeza única do nosso querer e do nosso pundonor. Não se trata de nacionalismos exacerbados ou fora do tempo, trata-se tão-somente de percebermos quem somos e porque estamos aqui. E olhando à nossa volta, percebemos que a estrénua resistência e enorme vontade que se lê e entende por detrás da evidente pobreza cultural da nossa gente, apenas demonstra que faltam os líderes, os guias que apontam os caminhos e a quem ninguém ousa desobedecer. Como dizia Pessoa ao terminar a Mensagem: - «mais que o mostrengo que a minha alma teme, manda a vontade que me ata ao leme, d’El-Rei D. João II». Ou lembrando o épico, no mais conhecido: - "um fraco rei faz fraca a forte gente"...
Será que nem a Língua, nem aquilo que falamos e que traduz quem somos, resiste ao ímpeto destruidor da “canalha”(*)?
«Floresça, fale, cante e ouça-se e Viva a Portuguesa Língua. E já, aonde for, Senhora vá de si, Soberba e Altiva…» (Lembro António Ferreira, no já distante século XVI, na carta que então escrevia a Pêro de Andrade Caminha, e pergunto-me: - o que nos aconteceu, que maldição é esta? Como pudemos chegar a este ponto, a esta encruzilhada que parece fatal, e onde o Futuro se decide em todos os momentos?).
Não faço do Passado uma forma de viver. Mas tenho certo que o Presente e o Futuro só existem para quem tem Passado.
Será talvez esta a explicação do nosso descontentamento, não sei...»
Um Amigo
(*) Como melancolicamente se queixava D. Pedro V aos seus amigos, dos ataques, já nesse tempo incisivos, dos predadores de serviço.
***
Pois é! Também não sei, meu caro Amigo.
Mas uma coisa eu sei, nós dois sabemos: «Por detrás da evidente pobreza cultural da nossa gente, está realmente a falta de verdadeiros líderes, os guias que apontam os caminhos e a quem ninguém ousa desobedecer».
Sabemos que os «fracos governantes, que actualmente nos (des)governam fazem fraca a forte gente que ainda somos».
Sabemos também que destes fracos governantes não rezará a nossa gloriosa História, pois nela serão perpetuados como os que tentaram destruir uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval – a Língua Portuguesa, que continuaremos a defender até que a Irracionalidade dê lugar à Razão.
Isabel A. Ferreira
Morreu o “pai”, e agora que morra também o “filho”, ao qual chamou Acordo Ortográfico de 1990.
Que Malaca Casteleiro possa descansar em paz, e que Deus lhe perdoe o MAL que ele fez a Portugal e aos Portugueses, ao destruir a nossa Língua Materna.
É caso para questionar: «A morte para o homem, ou a morte pára o homem?» como observou o amigo João Lutas Craveiro.
«Não foram para já adiantados pormenores sobre as cerimónias fúnebres do linguista João Malaca Casteleiro, figura central na elaboração do novo Acordo Ortográfico (de 1990).
O linguista João Malaca Casteleiro, figura central na elaboração do novo Acordo Ortográfico, morreu na sexta-feira, aos 83 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, onde estava internado, disse hoje à Lusa uma colega e ex-aluna do professor catedrático.
Malaca Casteleiro, natural de Teixoso, Covilhã, licenciou-se em Filologia Românica, em 1961, tendo obtido o doutoramento pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1979, com uma dissertação sobre a sintaxe da língua portuguesa.
Professor catedrático naquela faculdade desde 1981 e membro da Academia das Ciências de Lisboa, Malaca Casteleiro foi o principal responsável na elaboração do novo Acordo Ortográfico de 1990, acordo esse que só entrou em vigor em Portugal mais de uma década depois (2009). Foi o coordenador científico do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências.
Foi também director de investigação do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, conselheiro científico do Instituto Nacional de Investigação Científica e presidiu ao Conselho Científico da Faculdade entre 1984 e 1987.
Foi ainda presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia entre 1991 e 2008, tendo durante a sua longa carreira de professor orientado muitas de teses de doutoramento e de mestrado.
Em Abril de 2001, foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Não foram para já adiantados pormenores sobre as cerimónias fúnebres de Malaca Casteleiro.
Em declarações à agência Lusa, Margarita Correia, professora auxiliar da Faculdade de Letras de Lisboa e antiga aluna de Malaca Casteleiro, recordou o professor agora falecido como “uma pessoa muito generosa”, que “ajudou muita gente” e figura “importante na difusão do português na China e em Macau”.
Margarita Correia referiu que foi aluna de mestrado e doutoramento de Malaca Casteleiro e lembrou que o linguista e professor tinha duas frases predilectas que gostava de repetir aos alunos: “Dando liberdade e exigindo responsabilidade” e “quem nunca fez nada nunca é criticado”.
Recordou também que, em Outubro passado, Malaca Casteleiro foi alvo de uma homenagem dos seus pares da comunidade de países língua portuguesa, que decorreu na Universidade do Porto.»
Fonte:
Rever? Rever o quê? O que há para rever no AO90?
Bem, se me disserem que é para repor todas as consoantes mudas que o AO90 surripiou, e dar o dito pelo não dito no que respeita à acentuação e hifenização mal-amanhadas, alinhavadas à pressa, o que provocou mais caos do que ordem na escrita, se é para repor a grafia da Língua Portuguesa, então será uma medida inteligente.
Tudo o resto será uma tentativa de colar cacos.
Imagem reconstituída daqui: https://medium.com/@pedrograca13/kintsugi-4d16a67040b5
Se é para colar os cacos deixados pela imposição ilegal do AO90, a pergunta é: o que andou a fazer o Grupo de Trabalho criado pelo Parlamento para “estudar” (ou fazer-de-conta que ia estudar?) a aplicação das novas regras (desregradas) para a Língua Portuguesa (que é como quem diz, o modo de grafar à brasileira) para chegar à conclusão de que é preciso “rever” e não eliminar urgentemente o aborto ortográfico antes que faça mais mossa do que já fez?
É óbvio que ninguém quer uma revisão, porque uma revisão seria admitir que o AO90 tem alguma ponta por onde se lhe pegue. O que não é verdade. Até o Brasil quer a REVOGAÇÃO. Por que há-de Portugal pretender rever o que os outros países estão a descartar?
Porém o que mais me chamou a atenção nesta notícia, que pode ser lida mais abaixo, foi o que disse o assessor cultural do presidente da República, Pedro Mexia:
Lê-se:
«Mas, afinal, o que está em cima da mesa? Não é provável que a revogação do acordo aconteça em Portugal. Apesar da frontal discordância perante o AO, o escritor e assessor cultural do Presidente da República, Pedro Mexia, reconhece que seria “problemático” anular o acordo, depois de este ter sido aplicado na Administração Pública e nas escolas — “foi dado um passo maior do que as pernas e até alguns dos maiores defensores estão a assumir que foram feitos erros e disparates».
Como disse, Pedro Mexia? O maior disparate é dizer que seria “problemático” anular o acordo. Isto é passar um atestado de incapacidade intelectual a todos os que cegamente ou servilmente começaram a escrever incorreCtamente a Língua, que passaram anos a escrever correCtamente, antes de a imposição forçada da grafia brasileira.
Neste grupo dos incapazes de tornar a escrever como sempre escreveram, não estão incluidos as crianças e os jovens, porque estes têm capacidade para aprenderem e desaprenderem tudo e mais alguma coisa, sem o menor problema. Os adultos, que fazem parte da administração pública, não terão a capacidade de tornar a escrever como sempre escreveram? Serão assim tão inscientes? Isso não serve de desculpa, não é um argumento racional, para que se mantenha o erro, enquanto nos restantes países o AO90 está a ser rechaçado.
Não há problemática nenhuma, Pedro Mexia, o que há é má-vontade. Voltar atrás vai dar algum trabalho, mas não é impossível. Impossível é manter os Portugueses e os funcionários públicos a escrever a mixórdia ortográfica criada pela aplicação do AO90, a exemplo do primeiro-ministro de Portugal e da comunicação social servilista, que nem à brasileira, nem à portuguesa, o que escrevem é à balda.
Veja-se aqui um bom exemplo da mixórdia ortográfica gerada pelo AO90, por parte de quem tinha o DEVER de falar e escrever correCtamente a Língua do país, do qual é primeiro-ministro, e no seu Tweeter, dá uma no cravo outra na ferradura, à baldex (para usar uma linguagem muito na moda).
(Imagem recebida via-email)
Não é da racionalidade destruir uma Língua, e ficar parvamente sós, apenas porque se acha que uns poucos já não são capazes de voltar a escrever correCtamente, o que levaram anos a aprender. Mas que raciocínio mais retorcido será este? É assim tão mais difícil desaprender o que em menos de dez anos aprenderam? Não posso aceitar esta premissa sem perplexidade.
Quanto às crianças, nas escolas, não haverá o mínimo problema. Se não houve para mim, que com a maior facilidade, aprendi e desaprendi a escrever e a falar ora à brasileira, ora à portuguesa, durante a minha infância, adolescência e juventude, sempre que me deslocava daqui para lá, e de lá para cá, e não sou nenhum supercérebro, não haverá o mínimo problema com as crianças e jovens de hoje. Isto é algo que pode ser comprovado pelas Ciências da Mente, porque o cérebro dos mais jovens está mais disponível para a aprendizagem, do que os cérebros menos jovens.
Portanto, o “argumento” ah! o acordo já foi aplicado e é “problemático” voltar atrás é um não-argumento.
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Regressemos à notícia assinada por
Alexandra Carita e Christiana Martins
Nota: os trechos e os comentários a negrito são da minha responsabilidade.
Parlamento revê (des)Acordo Ortográfico
«Grupo de trabalho constituído pelo Parlamento recomenda alterações. PS é o único partido que não quer mexidas. Uma década depois de entrar em vigor, o acordo pode voltar à estaca zero.
(O PS lá terá razões que a racionalidade desconhece).
Dez anos depois de ter sido aprovado, em Maio de 2009, o Acordo Ortográfico (AO) deverá agora ser alterado. É isso que defende o grupo de trabalho criado pelo Parlamento para estudar a aplicação das novas regras para a Língua Portuguesa. A recomendação consta do relatório final que será entregue nas próximas semanas. Mas o polémico tratado pode mesmo vir a ser revogado, como exige um projecto-de-lei que resulta de uma petição assinada por mais de 20 mil pessoas e que deu entrada no mês passado na Assembleia da República. Tudo isto numa altura em que, no Brasil, a discussão sobre a revogação do AO está na ordem do dia e em que Cabo Verde está prestes a declarar o crioulo como língua oficial. A reviravolta, esperada por tantos ao longo da última década, pode mesmo acontecer. O Governo está contra.
(Ao Governo, estando enterrado nesta negociata obscura até ao pescoço, não convém mexer nela, para que a verdade não venha ao de cima.)
Os partidos não são consensuais na análise ao AO e prepara-se um esgrimir de opiniões. PSD, CDS, PCP e Bloco de Esquerda querem alterar ou mesmo revogar o documento. O PS é o único que quer que tudo fique como está. A Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) é o mais radical dos documentos a ser alvo de votação em plenário: pretende a “suspensão” por “prazo indeterminado” com vista a serem “elaborados estudos complementares que atestem a sua viabilidade económica, o seu impacto social e a sua adequação ao contexto histórico, nacional e patrimonial em que se insere”. As 20 mil assinaturas entregues conseguiram o registo de um projecto-de-lei e aguarda-se a definição da data da votação no hemiciclo, que deverá ocorrer ainda nesta legislatura.
Os signatários exigem a revogação da Resolução da Assembleia da República que aprova o segundo protocolo modificativo do AO, no qual se decidiu que a sua ratificação por apenas três dos então sete países de língua oficial portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, e, mais tarde, um oitavo chamado Timor-Leste) era o bastante para que o documento entrasse em vigor (ver texto em baixo).
Mais: o projecto-de-lei designa ainda a ortografia anterior ao AO, vigente até 31 de Dezembro de 2009 e nunca revogada, como aquela a utilizar no presente. Maria do Carmo Vieira, membro da comissão representativa da ILC, defende que “não se trata de um braço-de-ferro, mas sim de uma luta pela inteligência, pelo carácter científico e pelo patriotismo”. “Aperfeiçoar o que é medíocre e está errado não me parece válido”, conclui.
Os deputados terão duas oportunidades para reflectir. O relatório conclusivo da “Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990” será apresentado na Comissão de Cultura nas próximas semanas e a sua votação parece ser mais fácil, bastando a iniciativa legislativa de um deputado ou grupo parlamentar para chegar a plenário.
O que querem os partidos
“No entendimento do grupo de trabalho, o AO carece, no mínimo, de ser aperfeiçoado”, afirma José Carlos Barros, deputado do PSD, coordenador do grupo de trabalho e relator do relatório final. “É evidente que a unificação ortográfica não se conseguiu. Na prática, o que está a acontecer é que Portugal está a aplicar o AO à força por uma resolução do Conselho de Ministros”, continua o deputado. Para o PSD, o Acordo foi um passo “não ponderado”. Na mesma linha está a deputada centrista Teresa Caeiro: “Não conheço ninguém que se reveja no AO”. O documento, afirma a representante do CDS-PP no grupo de trabalho, “foi absolutamente precipitado e levado a cabo por meia dúzia de académicos, que conseguiram levar em frente uma decisão que ninguém exigia”. Teresa Caeiro acredita que “mais vale reverter o erro do que perpetuá-lo” e defende, por isso, a revogação do Acordo. “O meu desejo é que se tenha a honestidade e a humildade para parar e rever o AO.”
O PCP, pela voz de Ana Mesquita, garante que as incongruências na aplicação do tratado são gritantes. “É a boa altura para se fazer a discussão sobre o AO e arranjar uma saída elegante do imbróglio em que estamos metidos”.
A tendência de voto do Bloco de Esquerda parece ir no mesmo sentido. Luís Monteiro assinala que existem críticas a fazer ao AO e tem muitas reservas em alguns pontos. O bloquista considera “pertinente uma iniciativa legislativa sobre o acordo e apoia a sua discussão em plenário”. “O AO pode ser melhorado”, diz, advertindo, no entanto, que a posição do BE é contra a revogação.
(Como é que algo que é rejeitado por milhares de escreventes, e que já ficou provado que é um aborto ortográfico, pode ser melhorado? Não pode melhorar-se algo que não é passível de ser melhorado. É como tentar dessalgar um arroz de ervilhas salgado, ou tornar sã uma fruta podre).
Sozinho, aparece o Partido Socialista. Diogo Leão, o deputado que acompanhou as reuniões do grupo de trabalho, diz, que “o PS não tem qualquer iniciativa em vista”. Para o partido do Governo, o acordo está em vigor e o “Estado respeita-o, as novas gerações já foram educadas com a nova ortografia e toda a Administração Pública o utiliza”. “Sendo assim, não temos motivos para o questionar”, conclui Diogo Leão.
(Bem, o PS com este modo de pensar, passa um atestado de estupidez não só aos Portugueses, como às novas gerações e principalmente à administração pública, que passou vários e compridos anos a grafar à portuguesa, e uns poucos a grafar à brasileira, e agora já não se lembra o que aprendeu na infância. Isto até pode acontecer a quem tem cérebros mirrados, mas não a quem tem cérebros activos, que é o caso das novas gerações. E há que ter em contra que é IRRACIONAL manter um erro, assente num argumento também tão IRRACIONAL).
Ao Expresso, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, diz que “os sistemas de ensino, editorial, jurídico e científico estão hoje sintonizados e a concertação político-diplomática com os outros países de língua portuguesa nesta matéria é ainda significativa”. Por isso, conclui o ministro que tutela o Acordo Ortográfico, “não se afigura a necessidade ou a oportunidade de, no momento, efectuar uma reversão”.
(O que diz o kapo de serviço para a destruição da Língua Portuguesa é uma redonda mentira. Ninguém está sintonizado em nenhum dos sistemas referidos, e muito menos existe concertação político-diplomática com os outros países. Zero concertação. Mas esta é a função de um kapo, que todos nós esperamos que seja afastado da próxima governação, para que a racionalidade regresse a Portugal.)
No entanto, feitas as contas, se o PS ficar isolado na votação do relatório conclusivo do grupo de trabalho, o AO será mesmo revisto e discutido com os votos do PSD, CDS, PCP e BE. O PAN não teve assento neste grupo de trabalho.
Cúmplices de Bolsonaro
Questionado pelo Expresso na viagem à China, o Presidente da República remete o desafio de alterar a situação para os políticos: “Estive em Moçambique há três anos e dizia-se que ia haver uma posição; em Angola iam tomar uma posição; no Brasil, periodicamente diz-se o mesmo, mas depois não é tomada posição nenhuma. Desde o início do meu mandato que me falam nisso [revogação] e o que tenho visto é que, quer em Portugal quer nos outros países, é uma matéria recorrentemente tratada, mas não há nenhuma iniciativa política. Mesmo no Parlamento não há”.
(O senhor presidente anda muito distraído e tão focado na sua pessoa que não está a par do que se passa ao seu redor. Acorde, senhor Presidente! Existe um país chamado Portugal, do qual é o presidente. Esqueceu-se? A Constituição da República Portuguesa não está a ser respeitada. Portugal violou várias convenções e o senhor não tem conhecimento disto? E ainda diz que não há nenhuma iniciativa política, quando devia pressionar o Governo para que revogue o AO90, que está a destruir a nossa identidade?)
Enquanto chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa diz que não pode formular juízos. Ainda assim, mantém as críticas que fez no passado. Em 2016, Marcelo, em declarações polémicas ao Expresso, referindo-se à não-ratificação do acordo por Angola e Moçambique, abriu a porta a uma revisão da vigência do AO. “Não é claro que o objectivo diplomático esteja a ser atingido e, caso estes países decidam não o adoptar, impõe-se uma reflexão sobre a matéria, que é de competência governamental, mas o Presidente não deixará de sublinhar a utilidade e necessidade de reflexão se se verificar que o objectivo primeiro não é atingido.”
(Enquanto Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa formula juízos de tudo e mais alguma coisa, excePto da Língua Portuguesa, que ele, como Chefe de Estado, devia defender e não defende).
Até hoje, passados três anos, nem Angola nem Moçambique ratificaram o tratado. E agora é o Brasil que ameaça sair. Há uma semana, em Brasília, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de audiência pública para que seja debatida a revogação do AO.
No documento a que o Expresso teve acesso, o deputado Jaziel Pereira de Sousa, do Partido da República, uma das siglas de direita, afirma que o pedido vem na sequência de um desejo do Presidente Jair Bolsonaro. Ainda antes deste requerimento oficial, Filipe Martins, assessor especial de Bolsonaro para Assuntos Internacionais, publicou no Twitter a intenção do Governo. “Depois de nos livrarmos do horário de Verão, temos de nos livrar da tomada de três pinos, das urnas eletrónicas e do acordo ortográfico.”
Em Portugal, um dos principais rostos da defesa do Acordo Ortográfico, Carlos Reis, professor da Universidade de Coimbra, diz que não existe uma estratégia para a língua portuguesa em nenhum dos países enquanto “o discurso político se limitar a declarações de circunstância, sem conteúdo nem propósito de continuidade”. E deixa um alerta aos partidos portugueses que discordam do acordo: “Resta saber se acabarão por se descobrir cúmplices inesperados de Jair Bolsonaro.”
O que vai mudar
Mas, afinal, o que está em cima da mesa? Não é provável que a revogação do acordo aconteça em Portugal. Apesar da frontal discordância perante o AO, o escritor e assessor cultural do Presidente da República, Pedro Mexia, reconhece que seria “problemático” anular o acordo, depois de este ter sido aplicado na Administração Pública e nas escolas — “foi dado um passo maior do que as pernas e até alguns dos maiores defensores estão a assumir que foram feitos erros e disparates”.
(Pedro Mexia é assessor do presidente. E quem é assessor do presidente, normalmente diz ámen.)
É precisamente para corrigir alguns desses erros que o grupo de trabalho constituído pelo Parlamento propõe o aperfeiçoamento do AO. Na base está o documento “Sugestões para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”, entregue na AR em 2017, pela Academia de Ciências de Lisboa, o órgão consultivo do Governo no que respeita à língua portuguesa. Os três pontos-chave que determinam as alterações ao Acordo prendem-se com a acentuação gráfica, as sequências consonânticas e o emprego do hífen. Nada mais nada menos do que as regras que mais confusão têm gerado na escrita pós-AO. Exemplos multiplicam-se, mas vejam-se os mais comuns. O presente do indicativo da 3ª pessoa do singular do verbo parar (que, com o acordo, passou a escrever-se “para”) voltará a ter acento (“pára”), deixando de se confundir com a proposição para; no caso das consonantes mudas, voltam a ser escritas em algumas palavras para não gerar ambiguidade, como acontece com recessão (económica) e receção (de hotel); finalmente, no que respeita à hifenização, palavras com sentido único como faz-de-conta recuperam o hífen, bem como as palavras com formas reduzidas, afro-brasileiro ou euro-asiático.
(Aqui falta dizer que a acentuação e a hifenização são importantes para Brasil e para Portugal, porém para os Portugueses, além da hifenização e da acentuação há a grafia brasileira mutilada, que NÃO pertence à Língua Portuguesa, e essa tem de ser eliminada. A grafia brasileira é do Brasil. Não é de Portugal. As consoantes MUDAS têm de ser devolvidas à Língua Portuguesa. A revogação do AO90, para o Brasil, reduz-se apenas à acentuação e à hifenização, porque as consoantes mudas, lá, continuarão a ser suprimidas, tal como são desde 1943. Para Portugal a revogação do AO90 inclui a hifenização, a acentuação e a GRAFIA. Não esquecer deste pormenor importante: a grafia portuguesa tem de ser devolvida a Portugal).
Para quem pensa que as alterações poderão ser uma catástrofe para a economia livreira, João Alvim, presidente da APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros), desdramatiza: “O AO tem de evoluir e melhorar, muitas regras têm de ser analisadas, repensadas. Se tivermos de fazer alterações onde é necessário, fá-lo-emos progressivamente”. Mas não deixa de anunciar o pior, caso se tenha que alterar tudo, o que obrigaria a uma revisão completa dos livros técnicos, de ensino, manuais e livros de referência. “Nem quero pensar nisso”, diz João Alvim.
(Assim como se atirou ao lixo, os livros e os manuais correCtamente escritos, assim se atirará ao lixo os livros e manuais incorreCtamente escritos. As editoras deviam ser penalizadas pela ganância que tiveram, na destruição da Língua, mirando lucros com os novos livros acordizados. Daí que a falência era a pena que deviam levar pelo crime de lesa-língua.)
Com Filipe Santos Costa
Dez anos de legalidade pouco ou nada clara
Dos oito Estados subscritores, só Portugal cumpriu o que estava assinado. Os outros ou nunca ratificaram, ou não cumprem, ou querem sair.
Se Jair Bolsonaro cumprir a intenção de revogar o Acordo Ortográfico (AO) no Brasil, a ideia de uma língua transatlântica ficaria esvaziada em cerca de 220 dos mais de 250 milhões de falantes de Português. Mas esta hipótese é apenas o mais recente problema numa longa história de percalços num projecto que beneficia a fonética em detrimento da ortografia e começou a ser concebido no fim dos anos 80 e ainda hoje não tem aplicação plena. Amanhã comemora-se o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura e a 13 de Maio passam dez anos da efectiva entrada em vigor do AO, mas pouco há para comemorar.
Além da proposta brasileira, esta semana, o secretário executivo da CPLP em deslocação a Luanda reuniu-se com a ministra da Educação de Angola para discutir o acordo. Questionada pelo Expresso, a CPLP não esclareceu o conteúdo da reunião. Sabe-se, contudo, que Angola, juntamente com Moçambique, nunca ratificou o AO, mantendo muitas reticências à sua aplicação. Mas, mesmo quanto aos países que o terão ratificado, como São Tomé e Príncipe, o cumprimento prático do AO é questionável.
(São Tomé e Príncipe está-se nas tintas para o AO90. A língua dominante é o Francês.)
Tudo começou em Janeiro de 1990, quando Pedro Santana Lopes foi nomeado secretário de Estado da Cultura por Cavaco Silva com duas incumbências fundamentais: concluir o Centro Cultural de Belém e fazer o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Em apenas uma semana daquele ano, delegações dos sete Estados — Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe — aprovaram os contornos do AO na Academia de Ciências em Lisboa. Em Maio de 1991, o tratado foi aprovado pelo Parlamento português, com votos favoráveis do PSD, CDS; o PS dividiu-se e o PCP absteve-se; e o então Presidente, Mário Soares, ratificou a decisão.
O primeiro protocolo modificativo surgiu em 1998 e o sentido originário do AO começou a ruir, com a supressão da exigência da entrada em vigor simultânea nos sete Estados subscritores. A AR aprovou as alterações e Jorge Sampaio ratificou-as em 2000. Em 2004, os chefes de Estado e de Governo da CPLP decidiram que, passados 24 anos da assinatura formal, era melhor era baixar a fasquia, tendo em conta que o acordo ainda não havia entrado em vigor por não ter sido ratificado por todas as partes contratantes. Assim, para vigorar, o AO necessitaria “apenas” que três Estados depositassem a ratificação no Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Mas continua por esclarecer se tal critério foi cumprido e, se foi, se não está manchado por alguma ilegalidade processual.
A ratificação expressa aconteceu apenas em Portugal e Cabo Verde. São Tomé terá finalizado o processo de ratificação em 2006, mas não é conhecido o depósito da ratificação. Questionado pelo Expresso, o MNE português afirma apenas que o AO “encontra-se em vigor em Portugal e também no Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe”. E que “Guiné-Bissau e Timor-Leste terminaram os respectivos processos internos de aprovação, embora ainda não tenham procedido ao depósito”.
(O kapo de serviço tem um discurso chapa 5, onde a mentira impera. Além de estar a prestar um péssimo serviço a Portugal está a enganar os Portugueses).
No Brasil, os problemas vêm de trás. O Congresso aprovou o tratado inicial em 1995, que não foi promulgado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2008, o “Diário Oficial” — equivalente do “Diário da República” — referia que quaisquer alterações ao AO teriam de ser alvo de intervenção do Congresso, mas o protocolo modificativo de 2004 só terá sido promulgado em 2008 por Lula da Silva sem discussão prévia na Câmara.
Christiana Martins
NOTA: transcrição integral de notícia e “caixa” publicadas no Expresso de 04 de Maio de 2019. Texto convertido para Português.
Fonte:
Um exemplo de (des) “união” das ortografias portuguesa e brasileira que o AO90 veio acentuar.
Michel Temer, actual presidente do Brasil
«Michel Temer chegou hoje à cimeira do G20, na China, não como presidente interino, mas como presidente de fato», ouviu-se a jornalista anunciar.
Obviamente a jornalista portuguesa quis referir que Michel Temer, como um homem elegante que é, chegou de fato… e gravata, como mandam as boas regras do vestuário dos chefes de Estado.
É que em Portugal, os portugueses ainda vestem fatos. O que não significa que não venham a despi-los para passarem a andar cobertos por coisas feitas ou acontecimentos. Esperemos que tal nunca venha a acontecer, porque ficariam muito deselegantes.
Ora isto para dizer que os acordistas, como Carlos Reis, não têm a menor ideia do que dizem, quando dizem a idiotice que se lê nesta imagem:
Fonte da imagem:
Ai sim, senhor professor? Tem a certeza?
Com o acordo ortográfico de 1990 deixou-se de ter duas normas oficiais?
Muito nos conta, porque não é isso que vemos por aí…
Para deixar de haver duas normas oficiais da Língua Portuguesa, das duas, uma: ou os Portugueses, por exemplo, começam a substituir o acento agudo pelo acento circunflexo, e o nome do nosso primeiro-ministro passará a grafar-se Antônio Costa; ou começam os brasileiros a substituir o acento circunflexo pelo acento agudo, e começarão a andar de ónibus.
Um dos povos terá de abdicar destes pormenores, que não são poucos.
Ou os Portugueses começam a contatar os Brasileiros; ou os Brasileiros terão de contactar os Portugueses.
Ou os Portugueses começam a anistiar condenados políticos; ou os Brasileiros amnistiarão os condenados injustamente no Brasil.
Com esta barafunda, até os problemas dos olhos passaram a ser exclusivos dos ouvidos. É que anda para aí muita doença óptica a passar por ótica.
E estaríamos aqui até domingo à noite a dar exemplos.
Vamos lá a ver: se querem as duas vertentes da Língua Portuguesa, unificada, fiquemos com a vertente mais culta, porque não mutilada e desenraizada, que é a europeia, e os Brasileiros que passem a escrever correCtamente, sim, porque são eles que escrevem erradamente o Português. Nenhum outro povo lusófono mutilou a Língua como o povo Brasileiro mutilou. Mas têm todo o direito de a mutilar, só que não lhe chamem de Língua Portuguesa, porque não é.
Daí que se quiserem fazer fatos de factos, chamem-lhe Língua Brasileira.
Não me importo nada.
Isabel A. Ferreira
Quem o diz é um amigo meu, Doutor em Engenharia Civil, Professor Catedrático em Angola, onde além dos muitos dialectos locais, também se fala e escreve Português culto e europeu.
Os que acham que Portugal é um país sul-americano olhem bem para este mapa: Portugal é um país que, com a Espanha, constitui a Península Ibérica, situada na parte mais ocidental de um continente chamado Europa. Em Espanha fala-se Castelhano, Galego, Catalão e Basco; em Portugal, fala-se Português (uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval a par do Provençal), e Mirandês (as duas Línguas oficiais portuguesas) somando-se a estas, mais quatro dialectos – Sendinês, Guadramilês, Riodonorês e Minderico (este último em extinção).
Esse meu Amigo, ausente há vários anos de Portugal, e cujo nome é considerado por ele um aspecto relativamente secundário, visitou o meu Blogue e inteirou-se da luta que se trava em Portugal em defesa da Língua Portuguesa.
Inacreditável, não é?
É que os Portugueses já foram chamados a defender o território contra a investida de vários invasores, entre eles, Mouros, Espanhóis, Ingleses e Franceses, na sua fase histórica. Já tiveram de defender direitos, ideais e ideias. Mas jamais passaria pela cabeça de ninguém (daí ser caso único, desde que o mundo é mundo) um povo (ou parte dele, porque há sempre os seguidistas, aqueles que seguem alguma coisa, seja boa ou má,sem nunca se questionarem ou fazerem juízos de valor) ter de vir defender a sua Língua Materna, apenas porque uns poucos ignorantes (e como bastam uns poucos!) querem substituí-la por uma ortografia estrangeira.
Pois esse meu Amigo, a propósito de um artigo onde apresento argumentos assertivos contra esta “invasão de bárbaros acordistas”, escreveu um texto, em Bom Português, que nos devolve a confiança no povo que já fomos, mas ainda podemos ser. Uma lição daquela História que já não se ensina nas escolas portuguesas e, por isso, tanto faz, como tanto fez, escrever esta ou aquela Língua, desde que se facilite a escrita, que é o que mais me dói ouvir da boca dos que aceitaram, sem pestanejar, a ortografia brasileira, com a supressão das consoantes mudas com uma função diacrítica, e de acentos e hífens, onde tudo isso faz falta, para se compreender a Língua.
Escreve então esse meu Amigo:
«De todos os modos o essencial do que ali diz é certamente o que repetirá (como eu, até à exaustão) em todos os seus escritos, defendendo aquilo que é a parte crucial da nossa existência como Povo Soberano e Independente, a nossa Língua.
Sem saudosismos ou passadismos retrógrados, penso que nos falta, na actualidade, como Povo, o reconhecimento daquilo que fomos capazes de fazer, quando libertos de amarras e de constrangimentos que não os nossos. Começámos por ser os primeiros a libertar a nossa parte da Península da presença dos muçulmanos, enquanto os nossos vizinhos só o fizeram quase 250 anos depois. Partimos para o mar, e embora não tivéssemos sido os primeiros (os Vikings, segundo parece, haviam-no feito com Eric, o Vermelho, por alturas do ano 1000, mas de resto sem quaisquer consequências sociais ou económicas), fizemo-lo em todas as direcções e demos início à globalização, há quase 600 anos. Dobrámos a África, chegámos à índia, à China, à Austrália e ao Japão, descobrimos o Novo Mundo (acredito, porque bem provada, na tese de Mascarenhas Barreto sobre a naturalidade portuguesa de Cristóbal Colón) e dominámos uma boa parte da África por onde tínhamos de passar nas nossas andanças para Leste.
Deixámos, por onde andámos, uma forma de viver única, não massacrámos, nem eliminámos fisicamente nenhum povo da Terra, como fizeram americanos e espanhóis, e a forma como nos relacionámos com todo o Mundo foi, essencialmente, feita na base da diplomacia. Houve naturalmente confrontos, mas quase nunca provocados por nós, que basicamente nos defendemos ou ajudámos a defender os nossos aliados. Deixámos atrás de nós um legado de saudade e de um humanismo imenso. Ainda hoje as gentes de Goa, de Malaca ou de Timor, recordam com um enorme respeito os Portugueses, para não falar na forma como somos recebidos no interior de Angola ou Moçambique pelos mais-velhos, aqueles que tiveram a oportunidade de conviver connosco. Eu sou testemunha disso, todos os dias em Angola.
Sem nacionalismos bacocos, poderemos dizer que atrás de nós ficou um legado muito peculiar, feito com erros, com imperfeições, certamente, mas com muita entrega, muito empenho, dedicação e carinho. Creio que a palavra "paternalismo" tem inteiro cabimento na forma de nos relacionarmos com os outros povos, não tanto na parte que pode significar superioridade, mas sobretudo naquilo que exprime aproximação e mesmo afecto. E é curioso verificar que é como Pai que olham para nós.
Para um povo que tinha 1.5 milhões de almas ou pouco mais no início da arrancada, vivemos num mundo onde quase 300 milhões de pessoas falam a nossa língua. Que é deles também, sem deixar de ser a NOSSA, e só perdemos identidade, só nos deslustramos perante todos eles se deixarmos de ser quem sempre fomos e tentarmos agora, como muitos imbecis procuram, disfarçar-nos atrás das cortinas da História, procurando fazer-nos desaparecer da vida desses povos, desvanecer o nosso carácter, quase a pedir desculpa de existirmos. Essa gente, que nos ataca e pretende afinal destruir-nos por dentro, não é Portuguesa, essa gente faz-se de Portuguesa por razões de interesse, e por isso porfia em contestar o que fomos, negar os nossos sucessos, tentando com isso apagar-nos da História. E a Língua, essa forma NOSSA de comunicarmos e de veicularmos o que somos, disseminar-se-ia de algum modo numa multidão de gentes, vindo a perder-se assim o rasto das suas origens.
Nos tempos que correm, em que vemos todos os dias soçobrar um pouco mais tudo aquilo que tem sido ao longo destes 875 anos de história colectiva, a razão que nos aproxima e justifica entre os demais povos da Terra, é com esperança redobrada que percebemos que não estamos sós e que aqui e ali se levantam cada vez mais vozes indignadas que protestam. E por isso me apraz muito participar neste seu blogue, onde encontro a primeira linha de defesa dos valores que são nossos, daquilo que nos pertence.
E diz mais à frente:
Foi esse querer que nos levou para longe, e que dá força ao pensamento de Gilberto Freire, o ilustre sociólogo brasileiro que definia o português "como alguém que nasce em Portugal e vai morrer não se sabe aonde". Talvez seja essa uma parte do nosso drama, o nosso verdadeiro estigma, saímos e não voltamos, acreditando que a retaguarda estivesse sempre protegida. Hoje, regressados ao quinhão natal vindos das 7 partidas do Mundo, espantamo-nos com a recepção fria quando não agreste com que nos acolhem e mal entendemos a vontade que impera no desfazer de tudo o que fomos e ainda somos. A Língua é o espaço vital, o traço de união que liga todo o Mundo onde já vivemos soberanamente e onde ainda sobrevivemos por força da nossa razão e de modo algum pela razão da força, que já não temos, ou quase nunca tivemos. Neste aspecto eu não posso deixar de me maravilhar com a capacidade extraordinária de um Paiva Couceiro, que acompanhado de meia dúzia de auxiliares (os chamados sipaios), desceu o Rio Cubango em Angola e trouxe para Portugal os povos de um território imenso (maior do que o território que nos sobra hoje), designado como Cuando-Cubango, construindo os fortes de Cuangar, Calai, Dirico e Mucusso, com duas ou três praças europeias em cada um. Ou o extraordinário Henrique de Carvalho que "abraçou" as Lundas (também maiores do que Portugal), sozinho, em conversações com os muatas quiôcos, e as ligou à nossa bandeira.
Onde está essa gente? Onde vive o espírito desses homens que olhavam para longe e impunham aos demais, sem usar necessariamente da força, a sua maneira de pensar? Fizemos um Brasil imenso, o maior país da América do Sul, com uma decisão e um querer impressionantes, resistindo ao "esfrangalhamento" em que caíram os territórios espanhóis (vale a pena ver o site Brasil Paralelo onde jovens historiadores brasileiros se fascinam a perceber o que lhes foi escondido por tantos anos). São eles as nossas melhores testemunhas.
Há uns anos a esta parte foi descoberto nas florestas da Amazónia uma fortaleza feita em cantaria de granito, onde se destacava uma placa que tinha os seguintes dizeres: - “Sua Majestade D. Pedro II, Rei de Portugal e dos Algarves (segue-se toda a panóplia de títulos que bem conhecemos)… queria que aqui se fizesse um forte. E fez-se.”
E hoje parece que nos envergonhamos de olhar para trás. Parece ser incorrecto tomar como exemplo os exemplos do passado, ou referir a grandeza única do nosso querer e do nosso pundonor. Não se trata de nacionalismos exacerbados ou fora do tempo, trata-se tão-somente de percebermos quem somos e porque estamos aqui. E olhando à nossa volta, percebemos que a estrénua resistência e enorme vontade que se lê e entende por detrás da evidente pobreza cultural da nossa gente, apenas demonstra que faltam os líderes, os guias que apontam os caminhos e a quem ninguém ousa desobedecer. Como dizia Pessoa ao terminar a Mensagem: - «mais que o mostrengo que a minha alma teme, manda a vontade que me ata ao leme, d’El-Rei D. João II». Ou lembrando o épico, no mais conhecido: - "um fraco rei faz fraca a forte gente"...
Será que nem a Língua, nem aquilo que falamos e que traduz quem somos, resiste ao ímpeto destruidor da “canalha”(*)?
«Floresça, fale, cante e ouça-se e Viva a Portuguesa Língua. E já, aonde for, Senhora vá de si, Soberba e Altiva…» (Lembro António Ferreira, no já distante século XVI, na carta que então escrevia a Pêro de Andrade Caminha, e pergunto-me: - o que nos aconteceu, que maldição é esta? Como pudemos chegar a este ponto, a esta encruzilhada que parece fatal, e onde o Futuro se decide em todos os momentos?).
Não faço do Passado uma forma de viver. Mas tenho certo que o Presente e o Futuro só existem para quem tem Passado.
Será talvez esta a explicação do nosso descontentamento, não sei...»
Um Amigo
(*) Como melancolicamente se queixava D. Pedro V aos seus amigos, dos ataques, já nesse tempo incisivos, dos predadores de serviço.
***
Pois é. Também não sei, meu caro Amigo.
Mas uma coisa eu sei, nós dois sabemos: «Por detrás da evidente pobreza cultural da nossa gente, está realmente a falta de verdadeiros líderes, os guias que apontam os caminhos e a quem ninguém ousa desobedecer».
Sabemos que os «fracos governantes, que actualmente nos (des)governam fazem fraca a forte gente que ainda somos».
Sabemos também que destes fracos governantes não rezará a nossa gloriosa História, pois nela serão perpetuados como os que tentaram destruir uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval – a Língua Portuguesa, que continuaremos a defender até que a Irracionalidade dê lugar à Razão.
Isabel A. Ferreira
Um exemplo de (des) “união” das ortografias portuguesa e brasileira que o AO90 veio acentuar.
Michel Temer, actual presidente do Brasil
«Michel Temer chegou hoje à cimeira do G20, na China, não como presidente interino, mas como presidente de fato», ouviu-se a jornalista anunciar.
Obviamente a jornalista portuguesa quis referir que Michel Temer, como um homem elegante que é, chegou de fato… e gravata, como mandam as boas regras do vestuário dos chefes de Estado.
É que em Portugal, os portugueses ainda vestem fatos. O que não significa que não venham a despi-los para passarem a andar cobertos por coisas feitas ou acontecimentos. Esperemos que tal nunca venha a acontecer, porque ficariam muito deselegantes.
Ora isto para dizer que os acordistas, como Carlos Reis, não têm a menor ideia do que dizem, quando dizem a idiotice que se lê nesta imagem:
Fonte da imagem:
Ai sim, senhor professor? Tem a certeza?
Com o acordo ortográfico de 1990 deixou-se de ter duas normas oficiais?
Muito nos conta, porque não é isso que vemos por aí…
Para deixar de haver duas normas oficiais da Língua Portuguesa, das duas, uma: ou os Portugueses, por exemplo, começam a substituir o acento agudo pelo acento circunflexo, e o nome do nosso primeiro-ministro passará a grafar-se Antônio Costa; ou começam os brasileiros a substituir o acento circunflexo pelo acento agudo, e começarão a andar de ónibus.
Um dos povos terá de abdicar destes pormenores, que não são poucos.
Ou os Portugueses começam a contatar os brasileiros; ou os brasileiros terão de contactar os portugueses.
Ou os Portugueses começam a anistiar condenados políticos; ou os Brasileiros amnistiarão os condenados injustamente no Brasil.
Com esta barafunda, até os problemas dos olhos passaram a ser exclusivos dos ouvidos. É que anda para aí muita doença óptica a passar por ótica.
E estaríamos aqui até domingo à noite a dar exemplos.
Vamos lá a ver: se querem as duas vertentes da Língua Portuguesa unificadas, fiquemos com a vertente mais culta, que é a europeia, e os Brasileiros que passem a escrever correCtamente, sim, porque são eles que escrevem incorretamente o Português. Nenhum outro povo lusófono mutilou a Língua como o povo Brasileiro mutilou.
Daí que se quiserem fazer fatos de factos, chamem-lhe Língua Brasileira, ou outrra coisa qualquer.
Não me importo nada. Mas há quem se importe muito.
Isabel A. Ferreira
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