Há quem queira esticar a corda, para parecerem muitos, e justificar uma unificação de grafias que jamais acontecerá. E há também quem tenha a alucinante pretensão de que a NOSSA Língua Portuguesa venha a ser uma Língua oficial da ONU. Poderia até ser se esses “milhões” de pretensos falantes, falassem, de facto, Português. Mas não falam, nem escrevem em Português.
A matemática dos “milhões” (com um elevadíssimo índice de analfabetos) que serve de base ao insano AO90, peca por estar muito aldrabada. Senão vejamos por que é uma falácia dizer que “milhões” falam Português. Se bem que os oito países lusófonos, que integram a eivada de colonialismo e inútil CPLP, tenham (ainda) a Língua Portuguesa como Língua Oficial, por meros interesses político-económicos, mas não linguísticos.
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Porém, de facto, o único país onde se fala, quase a 100% Português, é Portugal, tendo o Mirandês também como Língua oficial. A estas duas Línguas acrescentem-se os dialectos Madeirense e Açoriano. E, no mundo, falar-se-á Português, onde quer que exista uma comunidade portuguesa, se bem que as novas gerações sejam, no mínimo, bilingues: falam a Língua dos Pais e a do País que os acolheu.
De resto, eis o que na realidade se passa:
- No Brasil, fala-se a Variante Brasileira, oriunda do Português ou Crioulo Brasileiro, ou seja, uma língua, originada pelo contacto intenso do Português com as línguas, nativas ou não, faladas numa região; a acrescentar a este, existem mais 274 línguas diferentes, faladas pelas 305 etnias indígenas; a estas, juntem-se mais as seguintes línguas regionais, bem enraizadas no quotidiano brasileiro: Alemão, Castelhano (nas áreas fronteiriças), Hunsrik, Italiano, Japonês, Polaco, Ucraniano, Inglês, Pomerano, Talian, Chinês e Coreano.
- Em Cabo Verde fala-se o Crioulo Cabo-verdiano, oriundo da Língua Portuguesa, usado no quotidiano das pessoas, como Língua primeira, e o Português, como Língua estrangeira. Isto, oficiosamente, porque a Língua oficial, continua a ser a Portuguesa, por motivos políticos.
- Em Angola a Língua oficial é a Portuguesa, contudo a maioria da população angolana fala, como primeira língua, algumas das línguas angolanas, a saber: o Umbundo, o Kimbundu, o Quicongo, o Chócue, o Nganguela, o Kwanyama, além de dezenas de outros dialectos.
- Em Moçambique a Língua oficial é a Portuguesa, mais utilizada no meio urbano. Contudo, existem 43 línguas nacionais, das quais 41 são línguas Bantu, faladas no meio rural, as quais me abstenho de mencionar por serem demasiadas.
- Na Guiné-Bissau predomina o Francês, nas universidades (por motivos de vizinhança) e o Crioulo da Guiné-Bissau, oriundo do Português, é a língua franca da Guiné-Bissau, e é falado por cerca de 70% da população total do país.
- Em São Tomé e Príncipe, o Português como língua oficial é falado apenas virtualmente pela população, porque o que predomina são os crioulos desenvolvidos a partir do Português como o Forro, o Angolar e o Principense. Mas também é ali bastante falado o Crioulo Cabo-verdiano, o Português dos Tongas e resquícios de Línguas do grupo Bantu. Contudo, actualmente, o Francês e o Inglês são também profusamente falados no país.
- Em Timor-Leste, de acordo com a Constituição do país, o Tétum, que sofreu influências da Língua Portuguesa (uma Língua de elite em Timor), é a Língua Nacional, mas também Língua Oficial, que partilha com o Português. A estas, juntam-se mais as seguintes quinze Línguas Nacionais faladas pelo povo timorense: Ataurense, Baiqueno, Becais, Búnaque, Cauaimina, Fataluco, Galóli, Habo, Idalaca, Lovaia, Macalero, Macassai, Mambai, Quémaque e Tocodede.
- Na Guiné-Equatorial, metida à força, no grupo dos países da CPLP, por questões meramente economicistas, NÃO SE FALA Português, mas sim o Castelhano e o Francês. Aqui tem-se a pretensão de criar escolas para se aprender o Português. Mas qual Português? Obviamente o Crioulo Brasileiro, oriundo do Português, aliás já bastamente disseminado pela Internet, com a bandeira brasileira.
- Em Macau já pouco se fala Português, a Língua predominante aqui é o Mandarim.
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Feitas bem as contas, a Língua Portuguesa nem pouco mais ou menos é falada pelos “milhões” que, falaciosamente, os predadores da Língua Portuguesa (brasileiros e portugueses) propagam, para justificar a imposição (ilegal) do AO90.
O facto é que tudo bem espremidinho, e tendo em conta que Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste não ratificaram o AO90, e que Cabo Verde tem o Crioulo Cabo-verdiano como primeira Língua, e São Tomé e Príncipe está-se nas tintas para o AO90, quem sobra para defender o indefensável? O Brasil, o mais interessado nesta questão, pois é a sua VARIANTE que pretendem impor à CPLP e ao muito servilista Portugal. E tendo ainda em conta que apenas uma fatia seguidista de Portugueses aplica o AO90, pretender que a Língua Portuguesa tenha a importância que lhe querem atribuir, no plano internacional, é da mais cristalina estupidez.
E sim, concordo com o que diz Olavo de Carvalho.
Ao suficientemente idiota que apareceu no Brasil, somam-se os idiotas portugueses que, deslumbrados com os falsos “milhões” de falantes, e imbuídos do complexo de inferioridade que os faz rastejar aos pés do gigante, andam por aí a justificar o Acordo Ortográfico de 1990, com a colossal e imbecil falácia da defesa do papel da Língua Portuguesa à escala internacional.
Que papel? Que Língua Portuguesa? A quem querem enganar e fazer de parvos?
E pensar que a Língua Portuguesa, GENETRIZ de toda esta diversidade e riqueza de Crioulos, que disseminou pelo mundo, está a ser empobrecida, esmagada, reduzida a uma insignificante imitação ridícula e imperfeita da Língua que já foi, dá-me ímpetos de maldizer todos (os que obrigam e os que se dizem obrigados a…, mas não são) os que estão a contribuir para este monstruoso retrocesso linguístico, sem precedentes na História de Portugal.
E citando Maria Alzira Seixo, ao comentar uma publicação no Facebook: «Obrigar as pessoas a escrever mal, nem o próprio Salazar o teria feito. Até porque Salazar sabia escrever, ao menos».
Isabel A. Ferreira
Nota: artigos que me levaram a escrever este texto:
Português, a língua mais falada do Hemisfério Sul
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/portugues-a-lingua-mais-falada-do-hemisferio-sul-419517
A casa da lusofonia: riqueza linguística
https://eltrapezio.eu/pt-pt/opiniao/a-casa-da-lusofonia-riqueza-linguistica_18416.html
O título da notícia, no Diário Digital é este: «Paris: Pai de terrorista «teria matado» o filho se soubesse do plano»
Depois segue-se a explicação: «Said Mohamed-Aggad disse à agência de notícias francesa AFP que só soube hoje, juntamente com o resto do país, que o seu filho de 23 anos, Foued, era um dos três atiradores que dispararam sobre os espetadores do concerto no Bataclan com espingardas automáticas, fazendo 90 mortos no mais grave dos atentados de 13 de novembro.»
(Origem da imagem: Internet)
Não me contive e deixei lá o meu comentário:
«Não sabia que ao concerto no Bataclan tinham ido tantos ESPETADORES.
Espetadores de quê? O que é que essas pessoas, que foram ao Bataclan, ESPETARAM?
Fiquei intrigada. Alguém é capaz de decifrar este enigma?»
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E logo o Zorro respondeu:
«Realmente. Mas, a avaliar pelo tipo de "música", se calhar muitos espetavam mesmo alguma coisa na veia».
E o Miguel Antunes, mais para o sério e certeiro, disse o seguinte:
«Não há nada para saber, Isabel! É, apenas e só, uma demonstração da estupidez natural das nossas, ditas, "elites" intelectuais, que querem sempre mostrar que são mais papistas que o próprio papa...
No Brasil, mantiveram a grafia antiga! Cá, tiveram que a mudar para mostrar a toda a gente o "inteligentes e cultos" que eram...»
Já com o euro fizeram a mesma porcaria, pondo lá o morabitino, que ninguém conhece, para mostrar a excelência da "sua" cultura.
É o chamado complexo de inferioridade, mas à fina!
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Pois é! Nem mais. Gostei deste comentário. O Miguel Antunes disse absolutamente tudo, e com clareza.
É esse complexo de inferioridade que se estende aos governantes e os fazem VERGAR aos milhões e ao lobby editorial, que só tem uma coisa naquelas "cabeças" (leia-se cabaças): ganhar dinheiro à custa dessas "elites" intelectuais que, por sua vez, se vergaram a uma imposição ilegal e inconstitucional do dito aborto ortográfico, engendrado em 1990, para fazerem o jeito a um país que, apesar de irmão, é estrangeiro, porque “engordar” as contas bancárias de editores brasileiros e portugueses não engordou, muito pelo contrário.
É que «o Acordo Ortográfico é ilegal, porque o Dec-Lei 35228 de 08/12/1945 não foi revogado e é nele que está regulamentada a ortografia Lusa. A Resolução de Conselho de Ministros 8/2011, que ilegalmente mandou aplicar o AO90 a toda a Administração Pública foi produto da capitulação do Governo aos interesses das editoras brasileiras. (…) Ganhem vergonha, sejam patriotas e escrevam na NOSSA ORTOGRAFIA (Alexandre Carvalho).
Fonte da notícia:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=802590#comment-2401881314
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. O AO1990 é fruto de um co...