A questão será: a soldo de quem?
Este texto chegou-me via e-mail [não assino jornais que não saibam honrar a identidade linguística portuguesa], com o título O VÓMITO.
Depois de ler o que li, compreendi que O VÓMITO é o título perfeito para algo que não lembraria nem ao mais analfabeto dos analfabetos fazer, ou seja, escrever um chorrilho de ignorâncias sobre um dos maiores símbolos identitários dos Povos: as Línguas Maternas.
Por isso, dou-me a liberdade de pensar como a pessoa que me enviou O VÓMITO, ou seja, o que a Isabela Figueiredo escreveu foram palavras vomitadas, possivelmente a soldo de alguém muito influente que, por sua vez, estará a soldo de outro alguém, ainda mais influente, e que quer acabar de vez com a Língua Portuguesa. E esta é a única certeza.
É que de borla ninguém se atreveria a expor-se, assim tanto, ao ridículo!
Vou servir-me das palavras do jornalista brasileiro, Sérgio Vaz, adequando-as a esta inacreditável circunstância, para dizer que a autora do texto «Eu fazer, tu fazer, ele fazer», para quem, a Língua serve apenas para falar uns com os outros, e a escrita que se lixe, avacalhou a Língua Portuguesa e expô-la ao ridículo, desmoralizou-a, bagunçou-a, desordenou-a, sem ter a mínima noção do burlesco da coisa. Isto é de quem nunca estudou Línguas e nada sabe da formação das Línguas. O estudo do Português não é diferente do estudo do Inglês, do Francês, do Castelhano, enfim, de todas as Línguas Cultas do mundo.
A autora do texto tem toda a liberdade de escrever o que escreveu, mas tem de saber que ao dizer o que disse está sujeita a sofrer consequências, nada abonatórias ao Prémio Urbano Tavares Rodrigues que lhe foi atribuído. O mestre Urbano deve estar a dar voltas no seu túmulo!!!!
Já agora, eu também pagava para ver a cara que fariam as pessoas cultas, se este texto fosse traduzido para várias Línguas e corresse mundo. Portugal havia de ficar de rastos!
«As línguas e os sofás existem para se estragar»?
Será que a Isabela quis gozar com a Cultura Culta Linguística?
Isabel A. Ferreira
***
Eis O VÓMITO:
«OPINIÃO
Eu fazer, tu fazer, ele fazer
Isabela Figueiredo
Escritora, vencedora do Prémio Urbano Tavares Rodrigues [????????]
O último acordo ortográfico gerou indignação, mas parece que não se deu o Apocalipse. Continuamos a entender-nos
14 novembro 2024 22:57
Sejamos honestos: a língua portuguesa não é a mais bonita do mundo. Menos para mim. Com ela cresci e me fiz. Quero mergulhar na minha língua e escarafunchar nela. Não lhe dou descanso.
Afinal, após o último acordo ortográfico que tanta indignação gerou, parece que não se deu o Apocalipse. Continuamos a falar e a entender-nos por escrito, sem grandes dúvidas. São todas naturalmente eliminadas pelo contexto, como com qualquer palavra homónima. Para sabermos se o verbo acreditar significa crer ou credenciar precisamos de estabelecer uma relação de sentido com a frase na qual está inserido. “Acredito no Fernando” é diferente de “acredito o Fernando”, tal como “para já” depende do contexto oracional para exprimir “parar” ou se tratar da preposição “para”, como em “vou para lá”. Usar a língua com medo de a estragar é um erro evitável. As pessoas que compram um sofá de pele, mas nunca lhe retiram o plástico protetor, passam a sentar-se num sofá de plástico. As línguas e os sofás existem para se estragar. Estragar não é necessariamente mau. Se a língua é um organismo vivo, precisa de movimento. Fazer exercício, embora nos possa custar, revigora-nos.
Não podemos partir do ingénuo princípio de que a língua já nos chegou inteira vinda do princípio dos tempos. Em 1924 não se falava nem escrevia o português de hoje. Ousemos projetar-nos em 2124, que está quase aí. O verbo “tar”, devidamente consagrado na fala, estará já consolidado na escrita?
Somos todos donos da nossa língua materna. Usamo-la e modificamo-la diariamente. Proteger a língua de maus-tratos é uma tarefa inglória. Não se pode travar a corrente de um rio.
Quanto mais desconhecemos a forma como uma língua funciona, devido a total iliteracia ou a desconhecimento da gramática, mais ela se altera. Atentemos na forma como articulam as pessoas que não sabem ler e escrever. Replicam exercícios fonéticos. Dizem o que ouvem, como ouvem, o que multiplica novas versões lexicais. Recentemente conheci uma senhora alentejana que me disse chamar-se Catana. É um nome muito invulgar. “Nunca conheci ninguém com esse nome”, disse. Surgiu-me a suspeita de que poderia tratar-se de uma corruptela de Caetana. Pergunteilho. Confirmou. “Sim, é isso, mas toda a gente me chama Catana.” Não é impossível que lhe apareça uma neta Catana em sua honra.
Há lugares do Brasil onde a morfologia e sintaxe do português se alteraram de tal forma pelo uso que os verbos perderam a flexão em género e número e quase se conjugam como em inglês. Uma espécie de “to do, did, done”. No Brasil, a miríade de criações vocabulares e semânticas mostra uma floresta amazónica linguística cheia de cor, som, seiva e pequenos brilhos que se extinguem ou acendem.
As línguas e os sofás existem para se estragar. Estragar não é necessariamente mau. Se a língua é um organismo vivo, precisa de movimento. Fazer exercício, embora nos possa custar, revigora-nos []
As línguas não se alteram por mero decreto. Quando chega o decreto, já elas mudaram há meio século. A Lei de Lavoisier aplica-se à língua que nem ginjas. Nela, nada se perde, e mesmo o que se ganha transforma-se.
Colunistas de jornal e puristas da língua que ainda tomam antiácidos para sobreviver ao acordo ortográfico (AO) de 1990 insurgem-se contra pessoas como eu, que desonram o português escrevendo como querem. Com e sem AO. Uma misturada. Lembram os velhotes obcecados em contar sempre a mesma história. É importante para eles, mas já ninguém os ouve. Não será desprezível lembrar que o uso da língua reflete posições e ambições de poder que ninguém quer perder. A este propósito, há uma história que gosto de contar: há quase década e meia, data da entrada em vigor do AO, os meus alunos, que invariavelmente se esqueciam de usar as consoantes mudas em “redacção” e “epiléptico”, insurgiram-se quando elas caíram. Sobretudo os que davam mais erros. Como era possível que tivessem de deixar de usar uma regra que nunca cumpriram? Diverti-me com isto, em silêncio. Escrevia-lhes no quadro “redacção”. Pedia que lessem. Liam redação. Segundo passo: escrevia “redação”. Liam redação. Qual a diferença, perguntava. “Como reagem quando leem banda desenhada brasileira? Esta alteração prejudica a mensagem?” Silêncio.
Avento uma explicação: a aquisição das regras gráficas de uma língua confere um estatuto social e cultural. Quem escreve de acordo com as regras pertence automaticamente a uma elite bem escrevente, com os privilégios sociais que daí advêm. Nunca lho tinham dito, mas inconscientemente sabiam-no. Absorveram-no informalmente.
Claro que os brasileiros se riem dos nossos pruridos linguísticos. Os brasileiros e todos os africanos e timorenses que usam a língua, que é deles, como lhes serve melhor. Agrada-me que a língua portuguesa pareça uma grande manta de croché que vai crescendo com malhas e desenhos diferentes, partindo de uma mesma técnica.
Deem 100 anos à belíssima língua na qual escrevo estas palavras e voltem cá para a ler e ouvir. Não vão gostar, porque nós, por defeito, não gostamos de mudança. Quem sabe se não nos soará como uma página de Gil Vicente, ou Camões, ou Padre António Vieira? Talvez tenhamos de contratar um tradutor recentemente desencarnado lá no outro mundo.
Pagava para assistir, senhores.»
in: https://expresso.pt/opiniao/2024-11-14-eu-fazer-tu-fazer-ele-fazer-41de746a
Enviaram-me, via e-mail, um link para um artigo publicado no Expresso, sob o título: «“A língua não deve servir apenas um passado”, mas há resistência à mudança: afinal o que é linguagem inclusiva? Cinco perguntas e respostas»
Ler esta notícia revolveu-me as entranhas, porque o texto demonstra uma enorme ignorância sobre o que é o "plural colectivo", que nada tem a ver com o género masculino ou feminino ou qualquer outro género. A Língua evoluiu assim, e está bem evoluída. Por que não haveria de ser assim? Apenas porque há quem não consiga integrar-se naturalmente na sociedade, e acha que vai integrar-se através de uma linguagem pirosa, imprópria da Cultura Culta?
Eu fico verde com este tipo de ignorância, e para tratar deste assunto, não consigo moderar as palavras. Então e a POLÍCIA? Serão mulheres?
Diz-se no artigo que hoje Portugal está um país diferente.
Concordo, Portugal está um país diferente, sim: perdeu o norte, é um país sem rei, nem roque, onde se criou uma ideia de integração, que quer passar pelas palavras mais do que pelas atitudes. Portugal é um país que se transformou num lugar onde há quem não consiga encaixar-se naturalmente, e precisa de palavras para ser e para estar.
O que somos não está no modo como nos encaixam nas palavras, mas como somos encaixados na sociedade.
Que importa que numa sala com 90 mulheres, um homem, três homossexuais, duas lésbicas, quatro transexuais, alguém se refira a TODOS? O sexo das palavras não corresponde ao sexo das pessoas, que integram elas, eles, iles, olos e ulos, com todo o respeito que tenho por todas as pessoas de todos os géneros, quero que sejam muito, muito felizes, mas NÃO à custa da Língua de Portugal, enchendo-a de palavras pirosas, sem nexo, sem um pingo de estética. A estrutura das Línguas faz parte de uma Ciência bem definida, não é para andarem por aí a inventar palavrinhas que não servem para incluir ninguém na sociedade. A intenção não será essa, mas a de, pura e simplesmente, destruir a Língua Portuguesa.
Não sabem que a palavra TODOS significa a HUMANIDADE? E a HUMANIDADE abarca TODAS as PESSOAS que existem no mundo, seja qual for o género?
O sexo não está nas palavras, mas sim num lugar específico do corpo de TODOS os animais (ou devo dizer também de todas as animalias?), quer sejam humanos ou não-humanos.
É necessário transformar uma Língua Culta e Bela, num chorrilho de palavras sem nexo só para encaixar o sexo?
A sociedade portuguesa do século XXI d. C. está a transformar-se numa sociedade de ORATES.
Esperemos que haja sensibilidade e bom senso e que as pernas desta piroseira sejam decepadas, bem como também sejam decepadas as pernas do acordo ortográfico que anda por aí a deformar a Língua Portuguesa, que os Portugueses querem que continue Culta e Bela.
Isabel A. Ferreira
Comentário no Facebook:
Quando o governo caiu e se partiu para novas eleições legislativas, vaticinei, publicamente, que teríamos mais do mesmo… para PIOR.
E o PIOR aconteceu:
Infografia: Rodrigo Machado/RR
1º - O Partido Socialista teve maioria absoluta
2º - O Chega e a Iniciativa Liberal chegaram-se à frente.
Sempre se criticou as monarquias absolutas.
Sempre se criticou o Absolutismo.
Sempre se criticou a maioria absoluta dos outros, mas quando um povo pouco esclarecido nestas coisas de absolutismos, lhes dá a maioria que eles sempre desejaram, faz-se uma grande festa!
E para isto contribuíram duas coisas terríveis: o MEDO da mudança, e o facto de termos um Povo ainda POUCO ESCLARECIDO. E uma Democracia só funciona em pleno numa sociedade maioritariamente esclarecida. E quando digo esclarecida não se julgue que me refiro a canudos universitários, porque já vimos, pelas experiências na política portuguesa, que ter um canudo universitário não é sinónimo de ser-se esclarecido. Pelas entrevistas de rua que vi na televisão, há gente que tem uma bandeira de um partido na mão, mas não sabe de quem é. Como irão votar em consciência?
Ontem, Portugal deu um passo na direcção errada, embora com alegitimidade que o Povo lhe conferiu. Se já tínhamos um governo do eu quero, posso e mando, o que será agora, com uma maioria? António Costa começou logo por dizer, no seu discurso de vencedor, que não falará com o Chega. Esta não será uma atitude ditatorial? Afinal o Chega é a terceira força política. Existe. Quer se goste ou não se goste. E se chegou a tal, foi pela má prestação dos que se dizem de esquerda, e não conseguiram convencer os da esquerda, com as suas atitudes, por vezes, dúbias, embora isto de “esquerda/direita” seja coisa da tropa.
Além disso, estamos em vias de ter o mesmo primeiro-ministro, que desconhece a Língua Portuguesa, usando redundâncias sem saber o que está a dizer, fazendo discursos numa linguagem insólita, incoerente, onde nem todos são todas, nem os portugueses são as portuguesas, nem os cidadãos são as cidadãs, ou tudo isto no seu vice-versa.
Primeiro-ministro, António Costa © Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens
Tudo isto é muito triste.
Se Portugal já estava na cauda da Europa em tantas coisas; se em Portugal a contestação, em várias frentes, é o pão nosso de cada dia, há tanto tempo; se nestes seis anos de governação, Portugal não avançou no SNS, que continua bastante caótico; se não avançou no Ensino, que continua super-caótico; se não investiu na Cultura CULTA (não a rasteira, que recebe chorudos subsídios) que continua a ser marginalizada; se não anulou o ILEGAL AO90, que estraçalhou a Língua Portuguesa, violando a Constituição da República Portuguesa, a Lei e o direitos dos cidadãos; não aboliu a tauromaquia, a caça e todas as outras actividades que vivem da tortura de seres vivos, catapultando Portugal para o terceiro-mundo; se não orientou da melhor forma as actividades económico-financeiras do país; se não conseguiu pôr fim à corrupção, à pobreza, à ladroagem que nos cerca por todos os cantos e esquinas; se não conseguiu diminuir o fosso entre os ricos e os pobres; SE… SE… SE… tanta coisa!!!! Com a maioria absoluta, sem que a democracia plena seja executada, sem o contraponto dos restantes partidos políticos com assento na Assembleia da República, vaticino um tsunami que afundará ainda mais um Portugal que já está afundado, desvirtuado, desconjuntado na sua identidade.
Um povo pouco esclarecido é um maná dos deuses para os governantes.
Esperemos que o novo governo absolutista, tenha a hombridade de consultar TODOS os outros partidos eleitos, e com assento no Parlamento, conforme as regras democráticas, e não governar conforme lhe der na real gana.
Isabel A. Ferreira
Em 04 de Maio de 2012, o Professor Rui Baptista publicou, no seu Blogue De Rerum Natura [Sobre a Natureza das Coisas], um texto de Eugénio Lisboa, ensaísta e crítico literário português, o qual reflecte o absurdo que foi e continua a ser a imposição do AO90 aos Portugueses, nomeadamente às crianças e jovens, que estão a ser oficialmente ludibriadas.
Os anos foram passando, e, apesar de a onda de uma bem fundamentada contestação ainda ser gigantesca, o AO90 continua a ser impingido ilegalmente, sem que quem de direito mexa uma palha, para pôr termo a esta atitude, digna apenas de um regime ditatorial.
Hoje, repesco este texto, que, mais do que em 2012, tem a sua razão de ser, uma vez que a escrita da Língua Portuguesa está hoje cotada vários zeros abaixo de zero, e alguém tem de parar esta escalada de mediocridade e ignorância instalada no Poder, com o propósito de impedir que a Cultura Culta se propague.
No final do texto existe o link da fonte do texto, e recomendo que o consultem, para lerem também os comentários que são bastante preciosos.
Isabel A. Ferreira
Eugénio Lisboa
Num prestimoso serviço à cultura, transcreve-se este artigo, do académico e ensaísta Eugénio Lisboa, publicado no “Jornal de Letras” do passado dia 1 de Maio - (Rui Baptista - in Blogue De Rerum Natura)
Por Eugénio Lisboa
«Antígona ou O Coração Indomável»
“Desobediência, a mais rara
e corajosa das virtudes”
George Bernard Shaw
Numa carta admirável e meticulosamente fundamentada, dirigida ao Ministro da Educação, a propósito da suposta entrada em vigor do famigerado Acordo Ortográfico, a médica Madalena Homem Cardoso, na sua qualidade de mãe de uma filha de sete anos, agora a iniciar-se na arte de escrever em língua portuguesa, informa aquele Ministro de que não poderá “anuir a que a aprendizagem da [sua] filha seja perturbada pelo autodenominado “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)” (...) o qual não é “acordo”, pois conta com a oposição quase unânime dos especialistas em língua portuguesa e da esmagadora maioria dos falantes-escreventes de Português de Portugal (...)”.
Não vou aqui esmiuçar a argumentação lúcida e magnificamente articulada, que a Dra. Madalena Cardoso desenvolve, ao longo de nove páginas, e que eu sugeriria ao Sr. Ministro da Educação que lesse, ele mesmo, com atenção e cuidado, em vez de a mandar analisar pelos seus colaboradores. Creia que é uma boa sugestão!
O meu ponto é outro: na carta referida, a autora, por mais de uma vez – e isto poderá chocar alguns leitores e, provavelmente, o Ministro e os seus directores-gerais – incita, em termos nada ambíguos, “todos os cidadãos portugueses” à desobediência civil, relativamente àquele Acordo. Eu cito uma passagem só: “Todos os cidadãos portugueses (em particular os que assumem especiais responsabilidades na transmissão do património linguístico às gerações futuras) têm, mais que o direito, o dever da desobediência (art.º 21º CRP: “Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias...”) e de objecção de consciência (art.º 41º nº 6 CRP) a recomendações ministeriais ilegais, além de prematuras e de impraticáveis em muitos aspectos.”
O conceito de “desobediência civil” vem de longe e as suas raízes filosóficas estão profundamente enraizadas no pensamento ocidental, em obras de Cícero, S. Tomás de Aquino, John Locke, Thomas Jefferson, Henry David Thoreau ou Bertrand Russell. A “desobediência civil” não é mais do que uma resistência passiva – de carácter simbólico – a actos tidos por injustos e iníquos praticados pelo Estado – actos que podem ser “legais” mas que são eticamente reprováveis. Em África, na América e na Índia, a “desobediência civil” tem sido uma táctica usada, com êxito, ainda que morosa e dolorosa, na obtenção dos resultados almejados. Gandhi, na África do Sul e na Índia, e Martin Luther King, entre outros, nos Estados Unidos, usaram de resistência passiva, isto é, de desobediência civil, para atingirem os seus objectivos.
Em muitos países do mundo de hoje e, em particular, na Europa (incluindo Portugal), os cidadãos sentem-se tentados, perante as medidas de sacrifício promulgadas, não equitativamente, para remediar uma situação económico-financeira de quase catástrofe – de que muitos deles não foram nem cúmplices nem culpados - , muitos deles, dizia, sentem-se seriamente tentados a praticar actos de desobediência civil, em relação a Estados que não consideram “pessoas de bem”: a injustiça persistente gera sempre o desejo de resistência àquilo que se considera “o mal”.
O conceito, repito, vem de longe, dos tempos míticos da Grécia Antiga, em que Antígona, filha de Édipo, afrontou o Rei de Tebas, Créon, em dilema dilacerante, que marcou a fogo a inteligência e o imaginário dos homens, ao longo dos séculos. O conflito, glosado na tragédia de Sófocles, resume-se em poucas palavras: regressando a Tebas, após a morte do pai (Édipo), Antígona e sua irmã Ismena tentam reconciliar os seus irmãos Etéocles e Polinices, que se encontravam desavindos – Polinices, atacando a cidade e Etéocles, defendendo-a. Ambos morrem em combate e o tio Créon, tornado Rei, pune Polinices, proibindo o seu enterro. Antígona, movida pelo amor ao irmão e pelo horror à iniquidade do decreto real, enterra secretamente o irmão. Entre a lei do Estado e a lei divina (a da sua consciência, a da Justiça), optou por esta, arriscando a vida.
O centro da peça, que ainda hoje serve de medalha às consciências em luta e dilacera espíritos e corações, é o diálogo entre Antígona e Créon. Antes de desferir a sentença de morte, por desobediência, o rei pergunta: “E tu, responde-me, numa palavra e sem rodeios: conhecias a proibição que fiz publicar?” Antígona responde com altivez. ”Conhecia. Como podia ignorá-la? Toda a gente a conhecia.” O Rei desfere, então, a pergunta final: “E ousaste infringir as minhas ordens?” A resposta de Antígona ficou sendo o fundamento ardente de todas as futuras “desobediências civis”: “Ousei, porque elas não emanavam de Zeus nem da Justiça, que habita junto às divindades infernais; e não acreditei que um simples mortal como tu pudesse ter suficiente autoridade para se permitir transgredir as leis não escritas mas imortais dos deuses.”
A postulação da princesa é clara e pode “traduzir-se” deste modo: entre um mandato falível do Estado e o imperativo mais alto da nossa consciência (o nosso íntimo conceito de justiça e de bem), a escolha só pode ser uma: seguir o imperativo da consciência.
Este princípio de “desobediência civil”, a que outrora ficaria bem apelidar de “desobediência divina”, atingiu algum estatuto de lei internacional, por ocasião dos famosos julgamentos de Nuremberg, nos quais não foi considerado como atenuante aos crimes cometidos pelos réus nazis o facto, por eles alegado, de terem apenas “cumprido ordens”. Nesse famoso e controverso tribunal, foi afirmado, de modo imperativo, o princípio de que um indivíduo pode, em certas circunstâncias, ter que responder, em tribunal, por não ter desobedecido às leis do seu país.
Numa belíssima versão contemporânea do mito de Antígona, da autoria do grande dramaturgo francês, Jean Anouilh, a protagonista, pouco antes de ser mandada para a morte, envia, por intermédio de um dos guardas, uma mensagem a seu noivo Hémon, nos seguintes termos: “Sim. Perdão, meu querido. Sem a pequena Antígona, vós estaríeis todos muito tranquilos. Amo-te...” É, precisamente, o papel das Antígonas deste nosso mundo impedir-nos de ficarmos demasiado tranquilos, quando aquilo que as iniquidades vigentes estão a pedir é o desassossego, a intranquilidade geradora de acção e justiça. O coração indomável de Antígona é uma luz ao fundo do túnel.»
Fonte:
http://dererummundi.blogspot.pt/2012/05/antigona-ou-o-coracao-indomavel.html
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Para completar, aqui fica o que a escritora Idalete Giga pensa sobre esta matéria, com a qual concordo plenamente, fazendo minhas as suas palavras:
Já o nosso grande pensador Prof. Agostinho da Silva afirmava que " é a obediência dos povos que alimenta a tirania dos governos". Mas como fazer compreender a um povo manipulado, estupidificado por uma comunicação social mentirosa, sinistra, tendenciosa, cobarde, vil, que é URGENTE DESOBEDECER a tudo o que avilta e embrutece o ser humano, venham as ordens de onde vierem? Faltam Antígonas no mundo actual, capazes de morrer por uma causa. Aqueles que têm lutado contra o terrorismo cultural que foi e continua a ser o repugnante Aborto chamado Acordo/90, têm sofrido as mais diversas injúrias por parte de quem não entende nada do assunto e o desprezo inacreditável por parte dos (i)rresponsáveis pela Educação em Portugal que, infelizmente são muitos. O Brasil não quer saber do (des)AO/90 para nada. Mas a grande maioria dos governantes portugueses continua a considerar cobardemente, que O AO/90 foi um bom Acordo. Esta posição é verdadeiramente surrealista. Quem votou a favor do maldito (des)AO devia responder nos Tribunais sobre este crime cultural, porque é um CRIME CULTURAL. Mas em Portugal está tudo rendido a um PR que alimenta a PAZ PODRE. E já ninguém reage a coisa nenhuma. Tristeza.
Como se promove o sucesso escolar com base no insucesso?
O sucesso escolar só é promovido com SABER, não com ignorância.
A falta de uma política de Ensino, baseada no SABER e na má preparação dos professores (nem todos felizmente) e no caos em que se transformou o ensino da Língua Portuguesa, importante PILAR para todas as disciplinas, porque é a Língua que gera a LITERACIA, e na trapalhada em que o ensino se tornou, está na base do elevado índice de insucesso escolar, em Portugal, país com o maior índice de analfabetismo (sem contar com os analfabetos funcionais que por aí já circulam, incluindo na classe docente), como pode comprovar-se neste link:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/portugal-tem-a-taxa-de-analfabetismo-96078
Mas vamos dar voz à professora Teresa Botelho, e ao professor universitário Fernando Alberto II.
Texto de Teresa Botelho, que subscrevo na totalidade.
«Explique-me quem puder, onde vai parar a literacia e a cultura deste país, porque se os erros ortográficos já fervem em muitos comentários que por aí leio, como será se acabarem as retenções e os meninos forem para as escolas só porque sim?
Se nesta altura do ano ainda faltam professores em muitas escolas, onde vão arranjar quem dê apoio aos alunos que transitam para o ano seguinte sem saberem nada do que ficou para trás e quantas horas lectivas a mais se irão acrescentar à carga horária normal para os recuperar?
Poupa-se em profissionais no SNS, carrega-se nos impostos, financiam-se bancos e formam-se ignorantes nas escolas, porque um aluno que repete, sai mais caro ao Estado, do que um quase analfabeto a prazo com 635€ mensais que trabalha 40h por semana.
Não se fala em conteúdos, novas estratégias, alterações de programas, nem incentivos à aprendizagem, porque isso custa dinheiro. O que com isto se pretende, não é a valorização das competências dos nossos jovens, mas sim o aumento de um falso sucesso, para as estatísticas.
Sinto-me ultrajada perante tamanha manobra suja de poupança, à custa das gerações futuras (sobretudo as mais carenciadas) que não terão acesso a escolas privadas, a explicações, ou a famílias que os saibam apoiar, porque são esses que jamais conseguirão os conhecimentos necessários para entrarem numa universidade, ou para terem qualquer outra formação que os faça ter um futuro.
Este é afinal, o socialismo das desigualdades, da vigarice e da rasteira mascarada de uma competência saloia e elitista que parece que poucos ainda se dignaram desmascarar, porque ainda engolem tudo o que lhes é vendido!
Fonte:
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Eis um curto texto que o Professor Fernando Alberto II, publicou no Facebook, e que gerou um comentário de uma professora, o qual, infelizmente, é o pão nosso de cada dia de muitas mais professoras, incluindo de universitárias, protagonistas de comentários de pasmar, com ordinarices à mistura!!!!! (Tenho uma colecção deles, não os publico, porque o meu Blogue não é uma tasca rasca).
«Sempre estive a par da grande ilegalidade e inconstitucionalidade, que é este falso e traiçoeiro "Acordo Ortográfico, de 1990". Ninguém o encomendou nem ninguém o quer. Temos de lutar para que seja definitivamente ANULADO.»
Comentários:
Elsa Bernardes Temos que lutar por melhores salários e condições de vida mais dignas, isso sim! Acordo ortográfico? Que importa isso na nossa vida? Fernando, acho que há causas mais importantes para direcionares a tua atenção.
Fernando Alberto II Esses problemas sempre existiram em Portugal, não são de agora.
Fernando Alberto II Este falso "Acordo Ortográfico, de 1990", é que é um grave problema surgido há poucos anos e, sem qualquer necessidade.
Isabel A. Ferreira Inacreditável, o seu comentário, Elsa Bernardes!
Na sua vidinha, que já vai adiantada, o Acordo Ortográfico pode não importar nada. Mas importa na VIDA das crianças e jovens estudantes, que estão a ser enganados e a aprender incorreCTamente a Língua Materna deles. Serão os analfabetos funcionais do futuro, se nada se fizer, para travar esta tragédia linguística. O que adianta bolso cheio, num cérebro vazio?
A Causa da Língua Portuguesa é uma causa das mais importantes, da actualidade, porque está em causa a IDENTIDADE PORTUGUESA e o analfabetismo funcional
Eu nem acredito, que alguém que está ligada ao ENSINO, possa ter uma visão tão economicista da nobre MISSÃO de ENSINAR. Nem acredito! Não admira que os jovens cheguem às universidades sem saberem escrever e com um elevado grau de ILITERACIA, o que implica numa ignorância de quase tudo.
Fernando Alberto II Não há dúvida de que tem razão, cara amiga Isabel A. Ferreira pois, o que eu noto, infelizmente, para grande desgosto meu, nas Universidades por onde tenho passado, quando os alunos entram no ensino Superior para se licenciarem no Curso por si escolhido, conseguem acabar esse mesmo Curso, com maior ou menor dificuldade mas, quanto à sua cultura geral, às Ciências Sociais e Humanas, Linguística, Semântica, Morfologia, Sintaxe, Gramática, Conjugações verbais, diferença entre verbos regulares e irregulares, Geografia Política, Ciências Políticas, Ciência Histórica, etc...etc..etc.., infelizmente, não sabem nada de nada, nada, mesmo nada de nada, nada, absolutamente nada de nada. Quanto a mim, infelizmente, a maior parte faz muito má figura, quando entra no mercado do trabalho.
Isabel A. Ferreira Pois, é uma vergonha. A Cultura Culta do futuro está comprometida, caro amigo. Não sei como se há-de corrigir este gravíssimo erro.
Fernando Alberto II Como já deve ter tido oportunidade de verificar, a maior parte das pessoas são extremamente materialistas e, não lhes interessa para nada o conhecimento e a cultura. Como referiu e bem, no futuro vamos ser um "povo materialista rico, com os bolsos cheios de dinheiro mas, com a CABEÇA ÔCA, SEM CÉREBRO pois, o que conta é o dinheiro, o materialismo CAPITALISTA/SELVAGEM.
Fonte:
https://www.facebook.com/profile.php?id=100013357123117
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Posto isto, aqui fica uma amostra deste nosso triste Portugal, que caiu em mãos erradas.
Espero que tal governo caia. Espero que haja uma forte oposição, de todos os restantes partidos com assento na Assembleia da República, a estas políticas socialistas desastrosas, porque comprometem seriamente o futuro das próximas gerações, e atira Portugal para o charco.
Isabel A. Ferreira
Comprei um novo GPS (em Inglês Global Positioning System, em Português, Sistema de Posicionamento Global) para me orientar pela estradas que tenho de percorrer, por aí, no meu veículo automóvel.
Orienta-me uma voz feminina, que me manda sair nas saídas, entrar nas entradas, e seguir em determinada dir’ção (= transcrição fonética do vocábulo direção, assim escrito, de acordo com a grafia brasileira, imposta a Portugal, pelo governo português) o que dá muito jeito e é bastante útil, evitando que ande por aí às voltas.
A primeira vez que ouvi a menina do GPS mandar-me em determinada dir’ção, perguntei-me: ouviria bem? Dir’ção? O que é isto? Vou estar mais atenta.
Mais adiante… novamente: siga na dir’ção de Santiago. Afinal, não ouvi mal. E fiz toda a viagem ao som das diversas dir’ções que a menina do GPS me ia indicando.
Ao início, aquela palavrinha, assim pronunciada, soou-me muito mal. Era irritante aquela dir’ção, dita assim… Contudo, umas quatro ou cinco dir’ções adiante fez-se-me luz! Mas não é que a menina do meu GPS tem toda a razão? O acordo ortográfico de 1990 não manda escrever direção, assim, à brasileira? E a palavra, assim escrita, à brasileira deve ler-se dir’ção, porque aquele C à portuguesa tem uma função diacrítica, abrindo a vogal E. E se a consoante C for suprimida, a palavra deve ler-se dir’ção. E assim é que a pronúncia está correCta (também neste vocábulo, se lhe retiramos o C, lê-se corrêta).
Posto isto, devo dizer que até que enfim encontrei algo a dizer a treta com a careta, neste processo de destruição da Língua Portuguesa. Além de escreverem incorreCtamente, ao suprimirem as consoantes mudas, pronunciam as palavras erradamente também.
Daí que tenha de agradecer à menina do meu GPS este rasgo de lucidez. Se ela tinha à sua frente a palavra assim grafada, à brasileira, obrigatoriamente tinha de pronunciar dir’ção.
Agora vou dizer algo, que talvez não agrade aos Brasileiros (mas paciência! Os que pugnam pela Cultura Culta, entender-me-ão): o Brasil destruiu a Língua Portuguesa, ao mutilar palavras (excePtuando umas poucas) e ao americanizar, italianizar, afrancesar e castelhanizar outras tantas, afastando o Português da sua matriz greco-latina, cortando-lhe as raízes.
Mas isto (e vou repetir pela enésima vez) é lá com o Brasil, um país livre. Mas nós, Portugueses, não temos de aceitar a destruição da nossa Língua, apenas para agradar aos Brasileiros. Não é justo. Não é racional.
Que todas as meninas do GPS e todos os portugueses cultos, em Portugal, comecem a ler correCtamente o que incorreCtamente os acordistas escrevem, para que se veja a enormidade do erro que o governo português está a cometer, ao insistir na destruição da Língua Portuguesa, na sua forma grafada.
Que haja alguém com coragem, neste país de cobardes, que ponha um ponto final a esta tremenda imbecilidade.
Isabel A. Ferreira
A União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso decidiu atribuir a medalha de Mérito Cultural à acordista Lúcia Vaz Pedro, que, no JN, costuma divulgar a grafia brasileira, em pseudolições de português.
Neste nosso empobrecido país tudo é possível!
Origem da Imagem:
https://www.jn.pt/artes/interior/lucia-vaz-pedro-recebe-medalha-de-merito-cultural-9361588.html
Bem, hoje em dia, qualquer um recebe medalhas de mérito cultural, até aqueles que vão para uma arena torturar touros para divertir sádicos, recebem medalhas de mérito cultural. E já vi vigaristas e corruptos a receber medalhas de mérito cultural. É só dar uma volta pela Internet.
As medalhas de mérito cultural estão tão banalizadas que, hoje em dia, valem ZERO.
Quem as tem, bem merecidas, devia devolvê-las. Actualmente, para quem realmente as merece, é uma desonra, ter ou receber medalhas de um mérito cultural tão banalizado.
Lúcia Vaz Pedro até poderá ter o seu mérito. Algum mérito terá. Não duvido. Mas mérito cultural? Quem despreza a Língua Portuguesa, base da Cultura Culta, trocando-a pelo dialecto brasileiro, e apresentando aos leitores do JN as maiores ignorâncias gráficas, prestando com isso um péssimo serviço cultural ao País?
Poupem-me!
Isabel A. Ferreira
«O Estado nunca agride o sentido moral ou intelectual de um homem, mas somente o corpo e os sentidos.
Não possui uma inteligência superior, nem honradez, dispõe apenas de mais força física.
Eu não nasci para ser forçado.
Hei-de respirar sempre à minha maneira.
Havemos de ver quem é o mais forte.
Que força possui uma multidão?»
Henry David Thoreau,
in «A Desobediência Civil» (1848)
Se vos preocupa a forma como a nossa Língua Materna está a ser tratada, em Portugal, adiram a esta forma de luta contra a imposição da ortografia brasileira, mascarada de um “acordo ortográfico”, engendrado por “linguistas” de meia tijela, e imposto ILEGALMENTE pelo Estado Português aos Portugueses mais servis, e às indefesas crianças, para servir um lobby e interesses alheios aos interesses de Portugal.
Fazemos este apelo para que, unidos e numerosos, consigamos travar este crime de lesa-pátria e de lesa-infância, este linguicídio, que já está a ter consequências nefastas e a abandalhar a Cultura Culta Portuguesa.
Não compactuemos com a destruição da nossa Língua, de Matriz Culta e Europeia, e com a deformação cultural da geração futura - a das crianças obrigadas a aprenderem a sua Língua Materna segundo a cartilha brasileira.
Matemos esta galinha dos ovos de ouro gerada apenas para encher os bolsos a alguns (poucos) vilões.
Não comprem publicações que sigam o falso AO90!
Desobedeçam.
Recusem-se a adoptar a ortografia brasileira que estão a impingir aos Portugueses, em Portugal, porque não existe LEI ALGUMA, no nosso País, que a tal obrigue, e se, por ventura, pretenderem penalizar-vos por esse motivo, EXIJAM que vos mostrem a LEI. É que uma resolução do Conselho de Ministros não é Lei.
Não sejam servis. Tenham personalidade própria.
Boicotem as editoras e os órgãos de comunicação social que aderiram à ortografia brasileira.
E vinco bem ortografia brasileira, porque (e uma vez mais repito) aprendi a ler e a escrever no Brasil muito, muito antes de 1990, e o que aprendi a escrever lá foi isto: detetar, adoção, correto, ação ótico, ótimo, diretor, ator, direção, contato, exato, afeto, arquiteto, aspeto, setor, inseto, elétrico, fatura, objeto, dialeto, seleção, efetua, ativa, atividade ,ativo, teto, coletivo, refletir, entre todas as outras, com base na Base IV, do Formulário Ortográfico de 1943, que regeu a ortografia da Língua Portuguesa no Brasil desde 1943 e que diz o seguinte: Consoantes mudas: extinção completa de quaisquer consoantes que não se proferissem, ressalvadas as palavras que tivessem variantes com letras pronunciadas ou não.
O AO90 não passa de um grande erro, no qual só cai quem quer…
Isto não sou eu que o digo. É Cícero.
Mas eu concordo plenamente.
Isabel A. Ferreira
Por uma Cultura Culta, em Portugal, e pela Grafia Portuguesa.
Exmo. Senhor Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa
Digníssimo Presidente da República Portuguesa,
Foram várias as vezes que ousei escrever a V. Exa., abordando, publicamente, matérias que, aos meus olhos de cidadã portuguesa, imbuída de juízo crítico, considerei pertinentes, por serem do interesse de Portugal e dos Portugueses.
Aqui estou, uma vez mais, a dirigir-me a V. Exa., com o mesmo intuito, aproveitando duas circunstâncias actuais, bastante significativas: uma, de enorme júbilo; outra, de profunda tristeza.
A de júbilo, alude à atribuição do Prémio Camilo Castelo Branco/2017, à insigne escritora portuguesa, Teolinda Gersão que, há tempos, dirigiu ao Senhor Presidente, as palavras reproduzidas na imagem que ilustra esta carta, e que, já agora, aproveito, para fazer também minhas.
A atribuição deste prémio a uma das vozes críticas à imposição, que V. Exa. sabe ser ilegal e inconstitucional, da ortografia brasileira aos Portugueses, nomeadamente às crianças portuguesas, as mais enganadas e prejudicadas com esta atitude incompreensível à luz de todas as razões, além de ser merecida, do ponto de vista literário, pois Teolinda Gersão é uma fabulosa artesã da Língua Portuguesa, constitui uma bofetada bem assente na cara de todos aqueles que, por motivos obscuros, teimam em trocar a qualidade pela quantidade, estando, com isto, a servir de pasto à ignorância, se me permite esta expressão menos erudita.
A de profunda tristeza, diz respeito à tragédia dos fogos que consumiram vidas humanas a fauna e flora portuguesas, de um modo brutal, irracional, inconcebível, jamais visto, e que deixou a Europa e o mundo estupefactos. Como é que num país territorialmente tão pequeno, foi possível uma tragédia desta dimensão? Mais um caso único português, para o Guinness World Records.
Pois bem, Senhor Presidente da República Portuguesa, foi com grande expectativa que, ontem, aguardei a comunicação de V. Exa., ao País. Devo confessar que esperava mais do mesmo, como é hábito dos nossos governantes, que não costumam dar-nos nada de novo, muito pelo contrário.
Mas ontem, ontem, dia 17 de Outubro de 2017, precisamente quatro meses passados sobre a tragédia de Pedrógão Grande, o senhor surpreendeu Portugal com o discurso mais notável, jamais proferido, por um Presidente da República Portuguesa, um discurso realmente digno de um Presidente da República Portuguesa, no qual demonstrou a força e o poder que um Presidente da República pode e deve ter, quando o País está à beira de se afundar num abismo de incompetências, de jogos de poder, de incapacidades, de um “brincar à política” nunca visto.
Ontem, o Senhor Presidente demonstrou ser o presidente de todos os portugueses quando, humildemente, pediu desculpas, sem ter culpas, pela tragédia sem precedentes, que se abateu sobre Portugal, atitude que o primeiro-ministro de Portugal não teve.
Pela primeira vez, um Presidente da República fez cair um governante que, ao que parece, já teria pedido a demissão, mas não a aceitaram, porque enquanto os “canhões” estivessem virados para o Ministério da Administração Interna, o primeiro-ministro continuaria em segurança.
Foi então que eu, e talvez milhares de Portugueses, com o mesmo sentido crítico e cívico, nos apercebemos de que se o Presidente da República quer, o Presidente da República pode, ou seja, ontem, V. Exa. mostrou que tem poder para governar o país, quando ele está desgovernado.
Posto isto, e uma vez que Portugal está no mau caminho, no que respeita a outros Ministérios, como por exemplo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (que é mais dos negócios dos estrangeiros, e tem Portugal suspenso por um fio de teia de aranha sob um abismo, no que respeita à Língua Oficial Portuguesa, que o PR tem o dever de defender); o Ministério da Cultura (que não sabe distinguir Cultura Culta de cultura inculta, e anda por aí a apoiar, para vergonha de Portugal, a selvajaria tauromáquica); o Ministério da Educação (que anda a enganar as crianças portuguesas, exigindo-lhes que aprendam uma ortografia que não é a portuguesa), para falar apenas nos que mais disparates têm feito, no que respeita à Língua, à Cultura e ao Ensino, três pilares que sustentam a alma portuguesa, porque nem só de pão vive o homem, venho solicitar ao Senhor Presidente, e tenho certeza, em nome de milhares de Portugueses que, da mesma forma que ontem veio a público, exercer o seu poder, para defender Portugal do descalabro total, e para que não tenha de vir novamente a público pedir perdão aos Portugueses, desta vez, com culpas redobradas, por ter deixado “queimar” a Língua Portuguesa, num fogo tão endoidado, como o que fez arder mais de uma centena de Portugueses, uma vastíssima área das nossas florestas, incluindo o Pinhal de Leiria, património português, a nossa fauna, morta aos milhares, fábricas, culturas agrícolas, o que tornou Portugal muito mais pobre e negro, venha a público, defender também, com igual força e poder, a Língua Oficial Portuguesa, a Língua Portuguesa, consignada na Constituição da República Portuguesa, e que o Presidente da República Portuguesa tem o supremo dever de defender.
Senhor Presidente, V. Exa. sabe como a Língua Portuguesa anda por aí espezinhada, mal escrita, mal falada, mal ensinada. É que, em Portugal, não se escreve nem em Português, nem em acordês, mas sim num vergonhoso mixordês, que é isto mesmo que anda por aí a circular, como língua de uma nação europeia, um daqueles casos únicos, que fez entrar Portugal para o Guinness World Records.
Em Portugal, está-se a formar uma geração de semianalfabetos, aqueles que aprenderão os rudimentos da escrita e da leitura, mas nunca serão capazes de escrever, ler e compreender o que lêem, corrente e correctamente, a sua própria língua. Mas estão a aprender a escrever e a ler correctamente o Inglês, o Francês e o Castelhano, por exemplo.
E V. Exa sabe que tenho razão. Basta olhar à volta, na nossa comunicação social (felizmente nem toda), e nos ofícios e mensagens estatais, tudo rabiscado na mais vergonhosa e pobre ortografia.
Aguardo, aguardamos todos, que V. Exa. use do poder que ontem demonstrou ter, para recomendar a demissão do MNE, do MC e do ME, porque não estão a servir Portugal, mas tão-só os interesses de grupos económicos obscuros.
Com os meus mais respeitosos cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Uma reflexão sobre a ignorância e os ignorantes militantes, ou seja, aqueles que, apesar de toda a informação, optam por continuar ignorantes.
Por isso, o AO90 mantém-se pendurado por um fio de aranha, sobre um abismo…
Origem da foto: Internet
Consta que são bastantes, os ignorantes, os indiferentes, os invejosos, os mesquinhos, os desconfiados, os medrosos, os corruptos e os interesseiros, que desconhecem o sentido da cidadania, logo, não a exercem. E, por isso, permitem que o país seja malgovernado, abandalhado e vendido aos pedaços, a quem dá mais.
Se a ignorância pagasse imposto, Portugal seria o país mais rico do mundo. Esta é uma triste verdade.
É que a ignorância está disseminada por toda a parte, por todos os extractos sociais e pelos mais altos cargos da Nação.
A Saúde, em Portugal, está gravemente doente.
A Pobreza espreita em cada esquina.
O Ensino anda a rastejar por um chão pejado de uma descomunal cegueira mental.
A Cultura Culta e a Cultura Crítica emigraram para mundos mais civilizados.
As Artes sufocam, e apenas os escravos do poder vivem à custa delas.
A Língua Portuguesa anda perdida nos subterrâneos de uma ignorância e de uma indiferença descomunais que, alarvemente, estão a esmagar a identidade do povo português.
A política da violência e crueldade contra seres vivos têm os seus maiores defensores sentados nos Palácios de São Bento e de Belém.
Os indiferentes andejam por aí, como sonâmbulos. Se lhes mexem nos bolsos, agitam-se, mas sem grande convicção, por isso tudo continua sempre igual, sempre funesto, sempre obscuro, sempre mergulhado no lodo de um passado que se quer passado, e não presente ou futuro.
Na hora do voto, vota-se na continuidade, porque o medo de mudar é mais forte do que a vontade de ousar o desconhecido, a modernidade, o avanço civilizacional.
A ignorância e a indiferença estão a cozinhar Portugal em banho-maria, e os bobos da corte saltam e riem, porque enquanto houver povo ignorante e indiferente, mantê-lo-ão sob o seu jugo, e destruirão a Nação, em prol de interesses que não interessam, de modo algum, a Portugal.
E os Portugueses, tal como num tempo ainda bem presente, lá vão cantando e rindo, levados, levados, sim, pela voz do som tremendo, da ignorância sem fim… (1)
Isabel A. Ferreira
(1) Excerto adaptado do Hino da Mocidade Portuguesa, letra de Mário Beirão
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