Daí que a estupidez reine em Portugal, com o aval dos que deviam defender a Língua Portuguesa - presidente da República, primeiro-ministro, ministros da Educação, da Cultura e dos Negócios (dos) Estrangeiros, deputados da Nação, jornalistas, editores, etc. - e que mais não fazem do que, intencionalmente, seguindo instruções obscuras, atirá-la pela borda fora, como algo altamente pestilento… E o pior é que nem sequer têm a noção do que fazem, e deliram, quando dizem que a Língua Portuguesa está a expandir-se cada vez mais…
Está, está! Está a expandir-se cada vez mais para o fundo de um abismo… Exemplo:
Fonte da imagem:
(No Brasil, escreve-se excePção com pê. Em Portugal, nem por isso, mas quando se acerta no pê, desacerta-se no resto. E a isto chamam expandir a Língua)
Mas vejamos o que nos diz João A M Santos, a propósito das “duplas grafias”.
Por João A M Santos
«A dupla grafia não é poder escrever como quiser. É muito mais pernicioso e perverso que isso. Obedeceu a critérios obscuros que pretendem aproximar a ortografia de Portugal da ortografia do Brasil sem que as pessoas dêem por isso.
Após o acordo ortográfico, continuaram na mesma a existir duas ortografias distintas: a de Portugal e a do Brasil. Tirando alguns casos pontuais, como o uso do trema, alguns acentos diferenciais e alguns hífenes, a ortografia do Brasil manteve-se quase inalterada.
Em Portugal é que a confusão foi maior. Temos várias classes de palavras que foram modificadas.
Nos casos em que as consoantes eram quase praticamente mudas (em muitos casos até nem eram) e/ou onde tinham uma função diacrítica, foram simplesmente eliminadas e espera-se que a população decore a nova grafia da palavra. É o caso de "Egipto" que passou a "Egito" e "ceptro" que passou a "cetro", colando-se à norma brasileira, mesmo havendo falantes em Portugal que ainda pronunciam o "p".
Nos casos em que uma percentagem de portugueses ainda pronuncia a consoante, mas no Brasil já não se pronuncia nem se escreve, foi deixada a facultatividade (dupla grafia) em Portugal. É o caso de "aspecto" que pode ser escrito também "aspeto" e "espectador" que pode ser escrito "espetador". Normalmente, os portugueses, como não sabem quais são estas palavras, optam por retirar a consoante, escrevendo a palavra como esta se escreve no Brasil e mesmo em palavras de onde esta não foi retirada.
Nos casos em que a consoante se pronuncia nitidamente em Portugal mas não no Brasil, foi deixada como está, e a grafia manteve-se na mesma sem se alterar. É o caso de "facto" ou "contacto" (Portugal) e "fato" e "contato" (Brasil). Acontece um caso semelhante com alguns acentos: Antônio no Brasil, António em Portugal, que ficaram na mesma.
Nos casos em que a consoante é muda em Portugal mas é pronunciada no Brasil, foi retirada na palavra portuguesa e mantida no Brasil. Este é o caso que nos mete mais impressão, pois foram CRIADAS novas palavras para uso exclusivo em Portugal, enquanto que no Brasil a palavra foi deixada inalterada e tal como se escrevia em Portugal antes do acordo. É o caso, por exemplo de "recepção" (Brasil) e "receção" (Portugal).
Portanto, está a imaginar que o acordo não serve para nada se o objectivo for unificar as ortografias. As ortografias continuam diferentes, se não ainda mais (foram criadas palavras novas para uso exclusivo em Portugal). Se juntarmos as duas grafias diferentes no Brasil e em Portugal, ao léxico também diferente, à sintaxe que também tem diferenças, e palavras que se escrevem de forma diferente, como "electrão" (Portugal) e "elétron" (Brasil), chega rapidamente à conclusão que um livro traduzido para a ortografia do acordo ortográfico NUNCA poderá ser editado em Portugal e no Brasil sem ser alterado significativamente para passar de um país para o outro.
Daí que a utilidade deste acordo seja zero, existindo apenas para se poder dizer que houve um acordo e travar o Brasil caso queiram transformar a norma brasileira numa língua própria, que é o pesadelo de muita gente e o terror do Governo e de quem defende este acordo ortográfico.»
Fonte:
. Com o Acordo Ortográfico ...