Este texto, que ora público, foi escrito em 14 de Julho de 2019, na infocul.pt
Quase passado um ano, o título do artigo é o mesmo, só se acrescenta o AMANHÃ, porque amanhã, e vamos lá a ver se é desta, o assunto vai ser discutido no Parlamento.
Manuel Maria Carrilho (ex-ministro da Cultura) e autor do texto, intitula esta chamada de atenção como “Acordo Ortográfico: a última oportunidade para evitar um crime de lesa-pátria”, com a qual concordo plenamente.
O texto é de 2019, mas (como sempre), poderia ter sido escrito HOJE, porque nada avança neste nosso Portugal, cheio de gente com mentes demasiado lentas…
Milhares de olhos estarão postos, amanhã, nas cerca de duas centenas de parlamentares, que, numa tarde, podem fazer mais por Portugal, do que todos os outros, em trinta anos, (não) fizeram.
«– Ao trabalho, pois, senhores deputados – a “coisa” é exigente, é verdade, mas bem mais fácil do que parece.» (Manuel Maria Carrilho)
Por favor, amanhã, não esmaguem a alma portuguesa.
Isabel A. Ferreira
Por Manuel Maria Carrilho
«Acordo Ortográfico: a última oportunidade para evitar um crime de lesa-pátria
– (…) [Amanhã] o Parlamento vai, através da sua Comissão de Cultura, analisar a situação exposta – na verdade imposta – pelos mais de 20 mil subscritores da oportuna “Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico”, que ilegitimamente, num arroubo do mais ignorante voluntarismo, o governo de José Sócrates impôs ao país em 2009.
– É talvez a última oportunidade de evitar a consumação definitiva de um crime de lesa-pátria – a “minha pátria é a língua portuguesa”, escreveu e bem Fernando Pessoa -, crime que nos tornou, e tornará cada vez mais, minoritários (é isso, “minoritários”!) na nossa própria língua.
É uma oportunidade única que não se pode perder, que poderá evitar consequências tremendas para o nosso país em todos os planos, pelas quais temos que responsabilizar os nossos representantes e os nossos governantes. Aqui incluindo naturalmente o Presidente da República que, num assunto desta natureza, não se pode acocorar atrás de formalidades, sejam elas quais forem.
– Se nada de corajoso, rápido e inteligente for feito, é isto que vai acontecer: o português “de Portugal”, com os seus escassos 10 milhões de falantes, vai tornar-se num mero dialecto (é isso, “dialecto) do português “do mundo”, com os seus 250 milhões de falantes. E a tendência é que no fim do século este número ande perto de 400 milhões, enquanto Portugal cairá para os 8 milhões…
– Um dia contarei mais em detalhe o meu, digamos, envolvimento com o “Acordo Ortográfico”, quando fui ministro da Cultura, entre 1995 e 2000: seja quanto à sua inutilidade, seja quanto aos seus erros e aberrações.
– Para já, basta lembrar que nunca ninguém me ouviu falar dele, o que aconteceu por uma razão bem simples: pensei – e nisso tive todo o apoio do primeiro-ministro António Guterres [que acabou por se virar para o AO90] – que a melhor estratégia para liquidar aquele inútil aborto da herança cavaquista-santanista era justamente não falar dele, era metê-lo numa gaveta e votá-lo ao mais completo esquecimento.
– Cedo percebi que a estratégia resultava em pleno, porque se eu não falava do “Acordo Ortográfico”, a verdade é que nas dezenas de entrevistas que dei também nunca nenhum jornalista se lembrou sequer de me perguntar por ele…E o mesmo acontecia nos contactos com os meus homólogos dos outros países da CPLP. O assunto morria…de morte natural.
– Tudo se complicou um pouco, é certo, quando Durão Barroso aprovou em 2004 uma alteração ao “Acordo”, que limitava a três os Estados que, dos sete países da CPLP, o teriam que ratificar, “golpe” que revela bem a enorme fragilidade em que o processo se encontrava, e de que creio que não sairia.
– Seria preciso o voluntarismo patológico de José Sócrates para, mais tarde, quando na realidade o esquecimento tinha quase resolvido o problema (é esse justamente, como Nietzsche ensinou, um dos trunfos, e não dos menores, do esquecimento), subitamente se consumar o desastre, fazendo o Parlamento ratificar em 2008 a alteração de 2004 e decretando, logo a seguir, a sua ilegítima, ilegal e a meu ver inconstitucional entrada em vigor em 2009.
– É isto que agora, com determinação, mas também com um talento que não pode ignorar que já vamos em 10 anos de prática do “Acordo” (nos media, no ensino, etc., com todas as consequências que é preciso avaliar bem), é preciso resolver, limitando os danos causados até aos limites do possível, repondo a nossa língua no centro, não só do nosso patriotismo, mas também do nosso cosmopolitismo.
– Ao trabalho, pois, senhores deputados – a “coisa” é exigente, é verdade, mas bem mais fácil do que parece.
Boa sorte.»
Fonte do texto:
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Como? Não, não é cozinhar um pato, até porque adoro patos a deslizar nas águas, e não nos pratos.
É fazer um pato, um acordo, a condizer com o acordo ortográfico de 1990.
É que se há quem apresente fatos em vez de factos (do Latim factum), e atos, em vez de actos (do Latim actus) porque não se há-de fazer um pato em vez de um pacto (do Latim pactum)?
É que nunca entendi os critérios que levaram os acordistas a substituírem facto por fato (e não me venham dizer que é apenas no Brasil, porque não é) e acto (do Latim actus) por ato (do verbo atar) mas não fazem patos. Porquê isto…assim…? Apenas porque sim?
Se praticamos um ato, por que não fazer um pato?
E é esse pato que venho propor.
Estão a ver esta imagem? Conseguem ver como as Línguas Inglesa, Alemã e Francesa estão bem aplicadas?
Mas se repararmos no Benvindo que o Intermarché utilizou para, alegadamente, se expressar em Língua Portuguesa, espalhou-se ao comprido.
Isto lido assim à letra, significa que apenas quem se chama BENVINDO (nome próprio de homem) é welcome, willkommen e bienvenue ao hipermercado. Conclusão: como eu não me chamo Benvindo, não fui fazer compras ao Intermarché.
Mas não é isso que importa. O que importa é que quem fez o cartaz, sabe como se escreve bem-vindo nas outras línguas, mas não sabe bem-receber, ou seja, escrever bem-vindo em Língua Portuguesa. E os Ingleses, Alemães e Franceses (bem) recebem como deve ser. E nós não. Vejam se os Alemães têm peneiras contra consoantes duplas. Mas se willkommen fosse uma palavra portuguesa, já estaria reduzida a wilkomen, para facilitar a vida aos cabeças-duras.
E já vi pior: Já vi no site de um Hotel, na Internet, um BEMVINDO assim… muito escarrapachado, como se fosse uma preciosidade linguística.
E isto não será grave? Não é gravíssimo?
É que a política acordista do corta os hífens aplica-se à balda. Aliás, tudo no AO90 se aplica à balda. Cada um escreve como calha, como quer, como lhe dá na real gana, a começar pelos governantes, cujos textos são um autêntico monumento à ignorância da Língua (Oficial) Portuguesa (e não estou apenas a referir-me à ortografia acordista, refiro-me também à ortografia não alterada que poucos dominam).
Posto isto, regressemos ao pato.
Os senhores governantes permitem-me que eu, na qualidade de ex-professora de Língua Portuguesa, vá à Assembleia da República ditar-vos um texto escrito inteiramente segundo as regras do AO90?
E o que proponho para o pato é o seguinte: se todos os deputados derem zero erros no ditado, isto é, se todos escreverem corretamente ("currêtâment") conforme a ortografia acordizada, eu deponho as armas, e dar-me-ei por vencida.
Mas como estou convencida de que a esmagadora maioria, se não a totalidade dos senhores deputados, darão montes de erros ortográficos, ao aplicarem o AO90, que querem IMPINGIR-NOS a todo o custo, ao custo da perda da nossa própria IDENTIDADE, eu proponho que mandem às malvas o AO90, reponham a Língua Portuguesa nas escolas, devolvam a Portugal a sua dignidade de País livre e soberano, e com a vossa escrita façam o que quiserem, uma vez que não conseguem escrever correCtamente.
Querem e gostam de escrever mal, escrevam. Mas não pretendam que os Portugueses embarquem nesse barco furado que é o AO90, nomeadamente as crianças a quem estão a enganar cobardemente.
Ou então não fazem o ditado que sugiro, e decidem, uma vez por todas, acabar com esta fantochada do AO90, esta escrita à balda, que está a generalizar-se.
E um Povo que não sabe escrever é simplesmente analfabeto ou semianalfabeto.
Aceitam fazer este pato comigo? Aceitam este desafio?
Aguardo uma resposta. Não uma resposta directa, obviamente. Mas uma ATITUDE firme e honesta acerca deste triste e pobre episódio da nossa História recente: a substituição de uma Língua íntegra (por uma Língua também é a sua GRAFIA) por um arremedo ortográfico estrangeirado, que nos esmaga a identidade.
Isabel A. Ferreira
Excelente reflexão, de Luiz Menezes Leitão, publicada a 27 de Fevereiro de 2018, no Jornal i, ainda actualíssima.
É, de facto, para lamentar a cegueira mental que prolifera ali para os lados de São Bento, a qual não permite que os nossos deputados vejam o óbvio. A subserviência ao estrangeiro é demasiado evidente.
E Portugal irá pagar bem caro esta insólita aventura pelo Hemisfério Sul. (Isabel A. Ferreira)
(Os excertos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue)
«UMA DECISÃO PARA LAMENTAR
O acordo ortográfico contribui para abolir as variantes cultas das palavras e as suas ligações etimológicas. A língua portuguesa torna-se mais pobre e distante das suas raízes, transformando-se num idioma de laboratório.
A semana passada foi marcada pela rejeição, pelo parlamento, da proposta do PCP de abandono do acordo ortográfico. Trata-se de decisão que demonstra bem a insensibilidade dos nossos deputados, uma vez que, perante o desastre que está a ser a aplicação deste acordo, o parlamento prefere ignorar o que se está a passar, assistindo pacificamente à destruição total da língua portuguesa. Porque de facto, com este acordo ortográfico, o português europeu está a transformar-se num estranho dialecto, com regras escritas incompreensíveis, que se afastam da sua etimologia e das restantes línguas latinas. Com a agravante de nem sequer haver qualquer uniformização com os outros países de língua portuguesa que ou não aplicam o acordo ou do mesmo resulta que sigam regras diferentes, graças à pronúncia que utilizam.
Um bom exemplo disto resulta da recente tradução do livro da escritora argentina María Gainza, que em espanhol se chama “El nervio óptico”, mas que no português acordista se transforma em “O Nervo Ótico”. O problema é que sempre se utilizou na língua portuguesa a expressão “ótico” como relativa ao ouvido, reservando-se o termo “óptico” para a visão. Tal é o significado dos respectivos antecedentes gregos “otikos” e “optikos”. O acordo ortográfico aboliu esta distinção essencial, mas apenas no português de Portugal, continuando a distinção a existir no português do Brasil. Será que isto faz algum sentido?
E o mesmo sucede com outras palavras como “recepção”, “concepção”, que se conservam sem alterações na ortografia brasileira, mas que na portuguesa passam a “receção” e “conceção”, facilmente confundíveis com “recessão” e “concessão”. Qual a necessidade de abolir a grafia anterior se o que se consegue é criar uma ortografia que ainda mais se diferencia da dos outros países lusófonos?
Isto já para não falar da multiplicação dos erros de escrita que o acordo ortográfico causou, com a absurda directriz de querer abolir as consoantes mudas, estando muita gente a abolir consoantes que continuam a pronunciar-se. É assim que já se viu aparecer erros como “fato”, “ineto”, “corruto”, que demonstram bem a falta de critério na abolição das consoantes pretensamente mudas.
E por último deveria salientar-se o facto de o acordo ortográfico contribuir para levar à abolição das variantes cultas das palavras e às ligações etimológicas das mesmas. Assim, a expressão culta “ruptura”, mais próxima do latim, foi transformada em “rutura”, esquecendo-se que já existia a variante popular “rotura”. Fala-se em “ótico” para a visão, mas esquece-se que a medição da mesma continua a ser a “optometria”. E os egípcios, pelos vistos, passaram agora a viver no “Egito”, esquecendo-se que a palavra Egipto tem origem no deus Ptah que, que se saiba, ainda não passou a Tah. Com o acordo ortográfico, a língua portuguesa torna-se assim mais pobre e distante das suas raízes, transformando-se num idioma de laboratório.
Na banda desenhada “Spirou e Fantásio”, da autoria de Franquin, aparece um vilão chamado Zorglub que pretende criar uma ditadura alterando o cérebro das pessoas, o que as faz falar e escrever numa nova língua, a zorglíngua, em que todas as palavras surgem ao contrário. Esperava-se que um parlamento democrático, como o português, nos livrasse deste triste destino. Mas afinal, graças aos restantes partidos, com excepção do PCP, vai tudo continuar como dantes. Isto não foi uma decisão parlamentar, foi uma decisão para lamentar.
Fonte:
https://ionline.sapo.pt/602187
(Origem da imagem: Internet)
Perguntei a um ex-líder partidário se era verdade que o seu partido tinha aderido ao Acordo Ortográfico de 1990, ou se tinha votado a favor da sua aplicação, porque tinha a informação do contrário.
Sim, o seu partido aprovou, com reservas, o que um ainda jovem deputado tem vindo a exprimir com cada vez mais insistência, baseado na ideia de que a Língua evolui (o avô do ex-líder escrevia pharmacia, ele já não, ele escreve no Português que aprendeu na escola) mas que é preciso evitar a colonização dos interesses editoriais brasileiros, ai isso é preciso.
Respondi-lhe o seguinte:
Acredito que os deputados mais novos, como não tiveram um aprendizado da Língua aprofundado, não saibam que este acordo do desacordo, não tem nada a ver com EVOLUÇÃO. Pelo contrário. Tem a ver com uma profunda IGNORÂNCIA da Língua, e um recuo, pois foi reduziu-a a dialecto.
O que os brasileiros fizeram com a Língua Portuguesa é problema deles. Eles que a escrevam e falem do modo que lhes dá mais jeito.
O ensino no Brasil (sei do que falo porque já estudei lá) é péssimo. Uma grande fatia do povo brasileiro vem de uma classe mal alimentada, logo, pouco dotada intelectualmente, e com grandes dificuldades de aprendizagem.
Como a Língua Portuguesa não é pêra doce, optaram por facilitá-la, para que a taxa de analfabetismo não fosse tão alta.
É que passar de PHarmácia, para Farmácia, em nada alterou a palavra, a não ser a sua grafia. Houve evolução, não houve recuo.
Mas se escrevermos "setor", em vez de sector, ou outras palavras assim que tais, teremos forçosamente de ler "s'tor", e isto já mexe com a pronúncia, com a etimologia e com a grafia da palavra.
"Setor" não tem significado algum, em Língua Portuguesa. Contudo, se lhe chamarmos Língua Brasileira a palavra passa a significar o que os Brasileiros quiserem.
É uma palavra mutilada, que perde o seu sentido, em Português. Mas não, em Brasileiro.
Mia Couto, um escritor moçambicano que muito aprecio, é mestre em “inventar” palavras. Mas inventa-as com um sentido absolutamente brilhante.
É um escritor que sabe valorizar a Língua.
Lamento que, na Assembleia da República, não haja alguém com conhecimento aprofundado da Língua Portuguesa para poder DEFENDÊ-LA dos abutres portugueses e brasileiros, que querem enriquecer à conta do empobrecimento da NOSSA Língua, um símbolo da identidade portuguesa, e colonizar Portugal através dela.
A mim, não me preocupa os que, por ignorância optativa, se vergam à ordem governamental e escrevem e pronunciam incorreCtamente a Língua. Só passam por ignorantes.
A mim, o que me preocupa é pretenderem fazer das nossas crianças, IDIOTAS.
A mim preocupa-me o futuro.
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O Rodrigo, comentando uma das minhas publicações, disse o seguinte:
«Acho que não entendo tanta resistência. A língua é dinâmica. Não sou a favor desse preciosismo! Ainda que goste de ler Gil Vicente em português arcaico. Mas acredito sinceramente que a língua também deve ser prática. Pelo que entendo a ideia foi simplificar não empobrecer!»
Como diz?
A ideia foi simplificar, não empobrecer?
Simplificar o quê? Pensa que hoje as crianças são mais estúpidas do que as das gerações anteriores, desde Dom Dinis, em cujo reinado foi decretada a obrigatoriedade do Português nos documentos oficiais?
O AO90 não simplificou coisa nenhuma. Pelo contrário, além de complicar, empobreceu a ortografia, afastando os vocábulos da sua raíz greco-latina. Empobreceu-a. Reduziu-a a dialecto. Fê-la RECUAR.
Digam-me o que é um "arquitÊto". Se forem capazes de chegar à raiz deste amontoado de letras, e dizerem-me o que isto é, que significado tem isto, dou a minha mão à palmatória.
A Língua é dinâmica, sim. E deve ser dinâmica.
Mas jamais deve ser mutilada, para facilitar a aprendizagem. Nenhuma outra Língua europeia, com muitas mais consoantes não-pronunciadas, do que na Língua Portuguesa, jamais mutilou a ortografia, para facilitar a aprendizagem dos menos dotados intelectualmente.
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E o Teófilo, respondeu e muito bem: «Os que estão com o novo AO são precisamente aqueles que têm dificuldades em aprender e falar uma língua científica como a nossa. Para esses um dialecto seria o ideal. E é precisamente nisso que querem transformar a nossa língua.»
Correcto.
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Já o P. Baptista veio com esta: «Um chorrilho de disparates e de falsidades. Parem de lançar a confusão sobre as crianças e a sua aprendizagem. E, já agora, parem de dar erros. A lei é para todos. É já tem 15 anos! Houve o tempo da discussão que se fez, há o tempo da execução que se faz».
Como disse, P. BaPtista? Ou devo escrever Batista?
Chorrilho de disparates e falsidades é tudo o que diz respeito ao desrespeito pela Língua Portuguesa, e que um acordo tão desacordado veio agigantar.
E quem dá erros crassos é quem escreve e fala segundo o evangelho (mal fundamentado) do AO de 1990, porque o que está em vigor é a ortografia de 1945, simplesmente porque não foi revogado.
***
E a propósito da carta que dirigi aos professores e aos sindicatos:
«Concordo totalmente com o teor da carta. E o que devem fazer os pais para defender os filhos desta acção castradora? Que meios legais existem ao alcance do vulgar cidadão?»
Respondo:
Os pais deviam ser os primeiros a PROTESTAR.
Não protestam, porque o povo português só protesta quando lhe vão aos bolsos.
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Então veio o David, e disse:
«EU É QUE SOU ANALFABETO. HAHAHAHA. MAS EU JÁ NÃO ADEMIRA SÓ TENHO A QUARTA CLASE. NÉ. NO MEU TEMPO NÃO DEU PARA MAIS, TIVE QUE ÍR TRABALHAR NÉ. MAS NÃO É POR ISSO QUE SE DEIXA DE SER BOM PROFICIONAL».
Lá isso é verdade, David. Mas os verdadeiros analfabetos não são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar. Os verdadeiros analfabetos são aqueles que tiveram oportunidade de estudar, e não aprenderam NADA, e escrevem acim, como o David.
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E a Maria também disse de sua justiça:
«Escrevia-se mal, pessoas que quando eram crianças tiveram de ir trabalhar em vez de ir à escola, agora vejo senhores e senhoras doutoras que passaram o tempo a estudar escrevem tão mal».
É verdade, Maria.
A escola não nos dá tudo. O que nos dá tudo é a nossa vontade de aprender, seja fora ou dentro da própria escola, se tivermos a sorte de a frequentar.
É que não basta ir à escola. É preciso que tenhamos capacidade de aprender. E há alguns senhores/as doutores/as que por muitos estudos que tenham, só sabem o que sabem, e não vão além desse pequeno saber.
***
E é esse pequeno saber que está de mala e cuia (* ) na Assembleia da República Portuguesa.
(*) «Mala e cuia» - expressão brasileira, que não fica nada mal neste contexto. É que a união da Língua passa por enriquecê-la com expressões das novas culturas oriundas das ex-colónias. Não passará nunca por mutilá-la.
Isabel A. Ferreira
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