Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2021

Li n’ “O Globo” que «Portugal vai conscientizar professores sobre diversidade da língua e tolerância ao “brasileiro”». Esperamos que o Brasil faça o mesmo e aceite a diversidade e comece a tolerar o “Português”

 

O link para esta notícia foi-me enviado via e-mail. Como não me foi permitido ler o texto, porque não sou assinante deste jornal, não sei a quem o autor se refere quando diz “Portugal vai”… Mas seja quem for, ou seja o que for que o autor pretendesse com este título, ele, só por si, já dá para fazer uma pequena reflexão.

 

O GLOBO.PNG

 

Eu, quando era professora de Português, tive uns alunos brasileiros, que vieram fixar-se em Portugal. Eu sabia o que era estudar num país, que embora tivesse a Língua Portuguesa como língua oficial, falava-se e escrevia-se à brasileira, e eu falava e escrevia à portuguesa, porque apesar de ter aprendido a ler e escrever no Brasil, vim para Portugal, por um breve tempo, e tive de aprender a falar e a escrever à portuguesa, e quando regressei ao Brasil, levava comigo a minha Língua Materna.

 

No Brasil, fala-se e escreve-se à brasileira. E isto é um facto. Logo, no Brasil, não foram tolerantes comigo, NEM TINHAM DE SER (atenção!!!) e eu tive de reaprender a falar e a escrever à brasileira. OBVIAMENTE que sim. Afinal, o Brasil é o Brasil e as suas circunstâncias linguísticas, culturais, sociais e até morais. E quem vai para um país estrangeiro, seja ele qual for, e não quer adaptar-se às regras desse país, melhor é regressar ao país de origem.


Um exemplo: quando uma mulher ocidental vai viver para um país árabe, onde as mulheres têm de usar o véu, o que faz? Usa o véu e aprende a falar árabe, se quiser permanecer no país. Dentro da sua residência, o mundo é outro, é o seu mundo, e faz o que bem entender, tira o véu e fala a sua Língua Materna.

 

Bem, mas já desandei na conversa. Quando era professora de Português, tive uns alunos brasileiros, e como eu já sabia o que era ser estrangeiro, num país onde teoricamente se fala a mesma língua, obviamente fui tolerante com as crianças, permitindo que elas falassem à brasileira, enquanto não se habituassem ao modo de falar português, porque todas as crianças inevitavelmente aprendem a falar uma nova língua com toda a certeza e facilidade. Porém, quanto à escrita, naturalmente tive de ser rigorosa, e ensiná-los a escrever correCtamente à portuguesa, ou não estaria a ser justa para com o resto da turma. E como eles chegaram à escola, já com o combóio em andamento, no fim das aulas, aproveitava o intervalo para os orientar e integrá-los no modo de ser e estar português (algo que, no Brasil, tive de aprender sozinha, e aprendi facilmente, e não estou a fazer queixinhas). No entanto, numa Escola Inglesa que frequentei, fui ajudada por uma Lady (que engraçou comigo, por me achar parecida com a Mosa Lisa), a integrar-me no British Way of Life. E adorei. Hoje, tomo o “five o’clock tea”, com todos os requintes que lhe deu Dona Catarina de Bragança, quando se casou com Carlos II de Inglaterra, corte, onde aquela Rainha iniciou a tradição do chá e o uso da porcelana.  


E isto acontece em todos os países do mundo. Se vamos para um país estrangeiro, só dentro da nossa casa somos o que somos. Em sociedade teremos de nos adaptar às circunstâncias de cada país, e se não quisermos adaptar-nos, então é melhor regressar ao país de origem.

 

Posto isto, Portugal não tem de «consciencializar (à portuguesa) os professores sobre a diversidade da língua e tolerância ao “brasileiro”». (Afinal, sempre há um “brasileiro”).

 

Os alunos brasileiros não podem vir para Portugal estudar à brasileira. Os professores podem e devem tolerar o modo de falar, desde que o modo de falar esteja conforme as regras da gramática portuguesa (não podemos permitir, por exemplo que digam TU VAI, ou EU LHE GOSTO) uma vez que mais tarde ou mais cedo eles assimilarão inevitavelmente o modo de falar à portuguesa.


Foi o que aconteceu com os meus alunos brasileiros, que, no final do ano lectivo, já falavam perfeitamente Português. E uns anos mais tarde, reencontrei-os e eles em nada se diferenciavam dos Portugueses.

 

É de toda a conveniência, aproveitar uma aula para falar da DIVERSIDADE das línguas. Uma diversidade que se quer DIVERSA, e não UNIFICADA, como o falso AO90 pretendeu. 

 

Agora, exigir privilégios, num país estrangeiro é pedir demais, até porque não se pode ser injusto com as TURMAS, que, no caso particular de Portugal, integram TAMBÉM ucranianos, chineses, indianos, africanos, entre muitas outras nacionalidades. E se eles também pedissem “tolerância” para a Língua Materna de cada um deles? Que Babel seria a escola!!!


Ao Brasil o que é do Brasil, a Portugal o que é de Portugal. Só deste modo a tão “falada” diversidade poderá ser verdadeira. E a tolerância, deixemo-la para a integração na sociedade, mas não na linguagem, ou corremos o risco de o ENSINO (que já anda de rastos) tornar-se numa grande pantomima. A não ser que seja essa a intenção de quem nos (des)governa. E se assim é, há que providenciar uma revolução, para depor os traidores.

 

Isabel A. Ferreira

 

Fonte para o texto que deu origem a esta reflexão:

https://blogs.oglobo.globo.com/portugal-giro/post/portugal-vai-conscientizar-professores-sobre-diversidade-da-lingua-e-tolerancia-ao-brasileiro.html

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:40

link do post | comentar | ver comentários (6) | adicionar aos favoritos
partilhar

.mais sobre mim

.pesquisar neste blog

 

.Novembro 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

.posts recentes

. Li n’ “O Globo” que «Port...

.arquivos

. Novembro 2024

. Outubro 2024

. Setembro 2024

. Agosto 2024

. Junho 2024

. Maio 2024

. Abril 2024

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Agosto 2023

. Julho 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Maio 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Março 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Julho 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Abril 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Outubro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

.Acordo Ortográfico

A autora deste Blogue não adopta o “Acordo Ortográfico de 1990”, por recusar ser cúmplice de uma fraude comprovada.

. «Português de Facto» - Facebook

Uma página onde podem encontrar sugestões de livros em Português correCto, permanentemente aCtualizada. https://www.facebook.com/portuguesdefacto

.Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt

. Comentários

1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias.

.Os textos assinados por Isabel A. Ferreira, autora deste Blogue, têm ©.

Agradeço a todos os que difundem os meus artigos que indiquem a fonte e os links dos mesmos.

.ACORDO ZERO

ACORDO ZERO é uma iniciativa independente de incentivo à rejeição do Acordo Ortográfico de 1990, alojada no Facebook. Eu aderi ao ACORDO ZERO. Sugiro que também adiram.
blogs SAPO