Domingo, 5 de Março de 2023
Este texto não tem a ver directamente com o AO90 ou com a Língua Portuguesa, mas como tem a ver com a “missão” do professor, a ligação é inevitável.
Uma vez que os professores portugueses “andam na berra” (*) convido os meus leitores a dar atenção à definição de professor, que o Juiz brasileiro Eliezer Siqueira de Souza Júnior apresentou na sentença dada num processo judicial, movido por um aluno ao professor que lhe confiscou o telemóvel, por estar a ouvir música, com auscultadores, dentro da sala de aula.
Trata-se de um acontecimento bastante difundido na altura, e que pode ser consultado neste link:
https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/aluno-brasileiro-que-processou-630893
O aluno brasileiro, que processou o professor por lhe ter apreendido o telemóvel, na sala de aula, perdeu a causa na justiça, e o Juiz Eliezer deixou-nos uma lição do que deve ser observada por todos os professores, pais e governantes deste nosso País, que fazem do ENSINO uma desaprendizagem.
«O professor é o indivíduo vocacionado para tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe.»
Diz o Juiz que o autor é estudante. O demandado, professor. Neste contexto, já se deveria asseverar que o docente, jamais, traria algum abalo moral àquele ser que lhe foi confiado a aprender. Pelo contrário! O professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão (alumno: sem luz), para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe”.
E o magistrado prosseguiu tecendo considerações sobre o ENSINO no Brasil: “O que temos no Brasil? Uma completa inversão deste valor, explicável se levarmos em conta que, no século passado, ficamos aproximadamente 40 anos em duas ditaduras que entenderam o valor da Educação como ferramenta de tirania e alienação, transformando professores em soldados de ideologias totalitaristas, perfilados em salas de aula em que sua disposição espacial dá toda esta directriz: o professor em pé, discursando; os alunos sentados, indefesos, recebendo toda carga do ‘regime’”.
O que proponho é reescrever este excerto da sentença do magistrado brasileiro, e transpô-la para a actualidade portuguesa:
E o que temos em Portugal? Temos uma completa inversão deste valor, explicável se levarmos em conta que, desde o 25 de Abril, os sucessivos governos ditos democráticos entenderam o valor da Educação como ferramenta de tirania e alienação, transformando professores em soldados de ideologias totalitaristas, perfilados em salas de aula em que a sua disposição espacial dá toda esta directriz: o professor em pé, despejando matéria, e utilizando uma linguagem truncada, abrasileirada, amixordizada, enfim, um TUGUÊS (**) imposto ditatorialmente por governantes ignorantes e servilistas, e os alumnos, coitados, sentados, indefesos, recebendo toda esta carga de um ‘regime’ que rasteja aos pés de uma ex-colónia, que usurpou a Língua Portuguesa, e a fez introduzir em Portugal através de trafulhices entre políticos brasileiros e políticos portugueses, desvirtuando-se, deste modo, a MISSÃO de tirar os alumnos (os sem luz) das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe. O que temos é as trevas da ignorância a reinar nas escolas, porque é IMPOSSÍVEL ter um ensino de qualidade, assente numa linguagem TÃO desqualificada.
Os alumnos portugueses, que tiveram a desdita de apanhar o combóio do TUGUÊS em andamento a partir de Janeiro de 2012 [algo que aos acordistas não interessa dissecar] porque as crianças do ensino básico do ano lectivo 2010/2011 que aprenderam a escrever direCtor com CÊ, e a partir de Janeiro de 2012, tiveram de desaprender a escrever a LÍNGUA MATERNA delas, e, sem saberem porquê, começaram a escrever “diretor” [dir’tôr”] sem Cê, começaram a escrevinhar uma inconcebível mixórdia ortográfica, imposta por ignorantes, com a CUMPLICIDADE de quem? Isso mesmo: dos PROFESSORES, que tinham a MISSÃO de os tirar das trevas e da ignorância, e atiraram-nos para uma escuridão ainda maior. [Salvaguardo aqui os professores que se recusaram a ser servilistas].
E quem diz os alunos do ano lectivo de 2010/2011, diz de todos os alunos dos anos lectivos anteriores. E se esses alumnos foram obrigados a desaprender 0 que aprenderam numa LINGUAGEM CORRECTA, mais facilmente podem desaprender o que aprenderam na LINGUAGEM “INCORRETA” (“INCURRÊT”) que estão a impingir-lhes.
E o magistrado Eliezer disse mais, na sua sentença:
«Julgar procedente esta demanda, é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a contra-educação, as novelas, os reality shows, a ostentação, o ‘bullying intelectual', o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectualmente improdutiva que vem assolando os lares do país, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação brasileira»
Transponhamos este parágrafo para Portugal e temos o seguinte:
Continuar a enganar os alumnos [os sem luz] portugueses, impingindo-lhes uma ortografia que NÃO pertence à Cultura Linguística Portuguesa, é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional de Portugal, privilegiando a alienação e a contra-educação, as telenovelas brasileiras e luso-brasileiras, os reality shows, o futebol [ainda hoje ouvi na televisão um homem dizer que o futebol era a coisa mais importante na sua vida] a ostentação, o ‘bullying intelectual', o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectualmente improdutiva que vem assolando os lares portugueses, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação portuguesa.
Está na hora de dizer BASTA! a este INSULTO.
(*) Gosto de usar as expressões portuguesas que o nosso Orlando Neves compilou num Dicionário de Frases Feitas, e “andar na berra” é uma delas, e para quem não sabe, significa “estar na moda; ser falado”.
(**) “TUGUÊS” é a novilíngua grafada em Portugal, e consiste numa mistura da Língua Portuguesa, do Acordês e da Língua Brasileira, algo que está a ser impingido pelo actual sistema de ensino, com a cumplicidade da classe docente [salvaguardo aqui os Professores que NÃO aceitaram ser servilistas] que anda por aí a proclamar que quer uma “escola com qualidade”, mas impingem o “TUGUÊS” e o “TUGUÊS” não rima com qualidade, rima com ESTUPIDEZ.
Isabel A. Ferreira

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Terça-feira, 13 de Dezembro de 2022
Manuel M. Monteiro e Ricardo Araújo Pereira, dois cidadãos portugueses que pugnam pela preservação da Língua Portuguesa, em Portugal.
Desejo muito sucesso para mais este livro de Manuel Matos Monteiro, e espero que se aproveite o momento do lançamento para enviar aos governantes e à classe docente e a todos os que, subservientemente, se vergaram à ignorância, uma clara mensagem de repúdio ao AO90, responsável pelo CAOS que se vive nas escolas, com professores a impingirem uma vergonhosa mixórdia ortográfica, que o tal acordo mais desacordado do mundo originou. É que não conheço nenhum aluno, seja de que ciclo escolar for, que escreva escorreitamente a sua Língua Materna. Além dos disparates acordistas, há a outra parte, que demonstra um desleixo total pelo estudo da Língua.
O que andará a fazer o ministro da Educação? Para onde quer levar o Ensino, o ministro da Educação? Para que serve um ministro da Educação que DESPREZA o ensino da Língua de Portugal?
Manuel e Ricardo, aproveitem o momento para abanarem a estrutura do Ensino, mal assente no seu pilar: a Língua Materna dos Portugueses, para que o "edifício" caia, e possa erguer-se uma nova estrutura mais condizente com o SABER escrever e falar, e que rejeite, em absoluto, a ignorância que se instalou em Portugal.
Isabel A. Ferreira

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Quarta-feira, 2 de Novembro de 2022
Sei que que os professores que estão a fazer greve, não gostarão que se lhes diga isto, mas esta é a mais pura verdade.
Por exemplo, os Enfermeiros fazem greve por melhores salários e melhores condições de trabalho, e têm esse direito, porque NÃO tratam os doentes com instrumentos enferrujados, obsoletos ou não adequados às suas funções. Exercem a sua profissão/missão com dignidade, com probidade, com BRIO profissional, conforme o juramento que fizeram, quando iniciaram a sua carreira.
O que se passa com os professores? Especialmente com os de Português? Tratam os seus alunos como se fossem muito estúpidos, vendendo-lhes gato por lebre, como se eles não se dessem conta disso. Qualquer criança do Ensino Básico, que ande a estudar Inglês, Francês, ou Castelhano, sabe que direCtor se escreve com um cê.
O instrumento de trabalho dos professores é a Língua Portuguesa, com a qual transmitem os seus saberes aos alunos, que vão frequentar as escolas. Para quê? Para aprenderem, obviamente. Para receberem instrução, educação escolar.
E o que acontece? Os professores, na sua generalidade, e particularmente os de Português, usam uma escrita esfarrapada, deturpada, abrasileirada e sem sentido algum: aspeto, receção, exceto, respetivo, infeção [estas são palavras esfarrapadas, deturpadas e sem sentido algum para o mundo]; ação, teto, correto, direto, setor, afeto, Egito [e estas são palavras brasileiras sem sentido algum para os Portugueses] - tudo lido com os és fechados, se quiserem seguir as regras gramaticais – Egito, quando no mundo inteiro se escreve EgiPto, por ser o país dos EgíPcios e dos egiPtólogos, e apenas os Brasileiros escrevem Egito, porque italianizaram a palavra (os italianos escrevem Egitto) aliás como fizeram com muitas mais. E elas são mais que muitas, mutiladas, afastadas da sua Genetriz, e é este tipo de grafia, preconizada pelo AO90, que os professores impingem aos alunos, sem o mínimo espírito crítico, sem o mínimo conhecimento das leis, que obrigam a escrever correCtamente a Língua Oficial dos países.
Portugal é o ÚNICO país do mundo onde se ensina a escrever incurrêtamente.
Os professores estão a desensinar os alunos a desescrever a sua Língua Materna, com base numa Resolução do Conselho de Ministros (RCM), que não tem valor de lei. E mais, se um aluno diz que NÃO quer escrever à brasileira, ou seja, não quer usar o AO90, por ser português e a sua língua ser a Língua Portuguesa, o professor recusa, e diz que lhe marca erro e baixa a nota, se o fizer (digo isto com conhecimento de causa). E isto é um aviltamento. E anda Marcelo Rebelo de Sousa a dizer pelo Brasil, que em Portugal o AO90 NÃO é obrigatório. Como poderia ser, se NÃO existe lei que a tal obrigue? Mas os professores, mais comodistas do que profissionais, não sabem que em Portugal NÃO é obrigatório usar o AO90.
Isto NÃO é prestar um serviço de QUALIDADE nas escolas, e querem aumentos salariais, para andarem a desensinar os alunos, que saem das escolas sem saberem escrever correCtamente? Porque à conta do AO90, o que anda a ser ensinada nas escolas é uma vergonhosa mixórdia ortográfica. Numa mesma folha, um professor tanto escreve ação como acção. E as crianças perguntam: «Afinal, como é que se escreve isto?» Já me perguntaram a mim. Por isso sei dessa mixórdia. Disse-lhes a verdade: «A professora não consegue atinar com a novilíngua [expliquei-lhes o que é a novilíngua] e acabam por não saber escrever, nem ensinar a escrever correCtamente a Língua Materna de TODOS os Portugueses – a Língua de Portugal.
Os professores, ao menos, poderiam ser mais profissionais, e aproveitar esta greve para informarem o actual ministério da deseducação que não mais iriam ser cúmplices da ilegalidade, porque daqui em diante iriam exercer a sua profissão com DIGNIDADE, abandonando o AO90, e ministrariam um ENSINO DE QUALIDADE, daí merecerem melhores salários. E se isto não fosse concretizado, a greve manter-se-ia indeterminadamente…
Queria ver se o ministério da deseducação tinha a coragem de prolongar indeterminadamente esta situação, e prejudicar milhares de alunos, e despedir toda a classe docente, ou de lhe instaurar processos disciplinares.
Para lutar por uma causa mais do que justa é preciso NÃO ser cobarde. Para cobardes basta os políticos envolvidos nesta trafulhice ortográfica, porque erraram, e agora não têm CORAGEM política para desfazerem o erro, porque errar até pode ser humano, mas insistir no erro é completamente INSANO.
Isabel A. Ferreira

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Domingo, 23 de Outubro de 2022

Desta vez por excepção, muito ao contrário do habitual, recebi não apenas o original em papel como cópias integrais do artigo por e-mail, Messenger e SMS. O que se segue é, portanto, uma transcrição feita — para variar — na maior das calmas, tecnicamente falando, mas não tanto assim no que ao texto diz respeito.

Na verdade, o aparente fait divers também aqui relatado, envolvendo a agremiação profissional dos professores de brasileiro (vulgo, APP), surge neste texto com um tom algo… subsidiário. A começar logo pela forma verbal “livrem-se” e da formulação “nem para isto serve”, ambas utilizadas no título e desenvolvidas no texto propriamente dito. Na óbvia presunção de que se trata daquilo que à Língua nacional respeita e, concretamente, em que medida o AO90 a afectou, com que indesculpável gravidade os professores traíram a sua missão, então seria mais do que legítimo que ao menos os bois fossem chamados pelos nomes.
Ao não apenas acatar sem a menor hesitação como ao promover a ignorância, os sindicatos da classe professoral, com a bovina anuência de grande parte dos próprios “mestres”, traíram não “apenas” a Língua Portuguesa, a Cultura e a identidade nacionais, como também a própria dignidade (e a finalidade) da classe docente. Traíram a Língua dos seus alunos, dos pais destes e de todos os seus antepassados; portanto, traíram a História, o que equivale a dizer que traíram o seu país. Traíram ao trocar o Português por um linguajar alienígena e, num acrescido assomo de malvadez, colaborando activamente na sua difusão e propaganda — ou seja, deixaram de dar aulas e passaram a fazer lavagens a cérebros em formação. Traíram com a sua cobardia e a sua impassibilidade (não existem nem passividade nem neutralidade nisto) e, em suma, acabaram por trair a sua própria consciência — ou, em última análise, traíram a si mesmos.

Bechara mente? Sim, claro, mente; com quantos dentes tem na boca. Marcelo mente? Evidentemente, mente; e sempre sorrindo para a “sélfe”, achando imensa piada à sua piadética pessoa. Malaca mentiu? “Quer-se-dizer”, respeitemos os defuntos, que diabo, ainda que tenham sido eles mesmos coveiros. A xôdona Edviges mente? Uiuiui, não há quem lhe valha. Sócrates, Cavaco, a Edite, o Carlitos, o Tony, toda a trupe pouco mais ou nada mais faz além de inventar petas sobre a sua querida língua “universau”. Aquilo é uma seita de mitómanos empedernidos, viciados e militantes.
Ora…
O #AO90 “nem para isto serve“? Não, senhor, não serve; nem para aquilo nem para coisíssima nenhuma. A discriminação “positiva” é uma inerência das finalidades (exclusivamente) políticas que levaram traficantes tugas a propor aos brasileiros a venda da Língua a pataco.
E não serão com certeza eles a livrar-se do “acordo” porque isso seria equivalente a eles verem-se livres de suas próprias excelências.
Somos nós quem tem de se livrar dele. Mesmo se para isso nos tivermos de livrar… deles.



Se o “acordo” nem para isto serve, livrem-se dele de vez
Que tal aceitarem que o português tem variantes, também ortográficas, e que é conhecendo-as e sabendo conviver com elas que se fará o nosso futuro?
Nuno Pacheco
“Público”, 20 de Outubro de 2022
Pode parecer estranho, mas a Associação de Professores de Português resolveu acordar para um magno problema: o das variedades da língua e o seu impacto nas escolas. Seria mais adequado chamar-lhes variantes, embora neste caso a palavra variedades se ajuste melhor aos indecorosos espectáculos a que temos sido forçados a assistir, em nome do idioma. Uma notícia recente do PÚBLICO deu-nos conta de que a Associação de Professores de Português (APP) resolveu propor ao Instituto de Avaliação Educativa (Iave) a criação de “um grupo de trabalho no seu conselho científico para discutir a aceitação das variedades linguísticas codificadas do português nos exames nacionais”. Isto devido a relatos de professores e alunos, queixando-se de que o exame nacional de português “penalizava quem usasse a variedade brasileira”.
O Iave, claro, mostrou “disponibilidade para discutir o assunto” e lá teremos, neste país de comissões, mais uma. Veio à baila, como convém, o “carácter pluricêntrico da língua portuguesa”, que o ministro João Costa, à data ainda secretário de Estado, já brandira num artigo seu na revista Palavras, da APP (n.º 4, 2021). Alguns excertos: “A ideia de que alguma língua no mundo não apresenta variação não passa de um mito”; “Todos têm lugar na escola, os que cresceram a falar português europeu, os que não têm o português como língua materna ou os que falam outra variante”; “Isto significa, antes que seja mal interpretado, que – na competência que a escola tem de ensinar a norma portuguesa – não podemos fazer de conta que a diversidade não existe ou que não está lá, na aula concreta e no aluno concreto. Não defendo que os erros não se corrijam, como é óbvio. Mas isso não se faz sem o desenvolvimento de uma consciência de que nem sempre o erro é o que julgamos.” Como se vê, a APP e congéneres têm muito com que se entreter, no tal grupo de trabalho – onde hão-de esbarrar com o tal elefante.
Expliquemo-nos. Aqui há uns largos anos, vieram convencer-nos de que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 vinha criar uma norma única no espaço universal do idioma. Tal miragem teve paternidade dupla, e assumida, de dois académicos, o português João Malaca Casteleiro (1936-2020) e o brasileiro Evanildo Bechara (n. 1928, hoje com 94 anos). Ora este último, numa entrevista ao jornal Estadão, em 12/11/12, dizia coisas como estas, em favor da sua “dama”: “Em qualquer área em que seja usada, tanto no Brasil, como em Portugal ou na África, a língua portuguesa será grafada de uma só maneira. Isso significa que um livro editado em português pode correr todos esses países, porque a ortografia é a mesma”; ou: “Uma língua que tem uma só ortografia circula no mundo com mais facilidade.”
A entrevista estava pejada de declarações ligeiras e falsas, prontamente analisadas e denunciadas em Portugal porJoão Pedro Graça, tradutor, então no espaço da ILCAO (a 14/11) e porAntónio Fernando Nabais, professor de Português e de Latim, no blogue Aventar (15/11). Este, no mesmo blogue, não resistiu agora a comentar a recente iniciativa da APP: “Convém lembrar que a APP esteve sempre do lado da defesa do chamado acordo ortográfico (AO90), essa oitava maravilha do mundo que, segundo os seus diversos apóstolos, iria contribuir para a tão desejada ‘unificação ortográfica’ […]”, concluindo: “Só falta a esta associação a honestidade de reconhecer que este problema constitui mais uma prova de que o AO90 é um falhanço vergonhoso.” Pois, a par das normas existentes, ainda inventou uma outra, desajeitada e inútil: o “acordês”. O elefante.
Se fosse num conto do Mário-Henrique Leiria, o elefante ia com ele “tomar uns gin-tonics” ao Bastilha, reaparecida a múmia (in “Desabamento”, Contos do Gin-Tonic, págs. 97-99). Mas como se trata da língua portuguesa, o elefante anda de braço dado com as múmias a fingir-se útil e a atormentar-nos a existência. Não, a APP não reconhecerá que errou, nem os ministros que engoliram as patranhas do dito “acordo” voltarão com a palavra atrás, como já se viu. Bem pode Marcelo Rebelo de Sousa garantir, como fez nas celebrações do 5 de Outubro, que “nada é eterno em democracia”, porque nos impuseram uma excepção (aliás, uma “exceção”) a essa verdade universal: o acordo ortográfico. Ora, citando João Costa, como “não podemos fazer de conta que a diversidade não existe”, que tal livrarem-se de vez desse empecilho que a ninguém beneficia (a não ser os poucos que dele já tiraram proveito) e aceitarem que o português tem variantes, também ortográficas? E que é conhecendo-as e sabendo conviver com elas que se fará o nosso futuro? O resto é poeira, que insistem em atirar-nos para os olhos.
[Transcrição integral (ipsis verbis, sem destaques e incluindo “links”) de artigo, da autoria de Nuno Pacheco, publicado no jornal “Público” de 20 de Outubro de 2022. Imagem (acima da transcrição) de: “A Vida Portuguesa” (logótipo). Imagem/citação de Victor Hugo de: “Le Figaro Culture” (Facebook)]
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Quarta-feira, 19 de Outubro de 2022

Professores querem grupo para discutir aceitação de variedades de português em exames
A Associação de Professores de Português (APP) propôs ao Instituto de Avaliação Educativa (Iave) criar um grupo de trabalho no seu conselho científico*** para discutir a aceitação das variedades linguísticas codificadas do português nos exames nacionais. Segundo o Ministério da Educação, o presidente do Iave manifestou “disponibilidade para discutir o assunto com a referida associação, o que acontecerá brevemente” – mas não especificou quando.
[Extracto parcial (amostra disponibilizada “gratuitamente” pelo jornal online) de artigo da autoria de Joana Gorjão Henriques. “Público”, 14 de Outubro de 2022]
*** – a notícia referida no bocadinho de texto acima citado foi aqui transcrito na íntegra.
Deve ser realmente justo que o jornal “Público” se reserve uma caterva de direitos autorais, ainda que as matérias sejam de interesse igual ao do nome do jornal e que tais direitos se estendam até às cartas ao director ou ao “provedor do leitor“, assim como aos artigos de ambos esses titulares — a tudo menos aos anúncios a granel. Semelhante reserva deve ser absolutamente necessária, de facto; nem a publicidade comercial nem a “institucional”, paga pelo Estado, chegarão com certeza para mandar cantar um cego, quanto mais pô-lo a tocar rabecão.
Daí, portanto, não havendo um exemplar em papel que se possa digitalizar (isso não deve o pessoal do “Público” perseguir, pois que diabo, Portugal não é um país de capitalismo selvagem nem está cheio de gananciosos patológicos), então “é assim”, como agora se diz, quem quiser ler as novas que se fique pelas “gordas”. “Gordas” essas que são servidas com uns appetizers textuais, dois parágrafozitos à laia de Martini com azeitonas verdes. E já gozas.
Tão frugal serviço noticioso foi-nos agora de novo servido (se bem que requentado) tratando da mais recente salgalhada que envolve professores e um departamento governamental cujas funções, como parece indicar a designação daquele “instituto”, consistem em avaliar não se sabe ao certo o quê mas que terá, presumivelmente, algo a ver com a função “educativa”. IAVE. É bem achado, convenhamos. “Instituto de Avaliação Educativa“, mas que lindo nome, ui, tão catita.
E de uma transparência absolutamente brutal, logo a começar pela apresentação que faz de si mesmo: «Regemos a nossa actuação por princípios de imparcialidade, de transparência e de rigor técnico e científico, respeitando a política educativa vigente.» Belíssimo oxímoro, para começar, logo nesta entrada a pés juntos: conseguir juntar na mesma frase dois conceitos que mutuamente se excluem, não é para qualquer. Nota-se que há ali tarimba. Encadear “rigor técnico e científico” e “política educativa vigente”, convenhamos, é de mestre; bem, pode ser que a “vigência” da “política educativa” seja milenar ou eterna e não esteja afinal limitada ao período de “vigência” da política imposta por determinado mandato governamental de quatro anos.
As urgências lentas são um mimo, portanto entende-se perfeitamente a falta de “pressa” da “urgência”.
Esperam por que a simples passagem do tempo faça caducar o engulho. O método do facto consumado, que tão espectaculares resultados produziu na “adoção” do AO90, servirá de igual forma para que esta pequena lagartixa se transforme por metamorfose em mais um jacaré.
Metáforas à parte, por mais horripilante e abrangente que seja a analogia, o que importa realçar nestas nada subtis vigarices ministeriais e sindicais é a previsibilidade: fica absolutamente claro o que se pretende, na sequência “natural” da imposição feroz do #AO90 no sistema de ensino ex-português, assim como não subsistem — desde o início — quaisquer dúvidas sobre o papel da APP na “adoção” e, por conseguinte, o que é e para que serve essa tal Associação de Professores de Português brasileiro, quais dos/dasseus/suasassociados/as são os/as principais protagonistas da traição, em que ligações (olha, editoras, ah, que surpresa) está emaranhada.
Toda a gente sabe qual é a táctica, a rotina mecânica utilizada sempre pelos mesmos em processos parcelares ou pontuais, como é o caso deste, e qual é o desfecho mais comum dos seus métodos de demolição: ou passa tudo a brasileiro ou então vai ferrete de “xenofobia” na testa. A receita do costume, claro. Da qual, aliás, com ingredientes como o IAVE e a APP e tantos outros, se tem este Apartado ocupado amiúde, partilhando receitas, umas mais substanciais do que outras, algumas com sua graça mas quase sempre com o sabor amargo característico dos cozinhados acordistas, cujo veneno, mesmo em doses homeopáticas, pode tornar-se letal se consumido sem grandes cuidados.
É miserável mas não deixa de ser caricato o que vai sucedendo, por exemplo paradigmático, no assim dito “sistema de Ensino” indígena: evidentemente, visto que “eles são 230 milhões e nós somos só 10 milhões”, então há que — além de escrever como “eles” falam — “facilitar” e “agilizar” também o percurso académico “deles” (e só deles, para os alunos portugueses fica tudo na mesma), aceitando que escrevam como falam (ou como de resto lhes der na real gana). Este aparente conflito resultante da aculturação selvagem deixará de o ser de imediato, como que por milagre, com o estalar de dedos do costume — ou seja, via “orientações” internas da tutela, na secretaria da 24 de Julho, e de seguida com a consagração legal na respectiva linha de montagem, a São Bento. [A vitimização como arma política – 2 (Gerundiando o estando ensinando) 03.08.22]

Deste enorme Pantacruel devem servir-se os comensais — que de “chefs” estamos mal — com estrema parcimónia e, sobretudo, com extremo cuidado. Cuidado, por exemplo, com os “ouvi dizer” e com os “achismos”. Ainda piores do que os tachistas são os achistas, como sabemos, especialmente quando acumulam funções.
Ao invés do que dizem alguns idiotas úteis (ou do que “acham” outros idiotas e inúteis), não existe nisto — pelo menos, não existem precedentes que estabeleçam algum tipo de jurisprudência na matéria — o direito de “objecção de consciência”. A RCM 8/2011 equivale, para todos os efeitos, a uma ordem por escrito: pode a posteriori ser contestada, mas primeiro terá de ser acatada; a sua recusa liminar e sumária, alegando uma putativa objecção de consciência quanto a escrever em língua brasileira, poderá resultar em igualmente sumário processo disciplinar tendo em vista… o despedimento.
Posso afiançar, para o duvidoso caso de isso servir para alguma coisa, que obviamente não sou eu próprio o autor desta ou de qualquer outra das inúmeras abjecções legislativas de que o sistema jurídico português está servido. Quem, por mania ou desfastio, persistir em desencantar culpados e destapar alçapões pode, por exemplo, tentar descobrir para que serve ou o que é ao certo a nacional Provedoria de Justiça, esse misterioso serviço que trata da defesa do cidadão comum em qualquer situação de injustiça, à excepção de possíveis engulhos com a… Justiça.
Convirá relembrar, ainda a propósito de abjecções, que os professores — e por maioria de razões os de Português — nem piaram quanto à “adoção” da cacografia brasileira. Exceptuando algumas honrosas excepções, informal ou formalmente, individual ou colectivamente, muitos deles acobardaram-se miseravelmente perante o camartelo governamental. Aliás, foi e continua a ser a tal APP, o professoral sindicato com mais sócios, uma das principais “bandeirantes” da neocolonização linguística.
Sem grande esforço de memória, recordemos apenas um dos vários episódios que têm marcado a empedernida (e altamente suspeita) militância de certos (in)docentes.
«A presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Ferreira, não só discorda como afirma que “muitos” docentes “prejudicaram seriamente os seus alunos por não terem cumprido em devido tempo as determinações do MEC”.» «Um aluno que não domine a nova ortografia e escreva “efectiva” em vez de “efetiva, “pára” em vez de “para” ou “acção” em vez de “ação” por exemplo, pode perder “entre quatro a cinco valores em 20, segundo a presidente da APP. O que, admite Edviges Ferreira, tem consequências potencialmente graves, nomeadamente no que respeita à nota final e ao acesso ao ensino superior.»
[“post” ‘Abuso de poder: prisão até três anos’, publicado em 04/05/2018]

Os resultados estão à vista.
Podem fingir que não sabiam, não viram, não ouviram. Um dia, fatalmente, hão-de ter de prestar contas. E pagá-las. Nisso o futuro não costuma perdoar. Exige aquilo que tem a haver, logo ali, à vista e em contado. É brutal, o futuro. Nunca faz nada “sutilmente”.

Fonte:
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Terça-feira, 11 de Outubro de 2022
Ninguém, em Portugal, é obrigado a REJEITAR a Língua Oficial Portuguesa – a Língua Portuguesa – na sua forma grafada, e adoptar a grafia da Variante Brasileira da Língua Portuguesa, até porque NÃO há lei nenhuma que a tal obrigue, nem sequer a simples Resolução do Conselho de Ministros 8/2011, de 25 de Janeiro, do governo de José Sócrates, que determinou a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 no sistema educativo. Esta RCM NÃO tendo valor de Lei, NÃO pode impor aos alunos portugueses uma escrita truncada, que nada tem a ver com a Cultura Linguística Portuguesa.
E nada tendo a ver com a Cultura Linguística Portuguesa, e sendo o tal AO90 um instrumento ILEGAL, comprovado pelo Decreto Nº 35228 de 08 de Dezembro de 1945 que “aprova o acordo de 10 de Agosto de 1945 resultante do trabalho da Conferência inter-académica de Lisboa para a unidade da língua portuguesa, cujos instrumentos, elaborados em harmonia com a Convenção Luso-Brasileira de 29 de Dezembro de 1943”, que foi rejeitada depois de assinada, pelo Senado do Brasil, mas que continua em vigor em Portugal, pelo simples facto de o referido Decreto Nº 35228 jamais ter sido revogado até ao presente dia (Cf. Diário do Governo n.º 273/1945, Série I de 1945-12-08, páginas 1037 – 1053, NENHUM professor ou cidadão portugueses são obrigados a usá-lo, sem passar por seres meramente servis.
Ser professor não consiste apenas em dizer ámen a tudo o que nos querem impingir, se o que nos querem impingir NÃO está conforme a lei, ou seja, é ILEGAL, e um professor, tal como os demais cidadãos, têm o DEVER de conhecer as leis do seu País. Ou então, se o que está conforme a lei, e nos querem impingir, é injusto ou errado - porque sabemos que nem sempre o que está na lei é o certo ou o justo - nesse caso, os cidadãos têm o DEVER e a OBRIGAÇÃO de DESOBEDECER.

Quando o governo determinou, através de vil chantagem (ou obedeciam ou eram penalizados) que os professores impingissem aos alunos portugueses a grafia brasileira, chamando-lhe portuguesa, enganando-os vergonhosamente, os professores deveriam ter imediatamente desobedecido em MASSA, recusando-se, como era do seu DEVER, a enganar os alunos, obrigando-os a escrever “incurrêtâmente” a própria Língua Materna, a Língua Oficial de Portugal, a Língua Portuguesa, a que está consignada na Constituição da República Portuguesa (onde NÃO consta a linguagem truncada do AO90) sob a ameaça de penalizações (algo inacreditavelmente assustador – ouvi muitas vezes crianças e jovens dizerem que se escrevessem correCtamente seriam penalizadas nas notas – e isto é simplesmente castrador, atrofiante, desprezível, coisa de ditaduras); SE os professores tivessem um pingo de brio profissional (como, aliás, muitos tiveram e NÃO sofreram retaliação alguma), e NÃO pensassem apenas nas carreiras e nos salários, tinham feito GREVES em massa, exigindo a anulação deste malparido AO90, que transformou o Ensino em Portugal em algo aberrante, porque extremamente caótico, algo nunca visto em país algum do Planeta, e que está a baixar, agigantadamente, o nível qualitativo da aprendizagem, em todos os sectores do Ensino.
Até porque as nossas crianças, os nossos adolescentes, os nossos jovens trazem em si a SEMENTE de uma inteligência primordial, que é necessário fazer florescer, para que possa desenvolver-se e frutificar.
E o que está a acontecer? Estão a CASTRAR essa inteligência, com um ensino INQUALIFICÁVEL da Língua Materna, porque a palavra (BEM) escrita é o alicerce de todo o aprendizado, é a mola-mestra que conduz ao verdadeiro SABER.
Como poderão os nossos alunos progredir no aprendizado se lhes dão a ler textos escritos numa mixórdia ortográfica, sem nexo, sem raízes, sem regras?
Ser professor não é só ir despejar matéria aos alunos que, se vão frequentar uma escola, é porque têm o DIREITO de receber conhecimentos, saberes, orientações, liberdade de pensar por eles próprios, aliás, a instrução é aprender a pensar por si próprio - porque ser aluno (quer se seja criança, adolescente ou jovem) não é sinónimo de ser idiota, e o que estão a fazer aos alunos? Estão a tratá-los como se fossem muuuuuuito idiotas. Algo que eles NÃO são, de todo.
E, neste aspecto, os PAIS, nomeadamente, os mais instruídos (?), os mais esclarecidos (?), com cursos superiores (?) com formação académica (?), DEVIAM querer o melhor para os seus filhos, no que à EDUCAÇÃO ESCOLAR diz respeito. E o que se vê? Uma indiferença improvável, como se a educação dos filhos NÃO lhes dissesse respeito. Vêem as notas, e como para parecer que o Ensino em Portugal é excelente, as notas são inflacionadas, não se pode dar notas baixas ou reprovar, ainda que não saibam escrever correCtamente, e a caligrafia ser agatafunhada, na maioria das vezes incompreensível.
Os manuais escolares são um monumento ao idiotismo.
O estudo da Cultura, da História e da Língua Portuguesas está abaixo de zero. Pelo que já li, na comunicação social, o ensino da Matemática tem um atraso de 30 anos, em relação aos restantes países europeus. Aliás, Portugal está na cauda da Europa em quase, quase tudo, e é o ÚNICO país europeu que substituiu a sua Língua Oficial, por uma variante dela própria, na forma grafada, com a agravante de a tornar mil vezes mais básica e horrorosa (aspeto (âspêtu); receção (r’ec’ção); exceto (eiscêtu), excecional (eisc’cional); infeção (inf’ção), etc.)…
Um dos grandes e graves problemas com que os alunos portugueses se deparam nas escolas é precisamente o de os fazerem passar por parvos: coitadinhos, ainda não têm capacidade para pensar pela própria cabeça, é preciso dar-lhes a papinha toda feita, não têm direito a barafustar, não lhes é permitido ter voz activa… E de tando os atrofiarem, não são capazes de pensar ou de dar azo à imaginação...
E nada mais falacioso do que achar (não gosto de usar o pensar, porque se pensassem, o ensino não estaria tão caótico, tão abaixo de zero) que as crianças, os adolescentes e os jovens NÃO têm capacidade para PENSAR e para APRENDER, como todas as outras crianças, adolescentes e jovens aprendem, por esse mundo fora.
Para os acordistas, apenas os alunos portugueses NÃO sabem PENSAR a Língua. Dizem eles: como poderiam saber que direCtor se escreve com um cê? Todos os outros alunos europeus sabem, “eiscêtu” os Portugueses, (que têm de grafar “exceto”, algo que nem os Brasileiros, mutiladores-mor da Língua Portuguesa, fazem).
Mas os nossos professores OBRIGAM (porque a ísso foram coagidos ilegalmente, na ausência de uma lei normativa) os nossos alunos a escrever MAL a sua própria Língua, ou então, a nota baixa: em vez de 4 ou 5, levam 3. E acriticamente, continuam a OBRIGAR.

Os professores fazem greves. Este cartaz, de 2021, difundia uma greve de professores em luta pela sua profissão, e que foi suspensa. Até aqui nada a apontar. Têm esse direito. Mas… Existe um grande mas…
O que mais me chamou a atenção neste cartaz foram as reivindicações:
- Respeitar os professores – quando os professores NÃO respeitam os alunos, dando-lhes gato por lebre, no que à Língua Portuguesa diz respeito, e NÃO se respeitam a si próprios, permitindo ser MARIONETAS nas mãos de ministros incompetentes, que se estão nas tintas para a EDUCAÇÃO ESCOLAR e para a NOBRE Missão de Ensinar? Quanto mais ignorantes forem os cidadãos, mais submissos serão – é a política deles), e os professores são acriticamente cúmplices, porque a isso continuam a ser coagidos de forma ilegal por uma RCM8/2011, que não tem qualquer valor de lei.
- Valorizar a profissão docente – quando são os próprios professores que se desvalorizam a si próprios, ao acharem que ser professor é apenas ter uma carreira e um salário? Onde fica o brio profissional? Aquele brio que dá estatuto a um professor, que faz da sua carreira uma MISSÃO? Não esquecer que estamos a falar de transmitir SABERES a crianças, adolescentes e jovens, para que possam singrar numa profissão para a VIDA! E isto é um dever sagrado, porque nenhum ser humano nasce já a saber tudo.
- Desbloquear a negociação - quando se recusam a REJEITAR o OBSCURO e ILEGAL AO90, que está a produzir os analfabetos funcionais do futuro, com a cumplicidade da classe docente? Os da minha geração têm orgulho nos professores que tiveram. A próxima geração, coitada, só terá de maldizer o tempo em que andaram na escola, para saírem de lá sem saber ESCREVER correCtamente.
- Defender a Escola Pública - quando a Escola Pública, graças ao comodismo, à inacção, à indiferença dos professores caiu ene zeros abaixo de zero, devido à falta de qualidade de um ensino ministrado atabalhoadamente, sempre à espera do fim do mês, para receberem o salário, que é o que mais importa, porque, hoje em dia, a EXCELÊNCIA já não faz parte do DEVER da classe docente. Infelizmente.
Se a classe docente quer ser respeitada e valorizada terá de RESPEITAR os alunos e VALORIZAR a MISSÃO de Ser Professor, e a responsabilidade que têm na Educação Escolar de alunos que procuram a Escola para receberem o ENSINO DE QUALIDADE, que está consignado na Constituição da República Portuguesa, e aprenderem o que não sabem. Não, para DESAPRENDEREM, como é o caso da disciplina-base de toda a aprendizagem: a Língua Portuguesa, que é a de Portugal, que está a ser ministrada de um modo absolutamente SÓRDIDO, caótico, impondo-se aos alunos uma mixórdia ortográfica ÚNICA no mundo. ÚNICA no mundo!
Tenham VERGONHA e LUTEM por se valorizarem. Por valorizarem a Classe Docente, que anda mais indecente do que docente.
Em tempos que já lá vão, SER PROFESSOR era uma profissão de grande prestígio, porque ENSINAR era visto como uma das mais dignas MISSÕES.
Hoje, ser professor, é apenas ser mais um entre os tantos que prestam serviços à comunidade.
Salvaguardo aqui as muitas e honrosas excePções, que não se deixaram levar pelo comodismo, e ousaram DESOBEDECER, rejeitando ser cúmplice do incumprimento da Lei em vigor: o Decreto Nº 35228 de 08 de Dezembro de 1945, aquele que determina a grafia portuguesa, tal como ela deve ser grafada. Tudo o resto faz parte de uma coisa horrorosa chamada SERVILISMO.
Jamais haverá uma MUDANÇA evolutiva se NÃO OUSARMOS ser a mola-mestra dessa mudança.
Posto isto, os professores ainda vão muito a tempo de REVERTER esta situação ANORMAL. E não me venham dizer que já existe uma geração que aprendeu a escrever “incurrêtâmente”, e agora não pode voltar-se atrás, blá-blá-blá… porque isto é da estupidez!!!!!!
Há que dizer que quando a aberração acordista começou, existiam outras gerações que tiveram de ESQUECER a sua bela Língua Materna, ajudada por uma ferramenta informática chamada “corretor” (curr’tôr) ortográfico, e por uma invasão pré-definida e mal-intencionada da Variante Brasileira do Português, em todos os sites da Internet.
Pois bem, para desfazer o DANO feito à Língua Portuguesa, mande-se o “corretor” ortográfico às malvas, e substituíam-no pelo correCtor ortográfico pré-acordo, que é aquele que TODOS os que se recusaram a ser servis têm instalado e activado nos seus computadores ou tablets.
Um a-propósito: vejam ou revejam o filme «O Clube dos Poetas Mortos», em que John Keating (Professor de Inglês) vai dar aulas num colégio de rapazes, onde a educação escolar é rigorosa, mas que Keating, com os seus métodos de ensino ousados, revoluciona a prática curricular tradicional e inspira os alunos a pensarem por eles próprios e a viverem a vida de um modo individual. No final, aqueles alunos, que se puseram de pé nas suas mesas de trabalho, foram os que conseguiram que neles florescesse e frutificasse a inteligência primordial, ajudados por um Professor inesquecível.
Isabel A. Ferreira
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Sexta-feira, 19 de Agosto de 2022
A política para o Ensino, Educação e Cultura, em Portugal, nunca valorizou a evolução.
É tacanha e redutora.
Os governantes fazem tudo para manter um Povo amorfo, manso e tanso, mal educado, mal ensinado, subserviente e acrítico.
Porque quanto mais culto for um Povo, mais livre ele é, e quanto mais livre, mais insubmisso.
E aos governantes convém gente muito subserviente, sem pensamento crítico, ou mesmo, até, sem pensamento algum.

Domingo, 26 de Junho de 2022
Desde 2015, todos os nossos serviços públicos, e não só, vêm-se degradando cada vez mais, chegando ao ponto máximo do CAOS. Darei apenas alguns exemplos: SNS, ENSINO, JUSTIÇA, PROTECÇÃO À INFÂNCIA e, obviamente, a LÍNGUA PORTUGUESA.
Mas tudo o resto, na sociedade portuguesa, está a escorrer para o pútrido charco, onde a estupidez e a ignorância se instalaram, como excrementos oriundos das más políticas, em certos casos, ou da falta delas, noutros casos, e de uma gigantesca subserviência ao estrangeiro.
E porque já ando farta de dar murros em ponta de facas, e ainda mais farta dos calhaus com olhos que mandam e desmandam com a insipiência que os caracteriza (sempre quis acreditar que vivíamos numa Democracia, com democratas dotados de honra, de vergonha na cara e de carácter, mas enganei-me); porque já estou farta de ver por aí, a nossa LÍNGUA a sofrer tratos de polé, conforme a amostragem recolhida pela Teresa Ramalho, em 2015, e que continua em vigor; porque já estou farta de não ver resultados positivos, que nos possam tirar desta fossa séptica, em que os políticos portugueses transformaram a nossa sociedade, preciso de fazer uma PAUSA.
Preciso urgentemente de mudar de ares…
Até breve.
Isabel A. Ferreira

Quinta-feira, 7 de Abril de 2022
Ainda ontem, no telejornal da SIC, ouvi lamentos relacionados com o mau desempenho escolar dos alunos portugueses. E pensei cá para os meus botões: como é possível ter bom desempenho escolar se os alunos são bombardeados com uma Língua TORTA? Logo a Língua, que é o pilar de todo o Ensino.
Os alunos, desde o básico ao superior, estão desmotivados (sei disto porque frequentemente falo com eles, além disso, tenho netos a quem ensinaram a PENSAR, e uns e outros queixam-se do mesmo): a desmotivação tem origem na mixórdia ortográfica que lhes apresentam. De todas as disciplinas, a Língua Materna é o principal elo de comunicação no Ensino. Se a Língua está abandalhada, tudo o resto se abandalha, e o termo correCto é mesmo este. Não será o mais elegante, mas o que oferecem aos alunos não é uma escrita elegante, como veremos neste comentário que recebi, de um aluno do IEFP, que demonstra a infelicidade de ser aluno (seja do que for), em Portugal, nos tempos que correm.
E por mais que chamemos à atenção dos governantes, estes, muito despoticamente, fazem ouvidos de mercador, para não destoar do absolutismo que há muito se impôs no nosso País, e agora, mais do que nunca. Eles servem o Brasil. Eles não servem Portugal.
Obrigada, António M.
O seu testemunho é precioso, e faz eco do sentimento generalizado de todos os restantes alunos portugueses dotados da substância cinzenta que está dentro dos seus crânios.
O que nos conta António M. acontece também noutros estabelecimentos de ensino, e constitui uma VERGONHA para um País que perdeu o rumo e o prumo.
E já agora, atente-se no que diz Afonso Reis Cabral, trineto do nosso magistral Eça de Queiroz, no cartaz mais abaixo: espera-se que [o AO90] morra à fome.
Isabel A. Ferreira
António M. comentou o post «O discurso enviesado [do dono e senhor da Língua Portuguesa] A. Santos Silva [na AR] tresandou mais a ódio do que a elevação intelectual» às 17:18, 05/04/2022 :
Estou a tirar um curso num centro de formação do IEFP e as aulas que os formadores nos dão, são apresentadas com diapositivos escritos em brasileiro, acordês e português correcto. Tudo à mistura. Até tive um teste escrito cujas perguntas foram tiradas de um "site" brasileiro e a formadora nem se deu ao trabalho de modificar o português. Estes formadores, que supostamente deveriam ter qualidade para darem formação, vão buscar textos à internet e toca de plagiar o que vêem por lá para mostrar aos seus formandos. Isto é de uma falta de qualidade tremenda e de uma falta de respeito para com os alunos por duas razões: 1 - Falta de qualidade porque sendo licenciados e mestres deveriam ter a obrigação de saber transmitir os seus conhecimentos numa determinada área, com explicações concretas e fornecer bibliografia (e não o fazem); 2 - Falta de respeito porque julgam que os alunos são mais ignorantes que eles e, como tal, nunca irão reparar nos erros ortográficos e na má qualidade dos textos que encontram na internet. Uma coisa é mostrar aos alunos que aquele texto importante pertence ao autor X do livro Y, mas outra completamente diferente é copiarem textos da internet sem citação de obra e autor.
Depois, há aqueles que nos dão vídeos brasileiros do Youtube para aprendermos a matéria (trata-se de um grupo de formadores que não se quer dar ao trabalho de dar formação) e outros pedem desculpa aos alunos porque aquele texto que estão a apresentar está sem acordo ortográfico! Pedir desculpa porque aquele texto está bem escrito? Até me ri com isso. E quando alguém, como eu, demonstra estar contra o AO90, é logo alvo de uma interpretação errada por parte de pessoas menos informadas.
Não tenho nada contra os brasileiros, pelo contrário, apoio-os quando defendem que o português deles evoluiu de forma diferente e que isso tem de ser respeitado. Claro! Então e o nosso português não deve igualmente ser respeitado? Não merecemos o mesmo respeito? Pelos vistos não e toca de impor aos portugueses um novo acordo ortográfico que mais não fez do que provocar o caos ortográfico no nosso país. |

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Quarta-feira, 30 de Março de 2022
Recebi um comentário, que subscrevo inteiramente, e que aqui destaco, porque, de uma vez por todas, é preciso, resolver a questão da Língua Portuguesa, que está a escoar-se por um cano de esgoto, graças a uma personagem insólita, que devia ter sido banida da política nacional, e não foi, muito pelo contrário, foi nomeado para um cargo nacional de topo.
E devia ter sido banido porquê? Perguntarão os leitores. Simplesmente porque andou a servir interesses estrangeiros, em detrimento dos interesses nacionais, uma vez que sendo socialista, ser nacionalista, ou seja, adepto da independência e dos interesses nacionais é algo que está fora de hipótese.
Contudo, ser nacionalista, NÃO é ter ódio pelas outras Nações, como o afirmou SS no dircurso inaugural do novo cargo. Há vários tipos de nacionalismo: de esquerda, de extrema-esquerda, de direita, de extrema-direita; nacionalismo fascista, nacionalismo nazista, nacionalismo para todos os gostos. Mas ser nacionalista é SOBRETUDO ser adepto da independência e dos interesses nacionais, algo que SS nunca foi, não é nem nunca será, porque ser socialista, em Portugal, ao que parece, é servir todas as Nações, EXCEPTO a Nação Portuguesa.

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| Jorge Pacheco de Oliveira comentou o post «O Acordo Ortográfico: uma imposição abjecta, ou o capricho duma ditadura indigente e inculta», por António Mota às 10:40, 30/03/2022 : Ontem, dia 29 de Março de 2022, realizou-se a eleição e tomada de posse do novo Presidente da Assembleia da República, o socialista Augusto Santos Silva. A dada altura do seu discurso, o novo presidente do Parlamento invocou a "incrível força" da língua portuguesa, "de tantas pátrias"… Sustive a respiração durante uns segundos à espera de ouvir uma referência ao AO90, a favor ou contra. Nada… Para as sumidades socialistas o AO90 é irreversível. Cabe-nos a nós, cidadãos conscientes, não desistir da batalha pela revogação do infame AO90. Não escrevi cidadãos patriotas pois o novo presidente do Parlamento também nos quis ensinar que "o bom requisito para se ser patriota é não ser nacionalista", o que me deixou algo confuso, na medida em que me parece que nem ele nem os seus camaradas são uma coisa ou outra. Mas enfim, toda a gente percebeu que ele estava a atacar o Chega mediante um discurso enviesado de que tresandava mais ódio do que elevação intelectual. Cumprimentos Jorge Pacheco de Oliveira |
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Senhor Jorge Pacheco Oliveira, não poderia estar mais de acordo consigo.
Subscrevo cada palavra que escreveu.
Fico com urticária, só de pensar que SS continuará a ser SS por mais quatro anos e meio, disseminando o autoritarismo que lhe é característico - algo que ficou bem patente no discurso que proferiu como presidente da Assembleia da República [pobre República] no que respeita aos recadinhos para o partido Chega, como quem diz: «eu sou democrata ma non tropo», uma vez que o nacionalismo (**) não agrada aos déspotas, porque estes servem as nações estrangeiras, mas não a NAÇÃO que lhes deu os cargos.
O SS está-se nas tintas para a Língua Portuguesa, que NÃO soube defender, e que a manteve cativa nos calabouços do Ministério dos Negócios DOS Estrangeiros, a quem serviu servilmente. Espero que o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, liberte a língua Portuguesa e reponha a LEGALIDADE, destruindo um “acordo”, que NUNCA foi acordo e que SS mantinha unilateralmente, porque achava que os acordos são para cumprir. Mas apenas ELE achava isso, porque os restantes países, ditos lusófonos, não o cumpriram, simplesmente por ser ILEGAL.
Não auguro nada de bom com o ABSOLUTISMO que se PLANTOU no Parlamento, ainda mais com o absolutista-mor da nossa triste república DOS bananas, num cargo de topo.

O senhor Jorge Pacheco de Oliveira diz que «para as sumidades socialistas o AO90 é irreversível». Poderá ser para as eminências pardas socialistas, que se autoproclamam donos da Língua Portuguesa, mas o AO90 NÃO é irreversível. O AO90 É UM ERRO.
Irreversível só a morte ou doenças terminais, até porque está provado por A mais B que o AO90 é ILEGAL, e todas essas eminências pardas, que andaram por aí a lançar o caos ortográfico no ENSINO (esperamos que o novo ministro da Educação, João Costa, tenha CONSCIÊNCIA e peça a anulação do AO90) e a destruir a Língua Portuguesa, aquela que está consignada na Constituição da República Portuguesa, terão de prestar contas aos Portugueses, terão de ser PUNIDOS severamente pelos crimes de lesa-pátria e de lesa-ingfãncia, porque, como diz Miguel de Cervantes: «Deus suporta os maus, mas não eternamente». E os todo-poderosos poderão governar por uns tempos, mas acabam sempre por cair.
O tempo de CAIR já vem a caminho.
(**) O Nacionalismo saudável defende que cada Nação deve governar-se a si própria, livre de interferências externas. Defende a construção e manutenção de uma identidade nacional, baseada na CULTURA, localização geográfica, LÍNGUA, governo, religião, tradições e HISTÓRIA.
Isabel A. Ferreira
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