Segunda-feira, 22 de Abril de 2024

Tudo se encaminha para que venhamos a LAMENTAR que Pedro Álvares Cabral não estivesse a dormir a sesta, em Belmonte, no dia 22 de Abril de 1500...

 

 

Rezam as crónicas que há precisamente 524 anos, no dia 22 de Abril de 1500, Pedro Álvares Cabral e a sua Armada aportaram a terras de um continente, que viria a ser chamado América (do Sul), habitado por indígenas com uma Cultura própria. Os Portugueses não sabiam, mas aportaram a um território a que os indígenas chamavam Pindorama, ao qual os Portugueses deram o nome de Terra de Vera Cruz, e só em 1527  passou a ser designado como Brasil, que passou a fazer parte do Reino de Portugal e dos Algarves. Com a transferência da Corte de Dom João VI para o Brasil, em 1808, o Brasil ficou integrado no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 16 de Dezembro de 1815.

Em 07 de Setembro de 1822, Dom Pedro I, nas margens do Rio Ipiranga, gritou lá do alto do seu Cavalo: «Independência ou morte». E o Brasil, nesse dia, deixou de pertencer à Coroa Portuguesa.

***

Costumava-se (tempo passado) dizer que de Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos.

 

Mas HOJE nada temos a lamentar sobre os ventos e os casamentos que vêm de Espanha, pois nós e os de Espanha soubemos encontrar o nosso lugar na História, e o espírito de fraternidade sobrepôs-se a malquerenças antigas. E é deste modo civilizado que devemos estar no mundo, e não cegos por vinganças, que só inferiorizam quem as quer levar a cabo.

 

Isto para dizer que o mesmo já não podemos dizer em relação ao Brasil, pois é de lá que actualmente vêem os maus ventos e os casamentos de conveniência, passados que são 524 anos desde a descoberta de um território que viria, mais tarde a chamar-se Brasil, um país que, se existe, aos Portugueses o deve. Os Portugueses fizeram do Brasil um país com um enorme território, situado na América do Sul, e que se estende desde a Bacia Amazónica, no Norte, até às gigantescas Cataratas do Iguaçu, no Sul.

 

O que fizeram dele, ou melhor, o que NÃO fizeram dele os Brasileiros, os Portugueses nada têm a ver com isso, desde 07 de Setembro de 1822. Quinhentos e vinte e quatro anos já não seria tempo mais do que suficiente para terem cortado o cordão umbilical com os senhores do antigo Reino, ao qual pertenceram?

E, inexplicavelmente, hoje, os de cá aceitam ser vassalos do Brasil, muito servilmente, diria até, muito sofregamente, como bons sedentos de uma grandeza que NÃO existe.

 

Como é lamentável o espírito de vassalagem que assentou arraiais em Portugal!

 

E pensar que Portugal, já foi um País de bravos navegadores, que deram a conhecer novos mundos ao mundo, e que hoje não passa de um país pequeno, cheio de servis vassalos dentro.

 

E isto é caso único no mundo.

 

Eu, por mim, fazendo os dois Países parte da minha História, não posso deixar de assinalar esta data, que poderia ser festiva, se a relação Brasil/Portugal não estivesse manchada por um obscuro sentimento de vingança de um lado, e, de uma vergonhosa submissão, do outro.

Os motivos deste desprezo que o Filho (Brasil) dedica ao Pai (Portugal), são bem visíveis no Mundo da Cibernética. E não se vê ninguém com lucidez, para pôr ordem na casa, e dizer a essa gente que estão a apoucar o Brasil, com essa desmedida sede de vingança.  

Temo que tudo se encaminhe para que venhamos a LAMENTAR que Pedro Álvares Cabral não estivesse a dormir a sesta, em Belmonte, naquele dia 22 de Abril de 1500...

No entanto, tenho esperança de que o Brasil ponha a mão na consciência, e decida deixar Portugal e a sua Língua Portuguesa, para os Portugueses, e vá tratar da sua vida, para poder construir um Grande País, com real importância no mundo, sem precisar da muleta do Pai Português. Os filhos que com 524 anos de existência ainda não conseguiram separar-se do Pai, é porque não têm maturidade nem capacidade suficientes para caminharem pelo próprio pé.

 

Por enquanto, o Brasil é apenas um País grande, passados que são 524 anos desde a chegada dos Portugueses ao que é hoje o território de Porto Seguro, no estado da Bahia (na altura o Brasil NÃO existia), onde, conforme a imagem documenta, foram recebidos por indígenas, em alvoroço.

 

Chegada dos portugueses ao Brasil.jpg

Desembarque dos Portugueses em território ocupado por indígenas, os verdadeiros donos das terras que vieram a ser designadas como Brasil. Pintura a óleo sobre tela (acabado em 1900) do artista brasileiro Óscar Pereira da Silva.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:58

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Terça-feira, 25 de Outubro de 2022

António Costa anuncia apoio pessoal à candidatura de Lula da Silva, o tal que, num discurso, em Espanha, culpou os Portugueses pelos atrasos na educação no Brasil

 

 

Mas os governantes portugueses adoram RASTEJAR aos pés de quem os  amesquinha, de quem os pisa, de quem se serve deles para levar adiante os seus obscuros desígnios.

 A notícia desta declaração pode ler-se neste link:

Lula diz que a culpa pelos atrasos na educação no Brasil é dos Portugueses

 

Mas vamos aos factos:

«Um vídeo divulgado pelo candidato presidencial brasileiro mostra o primeiro-ministro português a expressar o seu apoio pessoal a Lula da Silva, que agradece numa mensagem.» (in Jornal Observador)

Ainda bem que não tenho nada a ver com este primeiro-ministro, com esta maioria, e com esta falta de vergonha na cara, de um governante português (António Costa, mesmo não usando fato [ou devo dizer terno?] e gravata, é o PRIMEIRO-MINISTRO de Portugal) a apoiar uma candidatura presidencial de um país ESTRANGEIRO. Nem Lula, nem Bolsonaro. Este apoio é um absurdo!

Por acaso António Costa apoiou PUBLICAMENTE algum candidato nas presidenciais de Angola ou da Guiné Bissau, recentemente? Ou de Moçambique?

 

OU PORTUGAL JÁ É BRASIL?

 

Isto é mais uma daquelas coisas em que Portugal, por ser caso único no mundo, merece estar no Guiness. A outra, é ter trocado a Língua de Portugal, a sua Língua Materna, pela Língua Brasileira, a Língua Materna do Brasil. Também caso único no mundo.

 

Eu já nem quero saber do historial de Lula da Silva, ou de ele ter sido ex-presidiário, acusado de corrupção, mas libertado por obra e graça da Justiça Brasileira. Eles lá sabem. Porque, isto é o de menos.

 

O de mais é o facto de ele culpar os Portugueses dos atrasos na Educação no Brasil. Também sofreria lavagem cerebral?

 

Já agora, nós também podemos culpar os Brasileiros pelos atrasos na Educação em Portugal, actualmente, pois foram eles que inventaram esta coisa imbecil, que dá pelo nome de «acordo ortográfico de 1990», e que já faz parte da HISTÓRIA TRÁGICO-LINGUÍSTICA PORTUGUESA, por ter trazido o CAOS ortográfico ao País-Berço da Língua Portuguesa.

 

Mas se querem saber o que o comum dos portugueses pensa sobre esta atitude de António Costa, leiam os comentários ao texto referido acima, depois da imagem.

 

Isabel A. Ferreira

 

LULA.PNG

 

António Costa anuncia apoio pessoal à candidatura de Lula da Silva

 

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Mais votados 19

Todos 27

 

Agora é que o Lula perdeu mesmo. Está confirmado.

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Caso o Lula ganhe o Sócrates & Companhia têm refúgio garantido. Que os juizes lhes tirem os passaportes ou os coloque na prisão já para não passarem outra vergonha tipo Oliveira e Costa (mais um Costa).

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é normal que o kapataz do 44 apoie o sódio do dito cujo...

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Faz perfeito sentido um apoio do PS-Costa : o PT-Lula é um projecto criminoso de poder... Quem o disse foi um juiz do Supremo brasileiro que hoje também é pró-Lula. 

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Este apoio de Costa ao Lula só demonstra o baixo caracter do actual PM . A Costa previlegia a sua relacão com a sua irmandade socialista brasileira (aliás minada pela corrupcão) à necessidade de preservar as boas relações entre Portugal e Brasil, o q obviamente passaria pelo não apoio do PM português a qualquer candidato. Com gente de baixa estirpe ao leme da governação, não se queixem os eleitores.

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Não sabia que era costume um PM de um país apoiar abertamente um candidato a Presidente de outro país. Mas de Costa já nada nos pode admirar. 

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Ele também deu um apoio emotivo na AR quando o Paulo Pedroso ali regressou vindo da cela da Penitenciária! Lembram--se? E -das corridas cm o Sampaio e o Ferro Rodrigues para evitar que o Juiz Rui Teixeira fosse buscar o referido Pedroso à Assembleia para o meter na choldra? Por isso, não é de estranhar que apoie este cadastrado, um dos maiores "corruptos e comissionistas" daquele grande país!

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Que vergonha, um PM representante do povo Português apoiar um corrupto, ex-presidiário e ladrão como o Lula!!! Não me admira. É o partido do Sócrates, também corrupto como o PT.

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Ah grande Costa.

Tu é que sabes da "poda". Mas olha que, caso o Lula não ganhe.Estás "podido" !

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Quem sai a Sócrates não degenera...

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São homens da mesma farinha.

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Apoiar um ex-presidiário, e comparsa do inenarrável Sócrates, diz tudo sobre quem é António Costa e o PS. O problema é que pode comprometer as relações entre Estados no caso de Bolsonaro vencer. Falta decência e sentido de Estado ao secretário-geral do PS que é também - desgraça nossa - Primeiro-ministro de Portugal. Belém fica em silêncio?

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Belém? O tal que já foi apoiar também o tal lula? Mas acha que tanto em Belém como em S. Bento está alguém com sentido de estado? 

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Mais um vómito em grande estilo!

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Deveria agora apoiar publicamente o retorno de José Sócrates para Primeiro Ministro! já que está tão à vontade a apoiar um corrupto condenado, deveria dar o exemplo a começar “dentro de casa” a apoiar um corrupto de estimação do PS também em Portugal! uma vergonha!  Como ele espera se relacionar com o Bolsonaro reeleito!?

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Diz-me com quem andas.....

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"Apoio pessoal"? Isso é  exatamente o quê? Quer dizer que o apoio não vem do primeiro ministro de Portugal mas de...?🤔 António Costa?...que é neste momento primeiro ministro de Portugal. Ah, ok. Estava distraída. (suspiro...)

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Se ganhar o outro candidato, quero ver como ficam as relações com o Brasil.

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Depois de ouviir este apoio, tenho que me ausentar, vou ali vomitar e já volto.

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Farinha do mesmo saco. Dois estercos de pessoa, que só sabem mentir e enganar o próximo.

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Parece impossível que se apoie um corrupto comprovado que foi "desculpado" por um tribunal conivente...mas em Portugal há raízes do que se passou com os casos da "Lavajato"...só não teve um Moro português...faltou coragem!

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Já apoiou o Vieira no Benfica, agora o lula no Brasil. Faz todo o sentido!!!

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Com casaco é PM, em camisa é Lula. Pode não acontecer, claro… mas imagine-se que Bolsonaro ganha… já não é amigo do Brasil?… Que falta de senso Sr PM. O Sócrates corrupto é um aldrabão… o Lula corrupto é um amigo. Só falta mesmo o Lula mostrar o vídeo de apoio do Presidente Marcelo, em calções de praia, claro, na pele de Ti-celito.

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Está mesmo muito enganado  quanto ao Sócrates! Ele, no que respeita ao Sócrates, é só a fingir, porque ele no fundo não se esquece que foi o seu nº. 2 durante muitos anos e, como tal, continua a venerá-lo! De resto, é só para inglês ver! Lembram-se que até foi preciso o Vieira do Benfica obrigá-lo a retirar-lhe o apoio?

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Tem razão. Eu sei que o Costa não é menos aldrabão que o Sócrates… estava a referir apenas a afirmações dele. É um manhoso sem coluna vertebral claro.

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Obviamente que o habilidoso apoia o 9 dedos. Grandes ment(iros)es pensam igual.

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Grande Costa! Com experiência a apoiar bandidagem nacional (leia-se socrática), agora atinge o nível internacional. É o PM que temos que engolir...

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Fonte:

https://observador.pt/2022/10/25/antonio-costa-anuncia-apoio-pessoal-a-candidatura-de-lula-da-silva/

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Comentário a este texto, no grupo NOVO MOVIMENTO CONTRA O AO90, no Facebook.
O que Pedro Henrique diz é uma verdade incontestável.


Pedro Henrique.PNG

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:58

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Quarta-feira, 17 de Agosto de 2022

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte III)

 

Com este percurso ao redor do Acordo Ortográfico de 1990, que apresento hoje, nesta Parte III, o qual contribuiu a milhões% para a «Degradação da Língua Portuguesa», Carlos M. Coimbra termina a sua exposição à Provedora da RTP, estação televisiva estatal, que em vez de dar um BOM exemplo de como bem falar e escrever a NOSSA Língua, muito subservientemente, curvou-se aos também muito subservientes governantes, e é uma das grandes cooperantes da destruição da Língua Portuguesa.

 

E é como diz António Manuel Ribeiro (UHF): «Cabe à Nação dizer não queremos» esta imbecilidade, que foi a de impor a Portugal, o imbecil AO90, que está a gerar os imbecis do futuro (linguisticamente falando).

 

Isabel A. Ferreira

 

António Manuel Ribeiro UHF.jpg

 

por Carlos M. Coimbra

 

«Degradação da Língua Portuguesa»

 

7. Acordo Ortográfico

 

Como criticar um Acordo Ortográfico que não tem razão de existir? Qual a vantagem para Portugal? A ortografia do português tem sido alterada, sim, e já não se escreve 'hum' nem 'pharmácia', mas essas foram mudanças que tiveram lugar em Portugal, para portugueses, e não foram empurradas por poderes estrangeiros nem para agradar a ninguém, e ainda muito menos para alinhar com um país para onde foi levada a língua e lhe tem vindo a fazer tropelias.

 

Eu não imagino o fundamento para Portugal ter "normalizado" a sua ortografia com um país onde eu tive ocasião de examinar provas de exame de português de liceu. Fiquei incrédulo pelo nível do questionamento! É que esse exame não seria usado em Portugal, por serem tão corriqueiras tais "dúvidas" sobre a fala e gramática. Quase parecia um exame de português para estrangeiros que estivessem a aprender a língua! Não é para admirar que, tendo eu estado no Brasil de norte a sul, só no Rio é que tive menos dificuldade em ser entendido.

 

Acontece que os brasileiros escrevem e falam erradamente, mas nem têm consciência disso, dizendo coisas como "estou lhe esperando".... E como nas telenovelas adaptam a fala aos variados personagens, as asneiras que dizem entram no ouvido dos portugueses e perduram. Existe um canal em Portugal que até emprega dois brasileiros como jornalistas (uma no Brasil e outro creio que em Lisboa) e dá-lhes o direito de falar ao microfone. Como eles esquecem qual é o público a quem se dirigem, saem palavras erradas, como "apoiadores" em vez de "apoiantes" ou "prefeito" no lugar de Presidente da Câmara. A RTP não faz tal uso de estrangeiros, mas o que é certo é que o frequente uso de entrevistas de rua com brasileiros prejudica a pureza do português.

 

Comparando com o castelhano, podemos observar que em programas de processamento de texto são mencionados "espanhol" de Espanha, do México, da Argentina e por aí fora. E quem teria a má ideia no Reino Unido de fazer um "acordo" com os EUA donde resultasse que os ingleses, escoceses, etc... passassem a escrever 'neighbor' e não 'neighbour', e chamassem 'zi' em vez de 'zed' à letra Z? Haveria uma revolução e contestação pior que a do Brexit! Esse tal Acordo, criado pelo que honestamente poderiam ser chamados Traidores à Pátria, deveria entrar em vigor quando um certo número de países dos PALOP o aprovassem. Como muitos não pareceram dispostos a fazer tal coisa, diminuiu-se o número requerido. E posteriormente, acho que esse número foi reduzido mais uma vez. Contudo, ainda não é considerado aprovado. Nem mesmo pelo Brasil, que é precisamente o país que teria que fazer a quantidade mais ínfima de modificações!

 

Ora então porque é que um governo português ordenou o seu uso em órgãos dele dependentes? Isto só criou confusão na ortografia, e bem hajam jornais como o Público que não aderiram a essa estupidez. Acontece que o AO, não contente com a mudança na ortografia, até pretende convencer o público português a começar a falar de maneira diferente! Se eu sempre disse "expectativa" (e continuo a dizer), porque razão passaria a dizer "expetativa", como já ouvi o presidente Rebelo de Sousa dizer?... E se eu devo dizer "expetativa", como se justifica que seja obrigado a dizer "expectável"? Isto não consiste em Degradação da Língua Portuguesa? O que são "telespetadores"? Gente que espeta coisas remotamente?...

 

A coisa ainda é pior para quem, como eu, lê ocasionalmente textos de jornais brasileiros e vê e escuta o Jornal Nacional da Rede Globo assiduamente! No Brasil, costumavam escrever os meses com minúscula; agora escrevem com maiúscula. Mas em Portugal, alguém decidiu fazer exactamente o contrário! Ainda mais escandaloso é comparar as mudanças que ocorreram em quem aderiu, à força ou por vontade, à "nova" ortografia: Enquanto em Portugal esses escrevem "infeção", os brasileiros não só continuam a escrever "infecção", mas há jornalistas que até dizem "infequição"! Isto é devido a muitos não conseguirem ou não gostarem de dizer duas consoantes seguidas, tal como palavras a começar com S. Então é tisunami, atimosfera, obistrução, hequitares, opitar, subimerso, etc...

 

Assim se ouve em vozes de quem deveria falar correctamente, inclusive o máximo exponente da nação. (O presidente Temer falava muito bom português, e eu até costumava dizer que era um português "de temer"). Que dizer da retirada do acento agudo no particípio perfeito simples de verbos em -ar? Falamos e falámos, escritos da mesma maneira? Só faz "sentido" se ouvirmos brasileiros a falar, como o actual presidente no seu 'pronunciamento' de Ano Novo, áudio do qual mandarei separadamente, captado do JN da Globo na noite de 31 de Dezembro.  

 

Ele aí fala claramente no passado, mas dizendo "amos" e não "ámos". E Portugal fez um Acordo com quem fala assim português?... Parece bem que sim, e a coisa pegou, pois no "Sexta às 9" de 14 de Julho de 2017, o título era "Onde para o dinheiro?"! Tal como o exemplo da "infecção", existem muitos outros, onde os brasileiros continuam todos lampeiros a dizer os 'c' e os 'p' que os portugueses foram proibidos de usar! Curiosamente, a única contribuição brasileira decente que conheço foi o uso do trema (diæresis) para se poder distinguir as pronúncias de "Anhangüera" e "Benguela". Acontece que o Acordo acabou com esse uso! Contraproducente, a meu ver.

 

Ora claro que tudo isto faz nervoso miudinho a quem presta atenção a estas coisas. O que fazer, não sei. Só mudando o governo radicalmente e arranjando um presidente (tanto no Brasil como sobretudo em Portugal) que se preocupe com a língua portuguesa no país e no mundo! Evidentemente que não espero que a Dª. Ana corrija isto tudo, nem a acho com a responsabilidade de o fazer. Mas penso que estes vários aspectos possam servir-lhe como um resumo para algum gesto que pretenda ter internamente na RTP.

    

Melhores cumprimentos, C. Coimbra Toronto

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Para os interessados em seguir esta brilhante lição, aqui deixo os links, para os restantes textos (o primeiro, inclusive).

 

(Parte I)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte I)

 

(Parte II)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte II)

 

(Parte III)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte III)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:41

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Terça-feira, 24 de Agosto de 2021

Reduzir a língua escrita ao modo de dizer, não tendo em conta a etimologia das palavras, é um acto de incultura

 

ASPETO.PNG

 

A legenda desta imagem (retirada do documentário “Primeiras Civilizações”, na RTP 1) lê-se do seguinte modo, de acordo com as regras gramaticais da Língua Portuguesa: «u fâtôr âtrâtivo érâ u âspêto sucial».

 

Se alguém for capaz de me demonstrar, através de argumentos relacionados com as Ciências da Linguagem ou com a Evolução da Língua que as palavras a negrito têm alguma relação com a cultura linguística portuguesa, eu atiro a toalha ao chão, [não esquecer que passámos de ella para ela, porque a supressão de um dos L não mudava a pronúncia, nem o sentido do vocábulo, e isto é que se encaixa na linha evolutiva da Língua].

 

Aqui há tempos, perguntei a um determinado líder político, qual a posição do seu Partido acerca do AO90.

 

A resposta veio assim, via e-mail: “Eu, pessoalmente, escrevo e continuarei a escrever como sempre escrevi, mas o Partido, constituído maioritariamente por gente mais jovem, entende que a língua é um organismo vivo em evolução, portanto, estando o AO90 nessa linha evolutiva, optaram por aplicá-lo».

 

Esta seria a resposta perfeita, se o AO90 tivesse alguma coisa (ainda que muito remotamente) a ver com a linha evolutiva da Língua. Que é um organismo vivo, é verdade. Mas que retroceda de Língua para Variante dela própria, já nada tem a ver com vida ou com evolução, mas somente com um retrocesso assente numa espantosa ignorância.

 

Acontece que o AO90 nada tem a ver, nem de perto nem de longe, nem pouco mais ou menos, com evolução alguma. Muito menos da Língua.

 

E porquê?

 

Simplesmente porque o AO90 não foi engendrado a partir de motivações evolucionistas da Língua, ou assente nas Ciências da Linguagem, mas tão-só em interesses económicos de uns tantos editores/livreiros brasileiros e portugueses (reparem que eu não incluo aqui os africanos de expressão portuguesa, porque esses não foram para ali chamados) e, por arrasto (porque nestas coisas de interesses económicos sempre se vai por arrasto), de uns tantos políticos portugueses que, sem o menor pejo, patriotismo ou sentido de Estado, decidiram vender a Língua Portuguesa, culta e europeia (é bom referir este pormenor) ao Brasil e impor ilegalmente, vergonhosamente, impatrioticamente, a ortografia de 1943, adoptada unilateralmente pelo Brasil, e adaptada em 1990, à qual retiram uns acentos e uns hífenes , e chamaram-lhe Acordo Ortográfico de 1990,  algo tirado, à força, da ignorância mais profunda sobre a Língua Portuguesa, um dos maiores símbolos da Identidade de Portugal, aquele que exprime o ser e o sentir de todo um povo, porque sem a Língua, expressão oral e escrita, como saberíamos dos feitos tão excelentemente cantados por Luís Vaz de Camões?

 

A Língua de um povo diz da dignidade desse povo. Não pode ser o simples linguajar que os iletrados utilizam para se comunicarem entre si.

 

Quis o destino que Portugal, por ser um pequeno país, entalado entre o Oceano Atlântico e a gigantesca Espanha, ousasse rasgar as águas desse mar, em busca de outros mundos, para poder sobreviver.

 

Quis igualmente o destino que os Portugueses fossem um povo destemido e dotado para as marinhagens, e que «navegando mares nunca dantes navegados», de légua em légua, foram descobrindo terras, nelas se fixando e deixando a “marca” de Portugal.

 

Não caberá aqui discutir o mérito ou o demérito da colonização portuguesa, que não foi nem pior nem melhor do que a dos outros povos colonizadores.

 

Chegados aqui, falemos da Língua que deixámos aos povos que foram sendo colonizados, e que, no caso do Brasil (o grande responsável pela disseminação do mau Português, perdoem-me os meus quase compatriotas brasileiros, mas isto é um facto) foram primeiramente os indígenas (os mais genuínos daqueles que vieram a denominar-se brasileiros), e depois os colonos portugueses e de muitas outras origens, que foram assentando arraiais no gigantesco território que os Portugueses conseguiram tornar seu.

 

Até 1822, o Brasil (achado em 1500) existiu sob o “domínio português”. Mas depois desta data, já com brasileiros de terceira geração, libertaram-se desse domínio, e o que os recém-libertos fizeram com essa liberdade, também não é agora para aqui chamado.

 

O que é para aqui chamado é que esses brasileiros, por vontade própria, adoptaram a Língua Portuguesa como língua oficial (e poderiam ter escolhido qualquer uma das muitas línguas indígenas que então existiam) a qual foi sendo enriquecida pelo léxico autóctone e dos vários povos que no Brasil se foram fixando, incluindo o riquíssimo léxico africano, levado pelos escravos.

 

E isso foi muito bom para a Língua Portuguesa.

 

O que não foi bom foi o facto de, a dada altura, os políticos marxistas brasileiros, avessos ao colonialismo (como se pudessem mudar a História) para baixarem o elevado índice de analfabetismo,  decidirem simplificar e deslusitanizar arbitrariamente, a língua escrita, retirando-lhe as consoantes mudas, sem terem a mínima noção de que, ao fazerem-no, estavam pura e simplesmente a mutilar a língua, introduzindo palavras que antes tinham nexo e, bruscamente, por mera vontade política, deixaram de não ter sentido, nem origem, nem história, e transformaram-se em erros ortográficos (e passo por cima dos outros erros, incluindo os da concordância, espelhados também na linguagem oral). 

 

Além desta mutilação, castelhanizaram, italianizaram, americanizaram, afrancesaram a Língua Portuguesa, de tal forma que ela deixou de ser portuguesa e passou a ser uma mescla de várias línguas, algumas delas traduzidas à letra (e disto há inúmeros exemplos que ando a catalogar).

 

E são precisamente essas palavras mutiladas e mescladas, sem qualquer motivação científica ou evolucionista, que os políticos portugueses impatriotas e completamente desinformados (se é que me entendem) impingiram aos portugueses mais servilistas e acríticos, porque sim, por teimosia, por ignorância, por meros interesses económicos, por conveniências políticas obscuras.

 

Concluindo: não existe, nem pode coexistir um Português de Portugal e um Português do Brasil.

 

O Português é Português em qualquer país lusófono. Ponto final.

 

Dentre os oito países que fazem parte da Lusofonia (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Timor) apenas o Brasil desvirtuou a Língua Portuguesa, e não foi por motivos evolucionistas, como já referi.

 

O Português, dito do Brasil, não é mais do que uma Variante do Português, na sua versão mais pobre, ortograficamente falando, porque desenraizada da sua matriz culta greco-latina. Mas não só.  Também na Fonética/Fonologia, no Léxico, na Morfologia, na Sintaxe, na Semântica, a Língua que se fala e escreve no Brasil já é outra Língua - uma Variante da Língua Portuguesa.

 

Não existe um Português de Angola, ou de Moçambique ou de Cabo Verde, ou da Guiné, ou de São Tomé e Príncipe, ou de Timor.

 

O que há é muitos modos de dizer. A expressão oral pode variar até de cidade para cidade, dentro de um mesmo país. Mas não a escrita. A escrita é a portuguesa.

 

Os Brasileiros até podem dizer “mulé”, “muié”, “mulherrr”, mas se escreverem mulher, escrevem correCtamente.

 

Não critico o modo de falar de nenhum povo, se bem que falar bem não fica mal a ninguém.

 

Reduzir a língua escrita ao modo de dizer, não tendo em conta a etimologia das palavras, é um acto de incultura.

 

É triste, muito triste, vermos a nossa bela Língua Portuguesa escrita por aí, em documentos oficiais, nas televisões (as maiores divulgadoras da Língua deturpada), em jornais e revistas (salvo raras excepções), em  livros de (alguns) escritores menores, com a puerilidade de uma criança que acaba de se sentar nos bancos da escola primária, para aprender as primeiras letras, e junta-as conforme as ouve:

 

«Çaberão vóçax eisçelênciax u tamanhu da inurmidade da vóça falta de cunheçimentu da língua purtugeza [aqui o U não se lê, daí ser purtugeza, à moda acordista]?»

 

Tenham vergonha na cara, tenham dignidade, tenham a hombridade e a coragem de restituir a Portugal a ortografia portuguesa. Poderemos não ser milhões, mas somos milhares, e não nos embaraça nada ser uma das línguas minoritárias da Europa. Atrás do Português estão o Finlandês, o Dinamarquês, o Sueco. E estes três povos sofrem de algum complexo de inferioridade por causa disso? Obviamente que NÃO. Os Portugueses também NÃO!



Apenas os políticos portugueses e os seus servis seguidores, sofrendo desse complexo, arrastam-se atrás dos milhões, ainda que façam figura de parvos, e sejam gozados, por isso, em toda a parte.

 

Isabel A. Ferreira

***

 

Nota marginal:

 

Crítica de Pedro Luís Azevedo a este texto no Grupo «Em ACção contra o Acordo Ortográfico»

 

Discordo absolutamente da opinião da autora sobre um suposto abastardamento linguístico da nossa língua comum pela variante brasileira face à geratriz portuguesa.

Ambas têm rigorosamente a mesma valia. Há muitas palavras que, não fosse o Brasil, teriam desaparecido da língua viva portuguesa.

E muito mais.

E acho um erro crasso criar divisionismos artificiais na luta contra o "A"O90, até porque muitos expoentes da cultura brasileira rejeitam igualmente o aborto ortográfico.

 

Defesa do texto pela autora Isabel A. Ferreira

 

Pedro Luís Azevedo o senhor tem toda a liberdade de discordar da autora do texto.

Eu, pela minha parte, concordo com o senhor: a Língua Portuguesa e a Variante Brasileira da Língua Portuguesa têm, de facto, a MESMA VALIA: a Variante Brasileira da Língua Portuguesa tem valia no Brasil; a Língua Portuguesa tem valia em Portugal e nos países lusófonos que não aderiram ao AO90, assente na ortografia brasileira de 1943.

Aqui não se trata de criar divisionismos. Aqui há que defender a Língua Portuguesa, de Portugal, e a Variante Brasileira, do Brasil, que é o que fazem os expoentes da Cultura Brasileira, que MUITO prezo, porque no Brasil o aborto ortográfico limita-se aos acentos, nomeadamente ao trema, e hífenes, cuja supressão criou palavras HORROROSAS. Em Portugal são os acentos, os hífenes e a GRAFIA (que no Brasil ficou impoluta, e em Portugal foi mutilada, nada tendo a ver com a nossa Cultura linguística greco-latina.)

Quanto às muitas palavras que, não fosse o Brasil, teriam desaparecido da Língua viva portuguesa, há muitas, muitas outras que foram americanizadas, afrancesadas, italianizadas, castelhanizadas e deixaram de ser portuguesas. Certo?

Nada contra a Variante Brasileira. Tudo contra a imposição da Variante Brasileira aos Portugueses. E é isto que aqui está em causa.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:55

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Quarta-feira, 18 de Agosto de 2021

Jair Bolsonaro constrangeu Marcelo Rebelo de Sousa e Augusto Santos Silva em almoço de Estado? Eu, que não sou hipócrita, penso que Marcelo e SS tiveram o que mereceram

 

Porquê?


Não andam ambos a arrastar-se aos pés do gigante brasileiro, no que ao AO90 diz respeito? Não andou Marcelo a fazer rapapés a Lula da Silva, promotor do AO90, e inimigo de Bolsonaro, o qual (Lula) numa viagem a Espanha, disse alto e em bom som que se havia corrupção no Brasil a CULPA era dos Portugueses? 

 

E andam os governantes portugueses a bajular estas personagens, que se estão nas tintas para Portugal, para os Portugueses e para a Língua Portuguesa!

 

O que espero agora é que ambos tenham aprendido a lição e deixem de fazer salamaleques ao Brasil (*) e devolvam a Portugal a ortografia que nos representa: a PORTUGUESA, a de 1945.

Porque amigos, amigos, negócios à parte.

 

Marcelo no Brasil.jpg

Bolsonaro e Marcelo durante a visita do PR português ao Brasil© EPA/Marcos Correa

Ler notícia aqui:

https://www.dn.pt/internacional/bolsonaro-constrangeu-marcelo-em-almoco-diz-o-globo-14037104.html

***

(*) Quando me refiro ao "Brasil" não estão aqui incluídos TODOS os Brasileiros, obviamente, mas apenas os POLÍTICOS e os seus subjugados, que espalham uma ignorância gigantesca pela Internet, pelo YouTube no que respeita a Portugal e aos Portugueses, envergonhando o Brasil.


Toda esta questão da Língua e a relação Brasil/Portugal é uma questão meramente de política marxista mal-amanhada, e de políticos portugueses muito subservientes.


Os nossos governantes arrastam-se aos pés dos políticos brasileiros que nos pisam há bastante tempo, e surpreenderam-se com o que se passou no almoço de Estado?  


E mais, no dia em que em Portugal se soube que Bolsonaro havia ganho as eleições, Marcelo Rebelo de Sousa acerca disso disse: «Isto é uma MÁ notícia». Depois, com a maior lata, foi à tomada de posse de Bolsonaro. E é óbvio que Bolsonaro soube deste dito de Marcelo, que nesta última viagem ao Brasil, foi fazer salamaleques ao Lula, e  à reinauguração do Museu da Língua Portuguesa onde todas, todos e todes estavam presentes, excepto Bolsonaro, que se esteve nas tintas para a cerimónia da atribuição da primeira Medalha de Camões (pobre Camões!) a um Museu que guardará o AO90 e a linguagem neutra, mas não a Língua Portuguesa. 

A terminar esta visita ao Brasil, Marcelo e Santos Silva, apesar da desfeita no Museu, aceitaram ir ao almoço de Estado, onde se sentiram constrangidos, com a linguagem livre de Bolsonaro. 


Esperavam o quê? Serem recebidos com pompa e circuntância?


Há erros que se pagam muito caro.

E mais caro irão pagar o facto de estarem a contribuir para a destruição da Língua Portuguesa.


Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:24

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Segunda-feira, 17 de Agosto de 2020

«São contra o novo Acordo Ortográfico?» Então leiam este texto e ficarão mais contra ainda...

 

Depois, ponham mãos à obra e lutem contra a destruição da NOSSA Língua Portuguesa.

Não permitam que nos façam passar por parvos!

 

Tinha o texto, que abaixo transcrevo, da autoria de Amadeu Mata, entre muitos outros textos que me vão chegando, a modos que esquecido.  

 

E atenção! Quem vir racismo ou xenofobia neste texto, tenha a certeza de que sofre de uma cegueira mental bastante acentuada e desconhece, por completo, o significado de racismo e de xenofobia!

 

Este é um texto que reduz o AO90, os acordistas e os seus apoiantes, a ZERO.

Muito bom. Não deixem de o ler.

 

NEGADA.jpg

 

Por Amadeu Mata

 

«A Língua Materna agradece!»

 

«Para quem acha que o Acordo é bom, ficam aqui algumas razões:

 

1 - É apenas o 1º de mais acordos que se seguirão, já se diz até que este será insignificante. Se prosseguir, outros virão. O que virá nos próximos? Se falam e escrevem "tu quer" e nós “tu queres”, um dia falaremos igual. Entre outras coisas lol.

 

2 - O "C" de Directo serve para algo. Para os Brasileiros é mudo. Eles acentuam todas as sílabas como os Espanhóis.

Nós não precisamos de ter o "C" para nos dizer que "directo" é lido como "diréto", senão seria como coreto ("corêto"), cloreto ("clorêto"), luneta ("lunêta"), não dizemos "lunéta" nem "cloréto" nem "coréto" não é? Vamos ler "direto" como? "dirêto"?

Enfim, o "C" serve para algo cá, no Brasil não, mas cá serve.

Ou sem o “P” em Baptismo ficar “bâtismo” como “batida” já que é o “P” que abre a vogal? Será melhor em vez desta regra do “C” e “P” dizermos antes às crianças e estrangeiros que têm de decorar uma lista de centenas de palavras de excepção onde se deve ler “Á” sem ter o “P” ou “C”, etc, ou mais fácil ensinar a regra do “P” e “C”?

 

3 - Vai ser bonito falarmos Egipto com o P e lermos Egito sem o P. Como as crianças aprendem o que é Egipto na escola e não em casa (não andamos a falar no Egipto a crianças de 3 ou 4 anos), irão aprender a falá-lo e escrever como "Egito" sem "P", mesmo que os pais falem com "P" (eu falo o “P” em Egipto, por acaso). Prova de que a escrita alterará a fonética. Depois as criancinhas ao escrever Egipto sem o “p”, irão adivinhar que o habitante local é Egípcio e não Egício.

 

4 - Vamos ensinar um Inglês como? Dizer-lhe «olhe, você aqui lê EGITO mas NESTE CASO específico, fale "EGIPTO" finja que existe lá um "P" imaginário, finja que é como o "EGYPT" do seu país, mas escreva só "EGITO" não tente perceber, o Português é assim! E olhe há egípcios, egiptólogos, tudo tem P, mas em Egipto é EGITO, sem "P"!» - É isto que vamos dizer ao ensinar Português? Obrigá-los a decorar palavras de “excepção à regra”?

 

5 - E que mal tem "pêlo" ter o acento? É mais bonito escrever: "agarrar o cão pelo pelo"?...

 

6 - Não há qualquer desvantagem em existir Português-PT e o dialecto-BR, como há Inglês diferente em UK e USA (doughnut e donut), como com o Espanhol onde "coche" na Espanha será "carro" na América do Sul, etc.. Cá só há desvantagens e custos com o Acordo. Seremos os únicos ex-colonizadores a escrever e falar como a colónia (por algum motivo obscuro). Não nos entendemos assim? Só pouparíamos dinheiro e neurónios.

 

7 - Peçam a um Brasileiro para dizer "Peniche".

Ao falar, notem a palavra que sai, ao tentarem imitar. O Português - PT tem muito mais riqueza fonética e linguística do que o dialecto - BR.

Aprendemos facilmente o dialecto - BR e eles não aprendem facilmente o Português – PT, falta-lhes a prática no range maior de sons da língua portuguesa. Há quem diga que somos os melhores a aprender línguas e sotaques no mundo devido à riqueza da nossa língua.

Vamos aproximar-nos do dialecto - BR porquê?

 

8 - Corretora Oanda, movimenta triliões, é a maior corretora cambial do mundo, traduziu os seus manuais para Português -PT. Isso mesmo, nada de Acordo, nada de dialecto -BR.

Português-PT.

Vamos nós andar a alterar o Português e mostrar-lhes que afinal fizeram a escolha errada? Entre muitas outras empresas.

 

9 - Querem que os livros escolares de 2012/13 sejam já com o novo acordo. As crianças serão ensinadas neste primeiro passo a ler e escrever de forma diferente.

Será assim opcional a mudança como nos querem fazer querer.

A mudança é obrigatória, é imposta nas escolas, já está nos media, etc.

Não podemos escolher continuar como estamos porque daqui a uns anos será mesmo errado.

Os Brasileiros cortam "C" e "P" e podem ler da mesma forma, nós não! Esqueçam a dupla grafia.

O que fazer com a palavra recepção.

Se o “p” desaparece fica receção. O que fazer depois com a palavra recessão, que tem outro significado e que se lê exactamente da mesma forma?

 

10 - O que é que o povo mandou? Inquéritos em que 65% das pessoas rejeitaram o acordo, umas 30% não sabem o que é, e o resto diz que sim? E que salvo erro umas 28 em 30 universidades e editoras consultadas disseram que não? Além de muitos linguistas? Porque é que é aprovado o acordo contra a vontade do próprio povo? Mesmo uma petição com 120.000 assinaturas foi apresentada a 50 deputados dos quais 49 faltaram e uma apareceu e ignorou. Para ir mesmo à Assembleia, só com uma ILC!

 

11 - Os Portugueses devem estar mesmo no fundo. A falar do glorioso povo do passado e ninguém quer saber da língua. Os Espanhóis nunca aceitariam um acordo destes para os obrigar a falar como os Argentinos! Os Bascos, são apenas uns 100.000 ou 200.000 a falar Basco, nunca desistiram até ao fim e agora têm até a língua Basca como oficial no seu pequeno "país". Só o Português é que deixa andar e desleixa a língua e deixa que outros façam o que querem dela...

 

12 - Estamos nós a defender letras como "C" em Directo que realmente são úteis, têm a sua função, e lá fora há línguas que mantêm letras que dizem ser desnecessárias, como "Dupond" ou "Dupont" em Francês o T permanece só porque não é lido, vamos suprimi-lo ? Apagar porquê? É difícil perceber para que servem e por isso cortamos? Agora um espectador passou a espetador = aquele que espéta o quê?

 

13 - Há mais falantes nativos de Inglês mais Espanhol juntos (Espanhol mais ainda que Inglês), que passam de um bilião de nativos, e mais de 2 biliões de falantes não nativos das mesmas, do que os 200 milhões de Brasileiros. Estarmos a afastar a língua de 2 biliões de pessoas para ficarmos mais próximos do Brasil é disparate.

 

Mais uma vez, para facilitar a vida aos Brasileiros, vamos dificultar a vida a quem quer aprender Português lá fora e tornar a língua portuguesa mais obsoleta.

 

Vejam: "Actor" aqui, "Actor" no Latim, "Acteur" no Francês, "Actor" no Espanhol, "Actor" no Inglês, "Akteur" no Alemão, tudo com o "C" ou "K", e depois vêm os Brasileiros com o seu novo: "Ator" (devem ser Influências dos milhões de Italianos que foram para o Brasil e falam "attore").

 

Algumas outras: Factor, Reactor, Sector, Protector, Selecção, Exacto, Baptismo, Excepção, Óptimo, Excepto, Recepção etc, "P", "C", etc. Estamos a fugir das origens, do mundo, para ir atrás dos Brasileiros.

 

14 - Alguém quis saber do resto das colónias que não falam da mesma forma que os Brasileiros? Só ao Brasil é que interessou o Acordo (Portugal foi o único que cedeu).

Tenho amigos Angolanos que dizem falar como o Português - PT e nunca quiseram o dialecto-BR nem o Acordo, não foram consultados! O Brasil quer tornar-se dono da língua portuguesa porque pertence ao G20!?

 

15 - O Galego-Português da Galiza, o da variante da AGLP, é mais parecido com o Português de Portugal neste momento que o próprio dialecto -BR. Os Brasileiros têm alterado a língua sem se preocupar com o resto do mundo, porque é que temos de ser nós a pagar pelos seus erros e prepotência?

 

16 - Sempre odiei instalar um software e ver que vem tudo em Português do Acordo, e fóruns também, em que uma votação é uma "ENQUETE" (sei lá como foram inventar isto), em que um utilizador é um usuário, em que "apagar" é "DELETAR" (do "Delete" Inglês, por incrível que pareça nos seus dicionários), ou Printar, ou etc. Por vezes sou obrigado a utilizar softwares em Inglês para aguentar... Como haverá agora Português-PT e o dialecto-BR ao gosto de cada um, se só existirá um "Português"? Eu quero sites e softwares que entenda e na minha língua e isso SÓ É POSSÍVEL mantendo o português-PT e o dialecto-BR separados! Senão será tudo misturado para sempre! E depois lá vamos nós "enquetar" (votar) e coisas assim (enquetes = votações)...

 

17 - A prova do ponto 16, é que o próprio Google Translator já só tem o "Português" e tudo o que escreverem ficará no dialecto-BR, e até "facto" que ainda não mudará já aparece lá como "fato", é bom que nos habituemos pois será o que virá nos próximos acordos, bem como "oje", "abitação", aja, aver = existir etc.

 

18 - No Brasil mesmo não sofrendo as alterações que temos, há milhões contra o acordo também por coisas insignificantes como a supressão do "trema"!!! Vejam na net!! Nós com alterações brutais, muito contentes sem fazer nada!!!

 

19 - Existirão sempre pseudo-intelectuais em todas as línguas que irão dar a vida pelo acordo (sem querer ofender ninguém), achando que é o ideal, e que salvará o país e que dará emprego ao país, e até que sem isto a Língua Portuguesa morre e haverá uma língua "Brasileira".

 

A variante dialectos-BR nunca poderia ser uma língua independente como "Brasileiro" só pelas alterações que fazem, não há esse perigo, teria de ser radicalmente mudada (nunca acontecerá) de propósito para o efeito. Não inventemos.

 

A variante dialecto-BR nunca poderia ser considerada outra língua.

 

E não deixem que pseudo-intelectuais nos tratem como burros só porque defendemos a língua.

 

São chicos espertos, pessoal de manias ou megalomanias para a defesa do acordo (existirão também pessoas decentes a defendê-lo é certo).

 

20 - Nada impede que haja uma espécie de concordância mais simples em que digam apenas que incluímos palavras deles e nossas num dicionário universal mas SEM IMPOR regras a ninguém. No futuro cada um dos países só alterará a SUA PRÓPRIA variante com acordo dos outros, sem impingir aos outros essas mudanças, apenas para evitar que as mudanças no Brasil possam ir ainda mais longe e arruinar ainda mais o Português das restantes colónias. Nada impede isso.

 

21 - Com o Português unido, como ficará a bandeira oficial? Já se vê por todo o lado a bandeira do Brasil no Português, mas se tivesse Brasil para o dialecto-BR e a Portuguesa para Português-PT, ainda era aceitável, apesar de sabermos que só há uma bandeira oficial que é a Portuguesa, mas é difícil impedir o patriotismo Brasileiro, com tudo unido, haverá a tendência das empresas adoptarem a bandeira do país que tem mais população, o Brasil. Então as variantes da língua?

 

22 - Cada vez que me lembro que lá se escreve "mais" em vez de "mas" porque falam no fundo "mais" com o sotaque têm a tendência de passar para a escrita a forma como falam.

Em futuros acordos seremos obrigados a escrever também: "eu fui lá MAIS não vi ninguém".

Há a tendência de se escrever como se fala.

“Presidenta” está nos dicionários, só falta transformar o “Presidente” em “Presidento”, era só o que faltava...

 

Há muito tempo que o Brasil anda a adulterar a língua sem ninguém intervir, e agora ALTERAM A NOSSA!

 

23 - Existem formas de travar este acordo!

Petições ou clicarmos num LIKE no Facebook não fazem nada. Há uma ILC em movimento que será entregue em breve, prazo final para impedir esta desgraça.

Porque temos de imprimir um miserável papel e enviá-lo, porque é para a Assembleia, mas quem é que diz ser contra e fica sem agir?

 

Se 20 pessoas assinarem, fica a 2 cêntimos cada o envio dessas assinaturas por correio. É só colocar num marco de correio! Houve uma ILC antes, e entrou na Assembleia, e anulou uma lei de Arquitectura.

 

As ILC's podem ter esse poder. É uma forma do POVO LEGISLAR. Do povo criar leis, e acabar com leis. O Governo fez isto sem apoio de ninguém e nós podemos tentar fazer algo para corrigir. Quem é o Governo para legislar sobre a língua, sem apoio dos letrados e da ciência e academia de letras, ilegitimamente?

 

24 - Há mil outras razões para dizer não ao acordo, mas... para quê? Estas não chegam?

 

25 -Para terminar fica uma frase de Edmund Burke: "Tudo o que é necessário fazer para que o mal triunfe, é que os homens bons nada façam." Neste caso, tudo o que é necessário fazer para que o Acordo triunfe, é que NÓS continuemos à sombra da bananeira, a deixar o tempo passar. Porque o Acordo foi aprovado e se ninguém lutar contra ele, já cá anda.

 

A RTP está a dar um triste espectáculo, faz disso a sua Bandeira.»

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:28

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Segunda-feira, 10 de Agosto de 2020

Ao redor da retrógrada mentalidade "acordista"...

 

De facto, «a mentalidade “acordista” é retrógrada, irrealista, insensível, impatriótica, irresponsável, incompetente e ignorante. Representa o triunfo (…) da ignorância arrogante», diz António Emiliano***, na Apologia do Desacordo Ortográfico, pg. 49.

 

 *** António Emiliano (Lisboa, 1959) não é um qualquer malaqueiro. É um ilustre linguista, professor e músico português. Doutor em Linguística Portuguesa, pela Universidade Nova de Lisboa, e professor na mesma instituição. Sócio fundador da Associação Portuguesa de Linguística e da Associação Internacional de Linguística do Português, membro cooperador da Sociedade Portuguesa de Autores, o qual, a pedido, deu vários pareceres, todos eles bem fundamentados e, obviamente, desfavoráveis ao AO90, e foram simplesmente ignorados.

 

ACordo.jpeg

 

No Brasil o AO90 é desconhecido entre o POVÃO. A esmagadora maioria dos brasileiros não o UTILIZA, nem sabe o que isso é.

 

Os Brasileiros cultos não o aplicam.

 

Os restantes países lusófonos também não o aplicam. Em Portugal apenas os que não têm ESPINHA DORSAL o fazem, ou porque são servilistas, escravos do Poder ou  morrem de medo de represálias imaginadas, até porque, em Portugal, uma vez que o AO90 foi imposto ilegalmente, as represálias são também ilegais.

 

Logo, este AO90 está condenado ao caixote do lixo, que é o lugar adequado para a mixórdia ortográfica que uns poucos servilistas ignorantes inventaram para vender livros, encher os bolsos e destruir a Língua Portuguesa - o objectivo maior, de todo este desprezível enredo. 

 

E não, não é uma minoria de Portugueses que acredita que a Língua Portuguesa é  propriedade de Portugal.

 

Apenas uma minoria linguicida e ignorante acha que a Língua Portuguesa nasceu ali... numa rocinha... debaixo de uma bananeira...

 

Todos os outros sabem que a Língua Portuguesa é uma Língua de raiz greco-latina, da Família Indo-Europeia, logo, uma Língua Culta. Não nasceu do nada, nem foi idealizada para facilitar a aprendizagem dos que nasceram pouco dotados de inteligência.

 

O AO90 nunca vingará, simplesmente porque é um aborto ortográfico completamente transfigurado.

***

E há quem fale na Síndrome do Colonizado.

 

Germano Almeida (um escritor cabo-verdiano que recentemente declarou em público que a Língua Portuguesa não é de Portugal) está equivocado, disse António Patrício, que é um conhecedor da Língua Portuguesa. E disse mais: «Na verdade, a Língua Portuguesa é nossa, dos Portugueses. Fomos nós que a espalhámos pelo mundo, e cada povo tomou-a e adaptou-a à sua cultura e fonética

 

António Patrício gostava de ver o senhor Germano Almeida «ir dizer aos Ingleses que o Inglês não é deles. Mais, o senhor Germano Almeida é originário de um país fundado pelos PortuguesesMas a verdade é que ficámos a saber que o senhor Germano Almeida não sabe escrever... É a editora e o corrector ortográfico que fazem esse trabalho por ele. Para este senhor vale tudo na escrita do Português! É engraçado vir isto de um escritor cabo-verdiano...»

 

«Já Cesária Évora (cantora de mornas e coladeiras que gostava muito de França e dos Franceses) dizia "cobras e lagartos" de Portugal e da Língua Portuguesa, e nós, os eternos complexados por termos sido colonizadores, lá andávamos com a senhora ao "colo". Devem ser os ventos daquele lado do Atlântico que levam os intelectuais das ilhas cabo-verdianas a sofrerem, ainda, da síndrome do colonizado.»

 

E não são só os cabo-verdianos.

 

Existem cidadãos brasileiros que são grandes defensores da anarquia escrita do Português...

 

E António Patrício coloca a questão: «Por que será? Será que a síndrome do colonizado ainda infecta a cabeça de tanta gente assim? Pelo que vemos, infecta. É que nestas coisas, conclui António Patrício,  pior do que o colonizador é o colonizado que, depois de ter deixado de o ser, continua a sentir as dores do que foi e já não é.»

 

***

 

O que se vê mais por aí são fatos... mal talhados.

 

É que "fato" deriva do gótico FAT, que significa uma peça de vestuário. Nunca poderá ser entendido como FACTO, que deriva do Latim FACTUM, e significa acontecimento.

 

Os Brasileiros dizem FATO por FACTO, mas não sabem o que dizem. E os Portugueses, sendo portuguesinhos, vão atrás, porque é atrás que sempre vão aqueles que não têm capacidade para IR À FRENTE.

 

***

Para os que refutam que a ortographia mudou desde os seus primórdios, temos a dizer que, de facto, essas mudanças existiram, mas com base em estudos linguísticos, e não impostas por interesses de natureza meramente política (os interesses económicos vieram por arrasto).

 

Quem as fez sabia o que estva a fazer.

 

Os do AO90, não sabem o que fazem... Uns pretenderam ganhar dinheiro. Outros, destruir a Língua Portuguesa. Como se a ortografia pertencesse ao cultivo das hortas e não às Ciências da Línguagem!!!!

 

O AO90 não passou a ser oficial em Portugal. A sua aplicação é ilegal e inconstitucional.

 

Os que o aplicam demonstram uma ignorância monumental sobre todas as questões referentes às Lingua. E por mais que lhes demonstremos que estão errados, eles insistem no erro. Porquê?

 

Ora… porque OPTAM pela ignorância.

 

Contudo, o tempo encarregar-se-á de atirar ao lixo esta mixórdia ortográfica que, falaciosamente,  pretende UNIR as variantes da Língua Portuguesa existentes nos oito países lusófonos. Leve o tempo que levar. Mas jamais essa união se verificará, pelos motivos mais óbvios.

 

***

Nenhuma Língua Europeia Culta, oriunda de países que outrora foram colonizadores (Inglaterra, França, Espanha, Holanda) foi tão destruída pelos colonizados como a Língua Portuguesa, escrita e falada, foi destruída pelos esquerdistas Brasileiros. 

 

Nos restantes países lusófonos, a Língua Portuguesa manteve as suas raízes. E esta é a grande diferença entre uns e outros. E no meio disto tudo, se tem de haver um país que tenha de recuar e adaptar-se a um novo modo de escrever a Língua Portuguesa, esse país é o Brasil, ainda que sejam milhões. É que a quantidade nunca foi sinónimo de qualidade. Muito pelo contrário.  

 

Portugal não tem de atirar ao lixo a sua Língua Materna, para prestar vassalagem a políticos servilistas, escravos de estrangeiros, incompetentes, ignorantes e irresponsáveis, e a editores mercenários.  

 

Isabel A. Ferreira

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:35

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Segunda-feira, 27 de Julho de 2020

«O Império Ortográfico»

 

Excelente texto, do historiador Rui Ramos (*), publicado no Jornal Observador em 16 de Maio de 2015.

 

Como as coisas em Portugal não desenvolvem, não avançam, só retrocedem, este texto está tão actual como no dia em que foi escrito. Até poderia ter sido escrito no século passado, estaria actualíssimo. 

 

Daí que o reedite, porque é absolutamente um texto lapidar, para compreender este “negócio” do AO90, que está a abalar a Cultura Portuguesa, o Pensamento Português, a Filosofia Portuguesa, pois, neste momento, tudo isto está a ser inimaginavelmente arrasado, através de uma escrita reduzida à sua forma mais básica, como se os seus escreventes tivessem saído da primeira classe primária, com a noção apenas do alfabeto e de como juntar as letras: b+a = ba.

 

Todavia, um texto lamentavelmente indecifrável para o presidente da República Portuguesa para o primeiro-ministro de Portugal, e para o ministro dos Negócios [DOS] Estrangeiros (o dono da Língua), os quais, fazendo de Portugal o quintal deles, e dos Portugueses os seus serviçais, mantêm o AO90 que, conforme observa Rui Ramos, começou como um disparate e hoje não passa de uma indignidade.

 

E o que dizer da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)? Uma farsa, para manter negócios.

Não deixem de ler.

 

Isabel A. Ferreira

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Por Rui Ramos

 

«O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal.

 

O chamado “Acordo Ortográfico” tornou-se obrigatório esta semana – ou talvez não, pois que tudo nesta matéria é confuso. O Brasil ou Angola são, geralmente, as razões dadas para passarmos do acto ao ato. Mas o Brasil nunca mostrou demasiado entusiasmo ou pressa em partilhar uma mesma ortografia com Portugal – a nova grafia ainda nem sequer é obrigatória por lá. Quanto a Angola, continua a pensar. A parte portuguesa andou aqui à frente. Porquê?

 

Para perceber o Acordo Ortográfico, não basta recuar a 1990. É preciso, pelo menos, voltar a 1961. Nesse ano, o ditador Salazar, sem consultar o país, decidiu que Portugal desenvolvera com os povos extra-europeus sujeitos à administração portuguesa uma relação tão especial, que se justificava defender essa administração contra tudo e contra todos. Em 1974, a direcção revolucionária das forças armadas, também sem consultar o país, decidiu abdicar dessa administração e abandonar territórios e populações à ditadura e à guerra civil dos chamados “movimentos de libertação”. Não renunciou, porém, ao mito da relação especial. Essa relação teve um novo avatar enquanto “solidariedade anti-imperialista”, quando uma parte do MFA também quis ser “movimento de libertação”, para depois, em democracia, se redefinir como “comunidade de língua”.

 

Foi assim que, para além das independências, as oligarquias democráticas mantiveram o império numa versão linguística, a que era consentida por uma das “línguas mais faladas do mundo”. Alguém então se terá lembrado que Fernando Pessoa escreveu algures que “a minha pátria é a língua portuguesa”. Nunca importou a ninguém o que Pessoa quis dizer com a frase, logo entendida como o direito de qualquer português continuar a sonhar com mapas onde Portugal, sendo talvez pequeno, tem uma língua muito grande (“a sexta mais falada do mundo”, etc.). Acontecia, porém, que, entre Portugal e o Brasil, havia diferenças. Era preciso apagar esses vestígios de fronteiras, pelo menos no papel. Só assim (argumentava-se), a língua poderia emergir como única e grandiosa, reunindo o que se separara e impondo-se ao que resistia. No fundo, este acordo ortográfico é apenas o sintoma de uma descolonização mal resolvida.

 

Dir-me-ão: mas não temos ou não deveremos cultivar as tais relações especiais com os Estados onde o português é língua oficial? Sim, claro. Mas é importante, a esse propósito, não esquecer duas coisas. A primeira é que relações especiais não significam necessariamente ausência de diferenças e de distâncias. Estas diferenças e distâncias são aliás, no que diz respeito ao Brasil, muito mais profundas e irreversíveis do que convém admitir ao imperialismo linguístico. O português escrito no Brasil não se distingue apenas pela ortografia, mas pelo vocabulário e sobretudo pela sintaxe. A existirem, as relações especiais não deviam depender de quaisquer homogeneizações, irrelevantes ou impossíveis, mas de uma maior intensidade de comunicação, que habituasse portugueses e brasileiros às características de escrever e de falar uns dos outros. Ao reconhecer isso, há porém que reconhecer isto: não há assim tanto interesse de um lado e do outro num intercâmbio demasiado enérgico. As culturas que tradicionalmente mais fascinam portugueses e brasileiros não são as dos outros países de língua portuguesa, mas, por muitas razões, a das grandes potências do Ocidente, como os EUA. Este Acordo Ortográfico é, portanto, uma ilusão.

 

Mas há uma segunda coisa: a língua portuguesa não nos une apenas ao Brasil ou a Angola ou a Moçambique, mas também à Espanha, à Itália, à França, mesmo à Inglaterra e a outros países europeus ou de formação europeia. E a esse respeito, o Acordo Ortográfico tem um efeito perverso: afasta o português escrito dessas outras línguas europeias, com as quais tem raízes comuns, por via da rejeição, como em reformas anteriores, da grafia etimológica. A palavra acto assim escrita ainda sugere a palavra act para um inglês que não fale português. Ato, não. Num momento de integração europeia, optamos por uma grafia tropical, destinada a complicar a decifração do português pelos nossos vizinhos e parceiros mais próximos (como se já não bastasse a nossa pronúncia impenetrável). Não vou reclamar o regresso da philosophia. Mas é pena que tivéssemos deixado de ter uma palavra que evocasse imediatamente a philosophie francesa ou a philosophy inglesa. Era aliás assim que Pessoa gostava da sua pátria: “Philosopho deve escrever-se com 2 vezes PH porque tal é a norma da maioria das nações da Europa, cuja ortografia assenta nas bases clássicas ou pseudo-clássicas”.

 

O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal, a ver se salvamos o mapa onde não somos pequenos. Mas é precisamente assim que parecemos e somos pequenos. A grandeza, hoje em dia, deveria consistir em tratar os países que têm o português como língua oficial sem fraternidades falsas, paternalismos deslocados, ou sujeições ridículas. E passa também por perceber que há muito mais populações, para além das que falam português, com quem temos uma história e um destino em comum.

 

O resultado de todos estes devaneios de imperialismo linguístico é que deixámos de ter uma ortografia consensual. O regime tenta agora compensar isso através do terrorismo escolar exercido sobre crianças e jovens. O que começou como um disparate acaba numa indignidade.»

 

(*)  Rui Ramos nasceu em 22 de Maio de 1962, licenciou-se em História na Universidade Nova de Lisboa, e doutorou-se em Ciência Política, na Universidade de Oxford.  Professor e investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica. Escreveu, entre outros livros, A Segunda Fundação (1890-1926), volume VI da História de Portugal dirigida por José Mattoso (Círculo de Leitores), e a História de Portugal (Esfera dos Livros, em co-autoria com Bernardo de Vasconcelos e Nuno Monteiro), o qual recebeu o Prémio D. Dinis em 2009. Na imprensa, teve uma coluna semanal no Diário Económico (2005), e depois no Público (2006-2009), Correio da Manhã (2009) e Expresso (2010-2013). Colaborou em programas de debate semanal na RTP-N, TVI-24, SIC-N e Canal Q, e foi autor da série de 12 episódios “Portugal de...”, da RTP-1 (2006-2007).

 

Fonte:

https://observador.pt/opiniao/o-imperio-ortografico/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:54

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Quinta-feira, 16 de Abril de 2020

“In memoriam” Luis Sepúlveda

 

O escritor chileno Luis Sepúlveda morreu hoje, aos 70 anos, em Espanha, em consequência da Covid-19.  Estava internado desde finais de Fevereiro num hospital de Oviedo. Os primeiros sintomas ocorreram dias depois de ter estado no Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim. Era casado com a poetisa Carmen Yáñez.

 

E foi no Correntes d’Escritas, há muitos anos, que conheci Luis Sepúlveda, de quem guardo uma afectuosa lembrança, porque sendo eu uma sua leitora assídua, de todas as vezes que Luis vinha ao “Correntes”, ali estava eu, com os seus livros na mão, para que ele mos autografasse e para dizer-lhe do meu grande apreço pelas suas obras, as publicadas antes de 2012, obviamente, porque as seguintes, foram acordizadas, e ainda não consegui adquirir os originais, em Castelhano. Não tive oportunidade de lhe dizer que obra sua, traduzida à brasileira, não era a mesma coisa… Mas ainda tenho esperança de adquirir a restante obra na Língua original.  

 

Romancista, realizador, roteirista, jornalista e activista político chileno Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle (Chile) em 4 de Outubro de 1949. Residia ultimamente em Gijón, Espanha.

 

Obrigada, Luis Sepúlveda, pelos bons momentos de leitura que me proporcionou.

Até sempre!

 

Luis Sepúlveda.png

Imagem adaptada: https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/morreu-o-escritor-luis-sepulveda-vitima-da-covid-19

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:59

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Quarta-feira, 8 de Abril de 2020

«Defender a Língua Portuguesa é defender a parte crucial da nossa existência como povo soberano e independente»

 

Em tempo de crise sanitária, económica e financeira, não podemos baixar a guarda, na luta contra esta outra crise, que abala a soberania e a independência portuguesas: a venda da Língua Portuguesa ao Brasil.

 

«Defender a Língua Portuguesa é defender a parte crucial da nossa existência como povo soberano e independente». Quem o diz é um amigo meu, Doutor em Engenharia Civil, Professor Catedrático em Angola, onde além dos muitos dialectos locais, também se fala e escreve Português culto e europeu, o qual não quis identificar-se, por motivos óbvios.

 

Um texto crucial, absolutamente obrigatório ler e reter e nele reflectir, para que possamos continuar a ser europeus e, sobretudo, portugueses.

 

PORTUGAL.jpg

 

Os que acham que Portugal é um país sul-americano olhem bem para este mapa: Portugal é um país que, com a Espanha, constitui a Península Ibérica, situada na parte mais ocidental de um continente chamado Europa. Em Espanha fala-se Castelhano, Galego, Catalão e Basco; em Portugal, fala-se Português (uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval a par do Provençal), e Mirandês (as duas Línguas oficiais portuguesas) somando-se a estas, mais quatro dialectos – Sendinês, Guadramilês, Riodonorês e Minderico (este último em extinção).

 

Esse meu Amigo, ausente há vários anos de Portugal, e cujo nome é considerado por ele um aspecto relativamente secundário, visitou o meu Blogue e inteirou-se da luta que se trava em Portugal em defesa da Língua Portuguesa.

 

Inacreditável, não é?

 

É que os Portugueses já foram chamados a defender o território contra a investida de vários invasores, entre eles, Mouros, Espanhóis, Ingleses e Franceses, na sua fase histórica. Já tiveram de defender direitos, ideais e ideias. Mas jamais passaria pela cabeça de ninguém (daí ser caso único, desde que o mundo é mundo) um povo (ou parte dele, porque há sempre os seguidistas, aqueles que seguem alguma coisa, seja boa ou má,sem nunca se questionarem ou fazerem juízos de valor) ter de vir defender a sua Língua Materna, apenas porque uns poucos ignorantes (e como bastam uns poucos!) querem substituí-la por uma ortografia estrangeira.

 

Pois esse meu Amigo, a propósito de um artigo onde apresento argumentos assertivos contra esta “invasão de bárbaros acordistas”, escreveu um texto, em Bom Português, que nos devolve a confiança no povo que já fomos, mas ainda podemos ser. Uma lição daquela História que já não se ensina nas escolas portuguesas e, por isso, tanto faz, como tanto fez, escrever esta ou aquela Língua, desde que se facilite a escrita, que é o que mais me dói ouvir da boca dos que aceitaram, sem pestanejar, a ortografia brasileira, com a supressão das consoantes mudas com uma função diacrítica, e de acentos e hífens, onde tudo isso faz falta, para se compreender a Língua.

 

Escreve então esse meu Amigo:

 

«De todos os modos o essencial do que ali diz é certamente o que repetirá (como eu, até à exaustão) em todos os seus escritos, defendendo aquilo que é a parte crucial da nossa existência como Povo Soberano e Independente, a nossa Língua.

 

Sem saudosismos ou passadismos retrógrados, penso que nos falta, na actualidade, como Povo, o reconhecimento daquilo que fomos capazes de fazer, quando libertos de amarras e de constrangimentos que não os nossos. Começámos por ser os primeiros a libertar a nossa parte da Península da presença dos muçulmanos, enquanto os nossos vizinhos só o fizeram quase 250 anos depois. Partimos para o mar, e embora não tivéssemos sido os primeiros (os Vikings, segundo parece, haviam-no feito com Eric, o Vermelho, por alturas do ano 1000, mas de resto sem quaisquer consequências sociais ou económicas), fizemo-lo em todas as direcções e demos início à globalização, há quase 600 anos. Dobrámos a África, chegámos à índia, à China, à Austrália e ao Japão, descobrimos o Novo Mundo (acredito, porque bem provada, na tese de Mascarenhas Barreto sobre a naturalidade portuguesa de Cristóbal Colón) e dominámos uma boa parte da África por onde tínhamos de passar nas nossas andanças para Leste. 

 

Deixámos, por onde andámos, uma forma de viver única, não massacrámos, nem eliminámos fisicamente nenhum povo da Terra, como fizeram americanos e espanhóis, e a forma como nos relacionámos com todo o Mundo foi, essencialmente, feita na base da diplomacia. Houve naturalmente confrontos, mas quase nunca provocados por nós, que basicamente nos defendemos ou ajudámos a defender os nossos aliados. Deixámos atrás de nós um legado de saudade e de um humanismo imenso. Ainda hoje as gentes de Goa, de Malaca ou de Timor, recordam com um enorme respeito os Portugueses, para não falar na forma como somos recebidos no interior de Angola ou Moçambique pelos mais-velhos, aqueles que tiveram a oportunidade de conviver connosco. Eu sou testemunha disso, todos os dias em Angola. 

 

Sem nacionalismos bacocos, poderemos dizer que atrás de nós ficou um legado muito peculiar, feito com erros, com imperfeições, certamente, mas com muita entrega, muito empenho, dedicação e carinho. Creio que a palavra "paternalismo" tem inteiro cabimento na forma de nos relacionarmos com os outros povos, não tanto na parte que pode significar superioridade, mas sobretudo naquilo que exprime aproximação e mesmo afecto. E é curioso verificar que é como Pai que olham para nós.

 

Para um povo que tinha 1.5 milhões de almas ou pouco mais no início da arrancada, vivemos num mundo onde quase 300 milhões de pessoas falam a nossa língua. Que é deles também, sem deixar de ser a NOSSA, e só perdemos identidade, só nos deslustramos perante todos eles se deixarmos de ser quem sempre fomos e tentarmos agora, como muitos imbecis procuram, disfarçar-nos atrás das cortinas da História, procurando fazer-nos desaparecer da vida desses povos, desvanecer o nosso carácter, quase a pedir desculpa de existirmos. Essa gente, que nos ataca e pretende afinal destruir-nos por dentro, não é Portuguesa, essa gente faz-se de Portuguesa por razões de interesse, e por isso porfia em contestar o que fomos, negar os nossos sucessos, tentando com isso apagar-nos da História. E a Língua, essa forma NOSSA de comunicarmos e de veicularmos o que somos, disseminar-se-ia de algum modo numa multidão de gentes, vindo a perder-se assim o rasto das suas origens.

 

Nos tempos que correm, em que vemos todos os dias soçobrar um pouco mais tudo aquilo que tem sido ao longo destes 875 anos de história colectiva, a razão que nos aproxima e justifica entre os demais povos da Terra, é com esperança redobrada que percebemos que não estamos sós e que aqui e ali se levantam cada vez mais vozes indignadas que protestam. E por isso me apraz muito participar neste seu blogue, onde encontro a primeira linha de defesa dos valores que são nossos, daquilo que nos pertence.

 

E diz mais à frente:

 

Foi esse querer que nos levou para longe, e que dá força ao pensamento de Gilberto Freire, o ilustre sociólogo brasileiro que definia o português "como alguém que nasce em Portugal e vai morrer não se sabe aonde". Talvez seja essa uma parte do nosso drama, o nosso verdadeiro estigma, saímos e não voltamos, acreditando que a retaguarda estivesse sempre protegida. Hoje, regressados ao quinhão natal vindos das 7 partidas do Mundo, espantamo-nos com a recepção fria quando não agreste com que nos acolhem e mal entendemos a vontade que impera no desfazer de tudo o que fomos e ainda somos. A Língua é o espaço vital, o traço de união que liga todo o Mundo onde já vivemos soberanamente e onde ainda sobrevivemos por força da nossa razão e de modo algum pela razão da força, que já não temos, ou quase nunca tivemos. Neste aspecto eu não posso deixar de me maravilhar com a capacidade extraordinária de um Paiva Couceiro, que acompanhado de meia dúzia de auxiliares (os chamados sipaios), desceu o Rio Cubango em Angola e trouxe para Portugal os povos de um território imenso (maior do que o território que nos sobra hoje), designado como Cuando-Cubango, construindo os fortes de Cuangar, Calai, Dirico e Mucusso, com duas ou três praças europeias em cada um. Ou o extraordinário Henrique de Carvalho que "abraçou" as Lundas (também maiores do que Portugal), sozinho, em conversações com os muatas quiôcos, e as ligou à nossa bandeira.

 

Onde está essa gente? Onde vive o espírito desses homens que olhavam para longe e impunham aos demais, sem usar necessariamente da força, a sua maneira de pensar? Fizemos um Brasil imenso, o maior país da América do Sul, com uma decisão e um querer impressionantes, resistindo ao "esfrangalhamento" em que caíram os territórios espanhóis (vale a pena ver o site Brasil Paralelo onde jovens historiadores brasileiros se fascinam a perceber o que lhes foi escondido por tantos anos). São eles as nossas melhores testemunhas.

 

Há uns anos a esta parte foi descoberto nas florestas da Amazónia uma fortaleza feita em cantaria de granito, onde se destacava uma placa que tinha os seguintes dizeres: - “Sua Majestade D. Pedro II, Rei de Portugal e dos Algarves (segue-se toda a panóplia de títulos que bem conhecemos)… queria que aqui se fizesse um forte. E fez-se.”

 

E hoje parece que nos envergonhamos de olhar para trás. Parece ser incorrecto tomar como exemplo os exemplos do passado, ou referir a grandeza única do nosso querer e do nosso pundonor. Não se trata de nacionalismos exacerbados ou fora do tempo, trata-se tão-somente de percebermos quem somos e porque estamos aqui. E olhando à nossa volta, percebemos que a estrénua resistência e enorme vontade que se lê e entende por detrás da evidente pobreza cultural da nossa gente, apenas demonstra que faltam os líderes, os guias que apontam os caminhos e a quem ninguém ousa desobedecer. Como dizia Pessoa ao terminar a Mensagem: - «mais que o mostrengo que a minha alma teme, manda a vontade que me ata ao leme, d’El-Rei D. João II». Ou lembrando o épico, no mais conhecido: - "um fraco rei faz fraca a forte gente"...

 

Será que nem a Língua, nem aquilo que falamos e que traduz quem somos, resiste ao ímpeto destruidor da “canalha”(*)?

 

«Floresça, fale, cante e ouça-se e Viva a Portuguesa Língua. E já, aonde for, Senhora vá de si, Soberba e Altiva…» (Lembro António Ferreira, no já distante século XVI, na carta que então escrevia a Pêro de Andrade Caminha, e pergunto-me: - o que nos aconteceu, que maldição é esta? Como pudemos chegar a este ponto, a esta encruzilhada que parece fatal, e onde o Futuro se decide em todos os momentos?).

 

Não faço do Passado uma forma de viver. Mas tenho certo que o Presente e o Futuro só existem para quem tem Passado.

 

Será talvez esta a explicação do nosso descontentamento, não sei...»

 

Um Amigo

 

(*) Como melancolicamente se queixava D. Pedro V aos seus amigos, dos ataques, já nesse tempo incisivos, dos predadores de serviço.

 

***

 

Pois é! Também não sei, meu caro Amigo.

 

Mas uma coisa eu sei, nós dois sabemos: «Por detrás da evidente pobreza cultural da nossa gente, está realmente a falta de verdadeiros líderes, os guias que apontam os caminhos e a quem ninguém ousa desobedecer».

 

Sabemos que os «fracos governantes, que actualmente nos (des)governam fazem fraca a forte gente que ainda somos».

 

Sabemos também que destes fracos governantes não rezará a nossa gloriosa História, pois nela serão perpetuados como os que tentaram destruir uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval – a Língua Portuguesa, que continuaremos a defender até que a Irracionalidade dê lugar à Razão.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:17

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