Texto de Manuel Figueiredo, Comandante da Marinha Portuguesa (na reforma), publicado no seu Blogue Sextante Poveiro, no link abaixo indicado, o qual subscrevo inteiramente.
https://sextante-poveiro.blogspot.com/2024/06/parlamento-europeu-e-lingua-portuguesa.html
É urgente que alguém ACORDE, em Portugal, para esta realidade, porque na União Europeia, uma das Línguas Oficiais é o Português transvertido da Variante Brasileira do Português, algo inadmissível, do qual os governantes portugueses e os candidatos a deputados europeus deveriam ter VERGONHA!
Isabel A. Ferreira
«Parlamento Europeu e Língua Portuguesa»
Sirvo-me de um artigo escrito por Anselmo Borges (padre e filósofo) no "Diário de Notícias" (14.04.2012), no qual me inspiro para destacar dois pontos:
- Vasco da Graça Moura, então director do Centro Cultural de Belém, suspendeu a aplicação do Acordo Ortográfico. Poucos tiveram a lucidez e a coragem de tomar idêntica decisão.
- O actual MNE, e então eurodeputado Paulo Rangel, escreveu: "o gesto no CCB é o início de um movimento, cada dia mais forte, de boicote cívico a uma mudança ortográfica arrogante e inútil" (sublinhado meu).
Está a decorrer em Lisboa a Feira do Livro, que será aproveitada como montra de vaidades e discursos vazios, enquadrados na campanha eleitoral para as próximas eleições para o Parlamento Europeu. Em tantos discursos de "fervor patriótico" e tantas manifestações de "orgulho português", poderemos esperar que os candidatos ao PE (ao menos um!) se manifestem pela imediata revogação do AO90?
Tenhamos a sorte de ouvir um candidato a eurodeputado garantir que irá - lá, no Parlamento Europeu - defender a Língua Portuguesa, uma pérola patrimonial no contexto universal!
Desejo maior será ouvir, alto e claro, o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, reafirmar com redobrado vigor o que escreveu - e bem - há alguns anos.
Em tempo: quem, dos actuais candidatos ao PE, já abordou esta questão?
Comprar livros, obviamente.
Mas ATENÇÃO: em nome da nossa Língua Portuguesa, não comprem livros acordizados. Temos óptimos escritores e editoras que recusam a absurdez do Acordo Ortográfico de 1990, e escrevem e publicam em Português de FaCto.
Aqui deixo a lista de escritores e editoras que rejeitam o AO90:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/estas-sao-as-vozes-audiveis-que-gritam-137738
A lista é longa, e a ela juntei a dos 199 subscritores da Petição «Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990» [publicada como Manifesto no Jornal "Público", em 23 de Janeiro de 2017] a qual vergonhosamente os meros 230 deputados da Nação (com algumas poucas excepções) se recusam a levar em conta, estando deste modo a empalear os Portugueses, numa atitude ditatorial, não se decidindo pela anulação deste que foi o maior desacordo em toda a História de Portugal.
Numa DEMOCRACIA isto jamais aconteceria.
E aqui fica o link para a Página Português de FaCto, no Facebook
https://www.facebook.com/portuguesdefacto/
onde podem encontrar bastantes sugestões de livros recentemente editados, em Português CorreCto.
Em nome da Língua Portuguesa, dêem lucro a quem o merece.
Isabel A. Ferreira
Vou contar-vos o que se passou hoje, quando me dispus a visitar a tenda, que, este ano, serve de Feira do Livro, do Correntes d’Escritas, a decorrer na Póvoa de Varzim.
Gosto de passear-me entre os livros. Entrei na tenda com boas intenções.
Mas dei dois passos e deparei-me com uma nova colecção das obras de José Saramago, e saltou-me à vista este título «OBJETO QUASE», um livro de 1978, agora reeditado em acordês.
Fiquei logo muito mal disposta e enervada e decidi sair da tenda, não antes de dizer às meninas, que estavam na “Caixa”, o motivo da minha saída abrupta, de que elas não tinham culpa, obviamente.
Ora acontece que fui apanhada nesta flagrante indignação, por uma professora que eu conhecia, e que me interrogou acerca do meu agastamento.
Disse-lhe o que tinha a dizer sobre esta imposição ilegal do AO90, e da vergonhosa vassalagem que se presta a tal predador da nossa Língua.
Ela retorquiu que, como professora, era OBRIGADA a aplicá-lo. Eu disse-lhe que não era. Ela respondeu que era, era… e que os alunos chumbavam se não o aplicassem. E eu disse-lhe que não podiam chumbá-los. E que tudo isso era ilegal.
E a discussão acendeu-se.
Nesse momento estavam dentro da tenda uns três escritores. Não sei se acordistas ou não, que ficaram a olhar-me, com um ar de quem estava diante de um extraterrestre.
Eu disse à professora que os professores (na generalidade) são os grandes culpados pelo facto de a nossa Língua andar por aí a rastejar pelo chão, como uma aleijada, e esfarrapada, como uma indigente, porque aceitaram submissamente, como um facto consumado, o AO90, sem sequer questionarem, se revoltarem, se interrogarem se seria ou não legal a sua aplicação, se seria ou não legítimo ensinar aos alunos portugueses a Língua Materna delas de uma forma deformada.
Foi então que a professora me respondeu assim: «Pode ser, mas NÃO ESTOU PARA ME INCOMODAR».
Pois… Esta é a grande verdade: os professores não estão para se incomodar. Então acomodaram-se, e o resultado é uma tragédia descomunal.
Se ao menos ELES (até porque a Constituição da República Portuguesa o permite) tivessem recusado aceitar entrar neste jogo insano, o AO90 já estaria no caixote do lixo, que é o lugar mais adequado para ele.
O «Objeto Quase» (livro que me falta, e poderia ter comprado) ficou na tenda.
À professora respondi: «Pois… para não se incomodarem, acomodaram-se…», e saí sem dizer mais nada. Para quê?
Já fora da tenda, mais furiosa do que um furacão, disse ao dono da livraria: «Vou embora, não quero enervar-me…» (mas já estava enervada).
E eu, que costumava gastar cerca de 200 Euros, na Feira do Livro, nas anteriores edições (pré-acordistas), do Correntes d’Escritas, gastei apenas onze euros, numa revista, onde se homenageia António Lobo Antunes, para chegar a casa e verificar que a revista estava escrita em acordês...
Ainda vou pensar o que farei com ela.
Isabel A. Ferreira