Comprei um novo GPS (em Inglês Global Positioning System, em Português, Sistema de Posicionamento Global) para me orientar pela estradas que tenho de percorrer, por aí, no meu veículo automóvel.
Orienta-me uma voz feminina, que me manda sair nas saídas, entrar nas entradas, e seguir em determinada dir’ção (= transcrição fonética do vocábulo direção, assim escrito, de acordo com a grafia brasileira, imposta a Portugal, pelo governo português) o que dá muito jeito e é bastante útil, evitando que ande por aí às voltas.
A primeira vez que ouvi a menina do GPS mandar-me em determinada dir’ção, perguntei-me: ouviria bem? Dir’ção? O que é isto? Vou estar mais atenta.
Mais adiante… novamente: siga na dir’ção de Santiago. Afinal, não ouvi mal. E fiz toda a viagem ao som das diversas dir’ções que a menina do GPS me ia indicando.
Ao início, aquela palavrinha, assim pronunciada, soou-me muito mal. Era irritante aquela dir’ção, dita assim… Contudo, umas quatro ou cinco dir’ções adiante fez-se-me luz! Mas não é que a menina do meu GPS tem toda a razão? O acordo ortográfico de 1990 não manda escrever direção, assim, à brasileira? E a palavra, assim escrita, à brasileira deve ler-se dir’ção, porque aquele C à portuguesa tem uma função diacrítica, abrindo a vogal E. E se a consoante C for suprimida, a palavra deve ler-se dir’ção. E assim é que a pronúncia está correCta (também neste vocábulo, se lhe retiramos o C, lê-se corrêta).
Posto isto, devo dizer que até que enfim encontrei algo a dizer a treta com a careta, neste processo de destruição da Língua Portuguesa. Além de escreverem incorreCtamente, ao suprimirem as consoantes mudas, pronunciam as palavras erradamente também.
Daí que tenha de agradecer à menina do meu GPS este rasgo de lucidez. Se ela tinha à sua frente a palavra assim grafada, à brasileira, obrigatoriamente tinha de pronunciar dir’ção.
Agora vou dizer algo, que talvez não agrade aos Brasileiros (mas paciência! Os que pugnam pela Cultura Culta, entender-me-ão): o Brasil destruiu a Língua Portuguesa, ao mutilar palavras (excePtuando umas poucas) e ao americanizar, italianizar, afrancesar e castelhanizar outras tantas, afastando o Português da sua matriz greco-latina, cortando-lhe as raízes.
Mas isto (e vou repetir pela enésima vez) é lá com o Brasil, um país livre. Mas nós, Portugueses, não temos de aceitar a destruição da nossa Língua, apenas para agradar aos Brasileiros. Não é justo. Não é racional.
Que todas as meninas do GPS e todos os portugueses cultos, em Portugal, comecem a ler correCtamente o que incorreCtamente os acordistas escrevem, para que se veja a enormidade do erro que o governo português está a cometer, ao insistir na destruição da Língua Portuguesa, na sua forma grafada.
Que haja alguém com coragem, neste país de cobardes, que ponha um ponto final a esta tremenda imbecilidade.
Isabel A. Ferreira
. Estranhezas do - Mas não ...