Recebi via-email duas “pérolas” acordistas em sites de empresas portuguesas que aderiram à linguagem brasileira. Por alma de quem? É o que gostaríamos de saber.
J. Antunes, confessou-me a sua perplexidade:
«Estamos pior do que mal, porque as coisas más parecem ser sempre as preferidas do povinho. Há milhentos exemplos desta escolha, tantas vezes ignorante, feita por particulares e empresas. No caso da empresa de transportes GLS Portugal, há páginas em que aparece “contacto”, e “contactar-nos”, mas esta é a página que as pessoas mais vêem quando vão em busca do estado de uma encomenda. É tão triste e não há maneira de dar a volta a isto, nem explicando-lhes. A resposta é sempre o irritante “agora pode escrever-se das duas formas” que não deixa espaço para manobra.»
Não, agora não pode escrever-se das duas formas, porque uma é a forma brasileira, a outra é a forma portuguesa. E se a empresa é portuguesa, se é sedeada em Portugal, e se não é vassala do governo português, nem do governo brasileiro, NÃO tem de usar a linguagem brasileira. NÃO tem. Não há lei alguma que a tal obrigue, a não ser a Lei da Subserviência de quem não tem coluna vertebral.
Em Português, escreve-se aCtivos e contaCto, dois vocábulos pertencentes ao léxico português. “Contato” e “ativos” são dois vocábulos exclusivos do léxico brasileiro.
«Contato com vôcê???????»
Outro exemplo é o da Amazon Prime Video, que, entre outras pérolas, usa “contato” para o filme Contact.
Diz-me J. Antunes: «e veja que a selecção de Língua diz Português de Portugal. Já me queixei à Amazon anteriormente, mas nem sequer respondem. Envio-lhe imagem, que captei hoje para confirmar o disparate. Fica bem com a da GLS e prova o que se diz: o erro grassa mais rapidamente do que a correcção... e não tem graça nenhuma».
Pois não! Não tem graça nenhuma e demonstra uma tremenda ignorância, até porque nenhum cidadão português, nenhuma empresa portuguesa privada são obrigados a usar o AO90, havendo fundamentos legais e constitucionais que podem ser invocados contra a sua imposição ilegal fora das entidades públicas que, essas, optaram, por simples opção (também não são obrigadas) pelo AO90, que foi engendrado para destruir a Língua Portuguesa.
Que as entidades públicas optem por escrever incorretamente (transcrição fonética: incurrêtâmente) a Língua Portuguesa, a Língua de Portugal, e os tribunais nada fazem para repor a legalidade desse acto, é lá com eles. Que empresas que, à primeira vista, NÃO são públicas o façam, é de lamentar. Ou terão sido coagidas a fazê-lo? Num Portugal onde quem manda NÃO são portugueses, tudo é absurdamente possível!
Até quando?
Veremos, porque esta pouca vergonha não há-de durar sempre. E quando começar um a cair, caem todos, a começar pelo acordista-mor cá da República DOS Bananas Portugueses.
Isabel A. Ferreira
ATENÇÃO! Para que conste, e não vejam chifres em cabeça de Cavalo, devo dizer que segui a carreira de Caetano Veloso desde o início, em 1967, era eu ainda jovem, e, desde então, até aos dias de hoje, continuo a ser muito sua fã. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
***
O primeiro-ministro de Portugal justificou esta condecoração pelo afeCto e defesa da Língua Portuguesa, por parte do músico brasileiro, esquecendo-se que Caetano Veloso, em momento algum, cantou em Português ou defendeu a Língua Portuguesa, tão-só levou brilhantemente a música brasileira, cantada em brasileiro, por esse mundo fora, com a sua voz inconfundível, e, em Espanha, há cerca de uma semana, quando recebeu o Doutoramento “Honoris Causa” pela Universidade de Salamanca, NÃO fez uma defesa apaixonada da Língua Portuguesa, como disse António Costa, para justificar a condecoração. Caetano fez, isso sim, uma defesa apaixonada da sua própria Língua, a VARIANTE Brasileira do Português, que é a linguagem que ele usa para cantar.
Eu vi a reportagem, ontem, na SIC, e apeteceu-me atirar um vaso à televisão. Não porque Caetano Veloso não merecesse a condecoração. Afinal é um artista do mundo. Contudo, a justificação dada por António Costa foi obviamente uma afronta ao Povo Português, como se todos nós fôssemos parvos.
Fiquei, como é óbvio, indignadíssima. O primeiro-ministro de Portugal continua a puxar para cima a ainda a ser Língua Brasileira [para já é uma Variante Brasileira do Português] como se fosse Língua Portuguesa.
No Brasil ninguém condecora os nossoscantores, e sabem porquê? Porque NÃO levam a ainda a ser Língua Brasileira a lado nenhum, nem com afeCto, nem com desafeCto. Li no Portal do Fado que Amália Rodrigues, conhecida como a “Rainha do Fado”, a mais universal voz portuguesa, realizou as suas primeiras gravações no Brasil, por ocasião da sua segunda visita em 1945, e teve uma carreira, onde o Brasil esteve sempre muito presente, e, que saibamos, nunca recebeu uma condecoração do governo brasileiro por Mérito Cultural ou qualquer outro mérito (cliquem no link e leiam).
Com esta distinção, Caetano Veloso não fez mais do que entrar no jogo. Nunca ninguém lhe disse que ele nunca levou a Língua Portuguesa a parte alguma. Teve e tem um mérito enorme em levar a sua preciosa música, na sua preciosa linguagem, que dá um sabor tropical às sua melodias, por esse mundo fora.
Experimentem cantar O Leãozinho, em Português.
Se ele cantasse em Português NÃO seria o Caetano Veloso, nem O Leãozinho teria a musicalidade que tem.
Os nossos governantes continuam a prestar-se a fazer papéis de vassalos, o que não lhes traz prestígio algum, muito pelo contrário...
Condecorar Caetano Veloso pelo mérito de ser uma voz universal é plausível. Condecorá-lo pela defesa da Língua Portuguesa é uma falácia.
Isabel A. Ferreira
"É uma honra falar Português", disse Caetano Veloso, ao agradecer a condecoração. Será?
Seria, se ele, de facto, falasse Português.
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