… anda por aí a infectar a Língua Portuguesa sem que ninguém de direito tome urgentes medidas terapêuticas para o eliminar, estando a dar um prejuízo incalculável à Nação e a comprometer a saúde da Língua Pátria…
Portugal não tem de pagar esta conta.
Portugal não tem de pagar por este crime de lesa-língua e lesa-pátria.
Portugal não tem de encher os bolsos aos vigaristas, aos oportunistas, aos corruptos que por aí espalharam este vírus… maliciosamente...
(Um texto publicado em 24 de Maio de 2016, para recordar e reflectir).
Quem cometeu este delito terá de arcar com as consequências.
«Em Portugal, fazem-se estudos de "impacto" e de custo-benefício para tudo. Menos para o "Acordo Ortográfico" de 1990. Até hoje, ninguém sabe os custos da mudança. ("Tradutores contra o Acordo Ortográfico" de 1990)»
A pena mínima para os que cometeram este linguicídio será ficar com o prejuízo. A máxima, será a prisão, por um bom período de tempo, porque não é impunemente que se mata a Língua Pátria, se enxovalha o símbolo maior da Identidade de um Povo e se insulta a inteligência dos Portugueses.
Eça de Queiroz, um dos maiores estilistas da Língua Portuguesa, e também um visionário e um acérrimo crítico do sistema político da sua época, escreveu no seu livro «As Farpas», em 1872, algo que parece ter sido escrito em 2016 (ou talvez um pouco antes, em 2011) a propósito do que se passa em Portugal:
«Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesma baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal.»
Pois Portugal está em vias de ser riscado da Europa culta, pela decadência em que se encontra o símbolo maior da sua Identidade: a Língua Materna.
Nesse mesmo ano, Eça de Queiroz escreveu ainda:
«Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar a oposição. A Ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina do acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias. Todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos querem penetrar na arena, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis de gozos da vaidade».
Em Portugal não há ciência nem de governar, nem de coisa nenhuma. Anda-se à deriva, ao sabor de vontades alheias à vontade da esmagadora maioria dos Portugueses, dos sábios, dos lúcidos, dos entendedores do ofício.
Em 1867, no jornal por ele fundado, «O Distrito de Évora», Eça escreveu estas palavras actualíssimas, à excepção da primeira frase (que comento a negrito):
«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes (hoje, nem por isso), escrevem bem (hoje, é uma desgraça), discursam com cortesia e pura dicção (hoje, é o oposto), vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso. Governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência»?
É assim que há muito, tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos…
Há tanto tempo que até mete dó…
Precisamos dar um novo rumo a este país, que marca passo há tão longos e desditosos anos, e no que diz respeito ao vírus AO90 precisamos de eliminá-lo urgentemente, porque a Língua Portuguesa, europeia e culta, está gravemente enferma e em vias de perecer…
Isabel A. Ferreira
«Pois» - um texto publicado no Blogue de Fausto Brinhol, jornalista brasileiro, escritor, poeta, enxadrista, mestre em Reiki pelos sistemas Usui e Tibetano, alguém que, indignadamente, verbera contra o AO90, do outro lado do Atlântico.
Cá, deste lado, os Portugueses também verberam contra o AO90, que (façamos figas) tem os seus dias contados, dado que, sendo uma fraude comprovada, um Estado de Direito, como consta que Portugal é, não pode legitimar uma fraude, ou correrá o risco de se descredililizar perante o mundo (ou coisa pior).
Por Fausto Brignol
«Preocupado com as mudanças que estão sendo feitas na nossa língua, que perde, aos poucos, o sabor, remendada com gírias formadas em morros cariocas, desertos nordestinos, festas sertanejas paulistas e mineiras, e também nas escolas de todo o país onde uma exótica educação fonética é passada para jovens internautas imersos em brinquedos eletrônicos (electrónicos) e balbuciando uma novilíngua autorizada por seres especializados em sabotagem vocabular, dados a acordos de destruição ortográfica e todo o apoio ao falar minguado, mínimo, gaguejante, da manipulável massa informe de eleitores; seres que, se deixarmos, refletirão (reflectirão) a sua aculturada mentalidade anglófila colocando definitivamente um “z” no lugar do “s” de Brasil, porque, afinal, é assim que se diz, com som de “z”: Brazil com “z” ou Zé, tão propício aos negócios com outros povos que não entendem o “s” entre duas vogais, povos bárbaros que usam linguagem binária em suas sintéticas comunicações; prestigiados piratas que fizeram da pirataria a sua razão de ser e possuem todo o dinheiro do mundo para comprar toda a madeira da Amazônia (Amazónia) e todo o gado e todos os políticos e todos os insumos agricultáveis e toda a nossa pobreza mental e física, prostituída em férteis terras d’além-mar e toda a nossa cultura para ser jogada no lixo e substituída por chiados robotizados e musicalidade lacrimejante e pútrida, e preferem o português brasileiro rasamente simplificado, a língua codificada em verbos indeclináveis, o fim da acentuação tônica (tónica), porque mais que o ‘yes-no-question’, o ‘pega-lá-da-cá’, o ‘qual é o teu preço’ é demasiado para essas pessoas tão necessitadas de açambarcar o mundo para saciar a sua fome de poder e glória, resolvi entrar para um ou dois grupos virtuais de Portugal que protestam contra o Acordo Ortográfico, também chamado de AO90 ou o desacordo que propõe o discordês, provável mutação do dilmês ou do lulês, quem sabe do cardosês, e constatei que em Portugal, ao contrário destas terras onde tudo dá, muitos portugueses estão em consciente vigília.
Pois. Indignados, verberam contra o AO/90, pressionam céus e terras, principalmente terras, a sua terra, apoquentam os eleitos e corruptíveis donos daquele país que está sendo levado à bancarrota ou a uma rota de amizade com os banqueiros internacionais, preterindo o povo que nada sabe de acordos, mas de fome e desemprego, assim como na Grécia, Itália, Espanha, Irlanda – onde mais? Brasil? -, e, nesses grupos, reúnem-se os que se sentem ofendidos, despeitados, desrespeitados, posto que a ortografia não deve ser mudada à força devido aos interesses comerciais, a leis estéreis e artificiais, mas sofre ligeiras modificações no decorrer dos séculos, adaptando-se ao costume dos povos, assim como do espanhol derivou o português e suas alterações, diferenças, semelhanças e dissemelhanças ocorreram naturalmente nas ex-colônias (ex-colónias) da nação que conquistou grande parte do mundo com armas e barões assinalados, que, a partir da ocidental praia lusitana – como diz o vate, o bardo, o poeta maior da língua que ofendemos com ameaças de destruição – disseminou hábitos e fecundou culturas com o idioma ainda a tomar forma, a encontrar os corretos (correctos)vocábulos, a buscar expressão em frases conexas, o castiço vernáculo anunciando-se gramaticalmente, eruditos a esquadrinhar a adequada morfologia, a inquirir do discurso a sintaxe perfeita na tentativa da ortodoxia dos dicionários – último limite aos barbarismos, à errada grafia, aos vícios de linguagem, às invasões semânticas, aos truísmos, às dúvidas da prosódia.
Nas ex-colônias (ex-colónias) portuguesas, como Moçambique, Angola, Brasil, Cabo Verde, Açores, Guiné-Bissau, Timor Leste, Ceuta, São Tomé e Príncipe, Tanger, Ilhas Canárias, Ilhas de Santa Helena e Macau, a língua portuguesa disseminou-se e se impôs, graciosa e bela, imperialista e soberba, e mesmo depois das guerras de libertação e de independência permaneceu como a lembrar o último resquício luso em terras invadidas, a derradeira herança a nações que foram obrigadas a esquecer os dialectos (dialectos) nativos, tão nativos e impróprios para povos civilizados, e em cada um dos lugares libertos fisicamente reina a soberana língua como déspota esclarecida, permitindo a introdução de variações, mas sempre resguardando a hermenêutica pureza que permite a perfeita comunicação, apesar dos ataques eventuais de insidiosos sotaques caipiras.
Eis quê! Lá pela década de 1990, sábios muito sábios de Portugal, Brasil e alhures reuniram-se para tentar a uniformidade da língua escrita e consideraram imprescindível que os oito países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe) membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estabelecessem um acordo ortográfico, alegando razões pedagógicas e de comunicação entre os países lusófonos; para isso, sacrifica-se a etimologia em favor do critério fonético como a dizer que a língua organizada deve obedecer aos sons e não à estrutura etimológica em gigantesco salto em busca da linguagem primitiva, babélica e disforme, e cá no Brasil, terra do é dando que se recebe, aproveitando a carona do retrocesso cultural, doutos membros dos ministérios da Educação e da Cultura e talvez de outros ministérios menos cultos e educativos e, quem sabe, ancorados em opiniões ululadas no Palácio do Planalto, lugar onde inteligentes criaturas usam um falar taquigráfico, pretendem que o português vulgar – curiosa língua que vem sendo criada na terra onde quase ninguém lê ou estuda – seja considerado correto (correcto), uma vez que é tartamudeado pela imensa maioria do povo e a democracia estipula que a maioria deve mandar, mesmo quando está errada, e essa maneira de pensar prevê que a quantidade é superior à qualidade e se grande número de pessoas fala e escreve mal e, mesmo assim, consegue se expressar sem grandes impedimentos, o errado passa a ser o certo e estamos conversados.
Em defesa do Acordo Ortográfico, muitos intelectuais fisiológicos afirmam que se trata da evolução da língua que deve ser ratificada através das letras que a traduzem, o que, por certo, não respeita a verdade, pois não se pode considerar como evolução a destruição do sistema de ensino ou o curvar-se do Governo à ignorância generalizada ao ponto de prescrever que o assim denominado “português vulgar” – uma forma cibernética de falar e expressar, resultado de gírias, anglicismos e palavras de baixo calão – deve ficar no mesmo nível do que apelidaram de “português culto”, que nada mais é que a tentativa de falar e escrever corretamente (correctamente), o que se torna cada vez mais difícil, visto que a massificação passa necessariamente pela midiatização do povo, pela alienação das pessoas e pela degeneração dos valores culturais, mas há aqueles que preferem aceitar passivamente todas as barbáries e todas as leis, mesmo as mais controversas e ridículas, e vemos que o AO90 promulgado por decreto é uma imposição dos governos interessados e não uma conseqüência (consequência) da natural mutação da língua, o que pode ocorrer a cada século com uma ou duas palavras ou pouco mais, e é sabido que toda prescrição cultural exibe indícios de fascismo e nenhum povo pode ser considerado verdadeiramente livre quando até a ortografia da sua língua é resultado de cominação e coerção social.
Coerção, e não coesão ortográfica, como os arautos da escatologia da linguagem pretendem passar ao iludido povo alucinado por futebol e que tudo aceita, desde que receba a sua dose diária de samba, malandragem e planejada desinformação; e, na dúvida, que muitos chamam de atroz como se fosse de urgência as calmas e católicas certezas; na dúvida, mãe da transformadora dialética (dialéctica), entrei em contato (contacto) com portugueses que se sentem usurpados em seu direito natural de autores e guardiães da língua, lutando para que o AO90 seja revogado ou, pelo menos, que grande número de pessoas não use as novas regras do desacordo, assim como faço neste blog, e nessas conversas percebi que estamos unidos no mesmo objetivo (objectivo) e, ironicamente, desejando a retificação (rectificação) do discordês para que possamos continuar a escrever de maneira diferente palavras da mesma língua.
O que é sumamente agradável, mesmo que haja suave divergência sobre a apropriada forma de grafar certas palavras ou de usar ou não determinados acentos tônicos (tónicos), mas uma única língua falada e escrita por povos de diferentes heranças culturais sofrerá inevitáveis modificações que não podem ser rectificadas (rectificadas) à força, por decreto; ao contrário, obedecer-se a peculiaridades fonéticas e léxicas de nações distintas sem que a língua-raiz seja prejudicada em sua principal função, qual seja a de promover a compreensão respeitando a diversidade de expressão ortográfica, é o que consiste, de fa(c)to, em verdadeira democracia, embora os doutores da lei, imbuídos de majestática infalibilidade, acreditem que somente a eles cabe designar a obrigatória verdade, e o pior – se há algo pior em todo este imbróglio provocado pelo desnecessário AO90 – é a exploração demagógica, caso típico do governo brasileiro ao promover, incentivar e vulgarizar o erro com evidentes objetivos (objectivos) eleitoreiros, deixando claro que a divisão entre classes sociais também acontece na ortografia.
E se nada mais nos resta, além de protestar - protestemos, ora pois!»
Fonte:
http://fausto-diogenes.blogspot.com.br/2013/10/preocupado-com-asmudancas-que-estao.html
***
(Aviso: as palavras a negrito entre parêntesis são da minha lavra, para salientar que em Portugal escreve-se deste modo, e no Brasil de outro modo, e assim continuará a ser, cá e lá, independentemente da vontade dos acordistas, até porque o AO90 não está em vigor em parte alguma. Em Portugal é aplicado por mera ignorância, agora que já existe muita informação sobre a monumental fraude que envolve este "acordo" (IAF).
Os Portugueses estão cada vez melhores no Inglês? Nada mau.
Mas no Português estão cada vez PIORES! A falar e, principalmente, a escrever.
Lamentável. Muito lamentável!
E isto não diz muito do país que somos? Um país subserviente a tudo o que é estrangeiro? Língua, programas de televisão, modas e modismos, halloween’s, enfim… Portugal, actualmente, é feito de um povo pobre de espírito (não confundir com pobre em espírito)… Muito, muito triste!
Os portugueses estão cada vez melhores no Inglês. Quem o diz é a Education First (EF), tendo por base a mais recente edição do English Proficiency Index, em que Portugal aparece no 19.º lugar, à frente de países como República Checa, Grécia, Argentina, Índia, Espanha, França, Itália e Brasil.
O que não surpreende nada.
Em relação ao ano passado, a pontuação de Portugal subiu pontos. Contudo, a entrada directa da Eslovénia para o nono lugar fez com que Portugal caísse uma posição.
O mesmo índice revela que no Norte de Portugal se fala melhor Inglês do que no Sul, ainda que Lisboa surja em primeiro lugar, e que as mulheres também ultrapassam os homens.
Elaborado a nível mundial, o ranking avalia a proficiência linguística de pessoas cuja língua nativa não é a inglesa. A Europa domina os primeiros lugares, com Suécia, Holanda, Singapura, Noruega e Dinamarca a liderar.
Pois esta notícia seria muito interessante se os Portugueses fossem décimos nonos a Inglês e os melhores a Português.
Infelizmente, se Portugal é o 19º país que melhor fala Inglês, é também o ÚNICO país do mundo em que domina melhor uma língua estrangeira, do que própria Língua Materna.
Quem nos ganha a palma são os países africanos de expressão portuguesa, e Timor-Leste, que não aderiram ao escanzelado acordo ortográfico, que foi criado com o único objectivo de destruir a Língua Portuguesa.
Tenham vergonha na cara, senhores governantes!
Isabel A. Ferreira
Fonte da notícia:
https://executivedigest.sapo.pt/portugal-e-o-19-o-melhor-pais-a-falar-ingles/
… anda por aí a infectar a Língua Portuguesa sem que ninguém de direito tome urgentes medidas terapêuticas para o eliminar, estando a dar um prejuízo incalculável à Nação e a comprometer a saúde da Língua Pátria…
Portugal não tem de pagar esta conta.
Portugal não tem de pagar por este crime de lesa-língua, lesa-pátria e lesa-infância.
Portugal não tem de encher os bolsos aos vigaristas, aos oportunistas, aos corruptos que por aí espalharam este vírus… maliciosamente... Nem ser capacho de ninguém.
Quem cometeu este delito terá de arcar com as consequências.
«Em Portugal, fazem-se estudos de "impacto" e de custo-benefício para tudo. Menos para o "Acordo Ortográfico" de 1990. Até hoje, ninguém sabe os custos da mudança. ("Tradutores contra o Acordo Ortográfico" de 1990)»
A pena mínima para os que cometeram este linguicídio será ficar com o prejuízo. A máxima, será a prisão, por um bom período de tempo, porque não é impunemente que se mata a Língua Pátria, se enxovalha o símbolo maior da Identidade de um Povo e se insulta a inteligência dos Portugueses.
Eça de Queiroz, um dos maiores estilistas da Língua Portuguesa, e também um visionário e um acérrimo crítico do sistema político da sua época, escreveu no seu livro «As Farpas», em 1872, algo que parece ter sido escrito em 2016 (ou talvez um pouco antes, em 2011) a propósito do que se passa em Portugal:
«Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesma baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal.»
Pois Portugal está em vias de ser riscado da Europa culta, pela decadência em que se encontra o símbolo maior da sua Identidade: a Língua Materna.
Nesse mesmo ano, Eça de Queiroz escreveu ainda:
«Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar a oposição. A Ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina do acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias. Todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos querem penetrar na arena, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis de gozos da vaidade».
Em Portugal não há ciência nem de governar, nem de coisa nenhuma. Anda-se à deriva, ao sabor de vontades alheias à vontade da esmagadora maioria dos Portugueses, dos sábios, dos lúcidos, dos entendedores do ofício.
Em 1867, no jornal por ele fundado, «O Distrito de Évora», Eça escreveu estas palavras actualíssimas, à excepção da primeira frase (que comento a negrito):
«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes (hoje, nem por isso), escrevem bem (hoje, é uma desgraça), discursam com cortesia e pura dicção (hoje, é o oposto), vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso. Governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência»?
É assim que há muito tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos…
Há tanto tempo que até mete dó…
Precisamos dar um novo rumo a este país, que marca passo há tão longos e desditosos anos, e no que diz respeito ao vírus AO90 precisamos de eliminá-lo urgentemente, porque a Língua Portuguesa, europeia e culta, está gravemente enferma e em vias de perecer…
Isabel A. Ferreira
«Indignados, verberam contra o AO/90…»
Por Fausto Brignol
«Preocupado com as mudanças que estão sendo feitas na nossa língua, que perde, aos poucos, o sabor, remendada com gírias formadas em morros cariocas, desertos nordestinos, festas sertanejas paulistas e mineiras, e também nas escolas de todo o país onde uma exótica educação fonética é passada para jovens internautas imersos em brinquedos eletrônicos (electrónicos) e balbuciando uma novilíngua autorizada por seres especializados em sabotagem vocabular, dados a acordos de destruição ortográfica e todo o apoio ao falar minguado, mínimo, gaguejante, da manipulável massa informe de eleitores; seres que, se deixarmos, refletirão (reflectirão) a sua aculturada mentalidade anglófila colocando definitivamente um “z” no lugar do “s” de Brasil, porque, afinal, é assim que se diz, com som de “z”: Brazil com “z” ou Zé, tão propício aos negócios com outros povos que não entendem o “s” entre duas vogais, povos bárbaros que usam linguagem binária em suas sintéticas comunicações; prestigiados piratas que fizeram da pirataria a sua razão de ser e possuem todo o dinheiro do mundo para comprar toda a madeira da Amazônia (Amazónia) e todo o gado e todos os políticos e todos os insumos agricultáveis e toda a nossa pobreza mental e física, prostituída em férteis terras d’além-mar e toda a nossa cultura para ser jogada no lixo e substituída por chiados robotizados e musicalidade lacrimejante e pútrida, e preferem o português brasileiro rasamente simplificado, a língua codificada em verbos indeclináveis, o fim da acentuação tônica (tónica), porque mais que o ‘yes-no-question’, o ‘pega-lá-da-cá’, o ‘qual é o teu preço’ é demasiado para essas pessoas tão necessitadas de açambarcar o mundo para saciar a sua fome de poder e glória, resolvi entrar para um ou dois grupos virtuais de Portugal que protestam contra o Acordo Ortográfico, também chamado de AO90 ou o desacordo que propõe o discordês, provável mutação do dilmês ou do lulês, quem sabe do cardosês, e constatei que em Portugal, ao contrário destas terras onde tudo dá, muitos portugueses estão em consciente vigília.
Pois. Indignados, verberam contra o AO/90, pressionam céus e terras, principalmente terras, a sua terra, apoquentam os eleitos e corruptíveis donos daquele país que está sendo levado à bancarrota ou a uma rota de amizade com os banqueiros internacionais, preterindo o povo que nada sabe de acordos, mas de fome e desemprego, assim como na Grécia, Itália, Espanha, Irlanda – onde mais? Brasil? -, e, nesses grupos, reúnem-se os que se sentem ofendidos, despeitados, desrespeitados, posto que a ortografia não deve ser mudada à força devido aos interesses comerciais, a leis estéreis e artificiais, mas sofre ligeiras modificações no decorrer dos séculos, adaptando-se ao costume dos povos, assim como do espanhol derivou o português e suas alterações, diferenças, semelhanças e dissemelhanças ocorreram naturalmente nas ex-colônias (ex-colónias)da nação que conquistou grande parte do mundo com armas e barões assinalados, que, a partir da ocidental praia lusitana – como diz o vate, o bardo, o poeta maior da língua que ofendemos com ameaças de destruição – disseminou hábitos e fecundou culturas com o idioma ainda a tomar forma, a encontrar os corretos (correctos)vocábulos, a buscar expressão em frases conexas, o castiço vernáculo anunciando-se gramaticalmente, eruditos a esquadrinhar a adequada morfologia, a inquirir do discurso a sintaxe perfeita na tentativa da ortodoxia dos dicionários – último limite aos barbarismos, à errada grafia, aos vícios de linguagem, às invasões semânticas, aos truísmos, às dúvidas da prosódia.
Nas ex-colônias (ex-colónias) portuguesas, como Moçambique, Angola, Brasil, Cabo Verde, Açores, Guiné-Bissau, Timor Leste, Ceuta, São Tomé e Príncipe, Tanger, Ilhas Canárias, Ilhas de Santa Helena e Macau, a língua portuguesa disseminou-se e se impôs, graciosa e bela, imperialista e soberba, e mesmo depois das guerras de libertação e de independência permaneceu como a lembrar o último resquício luso em terras invadidas, a derradeira herança a nações que foram obrigadas a esquecer os dialectos (dialectos) nativos, tão nativos e impróprios para povos civilizados, e em cada um dos lugares libertos fisicamente reina a soberana língua como déspota esclarecida, permitindo a introdução de variações, mas sempre resguardando a hermenêutica pureza que permite a perfeita comunicação, apesar dos ataques eventuais de insidiosos sotaques caipiras.
Eis quê! Lá pela década de 1990, sábios muito sábios de Portugal, Brasil e alhures reuniram-se para tentar a uniformidade da língua escrita e consideraram imprescindível que os oito países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe) membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estabelecessem um acordo ortográfico, alegando razões pedagógicas e de comunicação entre os países lusófonos; para isso, sacrifica-se a etimologia em favor do critério fonético como a dizer que a língua organizada deve obedecer aos sons e não à estrutura etimológica em gigantesco salto em busca da linguagem primitiva, babélica e disforme, e cá no Brasil, terra do é dando que se recebe, aproveitando a carona do retrocesso cultural, doutos membros dos ministérios da Educação e da Cultura e talvez de outros ministérios menos cultos e educativos e, quem sabe, ancorados em opiniões ululadas no Palácio do Planalto, lugar onde inteligentes criaturas usam um falar taquigráfico, pretendem que o português vulgar – curiosa língua que vem sendo criada na terra onde quase ninguém lê ou estuda – seja considerado correto (correcto), uma vez que é tartamudeado pela imensa maioria do povo e a democracia estipula que a maioria deve mandar, mesmo quando está errada, e essa maneira de pensar prevê que a quantidade é superior à qualidade e se grande número de pessoas fala e escreve mal e, mesmo assim, consegue se expressar sem grandes impedimentos, o errado passa a ser o certo e estamos conversados.
Em defesa do Acordo Ortográfico, muitos intelectuais fisiológicos afirmam que se trata da evolução da língua que deve ser ratificada através das letras que a traduzem, o que, por certo, não respeita a verdade, pois não se pode considerar como evolução a destruição do sistema de ensino ou o curvar-se do Governo à ignorância generalizada ao ponto de prescrever que o assim denominado “português vulgar” – uma forma cibernética de falar e expressar, resultado de gírias, anglicismos e palavras de baixo calão – deve ficar no mesmo nível do que apelidaram de “português culto”, que nada mais é que a tentativa de falar e escrever corretamente (correctamente), o que se torna cada vez mais difícil, visto que a massificação passa necessariamente pela midiatização do povo, pela alienação das pessoas e pela degeneração dos valores culturais, mas há aqueles que preferem aceitar passivamente todas as barbáries e todas as leis, mesmo as mais controversas e ridículas, e vemos que o AO90 promulgado por decreto é uma imposição dos governos interessados e não uma conseqüência (consequência) da natural mutação da língua, o que pode ocorrer a cada século com uma ou duas palavras ou pouco mais, e é sabido que toda prescrição cultural exibe indícios de fascismo e nenhum povo pode ser considerado verdadeiramente livre quando até a ortografia da sua língua é resultado de cominação e coerção social.
Coerção, e não coesão ortográfica, como os arautos da escatologia da linguagem pretendem passar ao iludido povo alucinado por futebol e que tudo aceita, desde que receba a sua dose diária de samba, malandragem e planejada desinformação; e, na dúvida, que muitos chamam de atroz como se fosse de urgência as calmas e católicas certezas; na dúvida, mãe da transformadora dialética (dialéctica), entrei em contato (contacto) com portugueses que se sentem usurpados em seu direito natural de autores e guardiães da língua, lutando para que o AO90 seja revogado ou, pelo menos, que grande número de pessoas não use as novas regras do desacordo, assim como faço neste blog, e nessas conversas percebi que estamos unidos no mesmo objetivo (objectivo) e, ironicamente, desejando a retificação (rectificação) do discordês para que possamos continuar a escrever de maneira diferente palavras da mesma língua.
O que é sumamente agradável, mesmo que haja suave divergência sobre a apropriada forma de grafar certas palavras ou de usar ou não determinados acentos tónicos (tónicos), mas uma única língua falada e escrita por povos de diferentes heranças culturais sofrerá inevitáveis modificações que não podem ser rectificadas (rectificadas) à força, por decreto; ao contrário, obedecer-se a peculiaridades fonéticas e léxicas de nações distintas sem que a língua-raiz seja prejudicada em sua principal função, qual seja a de promover a compreensão respeitando a diversidade de expressão ortográfica, é o que consiste, de fa(c)to, em verdadeira democracia, embora os doutores da lei, imbuídos de majestática infalibilidade, acreditem que somente a eles cabe designar a obrigatória verdade, e o pior – se há algo pior em todo este imbróglio provocado pelo desnecessário AO90 – é a exploração demagógica, caso típico do governo brasileiro ao promover, incentivar e vulgarizar o erro com evidentes objetivos (objectivos) eleitoreiros, deixando claro que a divisão entre classes sociais também acontece na ortografia.
E se nada mais nos resta, além de protestar - protestemos, ora pois!»
(Aviso: as palavras a negrito entre parêntesis são da minha lavra, para salientar que em Portugal escreve-se deste modo, e no Brasil de outro modo, e assim continuará a ser, cá e lá, independentemente da vontade dos acordistas. (IAF).
Fonte:
http://fausto-diogenes.blogspot.com.br/2013/10/preocupado-com-asmudancas-que-estao.html
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