Isto dito (mais escrito do que dito) assim à acordês, é algo aparolado, sem nexo, porque uma coisa é o tempo de um verbo (pára), outra coisa é uma preposição (para), e outra coisa são duas preposições lado a lado…
Além disso, graficamente a frase fica mais feia do que um troll, e, linguisticamente, mistura-se alhos com bugalhos…
E nem sequer é a questão ah! (este ah não devia levar H, segundo a regra acordista) deduz-se na frase o que é para de parar e para preposição... deduz-se… E pronto, é assim!
Origem da imagem:
https://www.vortexmag.net/as-incoerencias-do-desacordo-ortografico/
Desconheço, por completo, o motivo que levou a inteligência acordista a retirar o acento agudo à terceira pessoa do indicativo do verbo parar – pára – que também entra em palavras compostas, como elemento designativo de aquilo ou aquele que protege ou ampara, por exemplo: pára-quedas, pára-raios, pára-lama, pára-vento, pára-choques…
Agora, segundo a inteligência acordista, estas palavras escrevem-se sem o acento agudo no A, e ficamos com algo que nos leva a coisas que servem para as quedas, para os raios, para a lama, para o vento, para os choques… (Pâra)
Retirou-se o acento agudo de pára (verbo) porquê? Qual o critério?
Alguém me explica? Por favor? Algum acordista que espreita o meu Blogue, pode informar-me? Algum professor brasileiro de Comunicação e Expressão (nome que, no Brasil, substituiu a designação da disciplina de Língua Portuguesa – até a este ponto o Brasil se distanciou de Portugal, e isto não é uma crítica) pode explicar-me?
É que li no Guia dos Estudantes Brasileiros esta explicação: os acentos diferenciais, que são usados para distinguir duas palavras iguais com significados diferentes, como por exemplo pára (do verbo parar) e para (preposição) deixa de existir nos seguintes casos:
Para (verbo); pelo (substantivo) – que se diferencia da preposição pelo (este é outro que tal: pêlo (penugem) pelo (contracção da preposição antiga per e do artigo ou pronome lo) e pelo (tempo do verbo pelar).
Mas atenção! A nova regra não se aplica para:
Pôde (do verbo poder no passado), que mantém o acento para se distinguir de pode, o uso do verbo no presente; pôr (verbo), que mantém o acento para se diferenciar de por (preposição).
Ora se pôr (verbo) mantém o acento para se diferenciar de por (preposição), por que raio é que pára (verbo) não mantém o acento para se diferenciar de para (preposição?).
Isto é uma aluna a perguntar aos acordistas: porquê? Qual o critério utilizado?
E não me venham com a aquela da colher e colher… com significado e pronúncia diferentes.
Uma coisa é colher substantivo feminino (culhér) – utensílio de cozinha), do francês cuillére.
Outra coisa é colher verbo (culhêr) – fazer colheita, do latim colligere.
Como distinguimos o substantivo do verbo numa frase?
«Fui colher laranjas e achei uma colher».
É que o verbo colher jamais será precedido por uma, à, a, esta, desta, como o substantivo colher.
E o que serve para o verbo colher, serve para os restantes verbos, como acordar. Daí pronunciar-se “acórdo”, quando dizemos acordo sempre para o mesmo lado… e “acôrdo”, quando dizemos este acordo ortográfico é uma estupidez. Etc..
Já para (preposição) e pára (tempo do verbo parar) precisa do acento diferencial, de outro modo as frases tornam-se confusas.
«Eu ia a caminho da escola quando ouvi aquele para, e assustei-me. Para para o quê? Ora para porque… sim, para para nada… foi uma brincadeira para te assustar…, disse o meu amigo, saindo de trás da árvore.»
Qualquer criança da Escola Básica com o básico de Português, ou um qualquer adulto, doutorado em Línguas, lê todos estes “pâras” deste modo: “pâra”.
Façam a experiência. E a intenção dos acordistas não foi simplificar? Pois não simplificaram nada.
Além disso, todas as Línguas cultas têm um visual elegante e harmonioso, e não atulhado de palavras sem sentido, desviadas das suas origens, mutiladas, as quais, juntas num texto, dá-nos a sensação de um cenário caótico, por onde passou uma ventania demolidora.
Alguém pode elucidar-me por que retiraram o acento de pára.
Isabel A. Ferreira
. O governo nem sequer para...