Recebi um comentário de alguém que vive numa bolha, pensando que, em Portugal, somos todos parvos; todos têm de seguir a cartilha brasileira; todos são cegos mentais; todos são servilistas.
O que aqui hoje me traz é esse comentário e a minha resposta, e o recado que a imagem abaixo transmite, e que diz dos parvos que acham (não pensam) que as crianças portuguesas são parvinhas como eles.
Fonte da imagem: «Um abortográfico sul-americano»
Pedro comentou o post O que é que o “Brazilian”, a Língua Portuguesa e o AO90 têm de comum? O enorme DESACORDO que geram entre os que defendem cada um desses “protótipos” linguísticos às 16:45, 18/05/2022 :
Aceite que dói menos! O AO veio para ficar e não há nada a se fazer. O português que vai prevalecer é o do Brasil. Ninguém, no estrangeiro quer falar como os portugueses. Não sei por que tanta revolta contra o português falado pelos brasileiros. Por exemplo, no caso do inglês, não vejo a Inglaterra se revoltando contra os EUA. Pelo contrário, os ingleses até consomem de bom grado cultura estadunidense. Aliás até as crianças portuguesas já estão adotando pronúncia e vocabulário brasileiros. Acho curioso, quando foi para Portugal definir seu idioma como sendo diverso do galego, as diferenças no falar dos portugueses não foram tidas como um problema. Aliás, vieram até a propósito para fundamentar essa diferenciação. |
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Este Pedro diz exaCtamente aquilo que outros pedros disseminam nas redes sociais e nos vídeos do YouTube, onde só encontramos estupidez.
E eu que
respondi-lhe comme il faut (de vez em quando, os galicismos encaixam-se bem nas frases), até porque se todos se calarem diante da estultícia, quem a proclama pode achar que está na posse da verdade.
Então respondi-lhe assim:
Quem vai ter de aceitar, por doer menos, são os Brasileiros que NÃO vêem um palmo adiante do nariz, apenas aqueles que NÃO vêem um palmo adiante do nariz. Aqueles que andam ILUDIDOS com esta coisa do “português brasileiro”, que NÃO existe.
O Português não precisa de prevalecer, porque o Português é o PORTUGUÊS, e Português só há UM.
O AO90 não veio para ficar, porque será atirado ao LIXO, quando menos esperarem.
Ninguém está revoltado com a Variante Brasileira do Português (a designação correCta), ou com o Brazilian, ou com o Brasiliano, ou seja lá o que for que vocês falam e escrevem. Essa vossa língua, DERIVADA do Português, É VOSSA. É só VOSSA. NÃO É NOSSA.
Só estamos revoltados com a imposição ILEGAL da MIXÓRDIA ORTOGRÁFICA gerada pelo AO90, engendrado no Brasil, pelo Antônio Houaiss, que DESLUSITANIZOU o Português, deixando este de ser português para ser brasileiro, imposição, essa, feita por políticos ignorantes e que sofrem de um monumental complexo de inferioridade, algo que só atacou, FELIZMENTE, uma fatia menor da sociedade portuguesa: a dos SERVILISTAS.
Que a Língua Brasileira PREVALEÇA. E façam muito bom proveito dela. E que seja a língua mais falada do mundo. Para já, chamam-na “portuguesa”, por questões meramente POLÍTICAS, mas a política pode MUDAR, de um momento para o outro, quando, no Poder, em vez de parvos, houver gente de SABER.
No estrangeiro, quem procura o Brasileiro, procura-o apenas para comunicar. E para eles tanto faz como tanto fez que seja Brasileiro ou Português, porque se eles quiserem aprender a Língua que fixa o PENSAMENTO, a Língua do SABER, estudam a Língua Portuguesa. E isto é um FACTO.
É como estudar o Americano e o Inglês. Quem quiser aprender INGLÊS, aprende a Língua Inglesa, e não o Americano. E ninguém nesses países está revoltado com o outro, porque os EUA NÃO impingiram o seu AMERICANO à Inglaterra, e mesmo que impingissem, os Ingleses JAMAIS aceitariam. Portugal aceitou, por intermédio de uma cambada de ignorantes e de complexados. Mas há os que resistem, e é através dos que resistem que a Língua Portuguesa NÃO entrará no Mundo das Línguas Mortas. Tem Angola, tem Moçambique, tem a Guiné Bissau, tem Timor, tem 90% dos Portugueses a DEFENDÊ-LA e a USÁ-LA, até nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, que rejeitam o AO90.
As crianças Portuguesas NÃO adoPtaram a pronúncia brasileira, fazem-no por BRINCADEIRA, porque acham PIADA “fálá brásilêru”. Mas quando têm de falar a sério, falam PORTUGUÊS. Não emprenhe pelos ouvidos, porque o que dizem por aí é mentchirinhá p’rá brásilêru ácrêdjitá.
E não venha para aqui misturar a VOSSA VARIANTE com o Português e o Galego, duas Línguas europeias irmãs, oriundas do Latim, porque NÃO HÁ mistura possível. O vosso Brasileiro é uma linguagem sul-americana, oriunda do Português, que, por sua vez é oriundo do Latim. Nada de misturar as coisas!
E não se ILUDAM, porque o AO90 será atirado ao LIXO. O Brasileiro, prevalecerá, e a Língua Portuguesa continuará a manter a sua DIGNIDADE de Língua Europeia.
E VIVA a Língua BRÁSILÊRÁ!
Isabel A. Ferreira
«Porque alguém decidiu, por gosto ou conveniência (falta saber quantos milhões de euros saiu do erário público), alterar determinados vocábulos, eis a Língua Portuguesa no seu melhor…»
Um texto de Amadeu Mata, que mata a pretensão dos políticos que nos desgovernam, e põe de rastos os seus muito leais e submissos seguidistas.
De leitura obrigatória.
Isabel A. Ferreira
Texto de Amadeu Mata
Porque alguém decidiu, por gosto ou conveniência (falta saber quantos milhões de euros saiu do erário público), alterar determinados vocábulos, eis a Língua Portuguesa no seu melhor…
A evolução da Língua Portuguesa, segundo os acordistas tem destas coisas.
Como já não somos o país que deu origem à Língua Portuguesa, a partir de agora vai ser assim:
No Brasil, final do século XIX, do ponto de vista político, interessou fazer uma simplificação abusiva do português, promovendo a diferença, aproximando-o do crioulo então praticado pelos analfabetos.
Depois de criados, o hábito de uma escrita desigual, agora é difícil conseguir um entendimento.
Com o argumento de que a esmagadora maioria pratica este português simplista, os políticos (outra vez eles) não se importam de colonizar a meia dúzia (10 Milhões) de falantes deste lado do Atlântico.
Não percebo como é que por um lado se privilegia a diferença, (são os mesmos), e por outro se elogia a uniformização.
Será que o Professor Malaca Casteleiro nunca ouviu falar na regra gramatical das consoantes mudas que servem para indicar que as vogais que as antecedem devem ser pronunciadas abertas?
Se não escrevermos o “c” em “director”, em vez de pronunciarmos “dirétor” teremos que pronunciar “dir’tor – “e” fechado e tantas outras palavras como por exemplo objectivo, activo, actual, etc., etc. ...
Porque se há-de tirar o ‘c’ da palavra “acto”? Para ficar “ato”, igual ao “ato” do verbo “atar”?
Por causa dos acordistas cortarem os “c” e os “p” a eito, deu origem a vocábulos inexistentes na Língua Portuguesa.
Recepção por (receção), decepção por (deceção) excepção por (exceção), espectador por (espetador)…etc., etc., palavras estranhas à Língua Portuguesa de Matriz indo-europeia.
“Facto” passar a “Fato”? – Não, o “c” até nem é mudo, pronuncia-se.
“Pacto” passar a “Pato”? – Não, nunca, o “c”, além de não ser mudo, pronuncia-se.
“De fato está cagado” e não “de facto o cágado”, ou “de fato é corruto” e não “de facto é corrupto”, ou passar a mão pelo pelo do cão e não “ passar a mão pelo pêlo do cão”.
Como poderemos distinguir os tempos presente e passado em formas verbais como “acabamos”, presente, e “acabámos”, passado, já que de uma assentada, os acordistas em todas as palavras acentuadas na penúltima sílaba retiraram o acento?
À conta do aborto ortográfico já anda por aí muito boa gente a pronunciar da mesma maneira as duas formas verbais, com a respectiva confusão inerente, e o manda-chuva do AO90, o SS cometeu este erro, numa entrevista dada à TVI e ficou admirado, por ter sido chamado à atenção, pelo entrevistador da “patacoada” pronunciada, isto só denota a falta de cultura, prepotência e respeito deste senhor.
Afinal, qual é o Património Imaterial mais importante de uma comunidade?
É seguramente, o instrumento de comunicação, a LÍNGUA, as pessoas de bom senso e carácter assim o reconhecem e exigem.
Os “iluminados” usam o argumento da palavra “pharmacia”, que passou a “farmácia”, para justificar o recente acordo ortográfico… Mas esquecem que essa grafia partiu de iniciativa nacional, e não externa, no ano de 1945!
Tratou-se de substituir o fonema grego PH, pela letra do NOSSO alfabeto latino F (com o mesmo som). [Fernando Pessoa escrevia pharmacia, mas Fernando, e não tinha razão de ser].
Também à revelia de todos, entre os quais os maiores especialistas da Língua, os escritores, os poetas e os “usuários” utilizadores da Língua em geral, fizeram alterações arbitrárias à maneira de escrever o Português, com a cumplicidade oportunista de muitos.
“Coscuvilheiro/a” passou a “Cusco/a”. “Coscuvilhice” passou a “Cusquice”. Isto é evolução.
Com o advento da informática e os computadores mais antigos a não reconhecerem correctamente os acentos, as pessoas habituaram-se a “esquecê-los”, sobretudo no serviço do “messenger”, do “MSN”, e nos velhinhos “Mirc” e “Chat”, que desconfiguravam os acentos, e o mesmo se verificava nos primeiros telemóveis no serviço de mensagens escritas.
Para poupar tempo e espaço, os mais jovens inventaram uma escrita estenográfica, que a maioria dos adultos não entende, mas ninguém condena esta tendência, a não ser quando se trata do ambiente escolar, obviamente!
Será isto evolução da língua, ou dentro de anos teremos como oficial uma escrita abreviada para algumas palavras: “Que” passará a “K”; “Quê” passará a “Ke”; “Porque” passará a “Pk”; “Porquê” passará a “Pke”; “Queres” passará a “Keres” ou “Kers”; “Achas” passará a “Axas” ou “Axs”; etc., etc., etc..
Foi um escândalo quando passou a constar a palavra “bué”, de origem africana, no Dicionário da Língua Portuguesa!
Considera-se uma aberração, mas quase todos se habituaram a dizê-la, mas há muita gente que não a diz nem a escreve, talvez apenas por não gostar mesmo da palavra. É considerada um africanismo, porque não? Isto é evolução.
A palavra “computador” apareceu no nosso dicionário há pouco mais de 25 anos, e é um estrangeirismo, anglicismo (“computer”). Isto é evolução.
Agora já temos, também no dicionário, “software” e “hardware”, anglicismos, que não conseguimos arranjar palavras em Português para adaptação. Isto é evolução.
Quase todos usamos, em informática, o sistema operativo “Windows”, e ninguém teve a ousadia de traduzir para “Janelas”, seria uma comédia. Isto é evolução.
Quando apareceram os “Compact Disc”, ainda houve algum tempo em que se pronunciava o anglicismo, mas passou a dizer-se naturalmente disco, e a designar-se o “velho” disco como “disco de vinil”, e depois agarrou-se o (ainda actual) “CD”. Isto é evolução.
Quando apareceram os filmes em CD de grande capacidade, designados “DVD”, ninguém tentou contornar o acrónimo e em todo o mundo diz-se DVD. Isto é evolução.
Muita gente não deve saber que a palavra “etapa” é um galicismo, estrangeirismo de origem francesa. Nas competições de ciclismo ninguém se dá ao trabalho de substituir esta palavra. Isto é evolução.
O que dizer dos anglicismos desportivos? Futebol, Basquetebol, Andebol, Voleibol (que já se diz e escreve Vólei), Hóquei, Ténis, Beisebol, Râguebi (que ainda há quem teime em dizer “reibi”, ou “reiguebi”). Isto é evolução.
Os espanhóis ainda se deram ao trabalho de traduzir algumas, como “Balomano”, “Baloncesto”, e nos Estados Unidos da América chamam ao verdadeiro futebol de “soccer” (lêem “sóquer”)! Manias.
No Brasil até se diz “futchibó” (eles chamam a esta palavra evolução)!
Tendo em conta a quantidade de povos e civilizações que passaram pela Península Ibérica e a povoaram, deixando vestígios ao nível da escrita e alguns ablativos, ninguém pode afirmar que a nossa língua ficou ou quer ficar estática.
Temos escrita alfanumérica de origem árabe e romana, palavras de origem árabe, castelhana, anglo-saxónica e africana, por exemplo, e agora querem chamar-nos de “velhos do restelo”, “atrasados”, “preguiçosos” por sermos uns chatos que não queremos “apagar” umas consoantes e uns “h” mudos, que nunca chatearam ninguém, quando afinal os brasileiros têm o “timi”, que escrevem “time” e dizem “tchimi”, um anglicismo (“team”), enquanto nós dizemos e escrevemos “equipa”, um galicismo (“équipe”); eles dizem e escrevem “copa”, um anglicismo (“cup”), enquanto nós dizemos e escrevemos “taça”;
Eles dizem e escrevem “torcida”, nós dizemos e escrevemos “adeptos”; eles dizem “vai ‘txi’ cátá”, enquanto nós dizemos “vai à merda”; eles dizem “panaca”, enquanto nós dizemos “panasca”, e afinal eles é que têm uma letra a menos!
Eles chamam de “galera” ao público dos concertos, nós usamos essa palavra no que se refere a camiões TIR!
E por falar em CAMIÕES, eles ainda dizem “CAMINHÕES”, que pode remeter para o verbo caminhar! Para esta palavra não quiseram acordo ortográfico!
Nós dizemos e escrevemos BILIÃO, que no nosso sistema de contagem vale muito mais que Mil Milhões, enquanto eles dizem “Bilhão” (que mais parece uma bilha muito grande), e lá, vale o mesmo que cá, Mil milhões! Para esta palavra também não quiseram acordo ortográfico!
Nós dizemos “stress”, embora escrevamos “stresse”, eles dizem “istressi” e escrevem “estresse”. Não quiseram acordo ortográfico!
Por acaso alguém deixou de escrever “Humidade”? “Hoje”? “Homem”? “Horta”? “Hábito”? Claro que não! Se eles omitem o “H” isto é lá com eles, mas respeitem as diferenças dos outros oito países de expressão portuguesa: Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor e até mesmo Macau e Goa.
Na palavra Egipto não se pode eliminar o “p”, porque se pronuncia! Todas as pessoas que se prezam, a pronunciam, se assim não fosse os seus habitantes não se chamariam Egípcios mas sim Egítios ou Egícios ou outro nome qualquer ao sabor dos acordistas.
FACTO e CONTACTO permanecem FACTO e CONTACTO, e não passará a “FATO”e CONTATO, como se vê escrito por toda a comunicação social, incluído no diário da república, jornal oficial do Estado, o que é muito grave, denota que os deputados da Nação e os correspondentes órgãos de soberania, estão-se nas tintas para a sua leitura, e como responsáveis deviam dar o exemplo, chamando à atenção para estas situações.
Já dizia Voltaire: “É muito perigoso ter razão em assuntos sobre os quais as autoridades estabelecidas (regime autoritário) estão completamente equivocadas.”
É muito perigoso ter razão quando se denunciam palavras substituídas por outras ao sabor dos acordistas, a saber:
Recepção por receção, e a palavra recessão!
Concepção por conceção, e a palavra concessão.
Etc., .etc. …
Quando o sábio aponta a Lua, os idiotas olham para o dedo... Isto para dizer o quê? Sempre que alguém divulga estes crimes de lesa-língua, as pessoas atacam o denunciador e deixam os infractores em paz, isso só acontece num governo de faz de conta mais os seus súbditos delatores.
Os verdadeiros responsáveis são os políticos e um sistema de justiça que apenas anda preocupado com os anjos e se têm ou não sexo....
Quem cala consente, é bem verdade, e quem vota nestes partidos acordistas ps e psd e cds e BE, que fazem isto há anos, é cúmplice.
O que eu penso é que este Acordo é uma grande merrda – com dois erres, que é como os brasileiros pronunciam!
O que faz sentido é respeitar a evolução das grafias dos vários países e plasmá-las no papel.
Segundo dizem os defensores do Acordo Ortográfico (aborto) ninguém é dono da Língua, mas sempre que o dizem (políticos) estão a tornar-se donos dela, com a agravante de o terem imposto à viva força (Estado, especial incidência à Educação).
Não sendo ninguém dono da Língua, é preciso respeitar as especificidades dos vários donos, a Língua é a coisa mais livre que há, façam o favor de não a aprisionarem.
Inventou-se um problema real que não existia, e enquanto não se acabar com ele, andaremos sempre a tropeçar e a viver nesta mixórdia inventada por analfabetos.
A verdade é só uma: fizeram o AO90 porque já havia o plano de encherem Portugal de Brasileiros e assim também é mais fácil para os estrangeiros aprenderem porque não há referências etimológicas — que agora se calhar até as consideram fascistas e autoritárias.
Isto é um produto deliberado da canalha miserável que governa este buraco — e da rataria subserviente que a apoia.
E só vai lá com uma guerra entre os bons e os maus.
A forma como falam os brasileiros é cheia de gerúndios, pronomes trocados e palavras desconhecidas. E é esta, a língua imposta aos portugueses…
Não quero ir ao dicionário quando comprar um produto para descobrir o que é “pimbolim”, cardaço, planilha, bate-papo, e muitos mais.
Como todo o processo da mixórdia ortográfica vem de gente analfabeta, que cozinhou toda esta esta tramóia, temos de acabar com este sistema de coisas que coloca o PODER ABSOLUTO nas mãos da Maçonaria e dos Partidos Políticos (constituídos maioritariamente por maçons), enquanto o Povo não passa da massa ESCRAVA que sustenta tudo isto.
Temos de acabar com o PODER CENTRAL, arrancar os Municípios das mãos da corrupção e entregá-los aos HOMENS BONS, sérios e honrados, que, juntamente com as famílias de cada Município, irão recolocá-los no caminho certo.»
Neste conturbado momento que o nosso País atravessa, quando as injustiças estão a vir à tona, em catadupa, como se não existissem Justos nem Justiça em Portugal, esta carta, de Amadeu M., dirigida a Augusto Santos Silva é uma daquelas pérolas raras, extremamente realista, a qual, se houvesse os tais Justos e Justiça em Portugal, depois da sua publicação, amanhã mesmo, os responsáveis pela mixórdia ortográfica portuguesa, imposta aos Portugueses, sem que lhes fosse pedida licença, os levaria a pedir a demissão, ou, no mínimo, mexer os cordelinhos para acabar com o AO90, como milhares de lusófonos desejam.
Bem sabemos que pedir a demissão de um cargo, que por um qualquer motivo, falhou nos seus objectivos, é algo para gente com espírito superior, com honra, e dotada de uma postura erecta. Contudo, tenhamos esperança de que, entre o joio político, exista um grão de trigo, que possa fazer rejuvenescer o trigal.
Esta carta é de leitura obrigatória, para todos os que abominam o capenga AO90, (para usar um termo brasileiro tão ao gosto dos acordistas).
Isabel A. Ferreira
Por Amadeu M.
«Excelentíssimo Senhor Ministro Augusto Santos Silva,
Na impossibilidade de o contactar, pessoalmente ou pelo endereço electrónico do ministério, venho por este meio notificá-lo e à sua filial governativa, (órgãos do poder, Presidente da República, Justiça e Parlamento), e todos os meios de comunicação social (Jornais, TV e Editoras acordistas) do seguinte:
A maioria dos portugueses está contra o AO90.
Todos temos “o direito à indignação”, frase muito na moda, proferida em tempos por alguém do seu partido (PS), pela falta de respeito e educação do Sr. e dos órgãos de soberania do poder instalado em Portugal, do extravasar das competências limitadas pela Constituição da República, da qual o mais alto magistrado da Nação devia ser o seu garante.
Nos meios académicos do país o AO90 é conhecido por “dialecto brasileiro”, “cartilha brasileira”, “aborto ortográfico”, “mixordês” e “mortografia”, etc., etc., imposto pelos órgãos do Governos de Portugal, com a concordância e prepotência do Exmº Sr. ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Isto foi feito à revelia de todos os homens do saber, por uma resolução do Conselho de Ministros, ao tempo do Sr. José Sócrates para que os portugueses, principalmente as crianças em idade escolar, aprendessem a escrever uma língua estranha, imposta a todas as escolas e instituições do Estado.
O AO90 e todo o processo de o tornar válido pelo Sr. Ministro e o seu partido PS, BE, PSD e o CDS, excepcionando o PCP (cuja posição continua dúbia) de que são acérrimos defensores, ficou pela fase da ratificação dos países signatários, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor!
O Sr. ministro, Augusto S. Silva, como guardião-mor deste “aborto ortográfico” fez questão de, em Janeiro de 2016, afirmar em público e aos órgãos comunicação social:
«Angola e Moçambique estão prestes a ratificar o acordo, é uma questão de tempo», (frase repetida de tempos a tempos para calar as vozes discordantes).
Sr. Ministro, passados cinco anos, a tal ambicionada ratificação por si desejada e pela sua filial, está por executar, e como deve saber, (o Sr. e os órgãos de poder sabem de certeza) nunca será ratificado, por isso é que criaram em 2004 um 2º protocolo modificativo ao Tratado inicial, para tornear o problema, (necessidade absoluta e urgente de o por em prática, sem o consentimento dos outros signatários do tratado).
Angola, Moçambique, Guiné e Timor dizem que o AO90 firmado com o Brasil, é uma autêntica vigarice, está cheio de incongruências e excepções, é mentiroso, criminoso, completamente inútil, patético e, acima de tudo, é ilegal.
Só o Sr. Ministro e a sua filial governativa e os seus membros acordistas acham que não, e vá-se lá saber porquê! Resta saber se ouve dinheiro a passar por baixo da mesa.
Como o povo não é burro, com o devido respeito que se tem pelo “burro”, há muitos interesses obscuros por trás desta tramóia.
O tratado original do chamado Acordo Ortográfico de 1990, garantia que o mesmo só entraria em vigor quando todos os intervenientes o ratificassem na sua ordem jurídica.
Essa intenção foi reafirmada em protocolo modificativo de 1998.
Em 2004, há um segundo protocolo modificativo, em que o governo português, inquietado por tanta demora, (os signatários do tratado não o ratificavam), afirmou:
“Basta haver a ratificação de três países para que o acordo [aborto] entre em vigor”.
Não é preciso ser um génio da jurisprudência para detectar aqui um abuso de poder e má-fé, da parte do poder político.
Como permitir que o segundo protocolo tenha força de lei se ele nem sequer foi ratificado por todos os países?
O resultado está à vista de todos, é o caos ortográfico instalado em todas as instituições do Estado com a gravidade inerente, em tornar a língua numa autêntica mixordice, afastando-a da matriz culta indo-europeia, e obrigatória às crianças em idade escolar, sob coacção, a todos os professores de ensino.
Como alguém escreveu, um caos “tecnicamente insustentável, juridicamente inválido, politicamente inepto e materialmente impraticável”.
E como não há lei alguma que o sustente, nós, pessoas de bem e de carácter, continuamos a escrever correctamente de acordo com a Lei em vigor.
O Sr. e os seus, queriam ou querem uma mera unificação da ortografia em todo o espaço lusófono, e deixar tudo como está, ou melhor tudo como foi feito, agredindo barbaramente a etimologia das palavras, com o propósito de tornar a ortografia portuguesa numa autêntica “mixordice”.
Ninguém percebe esta sua obstinação e a precipitação dos políticos do país.
Sujeitamo-nos agora à vergonha de Angola e Moçambique, Timor-Leste, Guiné Bissau, não aceitar o acordo porque têm demasiado respeito pela Língua Portuguesa!
Quando as Resoluções do Conselho de Ministros são de lesa-pátria, o mínimo que se pede é a desobediência civil.
Ainda bem que há tantos portugueses que não foram no engodo, não ficaram cegos só porque o Sr. e os seus membros acordistas lhes disseram que «está na lei», e ninguém sabe que lei é essa.
Parece que os tempos mudaram, dando a entender que cada qual faz o que bem lhe apetece.
O país já não é de analfabetos, como o Sr. e outros da sua classe querem que seja, embora, com este aborto, queiram fazê-lo regredir para esses tempos de atraso.
O que vemos escrito em textos oficiais, jornais e televisões para nós é uma autêntica vergonha nacional.
O Sr. Ministro devia saber, que na nossa “democracia”, a justiça, as garantias individuais e as leis obedecem a uma série de formalismos e burocracias, são dispendiosos (de iniciativa particular e privada) cuja observância, cega, é mais importante dos que as garantias legais, sociais e pessoais dos cidadãos; nomeadamente de não discriminação em função da situação económica, grau de instrução, capacidade física e intelectual.
Isto porque os despachos normativos e seus formalismos são feitos para permitir estas infâmias, em que o Sr. e o seu Governo são mestres neste tipo de situações.
Estamos perante um Governo de “faz-de-conta”.
Tudo isto acontece apesar de o governo ser de “esquerda”, socialista ou de centro de direita ou esquerda, como gostam de ser chamados.
Citando Guerra Junqueiro:
«Partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogo nas palavras, idêntico nos actos, iguais uns aos outros como metades do mesmo zero, pela razão que alguém deu no Parlamento de não caberem todos de uma vez na mesma sala de jantar…».
Raios partam todos os abutres, vampiros malditos, instituições e os governos que lhes oferecem, de bandeja, as leis e os formalismos (e a inércia das instituições) que permitem a estes vampiros alimentarem-se da destruição da sociedade (a começar pelos valores).
Perdeu-se a noção de norma, aliás com a vossa preciosa ajuda, meteram a colher onde não são chamados, criaram uma coisa a que chamam de AO90, como se fosse um conceito científico - o de "pronúncia culta" para justificar a pseudo aproximação da ortografia à oralidade com o Brasil.
O resultado está à vista de todos, com excepção da inteligência suprema do Sr. Ministro e do governo de um país chamado Portugal, escrevem uma panóplia de vocábulos estranhos à Língua Portuguesa de matriz culta indo-europeia, provenientes dos vários dialectos que se fala no Brasil.
Os exemplos seguintes demonstram a estupidez e o ridículo a que isto chegou.
O país mergulhado num completo “anarquismo ortográfico” (não se sabe o que é certo ou errado), palavras que vão minando a aprendizagem nas escolas, onde as nossas crianças em idade escolar são obrigadas a ler e a escrever:
parabenizar, contato, cidadje, falço, sobrescrite, descaçámos, desfitava, exchefe deceção, registro, reptis, efeituar, abatises, galera, esporte, bilhão, sobetas, esporte, águaardente recetáculo, ruinas , escaço, assignadas, deslisa etc., etc., etc…etc..
E tantos outros disparates, que é impossível enumerá-los a todos.
Erros, em qualquer parte, são erros, insistir nos erros é pura estupidez.
Na ortografia portuguesa, com o mais alto beneplácito dos deputados, Presidente da República e tribunais, um erro passou a ser uma verdade indiscutível.
Está-se a perder cada vez mais a noção do que é certo e do que é errado, e cai-se no ridículo do absurdo.
Os juízes do tribunal constitucional são nomeados pelos partidos. Existem juízes da (relação, supremo e constitucional), de todas as cores partidárias. A justiça ao arbítrio da política.
O que esperar dos tribunais, quando os juízes são nomeados pelo partido do governo? A nosso ver, responda quem souber.
Escrevem alegremente em “acordês”, ou melhor, em “mixordês” que se está a generalizar em todo o espaço português, tornam-no obrigatório nas escolas e nas instituições do país.
Afinal que sentido de Estado?
Será possível confiar no Supremo Tribunal, no Tribunal Constitucional ou no TEDH (Tribunal Europeu dos Direitos do Homem) onde o Estado português tem sido um réu permanente e condenado repetidas vezes?
Está na cara! Toda a gente sabe! Toda a gente vê! É o que diz o povo. Só não vê o Sr. ministro dos Negócios Estrangeiros e a sua filial governativa e os seus membros delatores (Presidente da República, Parlamento, tribunais, jornais, editoras e TV) da república das bananas!
E, nestes casos, não há garantias constitucionais que nos valham, porque ninguém respeita a Constituição, nem mesmo o Sr. Presidente da República, que diz ser o seu garante.
A forma ardilosa com que as instituições judiciais pretendem, neste caso, dar cobertura e protecção aos criminosos, é antiga e muito utilizada em Portugal:
Consiste no arrastar dos processos, na morosidade da justiça, invocando falta de meios, quando o que existe, de facto, é manipulação e falta de “vontade” de actuar.
Um outro factor importante são os testemunhos utilizados para este efeito.
Não tenho dúvidas de que indiciam ser fabricados e obtidos com promessa de protecção para o envolvimento (os crimes) dos seus autores.
Isto só é possível porque nos Tribunais, todos os dias se mente e ninguém é condenado por perjúrio.
Além disso, dentro das instituições, são tolerados todo o tipo de falhas, devidas à incompetência e/ou premeditação; isto é: só existe tolerância absoluta para a incompetência, com que se auto-desculpa a premeditação.
Contudo, torna-se ainda mais complicado confiar nos 230 deputados que compõem a AR, porque 206 são maçónicos, os outros 24 são o que são, ou melhor, são aquilo que quiserem ser!
Quem sabe, por que razão o Sr. Presidente da República, como ilustre professor e jurista, não determina a sua abolição?
O mais alto magistrado da Nação, o Sr. Presidente da Republica, com todos os instrumentos constitucionais que tem ao seu dispor, nada faz, ou melhor, nada tem feito para pôr cobro a esta situação, e faz do assunto “ouvidos de mercador”.
Questionado pelos os órgãos de comunicação social sobre o AO90, prontamente respondeu, como é seu cariz, ser um “não-assunto”, perfilando-se ao lado do Sr. Ministro e do Governo.
Que lástima Sr. Presidente, que falta de senso e carácter!
Não se espere que isto melhore, não existe ninguém que tome uma atitude firme e séria, o mixordês avança, afasta cada vez mais a Língua Portuguesa da sua matriz culta indo-europeia!
E para que se saiba que toda a gente sabe! Como deve ser! Já se passaram dez anos, tudo continua na mesma, apesar da gravidade e da verosimilhança das denúncias.
Isto tem de ter um fim, para bem de todos nós e do País que nem país é com este tipo de democracia, num “Estado de direito democrático”, frase muito ao gosto do poder político.
Portugal, é conhecido lá fora como sendo um país de brandos costumes, e onde os governantes não tomam decisões importantes, para corrigir o que está mal.
O “aborto ortográfico”, foi feito por meia dúzia de imbecis, à pressa e às escondidas, ao serviço dos propósitos políticos, ligados à maçonaria, e a ortografia portuguesa começou a ficar em farrapos.
Os professores sob coacção, e não coação, (acto ou efeito de coar, os brasileiros assim escrevem) palavra muito utilizada pelo Sr. e pelos seus acólitos (jornais, televisões e outros meios de comunicação social) iniciaram nova aprendizagem dos vários dialectos, transmitindo-os às criancinhas em idade escolar, desprezando deste modo a Língua Portuguesa de Matriz Culta Indo-Europeia.
Desde 2011, está instalado o caos ortográfico em Portugal! e tudo isto podia evitar-se, desde que houvesse gente poderosa para o evitar.
Os idiotas, são sempre idiotas, não conseguem ver o que é óbvio, ou se o vêem fazem questão de não o ver, sentem-se realizados por uma coisa qualquer, a destruição do Património Cultural Imaterial de Portugal”, a Língua Portuguesa de matriz culta indo-europeia
Vejam, as palavras acentuadas na penúltima sílaba, como devem ser escritas e por via do “mortográfico” deixaram-no de o ser:
Como deve ser escrito está a negrito.
Entre parêntesis, por via do AO90 é como passou a ser escrito.
pára (para)
móveis (moveis)
úteis (uteis)
fácil (facil)
ordinário (ordinario)
miséria (miseria)
míssil (missil)
ágil (agil)
alcançável (alcançavel)
capitólio (capitolio)
Etc., etc., etc., etc., é impossível enumerar todas, pois só os idiotas, por serem idiotas, é que escrevem desta forma e obrigam a escrever aos demais!
Um país em que a classe política da “república das bananas” pactua com estas anomalias vai destruindo a LÍNGUA Portuguesa de matriz culta indo-europeia muito rapidamente e em força.
O que se pode chamar a isto, senão uma absoluta incompetência?
Na nossa opinião, seria matéria clara para o Tribunal Constitucional, mas como acreditar, se ele próprio escreve em “mixordês”?
Não convém esquecer a violação grosseira, cometida com requintes de bestialidade primitiva, ao simples acto despótico da política.
Irrita haver gente favorável às modas, quando são as modas que conduzem o rebanho, e já basta o que basta, quanto mais ouvir os "méeee" concordantes.
Outro dos problemas do actual “aborto” é que grande parte dos seus paladinos não fazem a menor ideia de como aplicá-lo, precisamente porque é uma autêntica “mixordice”.
Confunde-se dicção com fonética, fixa-se a ortografia com base na fala apenas.
Em termos práticos, a tão apregoada mudança da língua (os defensores valorizam a mudança, confundindo mudança com evolução) começa a ser operada da má escrita para a fala, e não da fala para a escrita.
Só mesmo alguém muito poderoso e com coragem para enfrentar este grupelho sem escrúpulos é capaz de acabar com esta “lama” de vez!
O esquema está tão bem montado e encruzilhado, que nem com um 25 de Abril idêntico ao que houve, se conseguiria deitar abaixo esta máfia!
Uma força muito mais poderosa do que a da ditadura do Salazar!
O único meio não seria começar a desvendar as trafulhices que levaram Portugal à ruína e também daí recuperar o dinheiro que foi roubado neste tipo de situações? Ou confiscar as empresas (jornais, TV e outras) que teriam recebido subornos ou ajudas por baixo da mesa e saber quem serão os próximos a serem denunciados?
Sr. Ministro, para terminar, Portugal será como o Sr. e a sua filial governativa querem que seja: pobre, moribundo, corrupto e traiçoeiro, e de um povo de emigrantes e sem valores.
Homenagem seja feita a Vasco Graça Moura, que tanto lutou contra “esta horda de imbecis” [expressão dele].»
Amadeu M.
Todos sabemos que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, encabeçado pelo Brasil e assinado por sete países em 2006, é a maior fraude de todos os tempos.
E porque a revogação deste acordo, que nasceu aborto, se impõe cada vez mais, deixo aqui algumas questões levantadas por Paulo Martins, num comentário ao texto
que exigem resposta clara e urgente por parte das autoridades portuguesas.
Se Cabo Verde adoptou o "crioulo" como língua oficial, continuará a ter estatuto de PALOP?
No que concerne ao inenarrável IILP (http://iilp.cplp.org/), e restante "estrutura linguística" da também inenarrável CPLP, continuará a ter sede em Cabo Verde? Se sim, que sentido faz?
Na prática o IILP deveria chamar-se IILB (Instituto Internacional da Língua Brasileira).
Já agora, os contribuintes portugueses continuarão a sustentar com milhões de euros anualmente este país insular, numa época em que Portugal sofre tantas carências a nível educativo e de saúde?
Exigirão oficialmente as autoridades portuguesas a desvinculação formal de Cabo Verde do tratado de acordo ortográfico, ou fica tudo bem assim como está?
O AO90 é também ele uma enorme ilegalidade que assenta em pressupostos ilusórios e ilegais. Parece que a lusofonia se está a desintegrar, mas o governo e o PR Marcelo "das selfies" fingem que não sabem e persistem teimosamente em manter o AO90, que tão lesivo é para Portugal e a Língua Portuguesa. Enfim, insistem em manter esta lusofábula.
Paulo Martins
***
Estava marcada para hoje, a discussão da revogação do AO90, no Brasil.
Se o Brasil revogar o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), todos os países da dita lusofonia, sairiam a ganhar, e acabava-se de uma vez com este jogo nada limpo, porque, como já se sabe, o AO90 é uma fraude, e não existe, de facto, no Direito Internacional.
Cabo Verde já não pertence à lusofonia, porque adoptou o Crioulo Cabo-verdiano como Língua Oficial. O Português é língua estrangeira.
São Tomé e Príncipe não o aplicou. A Língua dominante em São Tomé é o Francês.
No Brasil, apenas uma minoria sabe o que é o AO90, e não é aplicado pela maioria.
Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste não querem saber de acordo algum.
Em Portugal, devido à imposição ilegal e inconstitucional do AO90, a contestação à sua aplicação é enorme, e apenas um grupo restrito o aplica, ou por ignorância, ou por servilismo ou por mera chantagem. Na verdade, a maioria do povo português nem sabe o que isso é. e os que o seguem, seguem-no por simples vocação para o seguidismo.
De modo que revogar o AO90 é a atitude mais inteligente.
Isabel A. Ferreira
«O Acordo Ortográfico é uma aberração. É estúpido e não deixa pensar» (Maria do Carmo Vieira).
Ontem, no espaço de comentário do Jornal das 8, da TVI, Miguel Sousa Tavares analisou os 10 anos em que Portugal se viu atrofiado pelo Acordo Ortográfico de 1990, imposto a quase toda a Administração Pública, às publicações no Diário da República, bem como a todo o sistema de ensino (público, particular e cooperativo) pela Resolução do Conselho de Ministros (RCM) nº 8/2011 (ilegal e inconstitucional) e NÃO por decreto, conforme referiu o jornalista Pedro Pinto, porque a RCM não tem validade de lei. Tem a natureza jurídica de um regulamento administrativo, e um regulamento ou uma RCM não são decretos. (***)
Professora Maria do Carmo Vieira, em entrevista á TVI
Ver vídeo da entrevista aqui:
https://www.facebook.com/watch/?v=469570420450454
A entrevistada foi a Professora Maria do Carmo Vieira, numa altura em que se conclui que Portugal poderá ser o único país a usar a grafia imposta aos Portugueses em 2009. Maria do Carmo Vieira é uma grande defensora da Língua Portuguesa, que pediu a reforma antecipada, como recusa ao ensino de disparates aos seus alunos; e Miguel Sousa Tavares (anti-acordista) fez de Advogado do Diabo, uma vez que nenhum acordista teve a coragem e a hombridade de dar a cara e ir ao programa defender o que, ficou ontem bem claro, é indefensável, até porque, se fosse defensável, pelo menos um acordistazinho teria aceitado o convite, e dito de sua justiça.
O MPLP (Movimento em Prol da Língua Portuguesa) congratula-se com esta iniciativa da TVI, esperando que ela sirva para esclarecer os menos esclarecidos deputados, que ainda não se aperceberam de que insistir no erro, é muiiiiito insano.
Porém, por falta de tempo ou por simples esquecimento, ficaram por dizer algumas coisas importantes, e outras foram mal esclarecidas.
Para Miguel Sousa Tavares, assumidamente contra o Acordo Ortográfico, sobretudo desde 1991, (e para todos os defensores da Língua Portuguesa) a assinatura de acordo com outros países, no Brasil, que veio a definir o novo acordo «é um dos maiores casos de abuso cometidos na nossa democracia», e Portugal poderá ser o único país a usar o acordo ortográfico.
Uma maravilha! Não é? Parvamente sós. Como sempre.
«Todos teremos a ganhar com o não destroçar a Língua Portuguesa», afirmou Maria do Carmo Vieira, admitindo que o Acordo Ortográfico «é estúpido e não deixa pensar». Nesta entrevista, Maria do Carmo Vieira refere ainda que só não vê isto quem não ama verdadeiramente a Língua Portuguesa, que é o caso dos envolvidos nesta farsa.
Miguel Sousa Tavares afirmou, numa declaração de interesses, antes de continuar para a entrevista conjunta, com Pedro Pinto, a Maria do Carmo Vieira, que «cinco senhores, que não tinham nada que fazer, queriam ir ao Brasil à Academia das Ciências, precisavam de um pretexto, e o pretexto foi fazer um Acordo Ortográfico com o Brasil, que o Brasil não tinha pedido e impingiram-nos isso à força».
Não foi bem assim, Miguel Sousa Tavares.
Segundo uma investigação do Jornal O DIABO, publicada em 05/12/2015, sob o título O Negócio do Acordo Ortográfico que pode ser consulta na íntegra neste link:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-negocio-do-acordo-ortografico-172469
diz-se que «O projecto (AO90), nascido da cabeça do intelectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o início um empreendimento com fins lucrativos, apoiado por uma poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portugal.
Portanto não foram cinco servilistas que quiseram ir ao Brasil, mas sim, o Brasil, através de Antônio Houaiss é que chamou os servilistas portugueses, para a tal negociata. E Portugal, na mais profunda demonstração da sua vocação para a subserviência, aceitou o negócio, sem pestanejar.
O texto do Jornal SÁBADO mostra, preto no branco, a negociata (mais do que negócio) do AO90, que conduziu à decadência da Língua Portuguesa, apenas porque uns tantos “intelectais” (o termo é mesmo este) mercenários decidiram pôr sete países (Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde (que adoptou o Crioulo Cabo-Verdiano como Língua Oficial, e a Língua Portuguesa como língua estrangeira, assim é que é Miguel) São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), que mantinham uma ortografia normalizada, clara e escorreita, a grafar à brasileira. Daí que Cabo Verde tenha adoptado o Crioulo Cabo-Verdiano como Língua Oficial, e a Língua Portuguesa como língua estrangeira (assim é que é Miguel).
E, se bem que nada tenhamos contra a grafia brasileira (e que isto fique bem claro) que pertence unicamente ao Brasil e aos Brasileiros, e faz parte da norma linguística da Língua (oriunda da Língua Portuguesa) que os políticos brasileiros escolheram para o Brasil, não podemos aceitá-la como nossa, porque além de não ser nossa, retira Portugal do seu contexto Europeu, uma vez que a Língua de um Povo é a sua identidade, e nós não somos brasileiros.
Maria do Carmo Vieira referiu, e muito bem, que a ortografia é uma norma, e não pode ser decretada. Poderia ter acrescentado, aquando da alusão do Miguel em relação às consoantes mudas, que elas, lá por não se lerem, têm uma função diacrítica, e ainda que haja uma geração de crianças, que foram enganadas e lhe impingiram o AO90, e a escrever incorreCtamente a sua Língua Materna, elas, se vão para a escola, é para APRENDER. Logo, se se disser a essas crianças (como eu já disse) que andaram a ser enganadas, e que a partir de agora irão aprender a escrever correCtamente o Português, a Língua delas, que é para isso que estão na escola, e se lhes perguntar qual das grafias preferem, elas dirão em coro, que preferem aprender a Língua Portuguesa com todas as letrinhas nos respeCtivos lugares, porque é a Língua delas. Porque, como disse e muito bem, Maria do Carmo Vieira, que AMA a Língua Portuguesa, aprender correCtamente a nossa Língua ajuda a pensar.
Ora aqui é que está o grande problema: aos governantes portugueses não interessa um povo que saiba pensar, por isso obrigam as crianças a escreverem "incorrêtamente", para que não venham a ser adultos PENSANTES, mais difíceis de serem subservientes.
Os coordenadores do MPLP
Isabel A. Ferreira
Francisco João Da Silva
(***) Para mais informação sobre a inconstitucionalidade e a ilegalidade da RCM nº 8/2011, sugerimos a leitura dos textos inseridos nos seguintes links:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/comunicado-no-2-do-movimento-em-178490
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/comunicado-do-movimento-em-prol-da-176592
Para os menos informados, aqui também deixamos a sugestão de dois livros absolutamente imprescindíveis, para se compreender a ABERRAÇÃO do AO90, de que falou a professora Maria do Carmo Vieira, porque hoje, só é ignorante quem quer, e o ignorante optativo é o pior dos ignorantes:
- O Acordo Ortográfico de 1990 Não Está em Vigor – Prepotência do Governo de José Sócrates e do Presidente Cavaco Silva, do Embaixador Carlos Fernandes (Licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa – Guerra e Paz Editores
- Por Amor à Língua Portuguesa – Ensaio genealógico-filológico, científico-linguístico e pedagógico-didáctico, visando a superação crítica do actual Acordo Ortográfico / 1990, de Fernando Paulo Baptista (Filólogo em Humanidades Clássicas pela Universidade de Coimbra) – Edições PIAGET
Hoje, em Portugal, são muitos aqueles que não sabem escrever correCtamente a sua Língua Materna. Desde o menino da escola primária, aos que podem e (des)mandam no Parlamento Português. Contudo, existem muitos mais a escrever como deve ser.
E anda por aí o Instituto Camões a vender gato por lebre e a dizer que “Há um crescimento generalizado da Língua Portuguesa em diferentes latitudes», e isto não corresponde à verdade. A verdade é que andam por aí a chamar Português, a uma linguagem que se grafa à brasileira, distanciada da matriz greco-latina, de que o Português europeu é originário, e, portanto, já deixou de ser portuguesa.
Origem da imagem: https://twitter.com/100penemcabeca
A língua que se grafa por aí, promovida pelo inúteis Instituto Camões e Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), entre outras entidades e governantes, presidente da República e ministro português dos Negócios DOS Estrangeiros incluídos, que estão ao serviço da Brasilidade, é exclusivamente brasileira, à excepção dos hífens e acentos que, com o AO90, são comuns a ambos os países: Brasil e Portugal, e algumas palavras, que no Brasil se grafam correCtamente, e em Portugal grafam-se à parvo, como receção, exceto, aspeto, espetador (por espeCtador), ótico (por óPtico) enfim, uma parvoíce inacreditável.
O ministro dos Negócios DOS Estrangeiros, Augusto Santos Silva (uma espécie de kapo de serviço, para a Destruição Total da Língua Portuguesa (DTLP), apontado para continuar o "trabalho" de aniquilar a Língua no próximo Governo, e esperemos que já lá não esteja, por ser o principal propagandista do maior desastre linguístico ocorrido em Portugal, e não deve continuar no (des)governo do País), afirmou ao Expresso que «os sistemas de ensino, editorial, jurídico e científico estão hoje sintonizados e a concertação político-diplomática com os outros países de língua portuguesa nesta matéria é ainda significativa. (...) não se afigura a necessidade ou a oportunidade de, no momento, efectuar uma reversão», o que não corresponde à verdade. Tudo isto é mentira, senhor ministro. Nada, nem ninguém está sintonizado, muito menos há concertação político-diplomática com os outros países de Língua Portuguesa, portanto afigura-se a necessidade urgente de seguir as pisadas de Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe (que se está nas tintas para o AO90) e agora o Brasil, e mandar às malvas o “acordo” mais desacordado de sempre.
A quem pretende enganar, senhor ministro Augusto Santos Silva?
A propósito do episódio protagonizado, há dias, pelos partidos de esquerda e de direita unidos, com o PS de fora, no que respeita à aprovação da contagem integral do tempo de serviço dos professores, ouviu-se Santos Silva referir-se a esta dita “coligação negativa” e ao que ela aprovou, que era algo ilegítimo, imoral e inconstitucional, esquecendo-se o senhor ministro de que ilegítima, imoral e inconstitucional é a imposição do AO90 em Portugal, que está a destruir a Língua Oficial dos Portugueses, e com isto ele, Santos Silva, não está nada, nada, nada preocupado, e a ilegitimidade, a imoralidade e a inconstitucionalidade aqui já é admissível? A governação é pautada, vergonhosamente, por dois pesos e duas medidas.
O Grupo de Trabalho constituído pelo Parlamento, para estudar a aplicação das novas regras para a Língua Portuguesa, recomenda alterações no AO90. O PS é o único partido que não quer que se mexa nisto, talvez porque mexer nisto implique algo que o PS tenta esconder, deixando, porrém, o rabo de fora.
Uma década depois de entrar em vigor, o acordo pode voltar à estaca zero? Devia ter voltado há muito. Desde o início que se sabe que o AO90 é um descomunal erro gráfico, uma aberração, um verdadeiro aborto, sem pés nem cabeça, mas, essencialmente, uma monumental fraude. Andaram todo este tempo a brincar ao quê?
O AO90 não tem qualquer futuro, e agora que o Brasil está em vias de o rasgar, o que restará para manter? Portanto, recomendar “alterações” é recomendar que se remende o que está absolutamente esburacado, falhado, em todos os sentidos e em todos os países. O AO90 tem de ser revogado, e quanto mais depressa melhor, porque o futuro é já amanhã, e o ontem foi um falhanço absoluto.
Passados dez anos de destruição da Língua Portuguesa, o AO90 não deve ser alterado. Deve ser rasgado. Simplesmente rasgado, porque o AO90, não tendo pés nem cabeça, é um enjeitado pela maioria dos países de expressão portuguesa, e como tal, inviável.
Por que haveria Portugal de ficar parvamente só a segurar ao colo este aborto ortográfico?
Isabel A. Ferreira
Recupero hoje uma investigação criteriosa, publicada pelo Jornal O DIABO em 05/12/2015.
Esta é a verdadeira história do negócio do AO90, assente na Base 4 do Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943, ainda em vigor no Brasil.
Este texto mostra preto no branco a negociata (mais do que negócio) do AO90, que está a conduzir à decadência da Língua Portuguesa, apenas porque uns “intelectais” (o termo é mesmo este) mercenários decidiram pôr sete países (Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) que mantinham uma ortografia normalizada, clara e escorreita, a grafar à brasileira, uma infinidade de palavras.
E, se bem que nada tenhamos contra a grafia brasileira (e que isto fique bem claro) que pertence unicamente ao Brasil e aos Brasileiros, e faz parte da norma linguística da Variante Brasileira do Português, oriunda da Língua Portuguesa, a qual os políticos brasileiros escolheram para o Brasil, não podemos aceitá-la como nossa, porque além de não ser nossa, retira Portugal do seu contexto Europeu, uma vez que a Língua de um Povo é a sua identidade, e nós não somos Brasileiros.
Isabel A. Ferreira
Texto assinado pelo Jornal «O DIABO»
(Nota: os excertos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue)
«O projecto, nascido da cabeça do intelectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o início um empreendimento com fins lucrativos, apoiado por uma poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portugal.»
O português mais distraído talvez pense que um colégio de sábios bons e eminentes terá decidido um dia, após longos anos de estudo e investigação, proceder à reforma do sistema ortográfico da Língua Portuguesa – e que os governos dos países lusófonos, tendo-se debruçado sobre o assunto com o auxílio ponderado de gramáticos e lexicógrafos, terão conscienciosamente aprovado essa tão bem preparada reforma. Mas o português distraído estaria redondamente enganado.
Já se sabia que o acordo ortográfico foi preparado em cima do joelho, longe do debate público e do escrutínio do povo, dos mestres da Língua e dos especialistas da Gramática. Mas só agora começa a conhecer-se, em detalhe, todo o processo de promoção de um tratado internacional que, embora já esteja a ser aplicado em alguns países (como Portugal), só entrará plenamente em vigor, se algum dia entrar, quando todos os governos lusófonos o assinarem. E ainda falta um…
Em Portugal, no Brasil e em Angola, o acordo suscita enormes polémicas e tem contra si uma parte considerável do mundo académico e literário. Não obstante, governos e parlamentos dos PALOP têm vindo a ratificar consecutivamente o tratado, na ilusão “politicamente correcta” (estranhamente adoptada em Portugal por Executivos de centro-direita) de que ele representa “progresso” e “igualdade”.
A ideia, é certo, nasceu na cabeça de um académico esquerdista, o brasileiro Antônio Houaiss, que contou em Portugal com o providencial auxílio do linguista Malaca Casteleiro. Viajemos, então, no tempo e procuremos a génese de todo o processo, que nas últimas três décadas tem enchido os bolsos a um grupo restrito de autores e editores.
Segundo o testemunho do escritor português Ernesto Rodrigues, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, publicado no seu ‘blog’ na internet, “Antônio Houaiss e Malaca Casteleiro dinamizavam, desde 1986, um projecto de acordo ortográfico”. Este fora sugerido, em primeiro lugar, no ano anterior, por Houaiss, que até aí fizera carreira como autor de versões brasileiras de dicionários enciclopédicos e dirigira, havia pouco, um “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” (1981).
Consultor de editoras privadas
Quem era Antônio Houaiss? De origem libanesa, nascido no Rio de Janeiro em 1915, Houaiss era docente de Língua Portuguesa e consultor de várias editoras privadas de livros quando a ideia lhe surgiu. Apoiante de Getúlio Vargas (e depois de Leonel Brizola e do Partido Democrático Trabalhista, membro da Internacional Socialista), nunca escondeu as suas ideias políticas.
Estas levá-lo-iam mais tarde ao cargo de ministro da Cultura no governo socialista de Itamar Franco, entre 1992 e 1993, e à direcção do Conselho Nacional de Política Cultural, do Ministério da Cultura (1994-1995). Foi a seguir (1996) presidente da Academia Brasileira de Letras. Jocosamente, o humorista brasileiro Millôr Fernandes referia-se-lhe dizendo: “Houaiss conhece todas as palavras da Língua Portuguesa, ele só não sabe juntá-las”.
Em 1985, Antônio Houaiss era apenas um intelectual de esquerda com uma ambição: compor um dicionário da Língua Portuguesa que ombreasse com o famoso “Dicionário Aurélio”, da autoria de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, que desde a sua primeira edição, em 1975, já vendera até então mais de um milhão de exemplares. Mas Houaiss confrontava-se com uma “pequena” dificuldade técnica: para ultrapassar as marcas de Aurélio, o seu dicionário teria de galgar as fronteiras do Brasil e impor-se em todo o mundo lusófono como obra de referência. E para tanto era preciso “unificar a Língua”…
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde sucedeu a Álvaro Lins (diplomata “progressista” que nos anos 50 provocara uma crise diplomática entre Brasília e Lisboa ao conceder asilo político a Humberto Delgado na embaixada brasileira em Portugal), Houaiss começou a congeminar um projecto de “unificação ortográfica” logo em 1985, com o auxílio do filólogo Mauro de Salles Villar.
No início de 1986, Houaiss promoveu no Rio de Janeiro os primeiros “Encontros para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa”, que haveriam de arrastar-se até 1990. O dicionarista obtivera para isso “carta branca da ABL”, segundo referiu José Carlos de Azeredo, professor do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista ao jornal digital brasileiro UOL. “O Antônio Houaiss era o único representante brasileiro”, especificou.
Máquina política e comercial
De início, a intelectualidade dos dois lados do Atlântico fez vista grossa à flagrante coincidência entre o autor da ideia de “unificar a Língua” e o potencial autor do primeiro grande dicionário da Língua “unificada”. Só depois, por fugas de informação, a comunidade científica se apercebeu da monstruosidade do propósito. Mas a máquina política e comercial já estava em marcha…
Em 1990, os representantes dos PALOPs são levados a subscrever um primeiro tratado com vista à “uniformização” da ortografia. E Antônio Houaiss e Salles Villar embrenham-se na elaboração da sua obra-prima. De caminho, Houaiss vinha publicando outros livros, de carácter mais partidário, como “O fracasso do conservadorismo”, “Brasil-URSS 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas”, “Socialismo e liberdade” ou “Socialismo – Vida, morte e ressurreição”. Creditava-se, assim, como político, condição que assumiu plenamente ao integrar o governo socialista de Itamar Franco, na sequência do ‘impeachment’ do presidente Collor de Melo.
Por esta altura, tornara-se óbvia a falta de entusiasmo dos intelectuais brasileiros quanto a uma reforma da ortografia. Um primeiro acordo fora assinado, é certo, mas previa-se um longo e difícil caminho até à sua promulgação final no Brasil. Na própria Academia Brasileira de Letras, muitos eram os académicos que se manifestavam contra o projecto. Um deles, o conhecido gramático Evanildo Bechara, afirmava mesmo: “Deus nos livre desta monstruosidade”.
Que fazer? A generalidade dos cientistas opunha-se ao acordo, mas este estava assinado e podia, ainda que informalmente, ser “imposto” através da divulgação massiva de um “novo dicionário” usando as “novas regras”. E se essa divulgação pudesse ser feita pelo próprio Estado, tanto melhor. Foi este o caminho escolhido pelos defensores dessa “nova língua” a que em Portugal logo se pôs a alcunha de “acordês”.
Ministro socialista
Houaiss era agora ministro da Cultura de Itamar Franco. Numa entrevista concedida ao programa televisivo Roda Viva, da TVCultura, em 16 de Novembro de 1992, o dicionarista deixou claro o seu propósito de dinamizar “um instituto que, por iniciativa do Estado, fizesse na área da cultura do livro aquilo que a cultura privada não queria fazer”. E confessou, indo direito ao assunto: “A Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) tem uma capacidade de distribuição acima de qualquer distribuidora de livros no Brasil. E ela, a título não oneroso, poderá fazer isso para os editores privados, que terão seus livros circulando pelo Brasil inteiro, com uma diminuição de carga de despesas bem substancial. Essa é a linha que eu estou imaginando poder fazer”.
Durante essa entrevista, o escritor Ivan Ângelo ainda tentou introduzir a questão em que toda a gente pensava, mas poucos se atreviam a colocar. “Parece que há grandes grupos da indústria cultural, nos dois países, Brasil e Portugal, interessados no acordo, porque isso fará com que se abra um mercado dos países africanos, para dicionários, fascículos, livros escolares, livros didácticos”, sugeriu o romancista. E perguntou com candura: “O senhor sente ou já sentiu alguma vez a presença dessa indústria cultural no favorecimento, ou no apressamento, ou algum ‘lobby’ para que esse acordo saia o mais breve possível para aumentar os seus negócios internacionais?”.
Mas Houaiss deixou a pergunta sem resposta directa. Em contrapartida, reconheceu que “aspirava”, com o seu “vocabulário ortográfico pan-lusofônico”, chegar a “20% da população, tendencialmente 25, 26, 27%”. E isto só poderia conseguir-se com o auxílio do Estado na distribuição de exemplares pelas escolas e organismos oficiais.
Surpreende a franqueza com que Houaiss confessou, na mesma entrevista: “Eu evidentemente tenho subjacente em mim uma direcção socializante, certas visões de relevo derivam dessa minha própria formação”. E, assim, o autor da ideia da “unificação ortográfica” e autor do primeiro dicionário comercial baseado nessa ideia tornava-se agora, como ministro, o promotor desse mesmo dicionário através dos organismos estatais da sua tutela.
E não era desprezível, o auxílio que a FAE podia prestar aos editores comerciais de dicionários. Criado em 1983, este organismo tinha a seu cargo a aquisição, difusão e distribuição gratuita de livros didácticos destinados aos alunos das redes públicas de ensino, excluindo expressamente da lista as obras “desactualizadas”. Era uma pescadinha de rabo na boca.
O aliado português
Entretanto, Houaiss garantira em Portugal a colaboração de um aliado providencial: o linguista João Malaca Casteleiro. Oriundo da área de Filologia Românica, Casteleiro era desde 1981 professor da Universidade de Lisboa e participara, em representação da Academia das Ciências, no primeiro Encontro para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, em 1986.
Preparando as grandes alterações que o acordo ortográfico fazia adivinhar, e enquanto Houaiss trabalhava no Brasil para concluir o seu opus magnum, Malaca Casteleiro lançou-se em Lisboa à tarefa de coordenar um “Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea” patrocinado pela Academia das Ciências, incluindo estrangeirismos, coloquialismos, brasileirismos e africanismos.
A tentativa não lhe correu bem: ao fim de mais de dez anos de trabalho (financiado pela Fundação Gulbenkian e pelo Ministério da Educação), o “Dicionário da Academia” era acolhido pelo público e pela comunidade académica com uma indiferença gelada. Em 2006, aquando do lançamento comercial da obra, pela Editorial Verbo, o próprio editor reconhecia: “ODicionário tem falhas, tem lacunas e precisa de ser urgentemente revisto”.
Na sequência do malogro, Malaca Casteleiro foi afastado da presidência do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia e dedicou-se à elaboração de dicionários de edição comercial, utilizando a “nova ortografia” que ele próprio ajudara a definir e chegara a recomendar oficialmente, em nome da Academia.
Em 2007 solicitou (e obteve) um financiamento público de 70 mil euros para elaborar um “Dicionário Ortográfico e de Pronúncias do Português Europeu”, com a participação de uma empresa privada de edição de livros, a Opifício Limitada. Entretanto, surgira em 2002 como coordenador da versão nacional do “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, que já teve edições pelo Círculo de Leitores e pela Temas & Debates.
Vasco Graça Moura acusa
Ainda em 2012, o escritor Vasco Graça Moura, recentemente falecido, escrevia (no Diário de Notícias) que “o professor Malaca tem-se especializado em produções de medíocre qualidade, como o famigerado e redutor dicionário da Academia das Ciências, abominável exercício de encolhimento do português contemporâneo”. E Madalena Homem Cardoso, destacada activista anti-acordo ortográfico, escrevia no seu ‘blog’ na Internet sobre os dois grandes promotores do “acordês” no Brasil e em Portugal: “O que é que existe em comum entre Malaca Casteleiro e Houaiss? Ambos têm raízes genealógicas fora da cultura de língua portuguesa. Houaiss foi filho de pais emigrantes libaneses chegados ao Brasil sem saber falar uma palavra de português. Malaca Casteleiro tem a suas raízes genealógicas na ex-Índia portuguesa, onde o português nunca foi língua comum. Para nenhum deles, portanto, o Português é Língua Materna; não o é, pelo menos, com a profundidade/densidade/qualidade que ela tem para a maioria de nós. Isto é importante que se diga, para que se compreenda esta evidente leviandade no delapidar de um património tão rico”.
Entretanto falecera no Brasil (em 1999, com 83 anos) o primeiro e principal promotor do acordo ortográfico, Antônio Houaiss. À data do seu passamento, o acordo era ainda uma incerteza: assinado pelo governo de Brasília, não entrara ainda em vigor e cresciam à sua volta as vozes críticas.
Mas Mauro de Salles Villar prosseguia na elaboração do “Dicionário Houaiss”, certo de que (como veio a suceder) as autoridades brasileiras colaborariam na sua compra e difusão. Prudentemente, Antônio Houaiss criara em 1997 um “Instituto” com o seu nome, em cuja delegação portuguesa passou a pontificar Malaca Casteleiro.
Acontecesse o que acontecesse com o acordo, o projecto de edição comercial mantinha-se, agora no âmbito do “Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia”, com sede no Rio de Janeiro, e da “Sociedade Houaiss Edições Culturais”, sediada em Lisboa. Apesar das designações de sabor científico, trata-se de duas empresas de responsabilidade limitada. O Instituto, no Rio de Janeiro, passou, entretanto, a editar freneticamente, estando hoje massificados o “Dicionário Houaiss” (concluído em 2001), o “Mini Houaiss”, o “Meu Primeiro Dicionário Houaiss”, o “Dicionário Houaiss de Sinônimos e Antônimos” e uma miríade de outros títulos, como “Gramática Houaiss” e “Escrevendo pela nova ortografia/Como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa”. O negócio continua.
Golpe e negócio
No final dos anos 90, contudo, havia razões para pensar que o acordo ortográfico corria o risco de “não passar” no Brasil. Muitos escritores, professores e académicos manifestavam reservas, e a própria Academia Brasileira de Letras resistia à sua promulgação. O acordo estava esquecido, e era provável que nunca entrasse em vigor. Foi então que, em 2006, ao tempo da presidência do esquerdista Lula da Silva, antecessor de Dilma Rousseff à frente dos destinos do Brasil, uma reviravolta acabou por impor aos brasileiros, gostassem ou não, a “unificação ortográfica”. Quem o conta é o professor Sérgio de Carvalho Pachá, então lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras (ABL), em entrevista a Sidney Silveira, do Instituto Angelicum de Filosofia.
Respondendo à pergunta “Quem foi a pessoa que promoveu este golpe?”, Pachá revelou: “A Academia elegeu um homem que, por temperamento, gostava de aparecer nos Media, na televisão [Marcos Vinícios Vilaça, presidente da ABL em 2006-2007 e 2010-1011]. Uma das primeiras providências desse senhor foi criar um escritório de divulgação, dirigido por um indivíduo cuja função fosse promover as autoridades da ABL nos Media, através de menções nos jornais e na televisão. Este homem era pago, muito bem pago, para ‘badalar’ a Academia. Um belo dia, este indivíduo ouviu dizer que dormia nas gavetas, havia mais de dez anos, um projecto de ‘unificação’ ortográfica. Este homem não era professor de Português, não era linguista, não era filólogo: era um jornalista [Antônio Carlos Athayde, assessor de Imprensa da ABL]. Ele ouviu dizer [que havia esse projecto] e logo pensou em ‘unificar tudo’. Ele correu para o presidente e disse: ‘presidente, eu tive uma ideia que não vai tirar mais a ABL dos Media. Nós vamos promover a unificação ortográfica’. E o presidente, que não entendia absolutamente nada de ortografia ou de sistemas ortográficos, imediatamente comprou aquela ideia genial e a Academia mais que depressa começou a promover a ‘unificação’ ortográfica”.
Para esta reviravolta muito contribuiu o gramático Evanildo Bechara, que começara por ser um dos mais acérrimos críticos do acordo e que em 2006 mudou repentinamente de opinião e passou a defendê-lo. Só um pouco mais tarde se percebeu porquê: em breve era publicado o seu livro “O que muda com o novo acordo ortográfico”, vendido aos milhares pela editora brasileira Nova Fronteira…
Conclui Sérgio de Carvalho Pachá: “Eles tinham já o gramático de plantão, o ortógrafo de plantão, que se transformou no grande propagandista da ‘unificação’ que não unifica coisa nenhuma. Para quê chamar outros filólogos, que poderiam introduzir controvérsia? […] A ABL não fez isso com o intuito generoso de unificar as grafias da Língua Portuguesa. Não: foi um golpe de publicidade […]. Foi vender gato por lebre. Foi uma balela desde o começo […], uma fraude”. Não tardou muito que o lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras fosse despedido e Lula da Silva decretasse o uso compulsivo do “novo Português” em todo o Brasil.
Em Portugal, o acordo ortográfico foi introduzido no dia-a-dia da administração pública e do ensino oficial, mas a sua aplicação definitiva e vinculativa só terá efeito a partir do momento em que estiver ratificado por todos os países lusófonos. Falta que Angola o faça, e em Luanda crescem as dúvidas sobre se isso algum dia virá a acontecer. A decana da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto e ex-directora executiva do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Amélia Mingas, resumiu desta forma a opinião da comunidade académica do seu país: “o governo angolano é o único que não ratificou [o acordo ortográfico] e eu estou plenamente de acordo com isso, porque a variação que a língua portuguesa sofreu no nosso país não está ali considerada”.
O poder dos negócios e da política parece, até hoje, ter vingado. Mas nem tudo está perdido.
Fonte:
http://jornaldiabo.com/cultura/acordo-ortografico-negocio/
***
Não, nem tudo está perdido. Não pode estar perdido. Não estará perdido.
Porque a Língua Portuguesa, apesar de andar em bolandas, recuperará a sua condição de Língua Indo-Europeia de Raiz Greco-Latina. (IAF)
Este é o título de um artigo publicado ontem, na Página Plataforma, e que pode ser consultado neste link:
facto que originou uma troca de impressões entre um cavalheiro e eu. É essa troca de impressões (e algo mais) que aqui transcrevo, porque penso que devemos aproveitar todas as deixas para defender a Língua Portuguesa dos que a querem destruir.
Ministro da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente.
Orlando Almeida/Global Imagens
A propósito desta proposta do Ministro da Cultura de Cabo Verde, deixei no texto o seguinte comentário:
Isabel A. Ferreira (comentou):
Todos os países ditos lusófonos terão as suas línguas oficiais locais, e a Língua Portuguesa ou passa a língua estrangeira ou então desaparece, nesses países.
Então para quê estar a arruinar a Língua Portuguesa, em Portugal, com a adoPção do Acordo Ortográfico de 1990, que não passa do abrasileiramento da língua, que no Brasil passará a ser a Língua Brasileira?
Qual o interesse de estrangeirar o Português, da Família Indo-Europeia? Com que finalidade? Com que obscuros desígnios?
Acabem com esta vergonhosa ingerência no Património Cultural Imaterial de Portugal. Que cada país fique com a sua Língua, com a sua Cultura. Não será mais inteligente?
Força! As ex-colónias portuguesas merecem ser completamente independentes. Concordo que pugnem pelos seus dialectos e os transformem em Línguas Oficiais.
***
E o cavalheiro Luís Oliveira retorquiu deste modo:
Luís Oliveira (comentou):
Quando isso acontecer, será o caminho para o desaparecimento da lingua portuguesa em qualquer país que fale português.. E o crioulo só vai atrapalhar mais o desenvolvimento dos respetivos países além de tb ter os dias contados... No Brasil, pela imensidão de gente que fala português, será onde estará mais tempo o português... Mais que em Portugal que acabará abafado pelo espanhol e inglês... Separar o português nos países que falam português, dará mais margem para o espanhol inglês dominar no mundo e estes agradecem... Os proximos séc. serão de imposições de linguas mais faladas no mundo e as linguas com menos de 20 milhões de falantes irá ser museu já em 100 anos! Não queiras estragar tudo com ideias estupidas...
***
Como não sou de me calar quando um cavalheiro investe contra a minha pessoa deste modo elegante, e com um português de alguidar rachado, respondi-lhe o seguinte:
Isabel A. Ferreira (comentou):
Luís Oliveira desculpe, mas ideias enviesadas tem o senhor que, pelo que se vê, desconhece a história das línguas no mundo, e tem uma visão muito distorcida da questão das línguas.
Enquanto houver PORTUGAL e PORTUGUESES jamais a Língua Portuguesa desaparecerá do mundo. JAMAIS. (Não esquecer que a Língua Portuguesa é Património Cultural Imaterial de Portugal). E isto é o que interessa. Não interessa para nada os MILHÕES, quando esses milhões se afastaram da Língua Portuguesa e criaram uma outra língua. Contudo, se os "luíses oliveiras" e os "augustos santos silvas" e os "antónios costas" e os "marcelos rebelos de sousas", que deixaram de ser portugueses, continuarem a predominar sobre os PORTUGUESES, e se Portugal se transformar no quintal dos estrangeiros (estamos perto disso) ora então teremos a invasão do mandarim, do brasileiro, do castelhano, do inglês, do francês e sabe-se lá de que mais línguas.
O Crioulo Cabo-Verdiano (de origem portuguesa), bem como os restantes dialectos cabo-verdianos já são falados há muito, em Cabo Verde. O Português tenderá a ser uma língua estrangeira. E os Cabo-Verdianos fazem muito bem. Há que cortar o cordão umbilical com o ex-colonizador.
Nos restantes países, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe (onde o Francês predomina), Timor-Leste, os povos falam os seus dialectos, e embora a Língua Portuguesa ainda seja língua oficial, ela é falada apenas por uma minoria, porque o que predomina são os muitos dialectos desses povos.
E o que interessa a Portugal que o Português tenha de ser a língua mais falada no mundo? Nada. Porque jamais será. Porque os milhões de brasileiros substituirão o vocábulo "portuguesa" por "brasileira". E fazem muito bem.
E nós, Portugueses, poucos, mas bons, continuaremos a preservar o nosso Património Linguístico.
***
Num outro comentário, uma outra visão, sobre a mesma questão, a qual não deixa de ser real:
VC Rodrigues (comentou):
Os paises ex-colónias portuguesas só têm interesse no relacionamento com Portugal enquanto tiram algum proveito disso. Quando um presidente ou primeiro-ministro vai a um destes paises a viagem fica maioritáriamente centrada, na perspectiva dos políticos daqueles povos, na questão da facilitação dos vistos para imigrar para Portugal (e Europa) e na facilitação da obtenção cidadania portuguesa para os seus cidadãos. E os portugueses lá lhes vão dando sempre o que eles querem em troca de umas promessas de negócios para as empresas dos amigos dos políticos. Agora apróximação cultural, "familiar", etc., é tudo conversa da treta e eles sabem-no bem. O que até se compreende porque apenas no final do sec. XIX e no sec. XX (ao todo não mais de 100 anos) é que estivemos lá verdadeiramente e com ocupação efectiva dos territórios. Durante este tempo os indigenas maioritáriamente não eram mais do que simples empregados miseráveis ou trabalhadores em troca de alimentação apenas (quase escravos). A aproximação entre povos com relacionamentos no passado assim é uma fantasia. Em Angola por exemplo a maioria destesta-nos. E em Moçambique parece estar a despertar o antiportuguesismo. E grande parte dos que imigraram para Portugal não querem saber de se integrar, não querem ser portugueses ou apenas o são por oportunismo e muitos pisgam-se logo que podem para a Europa (veja-se o caso do cabo-verdianos que por via de Portugal invadiram a Holanda).
***
Entretanto, um outro comentário surgiu e deixou-me estupefacta:
André Filipe (comentou):
Eles que adoptem o idioma que quiserem, a partir do momento que não querem a língua portuguesa, Portugal deveria cortar relações de vez com os paises lusófonos que de lusófonos teem cada vez menos.
***
Não poderia deixar sem resposta este desvario do André Filipe:
Isabel A. Ferreira (comentou):
André Filipe, desculpe, não concordo consigo. As ex-colónias portuguesas, hoje, são países livres e soberanos, e têm todo o direito de escolherem a língua que bem entenderem.
Não querem o Português? Estão no seu direito. Mas isso não deve ser motivo para se cortar relações. Muito pelo contrário, devemos cultivar as boas relações com esses povos, como mantemos com outros. E a Língua não deve servir nem para UNIR nem para DESUNIR. Cada um deve ficar com a sua, porque na diversidade é que está toda a riqueza das relações. Nada há mais interessante e frutuoso do que a união de povos através da diversidade que cada um apresenta.
A minha Língua é a Língua Portuguesa. Mas amo conhecer a língua de outros povos. Isto faz parte do nosso enriquecimento cultural. Vou adorar aprender o Crioulo Cabo-Verdiano e acrescentá-lo ao rol das línguas estrangeiras que domino.
Isabel A. Ferreira
O que me ocorre, como cidadã portuguesa, é endereçar à ATIM o meu mais elevado agradecimento pela dignidade com que está a tratar a Língua (Oficial) Portuguesa, a minha Língua Materna e a Língua Oficial de Moçambique.
Infelizmente, os governantes portugueses não têm essa lucidez, e em Portugal escreve-se algo a que podemos chamar «mixordês», uma ortografia sem pés nem cabeça, sem ponta por onde se lhe pegue, que não segue nem sequer as (acanhotadas e mutiladoras) regras do acordês.
O modo como se escreve actualmente em Portugal é bem pior do que o intragável AO90.
Mutila-se a língua, como se mutila um cadáver para o esconder de um crime.
É vergonhoso.
Página da ATIM: http://www.atim-mtia.org/
A salvação da nossa bela Língua Portuguesa, europeia e culta, está nas mãos de Moçambique, de Angola, de São Tomé e Príncipe, da Guiné Bissau e Timor Leste.
Tradutores/Mutiladores da Língua Portuguesa, ponham os olhos nestes objectivos da ATIM (escritos em Português correCto), e, por favor, traduzam os livros e as legendas nas televisões em BOM PORTUGUÊS.
Já estamos fartos de ver a nossa Língua, culta e europeia, tratada como uma língua de terceiro-mundo, uma língua primitiva e inculta, uma língua de analfabetos iniciados na escrita.
Vós sois piores do que os analfabetos. Os analfabetos não aprenderam a ler nem a escrever por falta de oportunidade, portanto a mais não são obrigados. Mas vós tivestes a oportunidade de andar na escola, e aprenderam a ser simplesmente ignorantes.
***
«A ATIM tem como objectivos fundamentais os seguintes
a) zelar pela qualidade da tradução e interpretação em Moçambique;
b) estabelecer condições de trabalho e enquadramento profissional;
c) zelar pela dignidade profissional e defender os direitos específicos do tradutor e do intérprete;
d) promover a colaboração entre os profissionais de tradução e de interpretação e entre estes e as instituições relacionadas com a sua actividade específica;
e) promover e estimular a formação de tradutores e intérpretes;
f) articular com as entidades competentes, instituições de formação, entidades legais a criação de mecanismos para a acreditação e licenciamento de tradutores e intérpretes em Moçambique.
g) promover relações sociais e culturais entre os seus membros.
Parabéns Moçambique. Parabéns ATIM.
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