Nada mais se consolida nesta tragédia linguística que se abateu sobre Portugal.
Sabemos que nada é eterno nesta vida. Os culpados deste caos são os menos eternos. Tenhamos esperança, porque (e vou repetir-me, na citação de Miguel de Cervantes): «Deus suporta os maus, mas não eternamente».
Companheiros desacordistas, fiquem com essa certeza, mais do que comprovada em toda a História da Humanidade, e com o texto do autor, revisor e tradutor Helder Guégés.
Isabel A. Ferreira
O hífen em locuções — caos e arbítrio
Sinal de esperança ou mero lapso?
«Uma língua, qualquer língua, possui um léxico tanto mais extenso e rico quanto maiores forem as exigências que se lhe apresentam e a pluralidade de contextos e situações em que tiver de ser usada. Uma língua apenas de âmbito familiar e do dia-a-dia possuirá seguramente um vocabulário mais reduzido e pouco diversificado do que uma língua que, além de falada em diferentes geografias, é usada nos contextos mais diversos – formais e informais, orais e escritos, gerais e especializados, oficiais e legislativos, educativos, científicos, tecnológicos, multilingues, multiculturais» («A língua portuguesa e a UE», Margarita Correia, Diário de Notícias, 10.05.2021, p. 28).
Ah, como isto é curioso e como é bom estar vivo em 2021 para o ver: Margarita Correia é professora e investigadora, coordenadora do Portal da Língua Portuguesa, e, usando, sabe-se lá com que convicção, as regras do Acordo Ortográfico de 1990, escreve «dia-a-dia». Isso não contraria frontalmente o que estatui a Base XV, n.º 6, do Acordo Ortográfico de 1990? Ah, sim, eu — e não sou o único — sou defensor de que a diferenciação gráfica, pelo uso dos hífenes, devia continuar a fazer-se. Afirmei-o aqui, em 2015, a propósito de pé-de-galinha/pé de galinha. Será a Professora Margarita Correia defensora do mesmo? Nada mudou; pelo contrário, tem vindo a alastrar o caos na ortografia do português. Continuar a fingir que o problema não existe ou que se resolverá com o tempo (com a morte do último português sensato que acha que isto foi um verdadeiro atentado à língua) não ajudará em nada. Só há uma coisa que se vai consolidando: o caos.
Fonte:
https://linguagista.blogs.sapo.pt/o-hifen-em-locucoes-caos-e-arbitrio-4204419
«É esse o problema»
Por Hélder Guégués
«O Expresso Curto de hoje, assinado por João Cândido da Silva, coordenador do Expresso Online, não foi à máquina corta-língua: há um «baptizado», uma «direcção», vários «directos» e «indirectos», um «actualmente», um «jacto» (o de Carlos Ghosn), vários «objectivos» (nenhum, infelizmente, parece ser o de assentarem a cabeça), um «nocturno» (que não é o de Chopin, nem ninguém aqui falou de Santana Lopes), «actuais», «respectivos», «perspectiva», «actualidade», «actuação»... Para alguns, escarninhos, isto mostra a liberdade de que se goza no Expresso; para mim, é meramente a demonstração da bandalheira ortográfica e linguística que ali reina e campeia no reino. Mas eu nem me devia queixar, não é?, afinal, nem sinais do tal acordo. (Parabéns, João Cândido da Silva.) Só que logo, amanhã, no futuro outros jornalistas do mesmíssimo Expresso voltam a seguir ineptamente a ortografia mutiladora do AO90. Esse é que é o problema.»
Fonte:
As intermitências do Acordo Ortográfico
***
Concordo plenamente consigo, Helder Guégués.
Para mim, tudo isto é também uma grande bandalheira ortográfica e linguística, não só no Expresso, infelizmente, mas em muitos outros lugares, incluindo as escolas, pela mão de professores.
E este, realmente, é um grande e grave problema.
Isabel A. Ferreira
Nas escolas, nas televisões e jornais e revistas e livros acordizados, nos documentos oficiais, no Diário da República, nos sites dos governantes e deputados da Nação, na publicidade e panfletos publicitários de empresas servilistas, em suma, onde há um acordista, há, forçosamente, bandalheira na escrita.
Nunca se escreveu tão mal, tão incorrectamente, tão abandalhadamente como agora. Parece que uma nuvem de estupidez passou por Portugal e atacou determinados cérebros que mirraram instantaneamente, dando-se início a uma “era de estultícia” sem precedentes em Portugal.
São assim os que podem e mandam em Portugal...
Origem da imagem: Internet
Todos os dias somos insultados e agredidos com as maiores calinadas jamais vistas.
Em contrapartida, todos os dias há cidadãos atentos, que chamam à atenção para a destruição da Língua Portuguesa, aquela que deveria identificar o nosso País, e não identifica, tendo-se até substituído a bandeira Portuguesa pela brasileira, quando se trata de identificar a NOSSA Língua.
Mas isto, sendo bastante grave, não é tudo.
Helder Guégués, autor do livro «Em Português Se Faz Favor – Um guia fundamental para escrever bem» – no seu Blogue Linguagista – onde se discute os factos da Língua – publicou um pequeno texto, no qual, uma vez mais, chama à atenção para o desastroso dia-a-dia do AO90.
Escreveu Helder Guégués:
«Nem daqui a cem anos
«Os médicos vão passar a ter um guia para atender utentes da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros e Intersexo). A medida é inédita na área da saúde e pretende dar aos profissionais um guia de boas práticas nos cuidados a pessoas LGBTI» («Médicos vão ter guia para atender utentes da comunidade LGBTI», Sara de Melo Rocha com Sara Beatriz Monteiro, TSF, 1.07.2019, 11h48).
Duas Saras, e ainda assim o texto ficou doente: «transgênero», hein? E ainda o tal ministro afirmava que as regras do Acordo Ortográfico de 1990 se aprendiam em 10 minutos... Gostava de ler um texto escrito por ele. Ainda hoje os professores — sim, também os de Português — não dominam as regras, e isto depois de acções de formação, guias e outras formas criativas de esbanjar dinheiro público. Tal como estes guias para os médicos — não bastam a experiência e a sensibilidade?
Fonte:
***
Pois, caro Helder, e quando os que se vergaram à ortografia do outro lado do Atlântico tiverem de regressar à escrita correCta? Serão outros cem anos.
Para as crianças e jovens a transição é rápida, supondo que os leccionadores consigam, também rapidamente, regressar à escrita correCta da ortografia portuguesa, aquela que levaram anos a aprender, e num ápice desaprenderam e desataram a ensinar os alunos a escreverem incorreCtamente a própria Língua.
Isto só acontece em Portugal, um país que perdeu o rumo (já não está voltado para a Europa) e a vergonha na cara.
Isabel A. Ferreira
Quem o diz é Helder Guégués, no seu Blogue Linguagista
Origem da imagem: https://www.novoslivros.pt/2015/09/helder-guegues-em-portugues-se-faz-favor.html
Por Hélder Guégués
«O maior embuste desde o 25 de Abril
Francisco Sarsfield Cabral vem hoje lembrar na Rádio Renascença que o «Acordo Ortográfico tem quase 40 anos». Pelas minhas contas, são quase 30. «Tempo suficiente para mostrar que não atingiu o seu objetivo de unificar a ortografia nos países de língua oficial portuguesa.» Bem verdade: o AO90 revela-se, a cada dia que passa, o maior embuste político depois do 25 de Abril em que nós, Portugueses, caímos.
«Não possuo qualificações para debater seriamente o AO.» É também, penaliza-me dizê-lo, uma evidência, pelo menos a avaliar pela amostra: «Mas há coisas que não são aceitáveis no AO. Por exemplo, tirar as maiúsculas dos dias da semana e dos meses. Ou implicar com a grafia de nomes pessoais. Mas ninguém protesta, e ainda bem, por se escrever Sophia, como se escrevia quando a poeta nasceu, há um século.» Desde quando é que os dias da semana eram escritos com maiúscula inicial? E em que aspecto implica com os nomes pessoais, se até há uma ressalva específica na Base XXI? Ninguém (são de espírito) protesta por se escrever Sophia, mas a maioria, entre os quais muitos jornalistas, deturpa o nome de Eça de Queiroz.
Posto isto, devo dizer que Sarsfield Cabral é um dos jornalistas mais cuidadosos que conheço, digo-o com conhecimento de causa, já revi muitos artigos da sua autoria.
Helder Guégués, no seu Blogue Linguagista, onde se discute os factos da Língua, chamou a atenção para algo INA-CRE-DI-TÁ-VEL…
Eis o que é difícil de acreditar:
«É novamente Setembro
«Hello! It’s september again...» (What’s Up? 6, Cristina Costa, Isabel Teixeira e Paula Menezes, com revisão pedagógica e linguística de James Scott. Lisboa: Texto Editores, 2018, p. 13).
Mr. Scott, helloooo, esqueceu-se de ler o manual... E a editora também parece que se esqueceu de o dar a rever a um revisor. Acontece, não é? Até agora — acabou de me aterrar nas mãos — só vi este erro, mas antes do fim do ano (lectivo ou civil, eu logo decido), vou descobrir mais. Para não ficarem pontas soltas: criancinhas, pais, os meses em inglês escrevem-se com maiúscula inicial.
Em busca da capa do Manual em questão, na Internet, para ilustrar esta minha publicação, dei com esta imagem muito sugestiva, e então pensei: estará desvendado o motivo por que no tal Manual, o mês de “september” está escrito com letra minúscula inicial, ou seja incorreCtamente?
Será Inglês também para a GALERA portuguesa?
Se é, estamos mal. Muito mal.
Qualquer dia, as crianças portuguesas, além de já estarem a escrever incorreCtamente a sua Língua Materna, estarão a escrever também incorreCtamente a Língua Inglesa, e teremos “diret”, “diretion”, "helo" e Mr. Scott passará a ser apenas Mr. Scot, e isto será, ou melhor, É uma grande tragédia!
Não haverá ninguém, em Portugal, que tenha a coragem e a lucidez de pôr fim a esta IRRACIONALIDADE?
Fonte:
https://linguagista.blogs.sapo.pt/manual-de-ingles-2553988
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