Hoje, recordo aqui um texto que publiquei em Outubro de 2016, para que saibam do meu amor pela Língua Portuguesa e do meu grande apreço pela Cultura Brasileira, tão maltratada no Brasil e tão pouco (ou nada) divulgada em Portugal.
Do Brasil, os Portugueses conhecem apenas as novelas, o samba e o futebol. E a isto chama-se pobreza cultural.
De Portugal, os Brasileiros sabem apenas que eram escravocratas e andaram a roubar o ouro do Brasil, que, na verdade, pertencia aos indígenas, os verdadeiros donos daquelas terras. E a isto chama-se descontextualização histórica.
Quando falamos de Língua Inglesa, falamos de que país?
De Inglaterra, obviamente.
Quando falamos de Língua Castelhana, falamos de que país?
De Espanha, evidentemente.
Quando falamos de Língua Francesa, falamos de que país?
De França, claramente.
Ainda que estas três línguas, destes três países, antigos colonizadores, sejam as línguas oficiais de vários países que se tornaram independentes, espalhados pelos cinco continentes.
Teremos alguma dúvida? Não temos, certamente.
E quando falamos de Língua Portuguesa, falamos de que país?
Eu não tenho qualquer dúvida: falamos de Portugal, seguramente.
É que a Língua Portuguesa, tal como as línguas que referi, tem origem na Europa, não tem origem em África, nem nas Américas (do Norte e do Sul), nem na Ásia, nem na Oceânia.
Mas os nossos políticos, mais uns tantos apátridas e outros tantos traidores, dirão sem pestanejar (como já ouvi): quando falamos de Língua Portuguesa, falamos do Brasil, porque no Brasil os falantes são milhões…
São milhões, os falantes? E daí? O que é que isso significa?
Nos EUA, também serão milhões, os falantes, mas quando falamos de Língua Inglesa, falamos de Inglaterra, naturalmente.
Na América do Sul, igualmente serão milhões, os falantes, mas quando falamos de Língua Castelhana, falamos de Espanha, decididamente.
Sempre assim foi e sempre assim será, porque podemos reescrever a História, mas não podemos reescrever a Origem.
Não conhecendo exactamente a negociata obscura que está por trás da tentativa de destruição da Língua Portuguesa, (reparem que eu disse tentativa), mas desconfiando, podemos dizer, sem qualquer margem de dúvida, que a nossa identidade linguística está a sofrer o maior atentado jamais perpetrado contra uma qualquer Língua do mundo, e todos os responsáveis pela governação de Portugal, desde o presidente da República, ao primeiro-ministro, ao presidente da Assembleia da República, passando pelos deputados (e deputadas, deverei dizer assim, à parola?) da Nação, estão-se nas tintas para que se diga que assim como o Hino Nacional é A Portuguesa, a Língua Nacional é a Brasileira, porque é deste modo que o AO90 é designado por aí…
Mas para que não digam que eu tenho algum sentimento menor pela Cultura Brasileira, que estudei como sendo também a minha, deixo aqui uma declaração de amor à Língua Portuguesa, através de um poema que aprendi, era ainda adolescente, e que sempre guardei nas minhas mais gratas memórias, como um dos mais belos poemas do Poemário Brasileiro.
Trata-se da Canção do Exílio, do poeta Gonçalves Dias, expoente do romantismo brasileiro, e que eu venero.
Este é um dos poemas mais conhecidos da Literatura Brasileira. Curiosamente, foi escrito em Julho de 1843, quando Gonçalves Dias se encontrava a estudar em Coimbra, a cidade eleita do meu coração.
A Canção do Exílio, escrita em Português, tornou-se emblemática na cultura brasileira, por aludir à tão saudosa pátria distante… Um sentimento que foi também o meu, quando, no Brasil, suspirava pelo suave murmúrio das águas do rio Mondego, deslizando por entre o arvoredo, no Choupal…
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
***
Unificar o quê?
Para quê?
Com que obscura intenção?
Isabel A. Ferreira
Quando falamos de Língua Inglesa, falamos de que país?
De Inglaterra, obviamente.
Quando falamos de Língua Castelhana, falamos de que país?
De Espanha, evidentemente.
Quando falamos de Língua Francesa, falamos de que país?
De França, claramente.
Ainda que estas três línguas, destes três países, antigos colonizadores, sejam as línguas oficiais de vários países que se tornaram independentes, espalhados pelos cinco continentes.
Teremos alguma dúvida? Não temos, certamente.
E quando falamos de Língua Portuguesa, falamos de que país?
Eu não tenho qualquer dúvida: falamos de Portugal, seguramente.
É que a Língua Portuguesa, tal como as línguas que referi, tem origem na Europa, não tem origem em África, nem nas Américas (do Norte e do Sul), nem na Ásia, nem na Oceânia.
Mas os nossos políticos ignorantes, mais uns tantos apátridas, também ignorantes, e outros tantos traidores, igualmente ignorantes, dirão sem pestanejar (como já ouvi): quando falamos de Língua Portuguesa, falamos do Brasil, porque no Brasil os falantes são milhões…
São milhões, os falantes? E daí? O que é que isso significa?
Nos EUA, também serão milhões, os falantes, mas quando falamos de Língua Inglesa, falamos de Inglaterra, naturalmente.
Na América do Sul, igualmente serão milhões, os falantes, mas quando falamos de Língua Castelhana, falamos de Espanha, decididamente.
Sempre assim foi e sempre assim será, porque podemos reescrever a História (se houver novas fontes que anulem as anteriores), mas não podemos reescrever a Origem.
Não conhecendo exactamente a negociata obscura que está por trás da tentativa de destruição da Língua Portuguesa, (reparem que eu disse tentativa), mas desconfiando, podemos dizer, sem qualquer margem de dúvida, que a nossa identidade linguística está a sofrer o maior atentado jamais perpetrado contra uma qualquer Língua do mundo, e todos os responsáveis pela governação de Portugal, desde o presidente da República, ao primeiro-ministro, e ministros, principalmnte o dos negócios DOS estrangeiros, ao presidente da Assembleia da República, passando pelos deputados (e deputadas, deverei dizer assim, à parola?) da Nação, estão-se nas tintas para que se diga que assim como o Hino Nacional é A Portuguesa, a Língua Nacional é a Brasileira, porque a grafia preconizada pelo AO90 é a grafia brasileira.
Mas para que não digam que eu tenho algum sentimento menor pela Cultura Brasileira, que aprendi como sendo também a minha, deixo aqui uma declaração de amor à Língua Portuguesa, através de um poema que aprendi, era ainda adolescente, e que sempre guardei nas minhas mais gratas memórias, como um dos mais belos poemas do Poemário Brasileiro.
Trata-se da Canção do Exílio, do poeta Gonçalves Dias, expoente do romantismo brasileiro.
Este é um dos poemas mais conhecidos da Literatura brasileira. Curiosamente, foi escrito em Julho de 1843, em Coimbra, a cidade eleita do meu coração.
A Canção do Exílio, escrita em Português, tornou-se emblemática na cultura brasileira, por aludir à tão saudosa pátria distante… um sentimento que foi também o meu, quando, no Brasil, suspirava pelo suave murmúrio das águas do rio Mondego, deslizando por entre o arvoredo, no Choupal…
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
***
Unificar o quê?
Para quê?
Porquê?
Com que (obscura) intenção?
Isabel A. Ferreira
(Carta aberta a António Costa)
Fonte da imagem Tradutores Contra o Acordo Ortográfico:
Senhor primeiro-ministro, peço desculpa pelo tratamento informal, mas foi deste modo que o imperador romano Júlio César, vítima de uma conspiração de senadores para destituí-lo do cargo, se mostrou surpreendido com a atitude do seu filho adoptivo, Marcus Brutus, quando este também o apunhalou, entre tantos outros senadores, e o imperador, já moribundo, sussurrou perplexo: «Até tu, Brutus!»
E a frase, proferida no século I A.C., arrastou-se até aos dias de hoje, para indicar surpresa quando uma pessoa trai a confiança de outra.
Naturalmente, a circunstância aqui será outra.
Contudo, temos quase todos os ingredientes deste episódio romano, para reconstruirmos um cenário idêntico, agora no século XXI d.C., quando um grupo insignificante de impatriotas decidiu APUNHALAR a Língua Oficial Portuguesa.
António Costa, primeiro-ministro de Portugal, de costas voltadas para os Portugueses, Brasileiros e Africanos (de expressão portuguesa) mais cultos, teima em continuar a impingir-nos uma ortografia que nem é carne nem peixe (desculpando-me a expressão).
Depois que o AO90 começou a ser ilegalmente aplicado (como deve saber melhor do que eu), a Língua Portuguesa transformou-se numa salada russa, que nem é Português nem acordês.
E quem tem de escrever, escreve mal uma e outra coisa: políticos, governantes, jornalistas e até professores.
É vergonhoso receber um ofício de uma autoridade ministerial dizendo que “foram compridos os pressopostos do Despacho n.º tal …” e mais adiante qure o “Serviço de Proteção” e “Direção Regional”… enfim, um texto que envergonha a escadaria do Palácio de São Bento.
Poucos serão os que, em Portugal, escrevem bem em Português, ou em acordês, a mescla de uma ortografia sem pés nem cabeça, que torna a língua escrita numa vergonhosa mixórdia.
Não há ninguém em Portugal que saiba escrever acordês correCtamente, nem os próprios engendradores deste aborto ortográfico.
E todos os países a sério têm um Língua Oficial, que deve ser preservada e aplicada pelos seus representantes máximos com o máximo rigor: no mínimo, sem erros ortográficos. Já não se pede que sejam exímios escritores.
E o vírus AO90, que atacou a Língua Portuguesa que, como sabe, é o símbolo maior da Identidade de Portugal, assim como a Bandeira Nacional e o Hino Nacional, está a enxovalhar Portugal, sem que quem tem o dever de defender esses símbolos mexa uma palha para eliminar o mal que corrói a Língua.
E ainda pior: são os próprios governantes que dão o mau exemplo, não sabendo escrever nem em Português, nem em acordês, ou devo dizer como se diz por aí: bechara-malaquês, socratês, lulês, brasileirês, ou mixordês, todos os nomes em que se transformou a nossa amada Língua Portuguesa.
Está a ver onde isto já vai…?
Nós, que temos na Língua Portuguesa o nosso instrumento de trabalho, não podemos permitir que políticos avessos à Cultura Culta desestruturem, deste modo aviltante, este símbolo maior da nossa Identidade.
E muito menos um primeiro-ministro pode andar por aí a escrever numa língua descaracterizada. Ora é uma coisa. Ora é outra. Uma língua com duas caras.
«Até “tu”, António!» Apunhalas a Língua!
O primeiro-ministro de uma Nação, que se quer culta e moderna, não pode, não deve apunhalar a Língua Portuguesa, desta maneira.
Os Portugueses, Brasileiros e Africanos de expressão portuguesa, que não se subjugaram ao lobby político-editorial vendilhão da Língua, estão de olhos voltados para a Assembleia da República Portuguesa, esperando que os políticos cumpram o seu dever: devolvam a Portugal a sua grafia oficial, culta e europeia.
É uma vergonha o que está a passar-se na República Portuguesa, que não tem uma Língua Oficial aprumada, como o têm os restantes países europeus. Nenhum país jamais se rebaixou a tanto quanto se rebaixou Portugal.
Por alma de quem, senhor primeiro-ministro?
Isabel A. Ferreira
. A minha declaração de amo...
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. «Até "tu", António!» Apun...