Todos o dizem. Mas onde estarão esses “todos” que, subitamente, desapareceram do mapa da contestação? Já depuseram as armas? A guerra, ainda não a ganhámos, há muitas batalhas ainda por vencer, e os guerreiros, já depuseram as armas?
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A citação do título desta publicação, é da minha amiga Idalete Giga, uma livre-pensadora que, tal como eu, não tem medo de dizer alto o que pensa. E uma mulher que pensa é uma mulher livre, até quando a atiram para as fogueiras ateadas por tiranos.
Corroboro tudo o que Idalete Giga diz acerca do maldito (des)AO90, numa troca de ideias que tivemos:
«Sempre me causou uma grande perplexidade a obediência cega de editoras, jornais, revistas, panfletos sobre tudo e mais alguma coisa, literatura médica, com péssimas traduções e erros execráveis, os lambe-botas dos canais de Televisão que enojam qualquer cidadão consciente do que é a sua Língua Materna, etc., etc.. Sim, o AO90. Este Linguicídio trágico não pode ter qualquer futuro. Uma revisão do mesmo é pior a emenda que o soneto. O que merece tal desastre linguístico é o LIXO (!) Socratistas, santanistas, cavaquistas e toda a restante corte de traidores e ignorantes terão de assumir o gigantesco erro que foi o maldito (des)AO90. No nosso País, tudo é possível, minha amiga. Em cada dia que passa, fico mais revoltada e perplexa com a imbecilidade que invadiu Portugal e, infelizmente, talvez a maioria do povo português.» (Idalete Giga)
Pois também eu fico revoltada e perplexa com a imbecilidade que por aí anda, como se fosse dona do mundo, amiga Idalete. E a imbecilidade é um vírus tão pernicioso como qualquer vírus da família corona.
E quem podia fazer alguma coisa para evitar todo este desaire, ao redor da Língua, escudou-se e continua a escudar-se na falsa obrigatoriedade da sua aplicação, ou na do ser penalizados, optando por ser cúmplices e não opositores.
E as revoluções não se fazem sem resistência e sem perdas, se bem que, neste caso, nada tivessem a perder, muito pelo contrário, só teriam a ganhar.
Os professores, os únicos que tinham a faca e o queijo na mão, para impedirem o avanço da epidemia ortográfica, que, indesejavelmente, está a assolar a Língua Portuguesa, elegeram o lado errado da História, e nela ficarão como os aliados submissos da destruição da nossa Língua, numa época em que foi mais importante obedecer do que lutar pela nobre missão de ENSINAR. Algo imperdoável.
No entanto, ainda vão muito a tempo de reverter a situação.
Basta gritar: BASTA de tanto desacerto!
Isabel A. Ferreira
Há pessoas dotadas de uma lucidez e de um espírito crítico invejáveis. Pessoas que vêem o invisível, que estão muito para além do seu tempo, que penetram no âmago das questões e as põe a nu, e não aceitam a mediocridade, de ânimo leve.
Venero essas pessoas. Gosto de as citar. Leio-as sofregamente.
É o caso da minha amiga Idalete Giga (professora, poeta, escritora, musicóloga portuguesa, entre outros atributos) de uma Cultura e lucidez excepcionais, a qual faz uma breve análise, lúcida e crítica, ao AO90, e que aqui transcrevo, subscrevendo cada palavra.
E tal como Caio Fernando Abreu (jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro), também eu deveria ser remunerada por ter de aguentar, todos os dias, a imbecilidade de certos acordistas, que se dizem professores e linguistas, e que nasceram apenas para dizer os mais inconcebíveis despautérios, sem terem a mínima noção disso. E eles, os despautérios, são tão perfurantes, que até doem.
Faço minhas as palavras sábias da Idalete Giga:
«Sempre me causou uma grande perplexidade a obediência cega de editoras, jornais, revistas, panfletos sobre tudo e mais alguma coisa, literatura médica com péssimas traduções e erros execráveis, os lambe-botas dos canais de Televisão que enojam qualquer cidadão consciente do que é a sua Língua Materna, etc., etc.. Sim, o AO90, este Linguicídio trágico não pode ter qualquer futuro. Uma revisão do mesmo é pior a emenda que o soneto. O que merece tal desastre linguístico é o LIXO (!) Socratistas, santanistas, cavaquistas e toda a restante corte de traidores e ignorantes terão de assumir o gigantesco erro que foi o maldito (des)AO90. No nosso País, tudo é possível. Em cada dia que passa fico mais revoltada e perplexa com a imbecilidade que invadiu Portugal e, infelizmente, talvez a maioria do povo português.» (Idalete Giga)
Pois é amiga Idalete, a imbecilidade é um vírus que contagia os mais intelectualmente vulneráveis.
Isabel A. Ferreira
Se dúvidas houvesse em relação à negociata socialista que está a tramar a Língua Portuguesa, este esclarecimento, que recebi via e-mail, vem confirmar aquilo que todos já sabemos.
Indubitavelmente, O AO90 é fruto de uma descomunal imbecilidade militante.
«LATIM, Língua maravilhosa!
O vocábulo "maestro" vem do latim "magister" e este, por sua vez, do advérbio "magis" que significa "mais" ou "mais que".
Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos restantes, pelos seus conhecimentos e habilitações!
Por exemplo um "Magister equitum" era um Chefe de Cavalaria, e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.
Já o vocábulo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do advérbio "minus" que significa "menos" ou "menos que". Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso.
Como se vê, o Latim explica a razão por que qualquer imbecil pode ser ministro... mas não maestro! » (Recebido via-email).
… diz Miguel Sousa Tavares, e eu acrescento: defendido por imbecis… que não sabem distinguir a Língua Portuguesa (o trigo) do AO90 (o joio) …
(E os Portugueses, que se prezam de o ser, também deviam ser remunerados pelo mesmo motivo...)
Texto de Miguel Sousa Tavares
«O que sempre me impressionou mais no AO de 90 — além da absoluta estupidez intrínseca das soluções propostas — foi a sua própria génese: o AO de 90 nasceu sem que nenhum dos sete países oficialmente falantes de português o tenha pedido ou de algum modo tenha manifestado a sua necessidade, mas sim por estrita iniciativa pessoal de meia dúzia de "sábios" aparentemente sem nada de mais relevante com que se ocuparem.
[...] Do alto do seu saber intocável, meia dúzia de iluminados resolveu mudar a ortografia de 15 milhões de portugueses de Portugal e da emigração e das outras dezenas de milhões que aprenderam connosco a falar e escrever português. E, perante a diversidade inevitável que a língua adquiriu naturalmente — na fala e na escrita — e que, em si mesma, é uma riqueza acrescentada, eles resolveram empobrecê-la, definindo um impossível, inaplicável e idiota código comum de grafia. [...]
Do ponto de vista linguístico, o AO é um tratado de imbecilidade; do ponto de vista comercial, é uma rigorosa inutilidade; do ponto de vista político, é uma humilhação sem sentido.
Rejeitado durante 27 anos pela esmagadora maioria dos escritores e dos que utilizam profissionalmente a língua no dia-a-dia, denunciado em todas as suas vertentes por incansáveis movimentos de cidadãos, o AO manteve-se porém sempre em vigor e declarado como facto consumado por sucessivos governos, ministros da Cultura, Presidentes da República e parlamentares, como tábua sagrada. Porquê? Porque os seus benefícios se tinham tornado evidentes, porque os contestatários se tinham enfim rendido às suas vantagens, porque todos os países envolvidos tinham aderido, porque tinham feito da língua portuguesa unificada um trunfo à escala geopolítica?
Não. Por inércia, por ignorância, por falta de paciência para se ocuparem do assunto. Nunca terei visto uma decisão política imposta pela força por tão poucos a tantos mais e levada avante, não pela razão, mas pela simples demissão do poder político.
Veja-se a posição do actual MNE, Santos Silva, idêntica à de todos os seus antecessores: o AO é um tratado internacional, está em vigor e ponto final. Não interessa se é bom ou se é mau, se serve ou des-serve o interesse nacional ou até o facto de a sua entrada em vigor ser ilegal, nos termos do próprio tratado. Revê-lo, denunciá-lo, declará-lo caduco, seria uma chatice: eis o argumento decisivo. [...]
Na sessão ocorrida na AR, a deputada socialista e ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, defensora do AO, veio trazer à colação o seu exemplo pessoal: foi dar um concerto ao Brasil e "traduziram-lhe o texto para brasileiro" (que texto, sra. deputada?). Donde, terá ela concluído, que nada melhor do que um acordo que unifique a grafia — o que, no caso concreto, não seria outra que não a grafia brasileira. Perante este argumento demolidor, e apenas por causa dele, permito-me apresentar também o meu caso pessoal. Em 2005, quando publiquei o meu primeiro livro no Brasil, o todo-poderoso editor brasileiro começou por me propor que todo o texto fosse em português do Brasil, a pretexto de que os leitores brasileiros não iriam entender nem aderir ao português de cá. Não obstante a vontade e o grande orgulho que tinha em ser editado no Brasil, recusei liminarmente.
O editor propôs-me então uma lista de 50 palavras ou expressões portuguesas que deveriam ser traduzidas para brasileiro. Recusei outra vez. No fim, propôs-me mudar duas palavras, apenas duas, e eu voltei a recusar. Desde então, editei oito livros no Brasil e todos abrem com uma declaração do editor brasileiro: "Por expressa vontade do autor, este livro é escrito no português de Portugal e sem obediência ao Acordo Ortográfico de 1990". Doze anos e oito livros depois, com "o português de Portugal", vendi centenas de milhares de exemplares no Brasil, e participei lá em dezenas de palestras, conferências e feiras literárias, onde conheci dezenas de editores e livreiros e centenas de leitores, sem que um só, alguma vez, se me tenha queixado de não entender a minha escrita de cá. Pelo que, sra. deputada, talvez o problema seja seu.
Porque não experimenta antes defender a sua língua? Ou, por acaso, leu Machado de Assis ou Jorge Amado traduzidos para o nosso português?»
Miguel Sousa Tavares
Fonte:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=acordoortografico90
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