Segunda-feira, 20 de Abril de 2020

«Por uma Língua com Personalidade, Independência e Raiz!»

 

Amiudadas vezes troco impressões, via e-mail, sobre a questão do AO90, com pessoas que têm coisas para dizer ou para perguntar. Quando o assunto é do interesse público, costumo divulgá-lo.

 

É o caso do texto que hoje aqui transcrevo, com a devida autorização da autora, e a minha resposta.

 

Língua.png

 

Atentem na frase da imagem. Eis algo que os acordistas, do alto da sua falta de Saber, não sabem: cada palavra tem uma história, e sem história as palavras não são palavras, mas simples amontoados de letras desenraizadas. Tudo e todos têm uma origem, têm uma história. É essa origem que valida a existência de tudo e de todos. A Língua Portuguesa é uma das Línguas mais ricas do mundo, e os acordistas pretendem empobrecê-la e despojá-la da sua riqueza e de toda a sua beleza atacando-a com o AO90. E vamos deixar que isto aconteça?

 

***

 

Cara Isabel,

 

Tudo isto é muito confuso para mim. Tive dois filhos em ensino doméstico e ensinei-os a ler, vendo as dificuldades que encontraram nalgumas palavras que não faziam sentido, como baptismo. Sinceramente, algumas palavras podiam ser alteradas, para facilitar a aprendizagem tanto dos iniciantes crianças como dos estrangeiros, mas é tudo muito complexo. Pharmácia um dia teve que passar a ser farmácia e penso que foi um bom dia.

 

Confesso que não sou absolutamente contra a alteração de uma ou outra palavra, mas o acordo em si é uma aberração! E infelizmente o meu Word está com o novo acordo e não o consigo definir para sem acordo, tenho que ver se resolvo isso.

 

Outra coisa que me aterroriza, mas não acovarda, é o facto de o Inglês andar a saltar em cima do Português. Resistir e escrever e falar Português é crucial. 

 

A nossa língua é lindíssima!

 

Estou muito preocupada com este caso do acordo, assim como o Letria escreve com o AO, muitos o fazem. Agora que os estudantes são penalizados por escreverem à moda antiga. É muito mais complexo e urgente do que se possa imaginar, eu acho. Quanto mais tempo passar, pior.

 

Convinha precisamente aproveitar a crise para tocar para a frente o assunto, com reuniões online, sei lá, tudo o que fosse possível.

 

Os escritores deviam debater mais, independentemente do Governo ou Parlamento.

 

Os meus livros ainda são só ensaios, mais para os amigos e conhecidos. Serão 365 contos de Portugal Intemporal, em volumes de 19, para ir fazendo.

 

E uma das questões que me faz estar a editar só 100 exemplares é precisamente o acordo, pois quero rever todos os textos antes de editar maior quantidade.

 

Fico ao dispor, dentro das minhas possibilidades. 

 

Por uma Língua com Personalidade, Independência e Raiz!


F. M.

 

***

Cara F. M.,

 

Compreendo a sua confusão, mas se o Português fosse ensinado com cabeça, tronco e membros, como devia, a confusão desapareceria. Hoje em dia, ele é ensinado apenas com os membros inferiores.

 

Existe uma “coisa” chamada Gramática, que é o estudo e tratado dos factos de uma língua e das leis que a regem; é um livro em que se encontram expostas as regras da linguagem, e que hoje em dia não está a ser considerado, porque se nas escolas ensinassem a Gramática, as confusões desapareceriam.

 

A Língua é uma Ciência muito completa, tal como a Matemática ou a História. E se os estudantes soubessem que existe uma parte da Gramática que trata da origem e formação das palavras, que se chama Etimologia, saberiam que a palavra baPtismo tem aquele , porque o seu étimo, ou seja, o vocábulo que lhe deu origem é baPtismus (do Latim), originário do grego βάπτισμós.  A nossa Língua tem origem na Família Indo-Europeia, que passou ao Itálico, e deste, ao Latim, de onde são originárias as Línguas românicas, como o Português, o Castelhano, o Catalão, o Francês, o Provençal, o Italiano, o Romeno, entre outras línguas de menor importância. Está tudo explicadinho na GRAMÁTICA. Todas estas Línguas têm uma história tal como a Língua Portuguesa, mas ao contrário da Portuguesa, essa história é mantida e estudada, para que se possa compreender as palavras.

 

E é esta aprendizagem que faz falta, em Portugal. BaPtismo, sem o , não tem qualquer significado. É um amontoado de letras sem origem alguma. Todos nós SOMOS alguém porque temos uma origem no Pai e na Mãe. As palavras são a mesma coisa.

 

E não se pode pegar numa Língua e desfazê-la, apenas porque políticos pouco ou nada esclarecidos assim o querem.

 

Não me venha falar de “facilitar a aprendizagem das crianças ou dos estrangeiros” porque está a passar um testado de idiotas às nossas crianças e aos estrangeiros (veja o Inglês, o Alemão, o Polaco), línguas com bastantes consoantes que NÃO se lêem, mas escrevem-se, e sem elas a linguagem fica mais complicada, ao contrário do que diz. As crianças alemãs, inglesas e polacas entre outras, aprendem as suas complicadas Línguas Maternas, e nunca foi preciso SIMPLIFICAR coisa nenhuma, ou fazerem acordos para facilitar a aprendizagem das crianças e muito menos dos estrangeiros. A aprendizagem de uma língua também é feita visualmente, com muita leitura. Ao escrevermos “batismo” (lê-se obrigatoriamente “bâtismu”) se soubermos a história da palavra, imediatamente vemos que falta ali alguma coisa, além de aquele ter uma função diacrítica, ou seja, uma função de sinal gráfico, que abre a vogal que o antecede. Centenas de gerações antes de nós aprenderam a Língua deste modo. E nós também a aprendemos. Por que não agora? A pergunta é: ficaram todos muito mais estúpidos?

 

No caso de Pharmacia, é preciso saber o alfabeto latino. Sabendo-se o alfabeto latino, que é o nosso, ficamos a saber que o PH (fonema grego) tem o som da nossa letra F. Então, se no NOSSO alfabeto, temos uma letra que corresponde a esse som, passemos a grafar o F, em vez do PH (grego), não se alterando a pronúncia, como se altera em “batismo”. E pela grafia de 45, só se suprimiram as consoantes sem função diacrítica, e que não alteravam a pronúncia das palavras, como por exemplo em ella/elle, que passou a ela/ele.

 

Não é necessário alterar coisa nenhuma, porque o AO90 é a maior estupidez que já existiu à face da Terra. Única no mundo linguístico.

 

***

 

O problema com o seu Word resolve-se muito facilmente: é só instalar o Corrector Ortográfico anterior ao AO90.

Deste modo:

1 - Abra uma página de Word

2 -  Vá ao FILE

3 - Clica em OPTIONS

4 – Aqui, clica em PROOFING

e aparece um quadro que tem de ficar igual a este (que é o meu com o corrector na pré-reforma:

 

Capture.PNG

 

Para quem usar o WinWord em português, apenas necessita de ir à caixa que indica "Modos de português de Portugal:" e escolher Pré-acordo. (Informação de João Moreira)

 

Nunca mais terá problemas. Quando escrever batismo, a palavra aparecerá com um risquinho vermelho por baixo, e é só corrigir. Os acentos são corrigidos, quase todos, automaticamente, e em algumas palavras como em acção, se a escrever sem o , o corrector corrige automaticamente também.

 

Diz que outra coisa que me aterroriza, mas não acovarda, é o facto de o Inglês andar a saltar em cima do Português. Resistir e escrever e falar Português é crucial. Pior é o brasileiro, porque o Inglês é uma língua universal, e uma língua ÍNTEGRA. Mas sim, é crucial falar e escrever Português, sem qualquer dúvida, porque a nossa Língua, como diz e muito bem, é lindíssima, e o AO90 só veio desfeá-la.    

Os estudantes, por lei, NÃO PODEM ser penalizados por escreverem, não à moda antiga, mas por escreverem a sua Língua Materna correCtamente. Não há lei nenhuma que possa penalizá-los. É só terem a coragem de dizer NÃO e pedir a lei que os obriga a escrever incorreCtamente a Língua deles. Como essa lei não existe, não são obrigados a escrever incorretamente (incurrêtâment’).

 

Eu estou a fazer a minha parte. Não desisto. Já lancei reptos a professores e a escritores, no meu Blogue. Se todos colaborassem isto acabava em dois tempos.

 

Sejam ensaios ou outra coisa, jamais escreva os seus livros em acordês, pois estará a prestar um mau serviço a Portugal, à Língua Portuguesa e a si própria, à sua alma portuguesa.

 

 Estarei sempre ao seu dispor.

 

Por uma Língua com Personalidade, Independência e Raiz! (gostei deste seu grito).

 

 Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:35

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