Agora que o Irão anda nas bocas do mundo, e em Portugal se silencia a desonrosa subserviência do governo português à ortografia brasileira, que está a ser impingida, como facto (e não fato) consumado, aos portugueses, nomeadamente às crianças, que estão a ser vilmente enganadas, considero oportuno fazer esta pergunta, para que todos possam reflectir no gravíssimo erro que os políticos portugueses, cegos, surdos e mudos às vozes da RAZÃO, estão a cometer, fazendo-nos passar por parvos aos olhos do mundo.
E para quem não anda neste mundo só por ver andar os outros, para as mentes pensantes, para os que estão atentos, para os que sabem, vêem, ouvem e lêem, não há a mais pequena dúvida de que mais pê, menos pê, mais cê, menos cê, mais acento, menos acento, mais hífen, menos hífen, a ortografia proposta por Evanildo Bechara (Brasil) e Malaca Casteleiro (Portugal) os mentores desta tragédia portuguesa chamada AO90, é a ortografia brasileira, disfarçada do acordo mais desacordado que o mundo jamais viu. E não estou a exagerar. Se estou, apontem-me outro. Um só basta.
Daí que chame a atenção para o facto (que em Portugal já começa a ser vestimenta, por exemplo para Santana Lopes, pretendente a primeiro-ministro de Portugal) de que o Brasil tem todo o direito de pronunciar e escrever as palavras como bem entender, italianizando-as como neste quadro,
e dizer e escrever IRÃ como tradução de IRAN, grafia utilizada em várias línguas, mas não na Língua Portuguesa, porque o som AN é traduzido por ÃO, como também em Teerão (Tehran), Paquistão (Pakistan), Azerbaijão (Azerbaijan), etc..
Se usarem um qualquer tradutor online e escreverem Iran para ser traduzido para Português, aparece invariavelmente a palavra IRÃ. E IRÃ não é Português.
O que eu quero dizer com isto?
Quero dizer que o AO90, além de ser uma grande fraude, não unifica ortografia nenhuma. Muito pelo contrário. Então, qual é a finalidade de todo este servilismo ao Brasil?
A pergunta fica, e eu, por causa das coisas, vou deixar aqui uma
Declaração:
Declaro, pela minha honra, que nada tenho contra o Brasil, minha segunda pátria, e contra os Brasileiros, minha família sul-americana, que muito estimo e respeito.
Mas declaro também, pela minha honra, e como cidadã portuguesa, que não sou obrigada a adoptar a ortografia que o Brasil, país livre e soberano, decidiu escolher para o seu Povo, porque tenho o meu próprio país, onde nasci, e onde um outro Povo, ao qual pertenço, criou a sua própria Língua, que espalhou pelo mundo (incluindo o Brasil), e, aludindo ao que Ramón Piñero escreveu, no seu livro «Galicia» (um hino à minha terra ancestral – a Galiza) a Terra e a Língua são as duas raízes mais profundas da sociedade portuguesa. São as que lhe dão consciência da sua identidade e da sua unidade, tanto para os que vivem no país, como para todos os outros que tiveram de abandoná-lo e ir viver para terras longínquas. E lá, nesse longe, a lembrança da terra e das suas paisagens, e a possibilidade de falar e escrever na própria Língua, com a musicalidade portuguesa, são as duas raízes existenciais que mantém a nossa identidade original, aqui e no mundo.
Graças à Língua e ao amor à Terra Mãe podemos manter também a nossa identidade espiritual com os nossos concidadãos que vivem emigrados. E se essa unidade e espiritualidade for destruída, destruindo-se a raiz da nossa Língua, Portugal deixará de existir como um colo materno ao qual eles e nós sempre regressamos com orgulho.
Então que sentido fará trocar a nossa identidade, pela identidade de um outro país que, apesar de irmão, é um outro país?
Isabel A. Ferreira
. Ja se perguntaram por que...