Quarta-feira, 17 de Agosto de 2022

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte III)

 

Com este percurso ao redor do Acordo Ortográfico de 1990, que apresento hoje, nesta Parte III, o qual contribuiu a milhões% para a «Degradação da Língua Portuguesa», Carlos M. Coimbra termina a sua exposição à Provedora da RTP, estação televisiva estatal, que em vez de dar um BOM exemplo de como bem falar e escrever a NOSSA Língua, muito subservientemente, curvou-se aos também muito subservientes governantes, e é uma das grandes cooperantes da destruição da Língua Portuguesa.

 

E é como diz António Manuel Ribeiro (UHF): «Cabe à Nação dizer não queremos» esta imbecilidade, que foi a de impor a Portugal, o imbecil AO90, que está a gerar os imbecis do futuro (linguisticamente falando).

 

Isabel A. Ferreira

 

António Manuel Ribeiro UHF.jpg

 

por Carlos M. Coimbra

 

«Degradação da Língua Portuguesa»

 

7. Acordo Ortográfico

 

Como criticar um Acordo Ortográfico que não tem razão de existir? Qual a vantagem para Portugal? A ortografia do português tem sido alterada, sim, e já não se escreve 'hum' nem 'pharmácia', mas essas foram mudanças que tiveram lugar em Portugal, para portugueses, e não foram empurradas por poderes estrangeiros nem para agradar a ninguém, e ainda muito menos para alinhar com um país para onde foi levada a língua e lhe tem vindo a fazer tropelias.

 

Eu não imagino o fundamento para Portugal ter "normalizado" a sua ortografia com um país onde eu tive ocasião de examinar provas de exame de português de liceu. Fiquei incrédulo pelo nível do questionamento! É que esse exame não seria usado em Portugal, por serem tão corriqueiras tais "dúvidas" sobre a fala e gramática. Quase parecia um exame de português para estrangeiros que estivessem a aprender a língua! Não é para admirar que, tendo eu estado no Brasil de norte a sul, só no Rio é que tive menos dificuldade em ser entendido.

 

Acontece que os brasileiros escrevem e falam erradamente, mas nem têm consciência disso, dizendo coisas como "estou lhe esperando".... E como nas telenovelas adaptam a fala aos variados personagens, as asneiras que dizem entram no ouvido dos portugueses e perduram. Existe um canal em Portugal que até emprega dois brasileiros como jornalistas (uma no Brasil e outro creio que em Lisboa) e dá-lhes o direito de falar ao microfone. Como eles esquecem qual é o público a quem se dirigem, saem palavras erradas, como "apoiadores" em vez de "apoiantes" ou "prefeito" no lugar de Presidente da Câmara. A RTP não faz tal uso de estrangeiros, mas o que é certo é que o frequente uso de entrevistas de rua com brasileiros prejudica a pureza do português.

 

Comparando com o castelhano, podemos observar que em programas de processamento de texto são mencionados "espanhol" de Espanha, do México, da Argentina e por aí fora. E quem teria a má ideia no Reino Unido de fazer um "acordo" com os EUA donde resultasse que os ingleses, escoceses, etc... passassem a escrever 'neighbor' e não 'neighbour', e chamassem 'zi' em vez de 'zed' à letra Z? Haveria uma revolução e contestação pior que a do Brexit! Esse tal Acordo, criado pelo que honestamente poderiam ser chamados Traidores à Pátria, deveria entrar em vigor quando um certo número de países dos PALOP o aprovassem. Como muitos não pareceram dispostos a fazer tal coisa, diminuiu-se o número requerido. E posteriormente, acho que esse número foi reduzido mais uma vez. Contudo, ainda não é considerado aprovado. Nem mesmo pelo Brasil, que é precisamente o país que teria que fazer a quantidade mais ínfima de modificações!

 

Ora então porque é que um governo português ordenou o seu uso em órgãos dele dependentes? Isto só criou confusão na ortografia, e bem hajam jornais como o Público que não aderiram a essa estupidez. Acontece que o AO, não contente com a mudança na ortografia, até pretende convencer o público português a começar a falar de maneira diferente! Se eu sempre disse "expectativa" (e continuo a dizer), porque razão passaria a dizer "expetativa", como já ouvi o presidente Rebelo de Sousa dizer?... E se eu devo dizer "expetativa", como se justifica que seja obrigado a dizer "expectável"? Isto não consiste em Degradação da Língua Portuguesa? O que são "telespetadores"? Gente que espeta coisas remotamente?...

 

A coisa ainda é pior para quem, como eu, lê ocasionalmente textos de jornais brasileiros e vê e escuta o Jornal Nacional da Rede Globo assiduamente! No Brasil, costumavam escrever os meses com minúscula; agora escrevem com maiúscula. Mas em Portugal, alguém decidiu fazer exactamente o contrário! Ainda mais escandaloso é comparar as mudanças que ocorreram em quem aderiu, à força ou por vontade, à "nova" ortografia: Enquanto em Portugal esses escrevem "infeção", os brasileiros não só continuam a escrever "infecção", mas há jornalistas que até dizem "infequição"! Isto é devido a muitos não conseguirem ou não gostarem de dizer duas consoantes seguidas, tal como palavras a começar com S. Então é tisunami, atimosfera, obistrução, hequitares, opitar, subimerso, etc...

 

Assim se ouve em vozes de quem deveria falar correctamente, inclusive o máximo exponente da nação. (O presidente Temer falava muito bom português, e eu até costumava dizer que era um português "de temer"). Que dizer da retirada do acento agudo no particípio perfeito simples de verbos em -ar? Falamos e falámos, escritos da mesma maneira? Só faz "sentido" se ouvirmos brasileiros a falar, como o actual presidente no seu 'pronunciamento' de Ano Novo, áudio do qual mandarei separadamente, captado do JN da Globo na noite de 31 de Dezembro.  

 

Ele aí fala claramente no passado, mas dizendo "amos" e não "ámos". E Portugal fez um Acordo com quem fala assim português?... Parece bem que sim, e a coisa pegou, pois no "Sexta às 9" de 14 de Julho de 2017, o título era "Onde para o dinheiro?"! Tal como o exemplo da "infecção", existem muitos outros, onde os brasileiros continuam todos lampeiros a dizer os 'c' e os 'p' que os portugueses foram proibidos de usar! Curiosamente, a única contribuição brasileira decente que conheço foi o uso do trema (diæresis) para se poder distinguir as pronúncias de "Anhangüera" e "Benguela". Acontece que o Acordo acabou com esse uso! Contraproducente, a meu ver.

 

Ora claro que tudo isto faz nervoso miudinho a quem presta atenção a estas coisas. O que fazer, não sei. Só mudando o governo radicalmente e arranjando um presidente (tanto no Brasil como sobretudo em Portugal) que se preocupe com a língua portuguesa no país e no mundo! Evidentemente que não espero que a Dª. Ana corrija isto tudo, nem a acho com a responsabilidade de o fazer. Mas penso que estes vários aspectos possam servir-lhe como um resumo para algum gesto que pretenda ter internamente na RTP.

    

Melhores cumprimentos, C. Coimbra Toronto

***

Para os interessados em seguir esta brilhante lição, aqui deixo os links, para os restantes textos (o primeiro, inclusive).

 

(Parte I)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte I)

 

(Parte II)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte II)

 

(Parte III)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte III)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:41

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