Eu NÃO me calo. Eu barafusto. Eu indigno-me. Eu não sou servilista. Eu não sou seguidista. Eu não sou um ser rastejante. Eu sou um animal vertebrado.
Também NÃO sou xenófoba, nem racista. Escusam de estar para aí a chamar-me o que não sou. Pugnar pelo MEU Património Cultural, que está a ser AMEAÇADO e DESTRUÍDO, NÃO faz de mim xenófoba ou racista, até porque a Cultura Brasileira, também faz parte da MINHA Cultura. Porém, meus caros Brasileiros, amigos, amigos, negócios à parte, sempre ouvi dizer, e levo isto muito a peito.
Ainda se eu NÃO soubesse o que está por detrás desta infiltração, talvez caísse nesta armadilha. Mas sabendo, como sei, da tramóia que está por detrás desta imposição à força da Língua Brasileira por toda a parte, nas redes sociais, na Internet, convidando-me a consultar o Google em Inglês, e a ter o computador em Inglês, e o Telemóvel em Inglês, só para NÃO ter de levar com uma linguagem de bradar aos céus (Jorge Amado, Machado de Assis, José Mauro de Vasconcelos, Carlos Drumond de Andrade, Cecília Meireles, Mário Quintana, Manuel Bandeira, Olavo Bilac, Cora Coralina, Vinício de Morais, enfim, os clássicos brasileiros, devem estar a dar voltas na tumba, com o linguajar brasileiro do seculo XXI d.C.), é meu DEVER (devia ser dever de TODOS os portugueses) NÃO ficar calada, e NÃO aceitar esta imposição, como facto consumado.
E o pior disto tudo é que escrevem a Língua à brasileira, e continuam a chamar-lhe "português”.
O Facebook/Meta, hoje, “convidou-me” a partilhar o vídeo das minhas memórias, nesta rede social.
Vou aqui partilhar esta "memória", fixa numa imagem, apenas por um motivo: quero perguntar ao Facebook por alma de quem é que se dirigem a mim, em BRASILEIRO, como se eu NÃO estivesse em PORTUGAL, e como se a Língua Portuguesa NÃO existisse?
Eu NÃO me CADASTREI no Facebook em 2009.
Eu ADERI ao Facebook, em 2009.
Estamos em PORTUGAL, e a Língua de Portugal é a LÍNGUA PORTUGUESA DESACORDIZADA.
E mais: apesar de me darem a opção de PARTILHAR o vídeo, no momento de o publicar, BARRARAM-ME a publicação.
Consegui dar-lhe a volta. O vídeo não pode ser visto, mas o recado aqui fica.
Isabel A. Ferreira
E eu só posso concordar com ele.
É que a ESTUPIDEZ é como a pastilha elástica: quando se cola em alguma coisa é difícil de remover.
Por isso, é que depois de tanto se ter já provado, por A + B, que o AO90 bem como a pirosíssima “linguagem inclusiva” são coisas absolutamente estúpidas, elas continuam a ser mascadas e atiradas, por aí, e não há guindaste que consiga removê-la desta nossa desventurada sociedade, que está a estupidificar-se de um modo vertiginoso, com o aval dos que, dentro dos Palácios de São Bento e de Belém, conservam essa pastilha elástica como se fosse um jarro de fina porcelana, para ornamentar os salões.
Como poderemos remover essa pastilha elástica da nossa vida e devolver a Portugal a LUCIDEZ?
Alguém tem alguma ideia?
Isabel A. Ferreira
***
«A era da estupidez»
(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 26/08/2022)
(…)
4 - As duas primeiras vezes que me deparei de caras com a agora chamada “linguagem inclusiva” aconteceram no Brasil e apenas me fizeram sorrir, longe de imaginar que mais tarde se tornaria moda e que de moda passaria a certidão de bom comportamento cívico e daí a quase imperativo — tão inútil, tão absurdo e tão idiota quanto o ridículo Acordo Ortográfico da língua portuguesa: o mais patético e humilhante documento jurídico alguma vez assinado por um Governo português.
A primeira vez, aconteceu estava eu a fazer um filme de 60 minutos para a RTP sobre a história da colonização portuguesa da Amazónia — (um projecto editorial que hoje, apenas pelo seu objecto, obviamente não seria autorizado). E estava então em trânsito numa daquelas cidadezinhas amazónicas com nomes do Ribatejo — Santarém ou Almeirim, já não recordo —, quando uma noite me deparo com um comício eleitoral para a prefeitura local, a decorrer numa praça ao ar livre. Sobe ao palanque um candidato com pinta de jagunço dos livros do Jorge Amado, bate três vezes no microfone para se certificar que funcionava, e começa: “Meus povos…” Porém, detém-se, olha a plateia, faz uma pausa e recomeça. “E minhas povas.” Estávamos em 1987.
A segunda vez aconteceu vários anos depois, em Brasília, quando fui entrevistar Dilma Rousseff, acabada de ser eleita Presidente do Brasil. Antes de entrar para a entrevista, uma sua assessora perguntou-me se eu estava ciente de que a Presidente Dilma gostava de ser tratada por “presidenta”. Na verdade, eu já tinha ouvido uns zunzuns sobre isso, mas fiz-me de parvo: “Sabe, eu falo português de Portugal. E lá, o substantivo presidente não tem género, tanto se aplica a um presidente homem como mulher. Se eu tratasse a presidente Dilma por ‘presidenta’, teria de tratar um Presidente homem por ‘presidento’. E, mais ainda: a senhora, por exemplo, teria de tratar o polícia federal que está ali fora por ‘senhor polício’.”
Ler artigo completo aqui:
A questão está mal formulada, senhora professora.
Aqui há duas questões a ter em conta.
Portugal não merece a mixórdia ortográfica que os governantes lhe impuseram.
1ª questão:
Augusto Santos Silva não é um dos principais culpados do caos ortográfico, em que Portugal está mergulhado dos pés à cabeça.
Augusto Santos Silva é tão-só o principal culpado da propagação do “Acordo Ortográfico de 1990”, até porque o Ministério que dirige é (ou devia ser) o Depositário dos Instrumentos de Ratificação dos Protocolos Modificativos do AO90. Digo devia ser, porque de acordo com uma investigação já realizada e que pode ser consultada neste link:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/augusto-santos-silva-e-lula-da-silva-209818
esses documentos não estarão lá depositados, porque se estivessem, Augusto Santos Silva já deveria ter publicado todos os documentos originais dos Instrumentos de Ratificação, porquanto no dia 14 de Junho de 2019, através do Requerimento n.º 113/XIII (4.ª) do Deputado José Carlos Barros, do PSD, foi-lhe solicitado “cópia integral dos Instrumentos de Ratificação do Acordo Ortográfico de 1990, depositados junto do Governo da República Portuguesa até à presente data” e o Ministro, escudando-se num pormenor de lana-caprina: «Em nenhum momento, o Senhor Deputado se identificou como “coordenador e relator do Grupo de Trabalho para a Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990...» recusou-se a publicá-los. E até hoje aguardamos essa publicação.
2ª questão:
Os principais culpados do caos ortográfico, aqui sim, em que Portugal está afundado são, sem a menor sombra de dúvida, em em primeiro lugar, os professores que, quando nas escolas, lhes acenaram com uma “ordem escrita” (a RCM 8/2011 que "determinou" (não obrigou) à aplicação de uma grafia estrangeira (a ignorância seria assim tanta que não soubessem que o AO90 assentava numa grafia estrangeira, a brasileira, nunca teriam lido Jorge Amado, para o comprovar?), aceitaram o facto como um acto consumado, sem questionar fosse o que fosse, sem oferecer resistência, sem a mínima “curiosidade” de se informarem melhor, pois só uma LEI obriga a alguma coisa, desprezando as vozes que então se levantaram, fora das escolas, contra este atentado à identidade portuguesa, contra este inconcebível e inútil linguicídio, numa atitude completamente apática, como se nada tivessem com a nobre missão de ensinar.
Em segundo lugar, os muito subservientes órgãos de comunicação social, nomeadamente os canais televisivos, que se apressaram a aplicar a grafia brasileira, como se fossem um organismo estatal (sim, talvez estejam ao serviço do governo, e se não estão parece) num desrespeito total pelo seu mais precioso instrumento de trabalho - a Língua Portuguesa, contribuindo indecorosamente para a propagação de uma mixórdia ortográfica que envergonha a classe e o país, que deviam servir, estando, deste modo indigno, a prestar vassalagem ao estrangeiro.
Envergonho-me destas duas classes - a docente e a jornalística - que deviam preservar os valores linguísticos da nossa Língua, e foram os primeiros a deformá-la servilmente.
Se os professores, nessa altura, tivessem batido o pé, questionado, exigido que lhes mostrassem a lei, que a tal ignomínia os obrigava, se tivessem tido, ao menos, a curiosidade de se informarem, de se inteirarem do motivo por que tantas vozes, fora da escola, gritavam contra o AO90, não estaríamos agora a chorar sobre o leite que eles próprios derramaram.
Mas ao contrário do que Augusto Santos Silva apregoa por aí, o AO90 não é imutável.
Imutáveis são as línguas íntegras, como as grandes Línguas europeias (a Francesa, a Inglesa, a Alemã, a Castelhana) fixadas há centenas de anos. Quando se atinge o BOM, manter esse BOM é da racionalidade. E a Língua Portuguesa, tinha atingido o BOM, com o AO45, ainda em vigor. Não havia a mínima necessidade de a deturpar, para fazer jeitos a terceiros.
Não se deforma uma Língua para simplificar a aprendizagem, ou para fazer o jeito a gigantes. Isto nunca aconteceu em parte alguma do mundo. Só no nosso desventurado País, que não tem gente à altura para o manter português.
Sinto vergonha quando vejo os que o representam a rastejar aos pés de quem o espezinha.
Isabel A. Ferreira
Um texto de Francisco Miguel Valada, para ler, reler e reflectir.
«A união de fato e o pára-raios: hábitos e recaídas
Kein Mensch kann wirklich leben, wenn nicht noch ein Funken von Hoffnung in ihm ist. Und das sollten die Massenmedien nie vergessen.
— Hans-Georg Gadamer
A marcha era lenta, iam velhos entre eles e mesmo os moços estavam no limite da fadiga, não podiam mais. Alguns quase se arrastavam, sustentados apenas pela esperança.
— Jorge Amado
***
Esta semana tem sido extremamente produtiva. Tivemos alguns exemplos do sítio do costume, como o contato de 13 de Maio ou os contatos de anteontem, aos quais se juntam os fatos de ontem:
Exactamente: fatos.
No Expresso. tem havido recaídas. Como se sabe, não há três sem quatro.
Efectivamente: pára-raios.
E hoje?
Hoje, dedicaremos a nossa atenção ao sítio do costume e a outro aspecto da adopção do AO90:
Exacta e efectivamente: coletivo, colectiva e colectivamente.
E amanhã?
Amanhã, felizmente, não há Diário da República.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
Fonte: https://aventar.eu/2019/05/page/2/
Não, helicópetro, tal qual se lê na imagem, nada tem a ver com a grafia brasileira que nos querem impingir (AO90). Mas é assim que falam, portanto é assim que devem escrever. Não é essa a teoria acordista?
Isto tem a ver também com uma incomum ignorância por parte dos legendadores, que nem à brasileira, nem à portuguesa, simplesmente não sabem escrever, porque erros destes são numerosíssimos. Já ultrapassaram todos os limites.
Isto nunca aconteceu em Portugal. Uma gralha ou outra sempre existiu e sempre foi desculpável, em todos os tempos, mas, hoje em dia, fazem das gralhas e dos erros ortográficos uma linguagem paralela à Língua Portuguesa, e isto é uma coisa muito estranha… E as televisões, sendo o veículo perfeito, através do qual se estupidifica o povo, até nesta questão da linguagem, induzem o povo também a escrever incorreCtamente.
Que mau exemplo! Que falta de brio profissional! Que desleixo!
Como todos já sabemos, a designação AO90 é um disfarce, para impor a Portugal a grafia brasileira, já usada pelos clássicos brasileiros, como Jorge Amado, Machado de Assis, José Mauro de Vasconcelos, entre outros autores, que adoro e li nesta grafia acordista.
Leiam estes autores, que nunca foram "traduzidos" em Portugal para a grafia portuguesa, como os autores portugueses são traduzidos no Brasil, para a grafia brasileira, e confiram a ortografia que nos querem impingir. Nos originais desses autores, lá encontrarão a supressão das consoantes mudas, que, os que se vergaram a esta fraude acordista, usam e, sobretudo, abusam, porque não sabem destrinçar as que se lêem, das que não se lêem, e cortam tudo à ceguinha... demonstrando mais ignorância do que era esperado, e com isso fabricam abortos ortográficos como "interrução", "invita", "receção", “expetativa”, "espetador" (por espeCtador) enfim, aberrações ortográficas à portuguesinho, que nem os Brasileiros empregam.
Mas no Brasil, que usem a grafia brasileira, não tenho nada contra, e o que penso sobre isso, não interessa. Eles são um país livre, e fazem o que bem quiserem do modo como querem expressar-se. Mas não chamem ao que escrevem e falam no Brasil, de Português do Brasil, porque está errado. O que se escreve e fala no Brasil (pela enésima vez) é o Dialecto Brasileiro, oriundo da Língua Portuguesa, tal como o Crioulo Cabo-Verdiano, agora língua oficial de Cabo Verde, procede da Língua Portuguesa.
Em Portugal devemos manter a ortografia portuguesa, porque não estamos interessados em sul-americanizar os nossos vocábulos, até porque Portugal não é uma colónia do Brasil, se bem que vontade não falte, principalmente da parte portuguesa.
Isto é altamente lesivo da nossa identidade. Todos os Países que são PAÍSES a sério, identificam-se pela Bandeira Nacional, pelo Hino Nacional e pela sua Língua Oficial, excePto um país chamado Portugal, que vendeu a Língua a mercenários, e o que restou dela é um mixordês inqualificável, que já não identifica o nosso País.
Se não se tomar medidas urgentes e concretas, não tenho qualquer dúvida de que a Língua Portuguesa desaparecerá do mapa, e não só na sua designação. Mas não será substituída por um qualquer "portunhol", mas sim por algo terminado em leiro que vamos a ver o que será.
Revogar o AO90, não só é um acto de inteligência, como (e segundo Fernando Alberto II) «um acto de conhecimento, de sabedoria, de cultura e de sapiência».
Eis uma consideração que apanhei já não sei aonde, e que é muito significativa da estranheza que o AO90 causa às mentes esclarecidas:
«Com toda a certeza, os neoliberais da treta, que tomaram de assalto este País, respondem unicamente a grupos de interesses, e quem mais teria interesse em promover o Aborto Ortográfico? Claro que sim, em primeira instância, os editores que viram assim um maná das reedições, assassinando por completo a língua, gerando o caos ortográfico, em que ninguém se entende, escrevendo num mesmo texto com a ortografia antiga e com a nova ficando uma salganhada abaixo do execrável. Eu digo não obrigado, não utilizo, nem nunca utilizarei, esta coisa imposta, sem o mínimo de debate, decidido unilateralmente e apenas e só, para dar provimento a interesses e nada mais.»
O que as ex-colónias fizeram ou fazem à língua que decidiram adoptar, depois da independência delas, é problema delas. A Língua Portuguesa é uma língua indo-europeia, e a versão ortográfica de 1945 é a que está efeCtivamente em vigor em Portugal. Portanto, Portugal não tem de italianizar, ou abrasileirar, ou espanholar a sua ortografia, porque a Língua Portuguesa identifica Portugal, assim como as Língua Inglesa identifica a Inglaterra, a Castelhana identifica Espanha, a Italiana identifica Itália, a Francesa identifica a França, etc., etc., etc..
Portugal não tem de se vergar a nenhum país, em matéria nenhuma, muito menos no que concerne à sua Língua Oficial. Portugal é um país livre. Esta dependência do Brasil só significa que temos em Portugal governantes servos da gleba e traidores da pátria.
Ando sempre a bater na mesma tecla. Já é cansativo. Mas como os meus interlocutores parecem ter cérebros cristalizados é preciso martelar, martelar, martelar, até que alguma coisa se quebre e possa deixar entrar a lucidez, que tanta falta faz na governação de um País.
Entretanto, torno a declarar (pela enésima vez) que nada tenho contra o Brasil, minha segunda Pátria, onde contribuí para a sua economia e aprendi a ler e a escrever, usando a mesma ortografia que, sob o disfarce do AO90, estão agora a impingir aos meus netos, que só não são induzidos em erro, porque a Avó não permite; e (pela enésima vez) também nada tenho contra os Brasileiros, até porque a esmagadora maioria da minha família é brasileira e já vai na terceira geração, e conto com muitos e bons amigos no Brasil.
Mas uma coisa, é uma coisa, outra coisa, é outra coisa…
Brasil é Brasil, um país livre da América do Sul.
Portugal é Portugal, um país livre (?) da Europa Ocidental.
Não vamos abdicar desta realidade.
Continuarei a pugnar pela defesa da Língua Portuguesa, indo-europeia, de raiz greco-latina.
Porque a «Língua é um dos elementos da nacionalidade; pugnar pela vernaculidade daquela é pugnar pela autonomia desta» (Leite de Vasconcelos, um dos maiores linguistas e filólogos portugueses). E este é também o meu pensar e o meu sentir, e jamais abdicarei do meu direito cívico de defender a minha Língua Materna, de predadores ignorantes.
Isabel A. Ferreira
O Jornal Expresso, servilmente, até porque não é funcionário público, nem faz parte de nenhum organismo estatal (ou fará) vergou-se à grafia brasileira, que o governo português quer impor a Portugal ilegalmente, sem ao menos se informar se era obrigado, por LEI, a fazê-lo.
Cegamente (ou talvez para servir os interesses do Poder, porque os há assim) optou por trair a Língua Portuguesa. Perdeu leitores, obviamente. E agora deu-lhe para oferecer Camilo à brasileira.
Claro está que um desacordista não compra o Expresso, e jamais leria a prosa impoluta de Camilo, grafada à brasileira.
Isto é um insulto a Camilo e à Língua Portuguesa
Lê-se na apresentação desta oferta, para enganar papalvos: Numa seleção (s’l’ção) (assim, à brasileira) de João Bigotte Chorão, esta coleção (cul’ção) (à brasileira) de oito livros conta com os prefácios de Abel Barros Baptista, A. M. Pires Cabral, Henrique Raposo, Francisco José Viegas, José Viale Moutinho, José Quitério, Maria Alzira Seixo e Mário Cláudio.
Diz que é grátis. Mas nem grátis, nem a pagar, deve ler-se a prosa intocável de Camilo, traduzida para Brasileiro. É um ultraje a Camilo é à Língua Portuguesa.
Assim como seria um ultraje a Jorge Amado e ao Dialecto Brasileiro com que ele escreveu as suas obras-primas, traduzi-lo para Língua Portuguesa.
Os predadores da Língua Portuguesa andam por aí a reeditar os clássicos portugueses em Brasileiro, mas os Brasileiros cultos, que eu conheço, recusam-se a ler os nossos clássicos traduzidos para Brasileiro, porque, dizem eles, perde-se a alma da escrita dos nossos grandes escritores.
Não é hábito das editoras portuguesas traduzirem os clássicos brasileiros para Língua Portuguesa, porque em Portugal, quem sabe ler, pode até não saber o que significa objeto (ôbjêtu), mas isto não é impeditivo de se compreender o resto da obra.
Dizem que, no Brasil, é preciso traduzir as obras dos autores portugueses para Brasileiro, porque os Brasileiros (não os cultos obviamente) não compreendem a Língua Portuguesa. A mim, já me pediram tradução para Brasileiro de um livro meu. Escusado será dizer que me recusei a tal.
Será por isso que nos querem impingir a grafia brasileira, através do fraudulento AO90, para que os tais milhões de Brasileiros que, se excePtuarmos os analfabetos e os analfabetos funcionais, já não serão milhões, mas milhares, possam entender o que escrevemos?
Não haverá nisto algo estranho? Afinal, se é necessário traduzir, a Língua não é a mesma, lá e cá. Para os africanos de expressão portuguesa nunca foi necessário traduzir as nossas obras, africanizando-as, para que eles pudessem entender-nos.
Bem, se me aparecer à frente um Camilo grafado à brasileira, ou um Jorge Amado grafado à portuguesa, irão direCtinhos para o caixote do lixo.
Isabel A. Ferreira
Nós vamos cobrar esta aCção, doutor António Costa.
E o primeiro-ministro disse mais esta coisa dúbia: considerou que esta é uma aposta de “afirmação da individualidade e da diversidade» …
Querem saber? Banzei-me, porque a treta não diz nada, nada, nada com a careta.
Absolutamente nada.
«No dia 08 de junho, o poeta português Manuel Alegre foi eleito o novo ganhador do Prêmio Camões de Literatura, principal comenda do mundo literário em linguá portuguesa. Instituído em 1988, o Prêmio tem o objetivo de consagrar autores de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da nossa língua». (***)
Origem da imagem e do pequeno texto:
http://praxis.com.br/manuel-alegre-e-o-vencedor-do-premio-camoes-2017/
*** (Será esta linguagem que António Costa defende para Portugal? É que já estamos neste caminho, e bastante adiantados. E isto não se faz às crianças portuguesas: obrigá-las a escrever à brasileira!)
E querem saber por que não diz a treta com a careta? Porque ou António Costa está a gozar connosco, porque até agora não mexeu uma palha em defesa da Língua Portuguesa (que saibamos, mas como há muita coisa que se faz às escondidas, no Parlamento…!) ou quando se referiu à Língua Portuguesa queria dizer “grafia brasileira”, e fugiu-lhe a boca para a verdade, porque a verdade é que em Portugal a Língua é a Portuguesa. E a isto chama-se individualidade. E não há cá esta coisa de português europeu e português brasileiro. Até porque o Português não é outra coisa senão europeu. PONTO. O que há é a Língua Portuguesa e as suas variantes: brasileira, angolana, moçambicana, cabo-verdiana, são-tomense, timorense, guineense, macaense, goense… E onde mais fôramos, mais tivéramos… E a isto chama-se diversidade.
Pois se António Costa quer afirmar a individualidade, fiquemos com a nossa Língua Portuguesa, e atire-se ao lixo o AO90, como o Brasil atirou ao lixo a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945, que assinou, mas não cumpriu.
E se António Costa quer afirmar a diversidade, pois deixemos que cada país lusófono fique com a sua especificidade linguística, para que os escritores citados: Luís de Camões, José Craveirinha, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Luandino Vieira, José Saramago, Arménio Vieira, Jorge Amado, Baltazar Lopes, Cecília Meireles, Mia Couto e Manuel Alegre, possam ser lidos diversamente, e não somente à moda brasileira.
Porque haveria Luandino Vieira (Angola) ou Mia Couto (Moçambique) ou Arménio Vieira (Cabo Verde), ou Alda do Espírito Santo (São Tomé e Príncipe) ou Odete Semedo (Guiné-Bissau) ou Luís Cardoso de Noronha (Timor-Leste) ou Luís de Camões (Portugal) serem lidos segundo a cartilha brasileira, ou Jorge Amado ser lido segundo a cartilha portuguesa?
Qual o interesse de unificar algo que é absolutamente impossível de unificar, se António Costa pretende afirmar a diversidade, como declarou?
Então para quê mutilar a ortografia portuguesa, para a avizinhar da ortografia brasileira nos vocábulos em que existem consoantes mudas e hífenes e acentos, mesmo assim, com excePções e bastantes abortinhos ortográficos por parte dos portugueses, que se metem a ser mais “papistas do que o papa” por pura ignorância?
A verdade é que o servilismo do governo português aos mandos brasileiros é notório e vergonhoso e repugnante.
Mas ainda há mais. Lê-se na notícia:
«António Costa falava momentos antes de entregar, juntamente com o embaixador do Brasil em Portugal, Luís Alberto Figueiredo Machado, e na presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do ex-líder parlamentar socialista, Alberto Martins, e do presidente do PS, Carlos César, entre outras personalidades, ao poeta e ex-candidato presidencial Manuel Alegre, o Prémio Camões 2017, numa cerimónia que decorreu na passada sexta-feira, no Palácio da Ajuda, tendo o primeiro-ministro reafirmado o compromisso do Governo com a língua portuguesa, “com os seus valores e as suas valências”.
Duas observações a fazer:
Primeira: como teria sido elegante convidar os embaixadores dos restantes países lusófonos, para esta cerimónia, uma vez que o Prémio Camões destina-se a distinguir autores que tenham contribuído para o enriquecimento do Património Literário e Cultural da Língua Portuguesa, apesar de o prémio ter sido instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988!
Mas não será esta a festa maior da Língua Portuguesa, escrita e falada também por Angolanos, Moçambicanos, Cabo-verdianos, São-Tomenses, Guineenses e Timorenses, que pertencem aos PALOP, aos países ditos lusófonos? E que em 29 atribuições, apenas cinco foram para autores africanos, e mesmo assim para apenas três países (Moçambique, Angola e Cabo Verde)? Por que teriam sido excluídos os embaixadores dos outros países? Por quê esta exclusividade brasileira? É que aqui há muita água suja no bico.
Isto pareceu uma cerimónia luso-brasileira, tal como o é o AO90, mais brasileiro do que português, pois de português só tem Malaca Casteleiro, parcveiro de Antônio Houaiss, o paridor-mor desta tragédia linguística.
Segunda: se o primeiro-ministro reafirmou o compromisso do Governo com a Língua Portuguesa, “com os seus valores e as suas valências”, porque se continua a desvalorizar a Língua Portuguesa e a impingir às crianças portuguesas a valência brasileira?
Bem, e António Costa disse mais: segundo ele «num mundo onde se observa um “crescente “risco” de massificação, uniformização e de hegemonização, a língua é um instrumento e uma “condição insubstituível” de afirmação da individualidade e da diversidade».
Que conversa é esta, senhor primeiro-ministro?
Impingem ao país a individualidade ortográfica basileira, e pretendem afirmar a diversificação? Em que ficamos? Ou percebi mal?
Nesta cerimónia luso-brasileira, António Costa fez ainda questão de vincar a importância da Língua Portuguesa e da prioridade que o Governo dá à sua difusão, defendendo que cada língua representa por si mesma um mundo e uma “visão desse mesmo mundo”, uma “singularidade e uma pluralidade”, reiterando a vontade do Governo que lidera de “reforçar, ampliar e de modernizar” uma política de língua “mais activa e mais eficaz”, de modo a tornar a língua “mais partilhada e mais presente”.
O que é que isto significa, senho primeiro-ministro?
Não é verdade que o governo português (porque hei-de escrever "governo" com letra maiúscula e Fevereiro com letra minúscula?) dá prioridade à difusão e defesa da Língua na sua singularidade e pluralidade. Não é verdade. Se desse, já teria acabado com esta fantochada de introduzir em Portugal a ortografia brasileira. Deixaria correr livremente a pluralidade… Ou percebi mal?
E o desafio que defendeu, o de «que não deve ficar apenas no âmbito do Estado e das suas instituições, mas um desígnio que tem de ser assumido igualmente pelo “conjunto da sociedade civil” e por todos os “luso falantes”, saudando a propósito os povos, países e comunidades dispersas pelo mundo que falam o português, defendendo que todos e cada um deles “são representantes dessa comunidade maior” que fala a língua de “Luís de Camões, de José Craveirinha, de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Pessoa, de Guimarães Rosa, de Luandino Vieira, de José Saramago, de Arménio Vieira, de Jorge Amado, de Baltazar Lopes, de Cecília Meireles, de Mia Couto e de Manuel Alegre”, é atirar areia para os olhos dos Portugueses.
Porquê?
Simplesmente porque os luso-falantes, dispersos por todo o mundo, estão-se nas tintas para o AO90 que os governos português e brasileiro querem impingir aos demais povos lusófonos, estando esses luso-falantes a contestar fortemente esta ditadura ortográfica, que pretende, à força de um objectivo torpe, que Luís de Camões, José Craveirinha, Fernando Pessoa, Luandino Vieira, José Saramago, Arménio Vieira, Baltazar Lopes, Mia Couto e Manuel Alegre, estejam “afêtos” à cartilha de Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Jorge Amado.
Fonte da notícia: https://shar.es/1NOC4R
***
Ouvi o discurso de Manuel Alegre, e pareceu-me que ele esteve-se nas tintas para a defesa da Língua Portuguesa. Poderia ter aproveitado a ocasião para mandar um recado ao governo de António Costa, mas não mandou. Por vezes penso que estes prémios literários, que são atribuídos a certos desacordistas, servem para os calar. E o pior é que eles CALAM-SE. Com isto não quero dizer que Manuel Alegre não merecesse o prémio, mas podia ter feito algo mais pela Língua Portuguesa, sugerindo ao seu camarada António Costa que desista de abrasileirar a ortografia portuguesa, porque isso não é defender a diversidade, nem a Língua Portuguesa.
Para finalizar sugiro a leitura deste texto onde José Saramago, Padre António Vieira, Marguerite Yourcenar, Séneca e Jaime de Magalhães Lima falam daquela «cegueira que faz com que não reconheçamos o que temos à frente…»
Os olhos são inúteis quando a mente é cega
Isabel A. Ferreira
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