Quinta-feira, 14 de Março de 2024

«Língua portuguesa e integração» ou uma aldrabice para enganar os estrangeiros?

 

Língua portuguesa e integração é o título de um artigo de opinião, da autoria do acordista Diogo Godinho, e publicado no passado dia 09 de Março, no Jornal “Observador”.

 

Diz o opinante que «O conhecimento e uso da língua portuguesa torna-se condição indispensável para a integração de cidadãos de origem estrangeira», o que é algo absolutamente correCto.

E acrescenta: «Conforme prevê a nossa Constituição, a língua oficial da República Portuguesa é o Português, sendo tarefa fundamental do Estado a sua defesa e a sua difusão (art.º 9º, al. f) e art.º 11º, nº3 da CRP). Porém, não bastando tal obviedade, o legislador português clarificou ainda explicitamente noutros diplomas legais que a língua portuguesa seria a língua usada nas tramitações administrativas e judiciais do Estado (cfr. arts.º 54º C.P. Administrativo; 133º C.P. Civil ; 92º, nº1 C.P. Penal).»



Neste último parágrafo é que a porca torce o rabo, porque a questão é:

1 - A que Português a Constituição da República Portuguesa (CRP) se refere?

 

A Constituição da República Portuguesa refere-se ao Português ainda em vigor em Portugal, através do Decreto 35.228, de 08 de Dezembro de 1945, que estabelece os princípios de fixação para a grafia da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em 01 de Janeiro de 1946, e a qual ainda não foi revogada, por Lei alguma, e apenas uma LEI pode revogar outra Lei. Portanto, todos os que aplicam o chamado acordo ortográfico de 1990, desde o mais letrado ao mais ignorante, estão a infringir a Lei.

O próprio Estado Português, o próprio presidente da República Portuguesa, os governantes portugueses, os deputados da Nação, à excePção dos do Partido Comunista Português (PCP), que não se deixou deslumbrar pelo aceno dos milhões, estão a violar a Constituição da República Portuguesa, ao aplicarem um acordo ilegal e inconstitucional, segundo os pareceres, bem fundamentados juridicamente, de inúmeros juristas não-afectos ao regime, porque aos afectos ao regime, como os Profs. Jorge Miranda e Vital Moreira, parece-lhes que o AO90 é legal ainda que não ratificado, por todos os signatários, e, para tal, dão desculpas de mal pagador, que só convencem os ignorantes.

 

2 - Estará o Estado Português a cumprir a tarefa fundamental de defender e difundir o Português, de acordo com os artigos mencionados, no parágrafo referido mais acima?

Obviamente, NÃO está.

Neste artigo de Diogo Godinho, NÃO se fala da Língua Portuguesa, do Português, consignado na CRP. Fala-se do ACORDÊS, muitas vezes amixordizado, ou seja, a mistura da grafia portuguesa com a grafia brasileira, preconizada no mal engendrado AO90, que andam por aí a impingir aos estrangeiros, dizendo-lhes que é Português, enganando-os descaradamente. E isto devia ser tratado como crime.

 

E o que é mais estranho é o absurdo silêncio da Academia das Ciências de Lisboa (que ao que parece, actualmente, é uma mera serviçal da Academia Brasileira de Letras, pois é esta última que dá cartas nesta “Questão da Língua Portuguesa”, que ficará para a História, como o acto mais infame, mais vergonhoso, mais servil, mais idiota perpetrado por governantes portugueses do pós 25 de Abril, bem identificados, os quais, por mais incrível que possa parecer, permitiram que Portugal se transformasse no albergue dos medíocres, dos incompetentes, dos analfabetizados, dos que não querem saber, dos sem-brio, dos apátridas, dos acordistas que não conseguem PENSAR a Língua de Portugal!

 

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Liberdade de sermos portugueses.png

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:45

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Quarta-feira, 13 de Março de 2024

«A beleza das palavras», por Manuel Matos Monteiro, Director da Escola da Língua



Manuel Matos Monteiro.png

Por Manuel Matos Monteiro

Director da Escola da Língua

 

A beleza das palavras

 

Num tempo em que a lusa língua é tão maltratada, poderia vituperar contra o paupérrimo artigo de Jorge Miranda em que o constitucionalista defende um Acordo Cacográfico que não sabe aplicar (veja-se “heróica”) e cuja própria data desconhece (imagine-se o texto de um historiador a comemorar os cinquenta anos do 25 de Abril… de 1975…), mas que defende e propagandeia há anos sem conseguir observar a condição sine qua non para a sua defesa e apologia: inventariar as vantagens (uma só!) desse instrumento ante o anterior.

 

Quanto ao mais, o artigo está pejado de enfermidades linguísticas e de considerações desastradas sobre erros de português (veja-se o caso do «porque»/«por que»), sem um singelo exemplo ilustrativo. Poderia ainda bradar contra a ausência desse crime de leso-idioma (o Acordo Cacográfico) na discussão eleitoral, instrumento esse que os partidos políticos e os mais altos dignitários do Estado continuam sem saber aplicar, enquanto decretam, cegos e surdos (porque o Acordo tem consequências na língua escrita e falada), que seja aplicado.

 

Poderia até enumerar a quantidade de vezes que ouvi “acórdos” (isso mesmo) nos debates das legislativas. “A minha pátria é a língua portuguesa”, papagueiam com frequência e solenidade os habitantes do espaço público, mormente políticos, que (com louváveis excepções) estão sempre mortos por usar uma palavra estrangeira para exprimir determinado conceito que, na língua portuguesa, tem quatro, cinco ou seis palavras (por vezes, até mais) que dizem a mesmíssima coisa, enquanto apresentam um vocabulário reduzido e estereotipado, debitando a ladainha de dois em dois minutos: “empatia”,   impacto”, “inclusivo”, “expectável”, “expectativas”, “janela de oportunidades”, “recorrente” e o verbo “colocar”. Será, por tudo isso, natural que os efeitos (“impactos”, para melhor compreensão) do Acordo Cacográfico não os afectem (“afetem”, escreverão eles, se souberem ou se a tecnologia os ajudar).

 

(Concedo ter cedido parcialmente à paralipse até aqui.)

 

Sucede que falar sempre mal faz mal, pelo que me dedicarei a boiar, garantidamente mais feliz, pelo que o título deste texto anuncia, preferindo de ora em diante algo deleitoso a algo deletério.

 

Estamos em Fevereiro de 2016, na sala de aula da terceira classe de uma pequena e tranquila cidade (Copparo) no Norte de Itália, e a professora Margherita Aurora pede aos seus alunos que escrevam dois adjectivos para cada vocábulo que dita.

Uma dessas palavras é “flor”.

Matteo, um menino de oito anos, escreve: “perfumada e petalosa”.

A professora assinala o segundo adjectivo, a palavra petalosa, como um “erro

bonito”.

A professora diz a Matteo e aos colegas que redijam uma carta à Accademia della Crusca, a mais alta instância linguística italiana.

Passadas três semanas…

… chega uma carta à escola de Matteo.

 

Diz a carta:

Querido Matteo, a palavra que inventaste é uma palavra bem formada e poderia ser usada em italiano, assim como são usadas palavras formadas da mesma maneira.

Tu juntaste petalo + oso ➞ petaloso = cheio de pétalas, com muitas pétalas

Da mesma forma, existem em italiano:

pelo + oso ➞ peloso = cheio de pêlos, com muitos pêlos

coraggio + oso ➞ coraggioso = cheio de coragem, com muita coragem.

A tua palavra é bonita e clara […].

[…]

Obrigada por nos teres escrito.

Cumprimentos para ti, para os teus companheiros e para a tua professora.

 

Maria Cristina Torchia

Redacção da Consultoria Linguística

Accademia della Crusca

 

A história — … e, com ela, a palavra… — difundiu-se pela televisão, pela rádio, pelos jornais, pelas redes sociais. O próprio primeiro-ministro italiano Matteo Renzi felicitou Matteo num tuíte. O já saudoso Fernando Alves, que só sabia fabricar superbíssimas crónicas, dedicou-lhe uma superbíssima crónica.

 

Tropeçamos na beleza e desatamos a correr?

James Joyce, na sua obra mais difícil, Finnegans Wake, criou palavras que fundiam dois verbos. Por exemplo, pegou em “catapultar” e “arremessar”, e escreveu: “catapultarremessam”. Pegou em “arrasar” e “massacrar”, e escreveu: “avançam para arrasamassacrar”.

Pegando numa onomatopeia e num substantivo, o escritor irlandês deu-nos a sonora e expressiva ideia de uma… “pftjqueda”.

 

Lembrei-me disto, porque escrevi ao Instituto de Lexicologia e Lexicografia da

Língua Portuguesa (ILLLP) propondo os vocábulos “lucivelo” e “ancenúbio”,

vocábulos esses que foram felizmente acolhidos no Dicionário da Língua

Portuguesa (DLP). “Lucivelo” e “ancenúbio” são as palavras portuguesas que

exprimem respectivamente os francesismos abat-jour e nuance.

“Lucivelo” vem de luz e véu, e significa o mesmo que o galicismo “abajur”. O DLP acolhia a palavra francesa abat-jour, mas não acolhia a palavra portuguesa

“lucivelo”.

 

Recorde-se que, para o galicismo abat-jour, temos:

“quebra-luz”

“pára-luz”

“tapa-luz”

“veda-luz”

“abaixa-luz”

e… claro… lu-ci-ve-lo.

É digno de nota que estas seis palavras portuguesas sejam muitíssimo menos usadas do que a palavra do francês.

 

“Ancenúbio”, que também já mora no DLP, significa o mesmo que o francesismo nuance, sendo formada pelos mesmos elementos latinos presentes na criação do termo estrangeiro. An-ce-nú-bi-o, que palavra tão suave e melodiosa, tão replena de eufonia.

 

Continuo ainda a aguardar que “intimilhação” (1), “trabalhólico”, “calipedia”, “aletia”, “fenotexto”, “tecnofilia”, “tecnófilo” e “tecnodeslumbrado” tenham o mesmo destino: que tais propostas que enviei por escrito ao ILLLP desaguem igualmente no DLP.

 

“Intimilhação” nasce de “intimidação” e “humilhação”. “Intimilhação”, quanto ao mais, traduz muito bem o bullying. Espero ainda que o aportuguesamento de workaholic desague no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (o já referido DLP). Alguém estranha a palavra “alcoólico”? Porquê estranhar então “trabalhólico”? Mera falta de hábito que domestica e amestra o paladar.

 

Manuel Matos Monteiro, Director da Escola da Língua

 

(1) A primeira vez que tropecei neste prodígio foi num texto do tradutor A. Gonçalves.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:40

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Domingo, 3 de Março de 2024

«O Brasil se quiser ser um grande país e construir uma nação nesse mesmo país não pode ser leviano e pretender ser professor da Língua Portuguesa»

 

A propósito do texto publicado em «O Lugar da Língua Portuguesa» sob o título  (...) «E a campanha eleitoral continua a ignorar a questão da imposição política 'criminosa' do indefensável AO90 a Portugal! Democracia isto?! Com os tiques da ditadura e da censura?!...» e partilhado no Novo Movimento Contra o AO90 gerou-se uma troca de comentários entre mim e João Robalo de Carvalho, e que aqui reproduzo, por existir matéria de interesse público.

 

É preciso, de uma vez por todas que o Brasil siga o seu caminho, e deixe de humilhar Portugal, algo que já tem barbas brancas e muito, muito longas e que vai muito para além desta declaração de Evanildo Bechara (sucessor de Antônio Houaiss, o brasileiro-libanês, pai do AO90) que em conluio com Malaca Casteleiro, engendraram esta aberração ortográfica. A declaração de Bechara é de 2016, mas antes desta data, esta ideia já estava cimentada, e depois dela, as coisas têm vindo a piorar, devido à repugnante subserviência dos governantes portugueses, desprovidos de coluna vertebral, que rastejam, como lagartos, aos pés do Brasil.

 

Não podemos admitir que o Brasil continue a HUMILHAR-NOS deste modo tão grosseiro, e que se ande por aí a vender gato por lebre, chamando “português” à Variante Brasileira do Português, que está a circular efusivamente na Internet, cheia de disparates. Uma vergonha! Um insulto!


Isabel A. Ferreira

 

***

 

 João Robalo de Carvalho

Quanto a este assunto nacional da alteração da escrita da Língua Portuguesa através de imposição de regras vindas dos órgãos nacionais e com a anuência da figuras representativas do Estado e de alguma parte da intelectualidade portuguesa como o caso do prof. Jorge Miranda, membros da Academia de Lisboa e prof. de língua portuguesa, este caso nacional está para durar enquanto houver desacordistas e se não houver um despertar nacional para este assunto nacional, a Língua Portuguesa de seu nome, identificando um idioma nascido e construído em Portugal chegou ao fim.

 

O Brasil com o seu jeito manhoso e provinciano utilizando a manha ou má-fé, já que usou caminhos desviantes para chegar ao destino que foi alterar escrita da Língua Portuguesa através de um chamado "Acordo" quando é do conhecimento público que esse acordo foi forjado com o intuito de tirar proveitos políticos a seu favor, nada há a fazer, a não ser pela desconstrução do processo que construiu esse "Acordo", ou seja: Revogação.

Para chegar à revogação serão os deputados da A. R. a iniciar o processo, logo que reconheçam que o chamado acordo ofende os interesses de Portugal, já que, se a asneira começou por eles, devem ser eles, deputados, a reconhecer a asneira e com a sua legitimidade própria desfazerem-se dela.

 

A Língua Portuguesa como a conhecemos no século XX está morta e não mais Portugal terá controlo do seu desenvolvimento uma vez que o Brasil tomou o controlo da sua expansão através dos "acordos" estabelecidos entre o Brasil e Portugal.

Portanto, sejamos lúcidos, da forma como o cozinhado foi elaborado será apenas por duas vias. Ou Revogação ou por todos os portugueses que conscientes do valor da sua Língua se prestem a lutar por ela uma vez que ela já não é nossa, mas uma língua desvairada e perdida por aí, pelo mundo, mas sem controlo e com regras comandadas pelo terceiro mundo ou mundo subdesenvolvido, como lhe queiram chamar.

Este é o meu grito de despedida da língua que eu ainda tenho por não aceitar a imposição que me foi imposta, mas que não deixarei de continuar a escrever como me ensinaram em Portugal, meu país.

 

Este caso é sério e nacional e como cidadão consciente de que Portugal como país ocidental bateu no fundo e perdeu consciência dos seus clássicos valores Europeus e ocidentais, digo apenas, Portugal cansa e oprime um homem que pensa.

 

***

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Fonte da imagem: https://cedilha.net/ap53/2024/02/becharadas/

 

***

Isabel A. Ferreira

Autor

João Robalo de Carvalho fala em "revogação", a revogação de quê? Sempre ouvi dizer que só se "revogam" leis. Ora não existe uma lei que obrigue ao uso do AO90. Por outro lado, o AO90 não está em vigor, devido à sua inconstitucionalidade e ilegalidade, e só se "revoga" algo que é lei e está em vigor.

 

Ou estarei enganada? Se não estou, o termo a usar não é "revogar", mas será eliminar?

Além disso, sempre ouvi dizer que a Lei que obrigou à grafia de 1945, continua em vigor, porque não foi revogada por outra lei.

 

Tudo isto poderia ser esmiuçado e denunciado aos tribunais, por quem sabe de Leis. Eu não sei, mas tento saber.

 

***

João Robalo de Carvalho

Isabel A. Ferreira a revogação é em linguagem não jurídica a eliminação da produção de efeitos jurídicos e como entre dois Estados soberanos e independentes houve actos que foram assinados por representantes de ambos comprometendo-se mutuamente, para que esse chamado acordo desapareça ou seja eliminado seria bom para Portugal que tal processo de eliminação da produção de efeitos desaparecesse definitivamente para que os arrufos desaparecessem, usando linguagem popular, tanto do lado de cá como do lado de lá do Atlântico.

 

Seria a lavagem da roupa suja que todo este processo originou, porque originado em interesses em nada relacionados com a defesa da evolução da Língua Portuguesa, mas sim por simples motivações ainda nacionalistas como refere Maurício Silva da USP no documento apresentado por Maria José Abranches e com o qual estou de acordo.

 

É um documento interessante e com um apanhado histórico em linha seguida acompanhando o rasto das emoções que trouxeram o caso das divergências na matéria.

 

O Brasil ainda se está a construir como nação e será bom que os brasileiros tenham bem a noção disso para que se dediquem, estudem, divulguem segundo princípios de gramática e estrutura sólida e estimem a Língua Portuguesa para que através dela possam manter a unidade de um território de 8,5 milhões de Kms quadrados. A unidade da língua faz a unidade de um território.

 

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Portanto, este problema que o Estado português criou aos seus cidadãos não é coisa de somenos, mas sim um atentado a um símbolo nacional e para que o símbolo não fique manchado deve ser todo o processo bem lavado.

Outro caminho a seguir entre nós é o de os portugueses não respeitarem as novas regras de escrita, mas isso, entre nós, não me parece ser solução para que o Português como idioma original volte ao seu estádio de evolução que adquiriu no sec. XX, já que pessoas como o prof. Jorge Miranda diz o que diz, os homens e mulheres da Academia e professores de Língua Portuguesa se calam, parece estar tudo dito.

 

É verdade que a Lei de 1945 é a lei que está em vigor por ser uma lei de grau superior à Resolução do Conselho de Ministros que criou o AO90, pois trata-se aqui de hierarquia de leis e por essa razão a Lei que é emanada da AR ou o Dec.-Lei emanados do Governo da República sobrepõem-se à Resolução do Conselho de Ministros.

 

***

 

Isabel A. Ferreira

Autor

Muito boa a sua análise João Robalo de CarvalhoObrigada pelos seus esclarecimentos, até porque não percebo muito de leis, percebo das que fui obrigada a aprender para me defender em tribunal, nos diversos processos em que estive envolvida, sem nunca ter sido levada a julgamento, porque segui sempre os ditames da Lei. O que eu disse da "revogação" foi o que me disse um jurista: não se pode revogar o que NÃO está em vigor.

Estou sempre a aprender.
O que interessa fundamentalmente é que se faça alguma coisa para que o AO90 desapareça da face da Terra, para sempre.

 

 ****

Para completar esta reflexão, sobre a ingerência do Brasil no que pertence exclusivamente a Portugal, embora com o vil consentimento dos que cá (des)mandam, acrescento estes comentários, da autoria de Maria José Abranches, Professora de Português, e grande lutadora em prol da Língua Portuguesa, desde 2008, publicados no Jornal Público aqui

 

«(...) Contrariamente a outros povos que tiveram impérios coloniais - ingleses, franceses, espanhóis - Portugal despreza a sua própria língua, para a submeter aos interesses da língua do Brasil. Ora o Brasil, no seu respeitável direito, logo em 1907 fez a sua própria reforma ortográfica e, desde então, Portugal e o Brasil têm andado entretidos num combate estéril e nocivo, sobretudo para Portugal, entre as respectivas ortografias! Quando virá um português que, à imagem de D. Pedro -- 07 de Setembro de 1822 -- proclame a independência da língua do Brasil, libertando-nos enfim desta 'guerra' estúpida e interminável, que está a destruir a nossa língua? Ignorância, estupidez, cobardia, 'em nossa perdição se conjuraram'! «Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades.» - A. N."

"E a campanha eleitoral continua, todos silenciando a imposição política do AO90 a Portugal, reagindo como analfabetos que ignoram o que significa a ortografia para uma língua escrita há séculos! Todos empenhados na promoção do imperialismo linguístico brasileiro, com os seus milhões!!! de falantes e os seus 210 idiomas em vigor! Balanço dos 50 anos da Democracia: afinal mantêm-se os tiques da ditadura e a censura continua eficaz!"

 

Maria José Abranches

***

Entretanto...

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publicado por Isabel A. Ferreira às 17:18

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Terça-feira, 27 de Fevereiro de 2024

(...) «E a campanha eleitoral continua a ignorar a questão da imposição política 'criminosa' do indefensável AO90 a Portugal! Democracia isto?! Com os tiques da ditadura e da censura?!...»

 

Por Maria José Abranches

 

Anteontem, 25/02/2024, no "Público", um surpreendente artigo (ver abaixo) do notável constitucionalista Jorge Miranda: "O uso e o não uso da língua", fazendo a apologia do AO90 (aliás, para o autor "AO91")! Espantoso como a nossa 'elite' intelectual se permite exibir a sua ignorância, sempre que é a nossa língua que está em causa! 

 

Permito-me citar esta passagem, chamando a vossa atenção para o que assinalei a negrito

 

«No século XIX, em Portugal houve um projeto de alterações que, no entanto, não teve seguimento. Seria, após a proclamação da República, que se faria um decreto a estabelecê-las. Como foi uma decisão unilateral, dele resultaram graves desentendimentos com o Brasil, que naturalmente não poderia aceitar essa decisão.»

 

Comparem-se estas afirmações, com estas outras, com que se inicia o Anexo II- Nota explicativa do AO90:

 

  «A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo.

 

Tal situação remonta, como é sabido, a 1911, em que foi adoptada em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas que não foi extensiva ao Brasil. [...] com o objectivo de se minimizarem os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil. Todavia, por razões que não importa agora mencionar, este acordo não produziu, afinal, a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos, (...)»


A existência de duas ortografias, a portuguesa e a brasileira, que já vem de muito longe, não tem a mínima importância. Mas sempre que se reacende o anseio pela 'unificação' ortográfica, lá vem a acusação usual: a culpa é de Portugal!

 

Qual o objectivo desta insistência em responsabilizar a reforma ortográfica portuguesa de 1911 pela existência de duas ortografias, ignorando voluntariamente a reforma ortográfica brasileira de 1907? E qual é o significado de Portugal aparecer sempre como 'obrigado' a sujeitar-se aos desejos do Brasil, por estar em falta?!

 

No meu comentário ao artigo de Jorge Miranda, já publicado, procurei fazer um rápido historial deste 'romance' ortográfico interminável. Recolhi o essencial da minha informação, sobre este longo e tortuoso processo, num artigo excepcional que encontrei na 'net' (ver abaixo), dum professor brasileiro, da Universidade de São Paulo, Maurício Silva, que vos peço que leiam com a atenção que merece a seriedade e a profundidade com que esta questão aqui é tratada. 

 

Parêntese: E a campanha eleitoral continua a ignorar a questão da imposição política 'criminosa' do indefensável AO90 a Portugal! Democracia isto?! Com os tiques da ditadura e da censura?!...

 

Os meus comentários, já publicados:


«Fundamental: estamos, com a introdução do AO90 no ensino, em 2011, a destruir o esforço feito nas últimas décadas, para combater o nosso vergonhoso analfabetismo (1960: 33,1%; 1970: 25,7%; 2001: 9,0%; 2011: 5,2%); 2021: 3,1%)! Recapitulando: 1907- Academia Brasileira de Letras (ABL) reforma, simplificando-a, a ortografia brasileira, para a aproximar da fonética; 1911 - uma Comissão de filólogos notáveis é responsável pela Reforma Ortográfica da língua de Portugal; 1915: ABL resolve aplicar a reforma portuguesa; 1919: ABL revoga a resolução de 1915; 1931: Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro; 1940: acordo respeitado no Vocabulário Ortográfico, português, organizado por Rebelo Gonçalves; 1943: Brasil publica Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que diverge em vários aspectos; cont.»


«(cont.) É este Formulário de 1943 que tem regido a ortografia brasileira; 1945: Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro -- no Brasil aprovado pelo Decreto-lei 8.286, mas não aceite, a própria Constituição de 1946 aplicando a grafia de 1943, e a Assembleia Legislativa acabando por revogar o anterior decreto-lei, com um novo Decreto-lei 2.623, de 21.10.1955. Os anseios de unificação mantêm-se - Acordo de 1986, não aprovado e agora este AO90! Querem unificar o quê? A língua evoluiu de modo diferente em Portugal -- falada por todos e escrita, há séculos -- e no Brasil, língua oficial desde 1758, país gigantesco, com população diversa, e com cerca de 210 idiomas ainda falados no país. Querem unificar o quê? Ou querem mesmo destruir a nossa língua, que aqui nasceu e espalhámos pelo mundo?! Vergonha!»

 

O artigo referido:

 

"Reforma Ortográfica e nacionalismo linguístico no Brasil", Maurício Silva (USP)

http://www.filologia.org.br/revista/15/07.pdf

 

Maria José Abranches

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 15:56

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Segunda-feira, 26 de Fevereiro de 2024

A propósito do artigo que o (in)constitucionalista Jorge Miranda publicou no “Público” sobre o AO90, a pensar que somos todos idiotas

 

O artigo caiu mal, muito mal, porque não passa de uma sucessão de ignorâncias, na pena de alguém que nada sabe da Língua Portuguesa, e atreveu-se a divagar sobre ela. Normalmente estas pessoas até podem saber muito do seu ofício, mas do ofício dos outros nada sabem.  E então fazem má figura.

Se existe alguém ignorante a Física Quântica, sou eu.
Já alguém me viu navegar por águas quânticas alguma vez?

 

Não podemos aceitar, de ânimo leve, que alguém com altos estudos universitários, que já foi o mais conceituado especialista de Direito Constitucional, ande por aí a  dizer disparates. Isto é inconcebível. Jorge Miranda não terá um amigo que lhe diga isso mesmo?

A Língua Portuguesa chegou ao nível mais básico a que chegou devido à ignorância dos políticos e dos seus acólitos, envolvidos no processo fraudulento do AO90.

Não podemos calar-nos perante este abuso, este insulto à nossa inteligência.

Estas pessoas NÃO têm o direito de impingir ao Povo Português a ignorância delas. Estão a prestar um péssimo serviço a Portugal, e a dar um ainda mais péssimo exemplo a quem não teve a oportunidade de estudar. Estão a enganá-las.

 

Ninguém tem o direito de propagar disparates para enganar o Povo menos instruído. Destas pessoas, que ocupam altos cargos, é de esperar Saber, NÃO, ignorâncias.

Destas pessoas, que ocupam altos cargos, é de esperar Saber, NÃO, Ignorância.

E eles reinam, porque os que poderiam fazer-lhes frente, encolhem-se a um canto, talvez com medo de melindrarem quem não merece o nosso respeito, simplesmente por NÃO nos respeitarem, ao tentarem fazer-nos de idiotas. 

Não podemos permitir que nos insultem, deste modo.

Eu senti-me insultada com este artigo de Jorge Miranda. Daí a minha indignação, além disso, tenho o direito cívico de defender a minha integridade intelectual.

 

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Este artigo nada mais é do que a repetição da mesma cassete, que eu, há uns anos, recebi do Ministério dos Negócios DOS Estrangeiros, no tempo em que Augusto Santos Silva era ministro dessa pasta, cassete essa que serve de lavagem cerebral àqueles que se prestam a servir, acriticamente e cegamente, o Regime político vigente. A mesma cassete que outro (in)constitucionalista, Vital Moreira, também me enviou como se eu fosse de engolir cassetes ou me prestasse a que me fizessem uma lavagem ao cérebro, para depois andar por aí a papaguear a léria institucional.

 

Por que chamo (in)constitucionalista a Jorge Miranda, que já foi tido como o Pai da Constituição da República Portuguesa, algo que ele repudia, e faz muito bem em repudiar, dadas as circunstâncias de ver a Constituição Portuguesa a ser violada e ser cúmplice dessa violação. Considero-o um (in)constitucionalista porque além de ser um "yes-man", ao serviço do regime político vigente e uma espécie de joguete do PR, deixou de ser especialista em Direito Constitucional, no dia em que não conseguiu atinar com a fraude que envolve o inconstitucional e ilegal AO90, e muito menos sabe das coisas da Língua Portuguesa, da sua história e da sua evolução. Aliás, desconhece, por completo, o significado de “evolução”.

 
De tudo isto, a primeira questão que se põe é se o AO90 está a cumprir o objectivo oficial -- unir grafias. Não está. Algo apenas possível se o Brasil começasse a grafar à portuguesa, como os Países das costas de África, e Timor. Por que motivo sete países haveriam de mudar a sua grafia em prol do único país que deslusitanizou a Língua Portuguesa herdada do ex-colonizador, da qual mantiveram o nome, apenas por motivos políticos e não linguístico?

 

A segunda questão é se o AO90 está a cumprir o objectivo obscuro -- criar o  caos para destruir a Língua Portuguesa e impor a Variante Brasileira do Português. Está, obviamente. Com o aval dos “yes-men” dos poderes legislativo, executivo e judicial (porque este nada faz para condenar a inconstitucionalidade e ilegalidade do AO90) e pelo Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, o defensor-mor de um acordo ilegal e inconstitucional.

 

Albert Einstein dizia que todos somos ignorantes, a diferença é que nem todos somos ignorantes nas mesmas coisas. Isto para dizer que Jorge Miranda, no seu tempo áureo de Constitucionalista era, de facto, especialista em Direito Constitucional, mas nada sabia, nem sabe, da Língua Portuguesa, da sua história e da sua evolução.  Por isso, NÃO devia atrever-se a enveredar por uma matéria que não domina, tendo como resultado escrever os disparates que escreveu, em que além de se ter rendido à grafia brasileira e com ela à política obscura que está por detrás desta imposição do AO90 a Portugal, não parece ver
 inconstitucionalidade no que TODOS os juristas, que NÃO servem o Regime, dizem ser inconstitucional, ilegal, uma farsa, uma falácia e juridicamente nulo.

 

Mas nada melhor do que ler os comentários que este vergonhoso texto provocou.

Isabel A. Ferreira

***

Sendo subscritor do Público online e tendo lido o artigo em causa, enviei o seguinte comentário:

 

"Jorge Miranda, o seu artigo revela que sabe pouco da língua portuguesa. Então permita-me que o esclareça: a língua portuguesa, como todas as línguas vivas, evolui ao longo dos anos. Tal evolução torna conveniente que seja feita uma alteração periódica, onde se incluirá a ortografia, após análise profunda, a ser efectuada por instituições com competência para o efeito.

A penúltima alteração da ortografia no referido contexto, ocorrida em meados do século passado, não originou substanciais controvérsias, nomeadamente porque as alterações propostas já eram de uso corrente.

Infelizmente o AO90 não resultou da evolução da língua portuguesa em Portugal, mas sim de uma tentativa de introduzir no nosso país uma ortografia baseada no brasileiro, para fins meramente políticos."

 

Cumprimentos,

José Gomes Ferreira

***

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 19:00

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Segunda-feira, 15 de Agosto de 2022

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte I)

 

Procurando Jorge Miranda, Carlos M. Coimbra encontrou este texto no meu Blogue:


https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-10-de-junho-a-lingua-portuguesa-e-a-379680.


E sobre este achado, Carlos Coimbra diz o seguinte:

«Posso dizer que partilho das suas críticas, objecções, etc...
E vou até mais longe, pois me preocupo e ofendo com todo o leque de maus tratamentos que andam a fazer ao idioma. Isto embora eu viva no Canadá, e por acaso vão fazer amanhã 59 anos que cheguei pela primeira vez a Toronto.»

 

Carlos Coimbra enviou-me também um texto seu, que é uma preciosa aula de Português, que tenho certeza que faria muito proveito a todos os acordistas destas áreas: jornalistas, comentadores televisivos, escritores, professores, presidente da República, primeiro-mimistro, ministros, deputados da Nação, políticos, autarcas, todos os que escrevem e falam MAL a Língua de Portugal

 

Sobre a origem do texto, Carlos Coimbra diz o seguinte:
 
«A partir dum certo tempo, mantive uma correspondência com o provedor da RTP, Sr. Jorge Wemans, até terminar o seu termo, no fim de 2020. Havia novo provedor indicado, mas o Conselho não gostou dele, e só quase no fim de 2021 é que entrou uma nova provedora. Pus-me em contacto com ela, e ela assegurou-me que também não gostava de certas coisas, especialmente do inglês a mais. Então prometi-lhe coligir uns apontamentos e mandar-lhe.


Então são esses apontamentos que aqui lhe envio, originalmente dirigidos à provedora da RTP.»

 

Antes de vos apresentar a preciosa Lição de Português de Carlos M. Coimbra (que será apresentada em três partes) devo acrescentar alguns comentários seus, muito pertinentes sobre a desgraça que se abateu sobre a Língua Portuguesa, que envergonha a Comunidade Portuguesa na diáspora, e os quais subscrevo inteiramente:


«Quanto a mim, o Brasil está a tomar conta da língua.
A pessoa que deveria ser o máximo defensor da língua, e que comenta tudo e mais alguma coisa, não o faz. E até vai a São Paulo (onde sempre me foi difícil fazer-me entender ao telefone!) prestigiar a reabertura do Museu da Língua Portuguesa (eu vi a reportagem na Rede Globo, onde falaram nos sotaques brasileiros, e apareceu Rebelo de Sousa entre outros, mas cujo nome nem foi mencionado - tenho gravação do áudio...).  

 

[E eu confirmo, porque ouvi. Acrescente-se que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa, depois de andar com a família pela China, arranjou um cargo na EDP, em São Paulo, firma que foi uma das patrocinadoras da renovação do Museu, e é mencionada no fim do áudio do "Museu"... I.A.F.].


E recentemente veio a saber-se que esse Museu poderá estabelecer uma sucursal em Coimbra!  Ora essa, hem? Qualquer dia o meu português vai ser considerado como o Cantonês, um dialecto... Repare que o tradutor Google no sistema Android chama chinês ao Mandarim e não tem Cantonês. E pior para nós, só tem Português, mas pedindo uma tradução oral nessa língua, a voz fala "brasileiro".

E então agora, com a aprovação do Visto Para Procurar Trabalho (!), é que vai haver uma invasão de falantes de brasileiro, a ter o mesmo tipo de influência no português original que os escravos levados para o Brasil tiveram na língua que lá se falava.»

 

***

Nada mais verdadeiro! Nada mais demolidor! Nada mais incompreensível! Teremos nós governantes que DEFENDAM os interesses de Portugal? Não, NÃO temos.  

 

Isabel A. Ferreira

 

Mário Forjaz Secca.jpg

 

«Degradação da língua portuguesa»- Parte I

 por Carlos M. Coimbra

 

 From: Carlos Coimbra Date: Fri, 21 Jan 2022 07:05:53 -0500

To: Ana Sousa Dias

Prezada Dª. Ana Sousa Dias,

 

Como já avisei, permita-me que lhe recomende que só leia isto quando tiver bastante tempo à sua disposição, se não for uma imposição demasiada. Para ter uma ideia de quem sou, apresento-me: Andei sete anos no Liceu Camões (4 anos à frente de António Guterres, pelas nossas idades), e ainda fiz um ano no IST antes de ser trazido para o Canadá. Os meus empregos foram sempre a gerir computadores, começando por usar os que havia em 1963 e cedo me meti a programar, o que não era nada fácil naquele tempo. No liceu, nunca liguei muito ao português, mas nasci com queda para línguas e para raciocinar logicamente, que são coisas relacionadas (nem vou dizer as línguas que falo, nem descrever as eventuais responsabilidades em informática, para não mostrar peneiras demasiadas).

 

 Aposentado já há tempo, tenho ocasião desde há uns anos de ver canais portugueses e não só. Assim, os meus reparos quanto à língua poderão não ser necessariamente dirigidos à RTP, mas ela está incluída, como a Dª. Ana certamente reconhecerá. É-me mais conveniente escrever no telefone que no PC, mas se aparecer algum erro, deito a culpa para cima do teclado Google que gosta de fazer partidas, e irritantemente dá até prioridade à grafia brasileira (Antônio/António, gênero/género), coisa que já se vê me envergonha. Ouvindo o português que é falado hoje em dia por quem deveria dar o exemplo de correcção, o que sinto vai de tristeza até à raiva, passando por incredulidade...

 

Passando ao que interessa, acho que a Degradação da língua deva ser analisada sob vários aspectos. Começo com um comentário à parte. A Voz do Cidadão de 7 de Julho de 2020 consistiu duma colecção de 'respostas' a várias objecções do público, incluindo uma minha (de muitas), se não me engano, em último lugar. Foram essas respostas dadas por quem foi identificada como Sandra Duarte Tavares, "professora e consultora linguística". Mais tarde, o sr. Jorge Wemans descreveu-ma mais precisamente como Dr.ª Sandra D. Tavares, "mestre em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras de Lisboa e professora do Ensino Superior na área da Comunicação, e consultora da RTP (televisão e rádio) para as questões relativas à língua portuguesa".

 

Fiquei estupefacto quando a primeira "resposta" dela foi dada a quem tinha protestado por ter acontecido algo na Costa da Caparica, mas ela estava a ouvir (tal como eu...) constantemente na RTP dizerem Costa de Caparica (nome errado). E essa Dr.ª Sandra entreteve-se a explicar que DA era a contracção da preposição DE com o artigo definido A, quando isso não tinha nada a ver com a queixa! Para mim, tal começo não augurou nada bem com o que viria depois... Achei que várias respostas foram impróprias (<"estado-unidense" é sinónimo de "norte-americano">, por exemplo), mas o mais sério foi que numa delas a Dr.ª Sandra descreveu algo como sendo da "variedade do português europeu"! Esse desprezo escandalizou-me, e escrevi uma crítica ao programa que enviei ao sr. Jorge Wemans.

 

***

[Realmente!!!!! Com dras. Sandras, sendo mestres em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras de Lisboa e professora do Ensino Superior na área da Comunicação, e consultora da RTP (televisão e rádio) para as questões relativas à Língua Portuguesa, a NOSSA Língua deixa de ser LÍNGUA e passa a ser uma VARIANTE do Português europeu…. COMO DISSE??????? NÃO existe Português europeu. Muito menos uma variante do Português europeu. Existe uma LÍNGUA PORTUGUESA. Ponto final. As outras é que são VARIANTES. Ponto final. E quem não sabe isto NÃO deve ocupar cargos de consultadoria de Língua Portuguesa. Não tem competência alguma para tal. É por causa de gente assim, subserviente e vassala, que Portugal é um país onde os de fora mandam e os de dentro obedecem. Isabel A. Ferreira].

 

***

É com "especialistas" deste género que aconteceu ser feito um Acordo, sendo o português do país que o levou pelo mundo não considerado padrão, mas sim equivalente ao falado e escrito por aí fora.

Então vejamos a Degradação do Português, sob os aspectos de Pronúncia/Fala, Preposições, Gramática, Deturpações/Estrangeirismos, Vocabulário estrangeiro, Manias/Maus-Hábitos e o Acordo.

 (...)

Carlos M. Coimbra

[Amanhã será publicada a segunda parte deste texto] 

 

***

Para os interessados em seguir esta brilhante lição, aqui deixo os links, para os restantes textos (o primeiro, inclusive).

 

(Parte I)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte I)

 

(Parte II)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte II)

 

(Parte III)

«Degradação da Língua Portuguesa» - texto que veio de Toronto, e diz da preocupação das Comunidades Portuguesas em relação à destruição da NOSSA Língua (Parte III)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:25

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Terça-feira, 21 de Junho de 2022

Cogitações da "Corujinha" ao redor da Língua Portuguesa (I)

 

Cogitações da Corujinha

 

Senhor Professor Jorge Miranda, sei que é avesso a estrangeirismos, particularmente aos anglicismos, os quais, é público, o incomodam sobremaneira.

 

Porém, também sei que é um adepto fervoroso do AO90, uma linguagem escrita, eivada de brasileirismos.

 

Sendo o Brasil um país independente, logo, um país estrangeiro, não lhe ocorre que, ao escrever “arquiteto”, está a usar indevidamente um estrangeirismo? Até porque, em Português, temos a palavra que corresponde a esse brasileirismo: arquiteCto. E no que toca aos anglicismos, nem sempre temos palavras correspondentes e elegantes, em Português.

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 15:14

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“A eterna questão ortográfica: por que não desistimos” (Nuno Pacheco, PÚBLICO, 16.06.2022)

 

“A eterna questão ortográfica: por que não desistimos” (Nuno Pacheco, PÚBLICO, 6.06.2022)

 A Provedoria de Justiça também não dá resposta

By Rui Valente in diversosMedia, Opinião

 

 

 

Nota prévia: a propósito da intervenção de Jorge Miranda e da sua cruzada contra os estrangeirismos, a que Nuno Pacheco se refere neste artigo, vale a pena tecermos algumas considerações. A primeira, e mais evidente, é que a crítica generalizada ao uso de estrangeirismos é, por si só, um terreno escorregadio. Com toda a subjectividade que o exercício comporta, há que ver caso a caso: o texto melhorou? Haveria uma solução mais elegante em Português? A mensagem tornou-se mais clara?

 

Esta análise estende-se, naturalmente, ao campo estético — convenhamos que os aportuguesamentos, por exemplo, nem sempre são felizes. Pela parte que me toca, dificilmente trocarei um dia a graça de um “dossier” pelo desengonçado “dossiê” português. Em última análise, estaremos sempre a falar do bom gosto (ou do mau gosto) de quem escreve — o que é, e será sempre, um tema controverso.

 

Acresce que um estrangeirismo é um fenómeno natural. As Línguas sempre se comeram umas às outras e, em larga medida, é também dessa forma que se desenvolvem. Com o Acordo Ortográfico ocorre precisamente o oposto. Um estrangeirismo é uma palavra que achamos interessante noutra Língua e que, voluntariamente, decidimos “roubar” e integrar na nossa. Com o Acordo Ortográfico, milhares de novas palavras, criadas artificialmente, sem qualquer adequação à nossa pronúncia — quase todas de uma deselegância atroz — estão a ser-nos impostas, sem apelo nem agravo.

 

É por isso que se torna particularmente doloroso assistir a esta moda que parece acometer agora os defensores do Acordo Ortográfico: como é possível que alguém não só tolere como até defenda a enorme agressão que o Acordo Ortográfico representa para o Português Europeu, para de seguida se indignar, a ponto de rasgar as próprias vestes, com uma questão de interesse duvidoso como é a dos estrangeirismos? Que autoridade esperam que lhes reconheçamos nesse papel de paladinos da Língua Portuguesa?

 

Jorge Miranda é um dos expoentes dessa moda acordista de ver no inglês todos os males da Língua Portuguesa. É impossível que o presidente da Comissão Organizadora do Dia de Portugal não tenha noção de que, na sua boca, essa argumentação é uma anedota de mau gosto.

 

Não se percebe, portanto, porque insiste Jorge Miranda nessa tecla. Consciência pesada? Esforço desesperado para, apesar de tudo, tentar atamancar uma imagem de defensor da Língua? Tentativa de assobiar para o lado, assacando a outros a responsabilidade pelo mau estado da Língua Portuguesa, enquanto finge ignorar a sua própria?

 

Talvez um “mix” de tudo isto — passe o estrangeirismo.

 


 

Parece que o 10 de Junho, ou o que dele decorre, está fadado a estas sortes. Este ano, em Braga, ao discursar como presidente da Comissão Organizadora do Dia de Portugal, quis o professor Jorge Miranda dedicar uma parcela dessa sua intervenção à língua portuguesa (1 minuto e 15 segundos num total de 10m35: confira-se dos 7m14s aos 8m29s). Falou dela como “um direito” [dos povos que a escrevem e falam] e “também um dever”, apontando depois o dedo “contra os atropelos que vem sofrendo entre nós”: “Constantes erros de sintaxe na comunicação social, ensino em escolas superiores portuguesas por professores portugueses a alunos portugueses em língua estrangeira; denominações de algumas escolas superiores, muitas das quais públicas, também em inglês; alastramento de denominações comerciais de empresas portuguesas operando em Portugal em inglês – outra coisa é o inglês ter-se tornado língua franca universal.

 

Não é nova, esta indignação de Jorge Miranda. Já a expressara várias vezes, até no PÚBLICO, em artigos como Brevíssimas notas sobre três questões sérias (13/7/2011) ou Outro direito fundamental em risco: o direito à língua (11/2/2013), que o Ciberdúvidas reproduziu. Neste último, aliás, recorria à Constituição (de que é um dos “pais”, na sua génese) para reafirmar “o direito de uso da língua, sabendo-se como a língua materna, por seu turno, é o primeiro ou um dos primeiros elementos distintivos da identidade cultural”; havendo “o direito de defender, mesmo em tribunal, o património cultural [art. 52.º, n.º 3, alínea d)].” Mesmo em tribunal? Pois nem na Assembleia da República (AR), onde a Constituição foi feita e refeita.

 

Há um ano, numa destas crónicas, dávamos conta do silêncio a que fora votada na Assembleia da República uma iniciativa legislativa de cidadãos em torno do Acordo Ortográfico de 1990 (ILC-AO). Pretendia tal iniciativa, como foi amplamente divulgado, que a AR revogasse a sua Resolução n.º 35/2008, de 29 de Julho, pois esta aprovara o segundo protocolo modificativo do AO90, permitindo que este entrasse em vigor com a ratificação de apenas três países, em vez dos oito subscritores iniciais, contrariando o disposto na Convenção de Viena que Portugal ratificara escassos anos antes, em 2004. Entregue em Abril de 2019 (com 21.206 assinaturas validadas), foi transformada em projecto de lei (1195/XIII) por cumprir “os requisitos formais de admissibilidade.”

 

Mas não foi a plenário, porque a lei 17/2003, que obrigava, esgotados os prazos, a um agendamento “para uma das dez reuniões plenárias seguintes, para efeito de apreciação e votação na generalidade” teve, em Agosto de 2020, este acréscimo no final: “salvo se o parecer da comissão tiver concluído pela não reunião dos pressupostos para o respectivo agendamento.” E assim foi barrada pela comissão e remetida ao silêncio. Uma exposição dos promotores à Provedoria de Justiça (declaração de interesses: subscrevi ambas), com pedido de um parecer, teve o mesmo efeito. O que levou Rui Valente, em nome da ILC-AO, a escrever um artigo na página desta iniciativa intitulado A Provedoria de Justiça também não dá resposta, onde conclui: “Parece-nos evidente que não se poupam esforços quando o objectivo é manter o debate sobre o Acordo Ortográfico longe do Plenário. Vale tudo, incluindo a mais completa degradação da figura das Iniciativas Legislativas de Cidadãos. Em Portugal, a Língua Portuguesa vive momentos dramáticos, em que o Português Europeu luta pela sobrevivência. A democracia participativa parece ir pelo mesmo caminho.” E a culpa não é do inglês.

 

A ideia geral é esta: desistam. O AO90 é um facto consumado, habituem-se a ele, as crianças já não conhecem outra grafia, editoras, jornais, livros, televisões afinam pelo mesmo diapasão, com “exceção” [sic] de um punhado de teimosos a lutar contra moinhos de vento. A conversa do costume. Mas o plural expresso no título desta crónica também é verdadeiro: não desistimos. Porque o acordo, em lugar da propalada unificação ortográfica (promessa que é hoje absoluta vacuidade), continua a dar-nos “impatos”, “estupefatos”, “artefatos”, “convições”, “egícios”, “adetos”, “réteis”, “abrutos”, “inteletuais”, “mastetomias”, “nétares”, “fições”, “oções”, “evições”, “eruções”, “frições”, “autótones”, “invitos”, “galáticos”, “ténicos” e outras tantas aberrações que o acordo tem incentivado, ao desestruturar a escrita.

 

Talvez isto passe ao lado de Jorge Miranda, embora até já o inglês sofra cortes sob tal influência. Mas enquanto nada mudar, e a atitude de quem manda diz-nos que por sua vontade não mudará uma só vírgula, haverá resistência e resistentes.

 

Nota: transcrição integral de artigo publicado no jornal PÚBLICO na edição de quinta-feira, 16 de Junho de 2022.

 

Fonte: https://ilcao.com/2022/06/06/a-provedoria-de-justica-tambem-nao-da-resposta/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:26

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Domingo, 19 de Junho de 2022

O Grito do Ipiranga da Variante Brasileira da Língua Portuguesa deve ser gritado, para pôr cobro a algo que desonra o Brasil e Portugal (*)

 

Por Francisco João (Membro fundador do Movimento em Prol da Língua Portuguesa – MPLP)

 

Sendo um leitor assíduo do Blogue «O Lugar da Língua Portuguesa» tomei conhecimento do artigo publicado no dia 15 de Junho de 2022, sobre os ataques de «centenas de brasileiros incultos a chispar LUSOFOBIA por todos os poros»:  

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/desde-ontem-que-o-grupo-novo-movimento-380362

 

Pela mesma ocasião, li igualmente, com muito interesse, um outro artigo publicado no dia 14 de Junho de 2022, intitulado «O 10 de Junho, a Língua Portuguesa e a Bolha onde, fora da realidade, “vive” o constitucionalista Jorge Miranda» o qual critica “atropelos” à Língua Portuguesa:  

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-10-de-junho-a-lingua-portuguesa-e-a-379680

 

PEDRO HENRIQUE.PNG

(Comentário de um Brasileiro, no Facebook)

 

O primeiro artigo reflecte claramente a situação trágica em que se encontra actualmente a LÍNGUA PORTUGUESA, situação essa que só foi possível, pela irresponsabilidade de uma certa classe política que, certamente passará para a História sim, mas como traidores à Pátria de Fernando Pessoa.

 

Essa traição à Língua Portuguesa, à Nação Portuguesa e à sua Constituição, começou bem antes da Resolução Nº 8/2011 do (des) governo do altamente tóxico José Sócrates, um político profissional que levou o País à bancarrota, como é do conhecimento público. É sempre útil referir aqui que foi esse Executivo que, utilizando uma simples Resolução em Conselho de Ministros (RCM 8/2011), “mandou aplicar” o chamado acordo ortográfico AO90! É necessário relembrar igualmente que uma simples RCM não tem força de Lei e que apenas um Decreto ou um Decreto-Lei o pode fazer, num Estado de Direito que não viole a sua própria Constituição. Até à data esse Decreto ou Decreto Lei NÃO EXISTE! Este facto parece ter escapado a muitas pessoas, sejam elas constitucionalistas ou não. Como diz o ditado: «não há pior cego do que aquele que não quer ver»!

 

Agora pergunta-se: porque que é que não querem ver? Alguém tem uma explicação?

 

Em contrapartida, o que existe é o Decreto Nº 35.228 de 8 de Dezembro 1945, o qual jamais foi revogado! Por conseguinte, tudo o que foi feito a partir da RCM 8/2011 é ilegal e inconstitucional, incluindo Resoluções da Assembleia da República, etc., como aliás o está amplamente provado, inter alia, num célebre livro do Professor/Embaixador Carlos Fernandes intitulado «O ACORDO ORTOGRÁFICO NÃO ESTÁ EM VIGOR».

 

Na verdade, o descalabro começou com uma negociata que está amplamente demonstrada no artigo intitulado «O Negócio do Acordo Ortográfico»:  

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-negocio-do-acordo-ortografico-172469

 

Esse descalabro só foi possível, e será necessário repeti-lo até que a irresponsabilidade de uma certa classe política seja reconhecida pela História sim, mas como traidores à Pátria de Fernando Pessoa.

 

Quanto ao segundo artigo, ele demonstra, a meu ver, que a situação de descalabro da Língua Portuguesa, embora tenha sido provocada inicialmente pela traição da classe política acima referida, este descalabro continuou até hoje, infelizmente, devido a muitas pessoas como, por exemplo, o constitucionalista Jorge Miranda que, embora fale de “atropelos” à Língua Portuguesa, não tira a conclusão que se impõe na ordem jurídica internacional e nacional, quanto à inconstitucionalidade do chamado AO90, que na verdade é um Tratado Internacional, regido pela Convenção de Viena (Direito dos Tratados) e cujos instrumentos de ratificação continuam sem serem tornados públicos pelo País Depositário desse Tratado (Portugal- Ministério dos Negócios Estrangeiros)!

 

Essa prepotência, melhor, mais essa prepotência contribui assim para a ausência da necessária transparência praticada em países democráticos e em Estados de Direito.

 

Este facto só por si levanta algumas [ou muitas?] dúvidas … O que precede faz, portanto, parte do trabalho, das competências e do dever de um constitucionalista, como por exemplo o acima referido e que, aparentemente, prefere não se preocupar com isso. Deve ter as suas razões …. Que já foram apontadas no artigo supra (datado de 14 de Junho). Mas estas questões estão longe de estar encerradas. É, portanto, urgente… esperar.

 

O que sobressai do acima muito sucintamente exposto, demonstra amplamente que tudo isso já não é mais uma questão de pseudo-acordos ortográficos, mas sim uma questão política cada vez mais escaldante.

 

Na verdade, sempre foi uma questão política e de negociatas! Mas tudo terá um termo.   

 

Cada vez mais, esta questão reveste-se de outros aspectos suplementares, isto é, a do respeito pelo Povo Português, do respeito pela Nação Portuguesa e pela sua Identidade, do respeito e da preservação da sua Língua Oficial e consagrada na Constituição, e da sua Cultura.

 

E o corolário do que precede é que, doravante, toda esta questão de pseudo-acordo ortográfico passa a ser igualmente uma questão de soberania nacional, de defesa da dignidade, da reputação da Nação Portuguesa que é e continua a ser publicamente insultada, assim como o seu Povo e a sua Língua, que é um vector essencial do seu Património Imaterial e protegida pela Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial (CSPCI) da UNESCO.

 

Portugal tem o dever e a obrigação de se defender e de rechaçar os ataques repugnantes de que foi alvo recentemente, sem esquecer os do passado, como, por exemplo, a Segunda Onda Anti-Lusitana no Brasil, na 2ª década do Século XX: a expulsão dos Pescadores da Póvoa de Varzim que trabalhavam no Brasil, etc.. Os exemplos, infelizmente, não faltam.

 

E essa questão é do foro dos governantes, cujos deveres passam também pela defesa do nome e da reputação da Nação Portuguesa, assim como da sua LÍNGUA OFICIAL, a qual continua a ser constitucionalmente o PORTUGUÊS.

 

Jamais pode ser ou será um dialecto Estatal, que foi imposto ilegalmente (através de uma simples RCM 8/2011) o qual é apenas praticado em Portugal!!! Nenhum outro país, pratica esse dialecto, e muito menos o Brasil que dispõe e há já muito tempo da sua própria Língua, ou seja, a LÍNGUA BRASILEIRA, a qual é uma Variante (entre várias outras) oriunda do Português. Isto é facto, e muitos brasileiros no passado lutaram pela sua própria Língua. Essa luta não acabou e só findará quando os Brasileiros soltarem o derradeiro grito, aquele que ainda falta, ou seja, o “Grito do Ipiranga Linguístico”.  E já vai sendo tempo…

 

Os governantes foram eleitos para isso mesmo e são remunerados com o dinheiro dos contribuintes, ou seja, do erário público. Em contrapartida espera-se e deseja-se que façam o trabalho que lhes foi atribuído pelo Povo Português, em repetidas eleições, e cujo contrato moral está longe de ser respeitado pelos governantes. Esta situação é igualmente anormal em Democracia

 

Os governantes terão de o fazer, sob pena de se desonrarem, e para sempre! Para sempre a História não terá piedade alguma deles, e, para sempre, serão considerados traidores e coveiros da Pátria de Fernando Pessoa, da Língua Portuguesa, da Língua Oficial da Nação Portuguesa e do Povo Português.  

 

Portugueses dignos e verticais nunca esquecerão como a nossa Nação, a nossa Cultura, a nossa Língua estão a ser enxovalhadas por um certo tipo de brasileiros, por indivíduos incultos e muito ignorantes e que, afinal de contas, ao cuspir dessa maneira em Portugal, na Língua Portuguesa e nos Portugueses estão, na verdade, a escarrar em cima de si próprios e dos próprios antepassados!

 

Não esquecer que eles são meros descendentes de colonos portugueses, (castelhanos, italianos, etc., etc.). É bom não esquecer isto! É também irrefutável que os Brasileiros de raiz são os INDÍGENAS!

 

Agora veja-se como eles, os Brasileiros de raiz, os Indígenas, são HOJE tratados por esses brasileiros, descendentes de colonos, cuja cultura consiste essencialmente em ESCARRAR, em VOCIFERAR, em INSULTAR outros Povos e outras Nações. Neste caso a Nação Portuguesa, o seu Povo, a sua Cultura e a sua Língua.

 

Em abono da verdade devo sublinhar que se trata de um certo tipo de brasileiros, jamais de todos os brasileiros. Que fique bem claro!

 

Ou já esqueceram?

Sim é sabido que a memória é selectiva e este tipo de ataque é muito revelador e desedificante, pois em nada dignifica o Povo Brasileiro, e a Nação Brasileira.

 

Todos os Povos têm no seu seio elementos que são e constituem uma vergonha para todos os outros. É facto. Mas isso deve e tem de ser combatido e denunciado. E é isso que aqui faço, hoje, porque penso que é a atitude correcta e adequada.

 

Portanto, compete, agora plenamente aos Órgãos de Soberania (o Executivo e em especial ao Presidente da República, ao Poder Judicial e ao Poder Legislativo) do Estado Português, de se apoderar desta questão, a fim de que as necessárias medidas sejam tomadas ao mais alto nível, não só no que respeita à Língua Portuguesa (tal como estipulado no Decreto  Nº 35.228 de 8 de Dezembro 1945, o qual jamais foi  revogado) mas também no que respeita a porem cobro aos actos hostis repetidos desde há várias gerações, atrozmente,  ainda mais repugnantes recentemente e dirigidos a toda a Nação Portuguesa e à sua Língua Oficial.

 

Como é óbvio, tal terá de ser feito em cooperação e paralelamente com os Poderes homólogos no Brasil. Estes actos têm de ser devidamente analisados e levados ao conhecimento das Autoridades Brasileiras, informando-as de que estes ataques são uma questão muito grave e muito séria.

 

Na verdade, estes ataques além de serem repugnantes são cada vez mais violentos (verbalmente no presente, não o tendo sido no passado, é bom não esquecer) e cada vez mais frequentes, incluindo nas chamadas Redes Sociais.

 

Estes ataques não datam de hoje. Ocorre-me agora o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, pelo presidente Floriano Peixoto, em 13 de Maio 1894. Há um testemunho atroz, repugnante que muitos portugueses e brasileiros desconhecem, e bastante revelador da corrente hostil a Portugal.

 

Trata-se de uma mensagem de apoio do Clube dos Jacobinos de São Paulo a Floriano Peixoto, na qual se prometia combater os estrangeiros, especialmente «os portugueses, raça inferior, povo refractário ao progresso, nosso inimigo de todas as épocas, causador de todos os nossos males e do nosso atrazo» (Cf.  o livro de Suely R. R. Queiroz - 1986 “Os Radicais da República” São Paulo, Editora Brasiliense).

 

Este é apenas um exemplo particularmente violento e nojento, entre outros que muitos de nós conhecemos sobejamente.

 

Não posso acreditar, nem nenhum português aceitar que as Autoridades Brasileiras possam ser complacentes com estes procedimentos de outrora, mas que se tornaram actualmente cada vez mais hostis e demasiado violentos (verbalmente, por enquanto, mas até quando?) contra o Povo, a Cultura e a Língua do País fundador do Brasil. 

 

Sem esquecer os ataques igualmente violentos e repugnantes contra as Nações Angolana e Moçambicana e os respectivos Povos.  

 

Todos os Portugueses deverão começar a pedir contas aos governantes que, se não reagirem e não tomarem as medidas adequadas, ficarão para sempre cobertos de opróbrio, por não defenderem a Nação que viu nascer, no seu seio, grandes homens e grandes mulheres. E estes governantes tornar-se-ão cada vez mais pequenos, cada vez mais insignificantes e cada vez mais longe de Portugal.

 

Francisco João

(*) O título desta publicação é da responsabilidade da autora do Blogue.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:21

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Terça-feira, 14 de Junho de 2022

O “10 de Junho”, a Língua Portuguesa e a Bolha onde, fora da realidade, “vive” o constitucionalista Jorge Miranda

 

Título da notícia: «10 de junho: Jorge Miranda critica "atropelos" à Língua Portuguesa»

 

Quando se fala no dia “10 de Junho”, ainda que se seja SERVIL ao AO90, o nome do mês deve ser escrito com letra MAIÚSCULA, tal como em “25 de Abril”, porém, os acordistas, nada sabendo de Língua Portuguesa, não sabem que o Junho do “10 de Junho” se escreve em MAIÚSCULAS.

O título deste texto, encontrei-o no link, que refiro mais abaixo, numa notícia do acordista Jornal de Notícias.

 

Vou aqui transcrever a notícia, com o erro corrigido, para não parecer mal, porque fiquei siderada com o conteúdo do discurso do muito conceituado constitucionalista Senhor Professor Doutor Jorge Miranda, que na mixórdia ortográfica, gerada pelo AO90, que ele aplica, com convicção – até porque, segundo ele, o que seria do Português, se não fossem os milhões do lado de lá do Oceano Atlântico? Ainda que o Português desses milhões já não seja Português – os únicos “atropelos” que vê na Língua Portuguesa é na sintaxe, ficando de fora a ortografia – do grego ortho (ορθο) que significa "correcto" e gráphos (γράφος) que significa "escrita".  A Ortografia é, pois, a parte da Gramática Normativa que ensina a escrever correctamente as palavras de uma Língua. Algo que escapa, por completo, aos acordistas, porque nada sabem de Gramática, e da Ortografia? … o que é isso????  


Dois cidadãos, que LUTAM pela integridade da Língua Portuguesa, comentaram esta notícia, online, e destaco aqui esses comentários, para que se tenha a noção do SERVILISMO que atacou os que (des)governam Portugal e os que GRAVITAM ao redor deles.

 

Artigo no JN.PNG

 

Nota: vou transcrever a notícia em itálico, e o que está entre parênteses rectos são as observações que não pude deixar de fazer, por motivos óbvios.

 

«O presidente da comissão organizadora das comemorações do 10 de Junho, Jorge Miranda, criticou hoje, em Braga, os frequentes "atropelos" de que a Língua Portuguesa é alvo, sublinhando que "internacionalizar não pode significar desnacionalizar".

 

[Um triste flagrante desconhecimento da Língua: internacionalizar (tornar internacional) vai dar quase ao mesmo de desnacionalizar (fazer perder a índole nacional). Os Brasileiros desnacionalizaram, deslusitanizaram, desenraizaram a Língua Portuguesa, e o que se pretende com o AO90 é internacionalizar a desnacionalização da Língua Portuguesa]

 

 "Não posso deixar de reagir contra os atropelos que [a Língua Portuguesa] vem sofrendo entre nós", disse Jorge Miranda, no discurso da cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

 

 Entre os atropelos, apontou os "constantes" erros de sintaxe na comunicação social, o ensino em escolas superiores portuguesas por professores portugueses a alunos portugueses em língua estrangeira, a denominação de algumas escolas superiores também em Inglês e o "alastramento" de denominações comerciais de empresas portuguesas operando em Portugal em Inglês.


[Tudo que aqui foi dito neste parágrafo nada tem a ver com atropelos à Língua Portuguesa, a não ser a sintaxe, mas também a morfologia, e a semântica. Os  MAIORES atropelos à Língua Portuguesa são os ERROS ORTOGRÁFICOS, a acentuação e a hifenização introduzidos pelo caótico AO90. O Inglês é uma Língua de comunicação global, entre TODOS os Países. É muito natural que esta Língua seja usada para comunicar e designar especificidades que, traduzidas, seriam uns autênticos abortos ortográficos]

(…)

Para Jorge Miranda, o uso da Língua Portuguesa constitui um "direito fundamental dos cidadãos portugueses e brasileiros, tal como dos cidadãos de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, de Angola, de Moçambique, de Timor".

 

"O direito de falar, de ouvir, de escrever, de ler, de receber mensagens, o direito de comunicar em Português. Um direito e também um dever", reforçou.

[O uso da Língua Portuguesa é um direito fundamental APENAS dos Povos que NÃO a deturparam, não a deslusitanizaram, não a desnacionalizaram, não a afastaram das suas raízes, da sua Família Indo-Europeia. Querem usar a Língua Portuguesa que, como o nome indica é PORTUGUESA, usem-na no seu original. Quem a deturpa NÃO tem o direito de a usar. E o DEVER prende-se APENAS em usá-la SEM a deturpar, e o que anda por aí é um Português mutilado, mal escrito, mal acentuado, mal hifenizado, cheio de erros ortográficos, e ninguém tem nem o direito nem o dever de DEFORMAR a Língua Portuguesa, na sua grafia e na sua oralidade, e chamar-lhe Portuguesa. Se o querem fazer, e aqui, sim, têm esse DIREITO, chamem-lhe tudo, excepto Português, e chamarem-lhe outra coisa é que é um DEVER].

 

No seu discurso, Jorge Miranda disse não conhecer nenhum outro país que eleve a celebração a dia nacional de um seu poeta, designadamente Camões, "que ergueu a Língua Portuguesa ao máximo esplendor".

 

[Sim, Luiz de Camões ergueu a Língua Portuguesa ao máximo esplendor, era um cidadão PORTUGUÊS. E os acordistas apátridas, levaram-na à máxima decadência. E isto é absolutamente INACEITÁVEL].

 

"Todavia, Portugal e a Língua Portuguesa não se confundem. Ela pertence não só a Portugal, pertence ao Brasil e pertence aos cinco estados africanos e a Timor que a declaram sua língua oficial", concluiu.

 

[Jorge Miranda está enganado. A Língua Portuguesa pertence a Portugal. Ponto final. Foi Portugal que a levou aos quatro cantos do mundo. E nesses quatro cantos do mundo GEROU Variantes, nomeadamente a Variante Brasileira, que pertence unicamente ao Brasil. Não queiram os do sistema atirar areia para quem tem OLHOS de VER, e OUVIDOS de OUVIR e Língua para se MANIFESTAREM contra este inconcebível complot prefiro o galicismo à tradução, com base na oralidade, (complô) retirando elegância à palavra, de origem francesa – que só serve o Brasil, e prejudica Portugal, retirando-lhe a sua IDENTIDADE. Para mim, é inimaginável que um constitucionalista português possa defender a perda de IDENTIDADE do nosso País, rastejando aos pés do País que DESLUSITANIZOU (desnacionalizou) a Língua Portuguesa].

 

Bravo! Professor Jorge Miranda! Conseguiu uma proeza: o AO90 é INCONSTITUCIONAL, mas o senhor usa-o, porque pertence ao Sistema, e o Sistema, muito servilmente, rendeu-se aos "milhões", vendendo a Língua Portuguesa por tostões.

 

Isabel A. Ferreira

 

Fonte da notícia:

https://www.jn.pt/nacional/10-de-junho-jorge-miranda-critica-atropelos-a-lingua-portuguesa-14932416.html?fbclid=IwAR3W2wdBALbGwWdvlBCroI_vZOhJWqCBapGZBZqE3IOLGUiOSInUrL8bWz4

 

Comentário no Facebook, com o qual concordo inteiramente:

Pedro Henrique.PNG



publicado por Isabel A. Ferreira às 16:35

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