Sexta-feira, 10 de Junho de 2022

Celebremos, hoje, a Língua Portuguesa, a Língua que Luiz de Camões fixou e cultivou com Engenho e Arte, honrando Dom Dinis, Portugal e os Portugueses

 

Hoje, nós, OS Portugueses, distanciamo-nos dos políticos, e celebramos também o Dia de Portugal, o NOSSO Portugal, não, o dos estrangeiros, e  também o Dia das Comunidades Portuguesas, espalhadas pelos quatro cantos do mundo, que os políticos portugueses tanto desprezam, porque, NÃO honrando Portugal, como não honram, como podem honrar os Portugueses, que, na diáspora, vêem a sua Cultura, a sua História e a sua Língua tão DESPREZADAS pelos governantes, que, hipocritamente, descaradamente, andam por aí a mentir-lhes, vendendo-lhes gato por lebre, com a ilusão dos milhões?

 

CAMÕES - Banner de perfil.png

 

A primeira referência conhecida do simbolismo festivo do dia 10 de Junho, dia da morte do Poeta, data do ano de 1880, num decreto real de Dom Luís I, que o proclamou como "Dia de Festa Nacional e de Grande Gala" para comemorar os 300 anos da morte de Luiz Vaz de Camões, em 10 de Junho de 1580.

 

Porquê “Língua de Camões”? Porque, na verdade, Camões foi considerado um revolucionário em relação à Língua Portuguesa culta da sua geração, trazendo à Língua inovações linguísticas, evidenciadas no Poema Épico «Os Lusíadas».

 

A este propósito, diz a investigadora Maria Helena Paiva:

 

«Os Lusíadas constituem um testemunho de primeira importância sobre uma mudança (linguística) em curso na época. Camões não se revela apenas como um homem do seu tempo cuja linguagem reflecte a variedade padrão, sobre a qual o corpus metalinguístico quinhentista fornece uma informação específica ao nível da consciência, da práxis escritural e da dimensão normativa. O aumento da amplitude da variação que o texto acusa não é só inerente à diversificação dos conteúdos, à pluralidade de vozes e à policromia de cambiantes. Camões identifica a tendência que prevalecerá no futuro, e extrai, daquilo que intui na língua, consequências detectáveis no plano da criação estética».

 

Hoje, celebramos também a Língua de Fernando Pessoa, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Antero de Quental, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eugénio de Andrade, Padre António Vieira, Ferreira de Castro, Florbela Espanca, Natália Correia, Aquilino Ribeiro, Miguel Torga, António Lobo Antunes, Manuel Maria Barbosa du Bocage, Vitorino Nemésio, Raul Brandão, Altino do Tojal, Luísa Dacosta, Luís Rosa, Fernando Campos, Fernando Namora, Júlio Dinis, Mário de Sá-Carneiro, Luísa Costa Gomes, Gil Vicente, José Saramago, Vergílio Ferreira, Marquesa de Alorna, Teolinda Gersão, Deana Barroqueiro, Dom Dinis, Maria Velho da Costa, Hélia Correia, Ilse Losa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Cesário Verde, Fernando Dacosta, José Régio, Mário de Andrade, Maria Isabel Barreno, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa Rita Pintor, Almada Negreiros, Afonso Lopes Vieira, Maria Gabriela Llansol, Alexandre O’Neill, Maria Judite de Carvalho, Bernardim Ribeiro, Camilo Pessanha, Maria Teresa Horta, Fernão Lopes, Herberto Helder, Garcia de Resende, José Cardoso Pires, Sá de Miranda, Teixeira de Pascoaes, Mariana Alcoforado e tantos, tantos outros, que não me vêm agora à memória.

 

Todos estes escritores, prosadores e poetas portugueses fizeram da Língua Portuguesa um Monumento à Arte de Bem Escrever a Língua que Dom Dinis, ele próprio um excelente Trovador, nos deixou, e constitui o nosso Património Cultural Linguístico, que os governantes acordistas, de má-fé e ignorantemente, estão a tentar destruir.



É bem verdade que a Língua Portuguesa gerou Variantes/ Dialectos/Crioulos, como lhes queiram chamar, que hoje são usados nas ex-colónias portuguesas de África e América do Sul, e noutros territórios dos confins da Ásia.


Nessas Variantes/Dialectos/Crioulos foram escritas obras primorosíssimas, porém, o que hoje celebramos é a GENETRIZ de todas essas Variantes/Dialectos/Crioulos, para que se saiba que a Língua Portuguesa não pode se triturada, à mercê de gostos duvidosos e com base nos milhões, e continuar a ser chamada Portuguesa. Será portuguesa apenas por conveniências políticas, altamente lesivas dos interesses de Portugal.

 

Para celebrar a “Língua de Camões” escolhi este belíssimo poema   musicado por Zeca Afonso (a política, aqui, fica de fora, se fazem favor), porque a nossa Cultura é feita de uns e de outros.


E VIVA a Língua Portuguesa!


Isabel A. Ferreira

 

Pintura de Camões.png

Quadro pintado referente a Camões a’prisionado em Goa. Trata-se de uma pintura a guache, de 1556, considerada como retratando co veracidade o maior poeta lusíada.

 

Endechas a Bárbara Escrava

Endechas a uma cativa, chamada Bárbara, por quem Luiz de Camões andava de amores, na Índia
 

Aquela cativa

Que me tem cativo,

Porque nela vivo

Já não quer que viva.

Eu nunca vi rosa

Em suaves molhos,

Que pera meus olhos

Fosse mais fermosa.

 

Nem no campo flores,

Nem no céu estrelas

Me parecem belas

Como os meus amores.

Rosto singular,

Olhos sossegados,

Pretos e cansados,

Mas não de matar.

 

Ũa graça viva,

Que neles lhe mora,

Pera ser senhora

De quem é cativa.

Pretos os cabelos,

Onde o povo vão

Perde opinião

Que os louros são belos.

 

Pretidão de Amor,

Tão doce a figura,

Que a neve lhe jura

Que trocara a cor.

Leda mansidão,

Que o siso acompanha;

Bem parece estranha,

Mas bárbara não.

 

Presença serena

Que a tormenta amansa;

Nela, enfim, descansa

Toda a minha pena.

Esta é a cativa

Que me tem cativo;

E, pois nela vivo,

É força que viva.

 

Luiz de Camões

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 00:07

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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2015

O Lugar da Língua Portuguesa

 

«Mal vai aos povos que não respeitam o próprio idioma. É como ultrajar a Bandeira. É como renegar a Pátria» (Fernando de Araújo Lima*)

 

CAMÕES.png

 

Porque é urgente, urgentíssimo, travar a onda de ignorância que anda por aí a ultrajar a Língua Portuguesa, a esmagá-la, a estraçalhá-la, a mutilá-la, como se fosse um farrapo velho, sem utilidade, sem dignidade, sem história, senti-me impulsionada a criar este Blogue para congregar as ideias de todos os que, como eu, sentem a revolta a moer-lhe a alma.

 

Eu, pessoalmente, sou livre para desobedecer a uma “ordem” oriunda de quem não tem a mínima noção do que está a fazer.

 

Recuso-me a deixar-me levar na onda da ignorância e da estupidez que uns poucos traidores da Pátria lançaram sobre nós.

 

E porque a imposição de uma escrita, que não serve Portugal, nem os Portugueses, mas também os países que integram a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), pois sabemos que milhares são os que não estão de acordo com este acordo da discórdia linguística, que vai contra os interesses de Portugal, temos o dever de alçar as nossas armas para defender a Identidade Portuguesa que, para quem não sabe, é a qualidade própria do que é português, o carácter específico da Cultura ou da História de Portugal, o sentimento de amor ou de grande afeição por Portugal, e exigir que o próximo governo português recue nesta que é, segundo palavras de Eugénio Lisboa, «das coisas mais infames que este nosso Parlamento tem votado. Ficará na História, como uma das maiores nódoas produzidas depois de o "25 de Abril"».

 

E Eugénio Lisboa, um ensaísta e crítico literário português, especialista em José Régio, disse ainda mais isto:

 

«Quando ainda estava em Londres, fui surpreendentemente nomeado vogal, em representação do Primeiro-ministro, da Comissão da Língua Portuguesa ou lá como se chamava, sendo chamado a pronunciar-me sobre o Acordo. Votei contra e dei as minhas razões, tendo o cuidado de não medir as palavras… Tenho escrito frontalmente contra o acordo e assinado todas as petições contra o dito. O problema é a profunda iliteracia e cobardia dos deputados que insistem em implementar este aborto, devido ao lobby forte dos editores oportunistas que se apressaram a fabricar manuais e dicionários, seguindo o (des) acordo, contra o que tudo recomendava.»

 

Eis a verdade.

 

Mas o pior, o pior é a desalfabetização, já em curso, nas escolas portuguesas, tendo como cobaias, inocentes crianças que não têm como dizer NÃO à sua desinstrução, e os professores, acobardados pela “imposição oficial” deste aborto ortográfico, nada fazem para desfazer esta coisa infame, estando mais preocupados com os bolsos.

 

O Blogue O Lugar da Língua Portuguesa será um lugar de luta, e servirá para derrubar os muros que se ergueram, para não deixar passar a Luz que irradia de uma Língua construída ao longo de séculos, e que uns poucos, vendidos ao lobby de mercenários e políticos ignorantes, pretendem destruir num ápice.

 

Reparem na imagem mais abaixo:

Eu sou a que está de pé.

Quem estará disposto a seguir-me, para cumprir o dever cívico de salvar a Língua Portuguesa?

 

 

Servilistas.jpeg

 (Origem da imagem: Internet)

 

Isabel A. Ferreira

 

* in Prefácio do livro «A Língua Portuguesa» de João Araújo Correia (Editorial Verbo – Lisboa/S. Paulo)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:05

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