Segunda-feira, 10 de Outubro de 2016

«Avarias: Curta vida ao AO (90) é o que deu lhes desejo»

 

Não podia estar mais de acordo com o Fernando Proença, no que respeita ao AO90.

 

A Língua Portuguesa está em vias de extinção por conta deste AO90, da cegueira mental dos governantes, que não conseguem ver o óbvio, e da ignorância monumental dos que, sem o mínimo espírito crítico, o usam às ceguinhas e à balda...

 

F PROENÇA.png

 

Opinião de Fernando Proença

 

«Tenho sido o rato do laboratório que todos temos cá dentro mas às vezes não sabemos. A esclarecer: quando tenho a hipótese de ir buscar um filme mais atrás (sob o manto diáfano da chamada box), estou com muito menos atenção ao que vejo. Não sei se estou a dar uma novidade a alguém, mas a extraordinária capacidade de podermos voltar a olhar e descobrir algo que nos escapou da primeira vez condiciona-nos sempre a forma como olhamos para a TV. Não sei se isto conta para os telemóveis, para as fotografias e em geral tudo o que mexe, mas afianço-vos que os livros que trazem no princípio, nome e características das personagens, levam-me a consultá-las desde a primeira até à última página, raramente conseguindo fixar nomes e parentescos. Não tenho nada contra a possibilidade de gravar programas e filmes. Conseguir-se ver, de uma assentada, todos os programas com Manuel Luís Goucha, seria só por si motivo de regozijo e satisfação. Escrutinar todos os noticiários lidos por José Rodrigues dos Santos, em pacote, vendo mais piscadelas de olho em três horas que qualquer ser humano está capacitado a suportar em três meses, é obra. Por isso gosto dos aparelhos de televisão com box associada. Mas que isso me relaxa, relaxa!

 

Involuntariamente também enfrento as duras provações do extraordinário acordo ortográfico (AO), que nos meus artigos tento deixar à porta. Hoje mesmo, Domingo, em que escrevo estas linhas, tive que voltar atrás na legenda que lia (outro benefício da utilização da box nas televisões), em três filmes diferentes. Nesses três filmes fiquei sem saber se o para que lá se via era para, ou o antigo pára. Numa das situações não tinha percebido mesmo e mudou completamente o sentido da frase. Para resolver esta intricada questão voltei atrás duas vezes e repeti de cabeça um diálogo, na terceira situação. Não sei o que quiseram com esta confusão. Mas que não foi boa coisa não foi.

 

A Imprensa Nacional Casa da Moeda, instituiu um prémio denominado Vasco Graça Moura. A questão, que tem sido publicamente contestada, é que no regulamento do concurso consta que os textos postos a concurso têm que estar escritos ao abrigo do actual acordo ortográfico. Não sei se a referida Imprensa Nacional Casa da Moeda podia ter instituído o mesmo prémio em nome de outro escritor qualquer, da nova ou velha guarda, daqueles que pensa que só a golpes destes a língua avança, ou uma treta dessas. Se podia, devia tê-lo feito. Mas dar o nome do escritor português que mais contestou o actual AO, a um prémio literário, em que é condição de aceitação que os textos sejam escritos segundo esse mesmo AO, é no mínimo uma enorme falta de respeito por quem dizem estar a homenagear. Agora discordo dos discordantes numa coisa: onde eles olham e percebem uma forma de manchar o nome de Graça Moura, eu vejo relaxe e indiferença. Quem pensou nas coisas, não lhe passou isto pela cabeça. Marimbaram-se e dormiram para o lado que se deitaram. Mas um povo que deu a um aeroporto o nome de Sá Carneiro, que morreu num desastre de avião, pode fazer qualquer coisa. Por este andar, um dia ainda dão o nome Maria Luís Albuquerque a um asilo para velhos com dificuldades económicas.

 

Fernando Proença»

 

Fonte:  http://www.jornaldoalgarve.pt/avarias-curta-vida-ao-ao-e-o-que-eu-lhes-desejo/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:06

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Terça-feira, 27 de Outubro de 2015

A vã glória de ser escritor vendendo-se ao "lobby" editorial

 

A propósito da publicação do novo livro de José Rodrigues dos Santos, que traiu a Língua Portuguesa, e fez o frete aos editores…

 

 

Vã gloria.jpeg

 

(Origem da imagem: Internet)

 

Ideias que retirei do Facebook, onde se troca muitas ideias que, não saindo da página, não podem cumprir a sua função, ou seja, destruir o Acordo Ortográfico de 1990, que está a transformar a Língua Portuguesa num lixo linguístico.

 

E estas ideias, todas elas, têm de chegar à Assembleia da República Portuguesa, um lugar onde se decide da vida ou da morte da Língua, dos Valores Humanos, da Ética, da Moralidade, da Civilidade, da Cultura, da Civilização, da Evolução…

 

Estava-se a discorrer sobre a subserviência de alguns escritores portugueses ao lobby editorial instalado, que só publica o que bem entende, tenha ou não tenha qualidade literária ou linguística.

 

O que interessa é vender livros escritos por gente famosa, cá e lá, no outro lado do Atlântico, em terras descobertas ou achadas por Pedro Álvares Cabral, onde até há bem pouco tempo era necessário “traduzir” os nossos escritores para o Brasileirês (com todo o respeito, porque a Língua utilizada no Brasil, embora originária de Portugal, nasceu lá, foi metamorfoseada lá, desenraizou-se da matriz greco-latinam, que caracteriza as línguas europeias, e transformou-se numa outra língua), o que diminuía a possibilidade de avultados lucros aos editores portugueses, porque tinham de pagar as “traduções”.

 

E aqui é que está o busílis da falsa "obrigatoriedade” de escrever com erros ortográficos, a Língua Portuguesa, nas escolas portuguesas.

 

E nós sabemos que só vende livros, tenham ou não qualidade literária, quem é famoso. Quem tem nome na praça. Quem é vassalo do sistema. Quem é amigo, ou amigo do amigo de editores.

 

(Com todo o respeito pela senhora, até a mãe do Cristiano Ronaldo é escritora). E sabem porquê? Porque vende. Foi a resposta que me deu um editor.

 

Ora conversa daqui, conversa dali… no Facebook… o Álvaro comentou: «Gostaria que essa coisa de Novo Acordo de Editoras nunca fosse para a frente. Mas tenho pena dos miúdos que serão obrigados a cumpri-lo. Miúdos, professores e escritores».

 

Então o Paulo retorquiu, e muito bem: «Obrigados? Ninguém é obrigado e todos podemos recusar!»

 

E o Álvaro respondeu: «Experimente dizer isso num exame de português, ou mesmo ao seu editor (se escrever livros).

 

Bem, chegados aqui não me contive.

 

Até porque o mal dos Portugueses é aceitarem tudo sem o mínimo espírito crítico. Nas escolas portuguesas não é conveniente promover-se a Cultura Crítica, que é uma matéria muito útil e necessária para o desenvolvimento intelectual dos alunos.

 

Mas lá interessa aos governantes um povo demasiado culto? Demasiado crítico?

 

Não interessa. Quanto mais ignorante for o povo, mais submisso será.

 

Daí termos um país virado do avesso, a todos os níveis.

 

Respondi ao Álvaro:

 

Álvaro, há um direito que todos temos: objecção de consciência, quando algo vai contra as normas da nossa sanidade mental, cultural, moral e social.

 

Num exame de Português todos têm o direito de se RECUSAR a escrever com ERROS ORTOGRÁFICOS de grande e grave monta.

 

Um editor pode recusar-se a editar um livro escrito em BOM PORTUGUÊS, aliás como já era norma, antes de aparecer este famigerado AO de 1990.

 

Agora, um escritor tem duas opções, se um editor aceita publicar o seu livro: ou exige (por direito) que o seu livro seja publicado numa Língua com qualidade linguística, gramatical, ortográfica, etc., ou não publica o livro.

 

Tão simples quanto isso.

 

É o que eu faço.

 

Não querem publicar os meus livros, não publiquem.

 

Fernando Pessoa só publicou um livro em vida. E nem por isso deixou de ser FERNANDO PESSOA.

 

E Luiz de Camões só foi Luiz de Camões passados muitos anos depois da sua morte. E hoje tem um dia dedicado só a ele, como mais nenhum outro poeta tem.

 

O que alguns dos nossos escritores contemporâneos querem é a fama em vida. Mas essa fama, quando é assente em quimeras, morre quando eles estiverem a sete palmos debaixo da terra e esquecidos do mundo.

 

É a vã glória de uma fama assente na fatuidade.

 

Valerá a pena?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:16

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