Quando Portugal tem um Presidente da República que se está nas tintas para Portugal, para os Portugueses, para a Língua Portuguesa – o nosso maior símbolo identitário – para a nossa Cultura e para a nossa História, não surpreende que no site da Presidência se dê tratos de polé à nossa Língua Materna.
Supondo que não é o presidente da República que escreva as notas da Presidência, ainda assim, seria da sua competência verificar se, ao menos, a nota não sairia com erros de português, em seu nome. Trata-se de uma questão de brio, porque o cargo de Presidente da República não é um cargo qualquer.
Não saberá o PR que as efemérides, nomes de festividades, datas comemorativas são escritas com letra maiúscula? Não saberá que aquele Junho, do 10 de Junho é escrito com letra maiúscula, como Abril, no 25 de Abril?
Em Bom Português, ou seja, em Língua Portuguesa, os meses do ano são escritos com maiúsculas. Quem segue o ilegal e inconstitucional AO90, como o PR de Portugal, que devia dar o exemplo de legalidade e constitucionalidade, mas não dá, é que escreve incorreCtamente o Português, o que para um presidente da República é uma vergonha.
Verificamos que o site da Presidência é um lugar sem brio.
Em Bom Português também se escreve aCtualidade. Esta palavra grafada sem o cê é exclusiva do léxico brasileiro. E apesar de o presidente da República ter a dupla nacionalidade, ou seja, ser luso-brasileiro (se a informação que me deram está correcta) ainda é presidente de Portugal, NÃO é presidente do Brasil, para escrever à brasileira.
Porém, não é apenas no site da Presidência da República que encontramos erros de Português.
No Jornal online ECO, o lead (*) da notícia sobre o 10 de Junho tem erros de palmatória. E o pior é que online (*) podem corrigi-los, no jornal em papel, não podem. Se podem corrigi-los, por que se mantêm os erros visíveis interminavelmente?
Por falta de brio profissional, certamente.
Hoje tudo se faz à balda, conforme calha, e com o exemplo que vem de cima, não é de esperar outra coisa.
Este é o Portugal que temos, e que o presidente da República diz ser o país melhor do mundo.
Se um País que está na cauda da Europa em quase tudo, e que tem uma língua mal grafada é ser o melhor do mundo, até neste juízo que se faz sobre o País reina a insensatez.
«Temos o dever de nos recriar e cuidar melhor da nossa gente» disse o PR no seu último discurso DO 10 de Junho, não DE. Pois um presidente da República deve ter esse dever, sim. Mas não é isso que acontece. A nossa gente é desprezada, mas a gente dos outros é acarinhada. É isto que acontece.
E as pontes devem começar por ser feitas a partir da nossa gente para poder chegar aos outros povos.
E por fim, aquele distingiu Eanes, que, desta vez, não é culpa do PR, constitui um açoite no Bom Português, que o General Ramalho Eanes sempre cultivou, honrando, deste modo, o cargo que ocupa, porque um Presidente da República além de todos os outros deveres inerentes ao cargo, deve, ao menos, saber grafar correCtamente a Língua que identifica o País ao qual preside, se tiver brio e honra.
Um presidente que dá erros ortográficos é um mau exemplo para o País, e que não venha escudar-se no AO90, porque o AO90 é ilegal e inconstitucional, e não está em vigor na ordem jurídica internacional, nem na ordem jurídica nacional. Dizem os constitucionalistas.
Isabel A. Ferreira
***
Esclarecimento:
(*) Esclareço que uso os anglicismos site, online e lead por se tratar de Linguagem Informática e Jornalística, e por não concordar com o aportuguesamento destes géneros de linguagem por serem universais e alguns vocábulos intraduzíveis. Ninguém traduz a Linguagem Musical em Italiano, ou a do Ballet Clássico, em Francês, por serem intraduzíveis, além de horrorosas, se aportuguesadas ou abrasileiradas. O que vejo traduzido ou aportuguesado ou abrasileirado por aí é absolutamente uma bizarrice, que não favorece a Língua. Só a desfeia. E da Língua também faz parte a Estética.
Sabem como se diz sítio em Inglês? Diz-se place. Sítio pode ser muitas outras coisas, mas não nos leva imediatamente para o lugar onde está alojado um determinado serviço na World Wide Web (WWW), ou simplesmente Web, que é algo que universalmente todos percebem.
(I.A.F.)
Recebi via-email duas “pérolas” acordistas em sites de empresas portuguesas que aderiram à linguagem brasileira. Por alma de quem? É o que gostaríamos de saber.
J. Antunes, confessou-me a sua perplexidade:
«Estamos pior do que mal, porque as coisas más parecem ser sempre as preferidas do povinho. Há milhentos exemplos desta escolha, tantas vezes ignorante, feita por particulares e empresas. No caso da empresa de transportes GLS Portugal, há páginas em que aparece “contacto”, e “contactar-nos”, mas esta é a página que as pessoas mais vêem quando vão em busca do estado de uma encomenda. É tão triste e não há maneira de dar a volta a isto, nem explicando-lhes. A resposta é sempre o irritante “agora pode escrever-se das duas formas” que não deixa espaço para manobra.»
Não, agora não pode escrever-se das duas formas, porque uma é a forma brasileira, a outra é a forma portuguesa. E se a empresa é portuguesa, se é sedeada em Portugal, e se não é vassala do governo português, nem do governo brasileiro, NÃO tem de usar a linguagem brasileira. NÃO tem. Não há lei alguma que a tal obrigue, a não ser a Lei da Subserviência de quem não tem coluna vertebral.
Em Português, escreve-se aCtivos e contaCto, dois vocábulos pertencentes ao léxico português. “Contato” e “ativos” são dois vocábulos exclusivos do léxico brasileiro.
«Contato com vôcê???????»
Outro exemplo é o da Amazon Prime Video, que, entre outras pérolas, usa “contato” para o filme Contact.
Diz-me J. Antunes: «e veja que a selecção de Língua diz Português de Portugal. Já me queixei à Amazon anteriormente, mas nem sequer respondem. Envio-lhe imagem, que captei hoje para confirmar o disparate. Fica bem com a da GLS e prova o que se diz: o erro grassa mais rapidamente do que a correcção... e não tem graça nenhuma».
Pois não! Não tem graça nenhuma e demonstra uma tremenda ignorância, até porque nenhum cidadão português, nenhuma empresa portuguesa privada são obrigados a usar o AO90, havendo fundamentos legais e constitucionais que podem ser invocados contra a sua imposição ilegal fora das entidades públicas que, essas, optaram, por simples opção (também não são obrigadas) pelo AO90, que foi engendrado para destruir a Língua Portuguesa.
Que as entidades públicas optem por escrever incorretamente (transcrição fonética: incurrêtâmente) a Língua Portuguesa, a Língua de Portugal, e os tribunais nada fazem para repor a legalidade desse acto, é lá com eles. Que empresas que, à primeira vista, NÃO são públicas o façam, é de lamentar. Ou terão sido coagidas a fazê-lo? Num Portugal onde quem manda NÃO são portugueses, tudo é absurdamente possível!
Até quando?
Veremos, porque esta pouca vergonha não há-de durar sempre. E quando começar um a cair, caem todos, a começar pelo acordista-mor cá da República DOS Bananas Portugueses.
Isabel A. Ferreira
Num artigo publicado no «Público brasil» este título lido por um português leva-o para uma situação caricata: os brasileiros guardaram para si uma bilha de grandes dimensões. O que é que isto pode significar?
Bem sei que o “Público brasil” é um jornal criado para brasileiros, que não falam, nem escrevem Português, mas, estando em Portugal, a guardar para si tamanha bilha, já não era tempo de recolherem a sua Linguagem, e começarem a aprender Português? É que o «Público brasil», não é um Boletim Cultural do Povo Brasileiro, circunscrito a Brasileiros. É um jornal online como outro qualquer.
Os Brasileiros usam bastantes vocábulos que não correspondem ao real significado da palavra. Eles andam por aí às centenas: uns, que não correspondem ao significado real; outros, que são brasileiros, mas apodados de português.
Eu já estou farta de me deparar com situações destas. Veja-se estas imagens (mas há-as aos magotes, por aí):
Na imagem televisiva, bem escarrapachado, para que todos vejam e leiam, está o vocábulo câmera, pertencente unicamente ao léxico brasileiro, porque em Português dizemos câmara. Na outra está o vocábulo planeje, como propaganda de uma empresa brasileira, fixada na porta do seu escritório, situado numa galeria de muito movimento. O vocábulo planeje pertence unicamente ao léxico brasileiro. Nós, em Portugal, dizemos planeie, do Latim planus, que significa elaborar um plano.
ATENÇÃO! Nós estamos em Portugal! Por-tu-gal!!!! Estes vocábulos alienígenas estão a ser usados em Portugal. No Brasil jamais isto aconteceria, porque não falamos, nem escrevemos a mesma Língua, embora possa parecer que sim.
Vejamos um exemplo em Português/Castelhano, que pode explicar esta teoria:
-- Português: o contacto electrónico do director está correcto. Podem activá-lo.
-- Castelhano: el contacto electrónico del director es correcto. Pueden activarlo.
[-- Variante Brasileira do Português: o contato eletrónico do diretor está correto. Podem ativá-lo].
Podemos dizer que os Portugueses falam e escrevem Castelhano e os Espanhóis falam e escrevem Português? Não, não podemos, obviamente.
O que podemos dizer é que temos um tronco linguístico comum.
O Castelhano é uma Língua que deriva do Latim, tal como a Portuguesa.
A linguagem brasileira actual deriva do Português, que, por sua vez, deriva do Latim, e que os Brasileiros deslatinizaram ao deslusitanizarem-no, portanto, já não é mais Português. Aliás está bem visível a diferença.
Então por quê esta obsessão de nos quererem meter pelos olhos dentro a Variante Brasileira do Português, quando o Português é a GENETRIZ dessa Variante?
NÃO, não sou contra a imigração brasileira, mas sou contra esta insistência de querer meter pelos nossos olhos dentro a Variante Brasileira do Português, onde muita coisa não significa o que é: é o bilhão (uma bilha de grande dimensão), é a recolha (colher ou guardar, ou regressar a casa) enfim, já estou a ficar farta disto...
Vir para Portugal trabalhar é uma coisa. Vir para Portugal impor o Brasileiro ou os costumes brasileiros, é outra coisa. Os Brasileiros não falam, nem escrevem Português. E, em Portugal, escreve-se e fala-se Português. Todos os estrangeiros, quando emigram, são obrigados a escrever e a falar a Língua do País para o qual emigram, excepto os Brasileiros, em Portugal. Porquê? Por os fazerem sentir-se os donos disto tudo?
Eis dois comentários ao texto que recolhe um bilhão, onde não está em causa o contributo dos imigrantes brasileiros, mas o modo como estão a tentar impor a variante brasileira do Português, por toda a parte. E isto, não é da honestidade. Sempre ouvi dizer que em Roma, sê romano, um ditado que nos ensina a importância de respeitarmos e nos adaptarmos à Cultura, à Língua, aos Costumes e às Tradições locais, não esquecendo, porém, os valores do nosso País de origem, que podemos manter entre nós, mas NÃO impô-los ao País que nos acolhe.
Portanto, em Portugal, sejam portugueses, assim como eu, no Brasil, fui brasileira, não precisando, sequer, de me naturalizar.
Isabel A. Ferreira
Todos os dias, a toda a hora, em toda a parte deparamo-nos com uma linguagem alienígena. Com uma linguagem que NÃO nos pertence.
Os Portugueses Pensantes cada vez mais se indignam com esta falta de brio profissional, ao ponto de já não se saber o que é o quê.
Pois não é que agentes da GNR em vez de fardas vestiram fatos para irem à manifestação, e os fatos da GNR foram averiguados, não vá terem neles escondida alguma coisa indevida?
Ao que parece, depois de averiguados os fatos da GNR e nada ter sido encontrado de suspeito, o caso ficou resolvido.
Já nem sequer uma Força da Ordem Pública consegue dar o exemplo, escrevendo correCtamente a Língua Oficial de Portugal?
Usar palavras que são exclusivas do léxico brasileiro não é algo que pertença ao profissionalismo que se espera de uma autoridade.
Até porque, se os Brasileiros soubessem do que estão a falar quando falam de "fatos", jamais deixariam de pronunciar aquele cê que faz toda a diferença. O problema é que eles quando elaboraram o Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943, em cuja Base IV se baseia o AO90, desataram a mutilar as palavras a torto e a direito, sem saberem o que estavam a fazer e porque o faziam.
Não é da inteligência, pois, que sendo-se Português, se use o léxico brasileiro, que foi distanciado do léxico português, sem base científica alguma que o justificasse.
É URGENTE acabar com a destruição da Língua Portuguesa.
(Já estou farta de dizer isto, mas se tivéssemos políticos e governantes com ouvidos de ouvir e olhos de ver, não seria necessária tanta repetição. Parece que estamos diante de uma turma de alunos pouco dotados intelectualmente, em que é preciso repetir, repetir, repetir a matéria, até à exaustão, para que possam aprender a lição).
Isabel A. Ferreira
Fonte da imagem:
De tanto se escrever errado, o erro passará a ser correcto?
Uma coisa é evolução natural da Língua. Outra coisa é a sua destruição. E outra coisa é a sua variação.
Sabemos que, no Brasil, existiu (e ainda existe), uma corrente, iniciada por Antônio Houaiss, o enciclopedista libanês, de quem Millôr Fernandes (jornalista e escritor brasileiro) dizia que «conhecia todas as palavras da Língua, só não sabia juntá-las», a qual deslusitanizou a Língua Portuguesa intencionalmente, para a afastar das sua raízes greco-latinas, o que viria a dar origem ao Acordo Ortográfico de 1990, também engendrado por Houaiss, ao qual se juntou Malaca Casteleiro, para ajudar à missa. Tudo o que fosse português Houaiss modificava, inventava, americanizava, puxava ao Português antigo, para se distanciar da Língua de Portugal. Uma mania como outra qualquer que, contudo, teve consequências absolutamente desastrosas para a NOSSA Língua.
Ando a elaborar uma espécie de dicionário (para já é uma lista) de palavras que o Brasil fez questão de diferenciar do léxico Português, deslusitanizando-o, tendo algumas das palavras, introduzidas nesse novo léxico brasileiro, um significado completamente diferente do original.
É uma pequena amostra dessas diferenças lexicais que proponho nesta publicação.
O léxico brasileiro está a negrito. São palavras e expressões que encontro, por aí, nos falares e nos escritos brasileiros.
Isabel A. Ferreira
Liberar/libertar
Ímã/íman
Seriados/séries
Embutidos/enchidos
Caminhão/camião
Caminhonista/camionista
Touros de briga/Touros de lide
Nos hospitais as ambulâncias tomam e largam doentes/nos hospitais as ambulâncias recebem e deixam doentes
Comentarista/comentador
Tomar um carro de aluguel/Apanhar um táxi
Conosco/connosco
Umidade/humidade
Pausar/parar
Empossamento/tomada de posse
Bitucas de cigarros/ponta de cigarros, beatas
Cotidiano/quotidiano
Fechamento/encerramento
Porcentagem/percentagem
Alvejante/branqueador
Parada cardíaca/paragem cardíaca
Chapéu papal/solidéu
Acessar/aceder
Fato/facto
Psicodélico/psicadélico
Mensurar/medir
Covarde (coward)/cobarde
Estórias em quadradinhos/histórias aos quadradinhos/banda desenhada/BD
Tampar/fechar
Recorrer para a justiça/recorrer à justiça
Cargos de vereança/cargos de vereação
Breque/travão
Sacola véia/sacola velha
Viralizar/ornar-se viral
Ambientalizar/ambientar
Planizava/planeava
Clinicar/exercer clínica
Câmara filmadora/câmara de filmar
Vai-se no médico/vai-se ao médico
Virada do ano/passagem de ano
Coalizão/coligação
Câmeras/câmaras
Eu te preciso/eu preciso de ti
Beija eu/beija-me
Eu lhe amo/eu amo-te
Te amo/amo-te
Eu te gosto/eu gosto de ti
Para eu/para mim
Irã/Irão
Estadunidense/norte-americano
Terno/fato
Banheiro/quarto-de-banho
Gestando/gerindo
Câncer/cancro
Gestar/gerir
Chutou as flores para o cesto/atirou as flores para o cesto
Né/não é
Oi/olá
Pet/animal de estimação
Friezzer/congelador
Sorvete/gelado
Registrar/registro/registar/registo
Mar do Caribe/Mar das Caraíbas
Caribe/Caraíbas
Parabenizar/felicitar
Israelense/israelita
Estrelar (um filme)/protagonizar?
Apenado/condenado
Estoriador/ou historiador
Poloneses/polacos
Pausar/fazer pausa
Deletar/eliminar
Panaca/panasca
Galera/pessoal (grupo de pessoas)
Parada de ônibus/paragem de autocarro
Guris/crianças
Geladeira/frigorífico
Café da manhã/pequeno-almoço?
Aquele trem é horrível/aquela coisa é horrível
Trem/combóio
Cidade litorânea/cidade do litoral
Cassino/casino
Bala/rebuçado
Grama/relvado
Grama/relva
Bilhão/Bilião
Torcida/adeptos
Enquete/questionário
Escanear/digitalizar
Estresse/stress
Esporto/desporto
Ganhador/vencedor
Balé/ballet
Espírito natalino/espírito natalício
Campesinos/camponeses
Festejos natalinos/festejos natalícios
Missivista/pessoa que leva ou escreve missivas (cartas)
Ducha/duche
Planejar/planear
Bonde/eléctrico
Mídia/média
Time/equipa
Copa (do mundo)/taça
Amsterdã/Amsterdão
Cafifa/papagaio de papel
Enterramento/enterro
Conscientização/consciencialização
Apoiadores/apoiantes
Buzinaço/buzinão
Chefe da ONU (Guterres)/Director-Geral da ONU
Acessar/ter acesso a
Detento/detido
Concreto/betão
Rifle/espingarda
Cromossomo/cromossoma
Sutileza/subtileza
Sutil/subtil
Traslado do coração/trasladação do coração
Fabricação/ou fabrico
Conscientização/consciencialização
Apuração/apuramento
Maquiagem/maquilhagem
Exterior/estrangeiro
Zumbi/zombie
Esse/este
Em uma/Numa
Cachorro/cão
Mouse/rato
Tela/ecrã
Xícara/chávena
De tanto se escrever errado, o erro passará a ser correcto?
Uma coisa é evolução natural da Língua. Outra coisa é a sua destruição. E outra coisa é a sua variação.
Sabemos que, no Brasil, existiu (e ainda existe), uma corrente, iniciada por Antônio Houaiss, o enciclopedista libanês, de quem Millôr Fernandes (jornalista e escritor brasileiro) dizia que «conhecia todas as palavras da Língua, só não sabia juntá-las», a qual deslusitanizou a Língua Portuguesa intencionalmente, para a afastar das sua raízes greco-latinas, o que viria a dar origem ao Acordo Ortográfico de 1990, também engendrado por Houaiss, ao qual se juntou Malaca Casteleiro, para ajudar à missa. Tudo o que fosse português Houaiss modificava, inventava, americanizava, puxava ao Português antigo, para se distanciar da Língua de Portugal. Uma mania como outra qualquer que, contudo, teve consequências absolutamente desastrosas para a NOSSA Língua.
Ando a elaborar uma espécie de dicionário (para já é uma lista) de palavras que o Brasil fez questão de diferenciar do léxico Português, deslusitanizando-o, tendo algumas das palavras, introduzidas nesse novo léxico brasileiro, um significado completamente diferente do original.
É uma pequena amostra dessas diferenças lexicais que proponho nesta publicação.
O léxico brasileiro está a negrito. São palavras e expressões que encontro, por aí, nos falares e nos escritos brasileiros.
Isabel A. Ferreira
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Zumbi/zombie
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Em uma/Numa
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Mouse/rato
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… que, no meu computador, dotado de um correCtor ortográfico de Língua Portuguesa desacordizada, dá erro, bem como também dá erro o termo “desacordizada”. Ambos não existem no léxico da Língua Portuguesa (e quando me refiro à Língua Portuguesa quero dizer Língua Portuguesa), contudo, um, é estangeirismo, porque não pertence a Portugal, mas ao Brasil. O outro, é um novo termo derivado do “acordo ortográfico”, que querem impingir a Portugal.
No site sinónimos.com.br, lemos:
Sinônimo de parabenizar
10 sinônimos de parabenizar para 1 sentido da palavra parabenizar:
Dar os parabéns:
congratular, felicitar, cumprimentar, saudar, elogiar, gratular, festejar, celebrar, brindar, beber.
Os 10 sinónimos aqui referidos constam da Língua Portuguesa, e faltou parabentear. E entre parabentear e parabenizar, que venha o diabo e escolha, são duas palavras espessas.
Se temos tantos modos, na NOSSA Língua, para dar os parabéns a alguém, que necessidade há de importar este estrangeirismo?
A propósito disto alguém me disse para não me irritar.
Eu não me irrito. Eu sinto-me mal. Em geral, não gosto de estrangeirismos, provenham eles de onde provierem, quando temos palavras NOSSAS, e muito mais elegantes e felizes, para dizer o mesmo. Quando não temos, lá terá de ser. Neste caso, além de possuirmos 10 sinónimos, não gosto da palavra "parabenizar". Como não gosto, por exemplo, de "avalancha", do francês avalanche, muito mais elegante, a qual se usa em Portugal.
Portanto, comigo, isto nada tem a ver com ser ou não ser estrangeirismos do Brasil. Até porque aprendi a ler e a escrever no Brasil, e lá passei por todos os ciclos escolares, e ainda uso, no meu dia a dia, muitas palavras brasileiras, apenas oralmente. Na escrita evito-as, porque a escrita é ESCRITA. Exemplos: toró (tóró) por tempestade; mamãe e papai, por mãe e pai; do tamanho de um bonde, por grande; cumbuca, por vasilha; cafuné, por afago; poxa (pôxa), por arre; meleca (mêlécâ), por imundície; enfim, estaria aqui o resto do dia...
Nós, em Português, temos uma palavra bem mais elegante e feliz para desejar os parabéns a alguém, que é FELICITAR. Por que haveremos de importar o PARABENIZAR, que é uma palavra espessa? E isto também não é uma questão de gosto. É uma questão de não haver necessidade de importar palavras estrangeiradas, quando as temos nossas. Apenas isso.
Antes de 2012, na legenda que vemos na imagem, leríamos «Rui Vitória não felicita FC Porto».
Em 2018, a que propósito se parabeniza, se temos: dar os parabéns, congratular, felicitar, cumprimentar, saudar…? Porquê este parabenizar, que é um vocábulo exclusivo do léxico brasileiro? Isto não faz parte do “acordo desortográfico”, faz?
Dizem-me que implico demasiado com o Brasil, e nada está mais longe da verdade. É preciso lembrar que a minha Cultura assenta na Cultura Portuguesa e na Cultura Inglesa (que aprofundei numa escola inglesa), mas também na Cultura Brasileira, que considero riquíssima, mas está mal divulgada e aproveitada, especialmente nas escolas brasileiras, que desprezam a cultura do próprio país, e muito mais a cultura dos Portugueses.
Dizem-me que duvidam que a Língua Portuguesa seja mais maltratada pelos Brasileiros do que pelos Portugueses, e que o inglês americano está distante do original, principalmente relacionado com o léxico e a pronúncia, mas também de ortografia, e os Ingleses não se melindram com isso… Pois não. Vou explicar porquê.
A distância do inglês americano para a Língua Inglesa é de 1 para 10. A distância do Brasileiro para o Português é de 1 para 100, ou talvez de 1 para 1.000. Além disso, a Língua Inglesa NÃO foi MUTILADA, não a afastaram das suas raízes, e não está na berlinda, em parte alguma, como está a Língua Portuguesa em Portugal, no Brasil e em todos os outros países de expressão dita lusófona. Se estivesse, garanto que, conhecendo, como conheço, os Ingleses, eles reagiriam, como todos os Portugueses Pensantes estão a reagir. É que não é fácil ver a nossa Língua Materna a despedaçar-se, pelos motivos mais torpes.
Quanto à dúvida no maltrato da Língua, os Portugueses actualmente maltratam a Língua muito mais do que há uns poucos anos. Mas os Brasileiros (os Brasileiros comuns, os Cultos estão fora desta apreciação) se chamam Português do Brasil ao que falam e escrevem, chamam erradamente. Porque NÃO existe Português do Brasil, mas sim uma VARIANTE Brasileira do Português ou dialecto brasileiro (quem o diz é o maior estudioso português de Dialectologia - Leite de Vasconcelos)
Considero o Brasil um país irmão de Portugal. Mas não um irmão gémeo, até porque ambos ficariam a perder, se fossem gémeos. A Cultura de um completa a Cultura do outro. E é por esse completamento que me bato, pela diversidade linguística, e NÃO, pela união de grafias, algo que jamais acontecerá.
O Brasil já está tão distante do Português que, primeiro: já nem sequer o estudam com essa designação; e segundo: não tenho qualquer dúvida de que se tornará uma língua autónoma com qualquer outra designação, excePto Língua Portuguesa, porque essa, já não é portuguesa.
E não se passou isto com o Latim, com o Português, com todas as outras línguas? Todas as línguas começaram por ser dialectos de outras línguas, e foram-se distanciando até se tornarem autónomas. O mesmo acontecerá com a Variante Brasileira do Português, candidata a Língua Brasileira, sem qualquer dúvida.
Por isso, esta coisa de "países lusófonos " é uma grande falácia. No Brasil usa-se a Variante Brasileira, nos restantes países de expressão portuguesa, apenas uma minoria mais instruída usa o Português. De resto, o povo fala e escreve os dialectos nativos, que são às dezenas. E não é assim que deve ser? Afinal são países independentes, onde já existia um Povo com uma cultura própria.
O que se passa em Portugal, no que respeita à importação de estrangeirismos, brasileiros ou não, provém daquela mentalidade terceiro-mundista, que faz adoPtar o que é estrangeiro, porque isso é que é muito chique. Porém, a isto chama-se PAROLICE.
Isabel A. Ferreira
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