… mas em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa é o “Presidente dos Afetos”, ou seja, dos “afêtos”, pois é deste modo que se deve ler esta palavrinha mutilada, sem significado algum, em Portugal.
Tendo em conta que a Língua Portuguesa e a Língua Castelhana são “hermanas” nas suas origens, porque carga d’água, em Portugal, se há-de escrever o afeCto do nosso presidente, à moda brasileira, e não conforme as grafias portuguesa ou castelhana: afeCto?
Para agradar a quem? Não me dizem?
Quando Manuela Carmena, Alcaide de Madrid, mencionou Marcelo como “presidente de los afeCtos”, e o legendador/tradutor da SIC nos atira com aquele vocábulo mutilado, sem significado algum, insultou não só a Língua Portuguesa, culta e europeia (não esquecer que a SIC é uma estação televisiva portuguesa) como também todos os Portugueses, que não se vergaram ao modismo brasileiro, porque a tal não são obrigados.
E uma vez que abordo o modismo brasileiro, devo acrescentar que quando em 1943, no Brasil, os reformadores brasileiros da Língua decidiram mutilar as palavras, que hoje constam do rol das que os governantes portugueses querem impingir a Portugal, e que teve como objectivo facilitar a aprendizagem da Língua e diminuir o índice de analfabetismo que então existia naquele país, nada sabiam de Língua Portuguesa, ou se sabiam, estiveram-se nas tintas para a Língua culta e europeia, herdada do colonizador (não era a Língua deles!), se assim não fosse, jamais a teriam mutilado e transformado num idioma pé-rapado.
E não se atrevam a chamar-me xenófoba ou racista, como habitualmente fazem, porque empregam mal estas palavras.
O que digo dos Brasileiros, digo exactamente o mesmo dos ignorantes acordistas portugueses, e não podem chamar-me xenófoba ou racista em relação aos meus próprios conterrâneos.
É que amigos, amigos, negócios à parte…
Não vou aceitar a mutilação da minha Língua Materna só para agradar aos meus irmãos brasileiros… É que se sou realmente amiga dos meus irmãos brasiloeiros e de toda a minha família brasileira já na terceira geração) um dos meus deveres é chamar-lhes à atenção para os erros que cometem.
E os Brasileiros que me perdoem, mas cometeram um grave erro, um grave erro que nenhum outro país, dito lusófono, cometeu, ao mutilarem a Língua culta que era também a deles. Agora, chamem-lhe o que quiserem, mas não lhe chamem português brasileiro, porque não é. Quando muito, será um crioulo brasileiro.
Uma língua crioula é uma língua que se distingue das restantes devido a algumas características: o seu processo de formação (embora não haja muita influência das línguas nativas brasileiras, se bem que o seu léxico inclua bastantes termos indígenas e africanos); a sua relação com uma língua de prestígio (neste caso, a Língua Portuguesa) e algumas particularidades gramaticais, e sabemos muito bem que no Brasil o estudo da Gramática Portuguesa é praticamente inexistente, de outro modo, ninguém diria “beija eu”, ou “sentava na mesma mesa líderes mundiais”, ou “iam no médico”, ou diziam ao ser amado “eu lhe amo", ou "quando Eliza se apaixona com a criatura"...
Portanto, o seu a seu dono. Só assim há irmandade. Só assim há compreensão. Só assim há diversidade. A unidade linguística entre os países lusófonos é como o azeite e água: jamais acontecerá.
Isabel A. Ferreira
. Em Espanha Marcelo Rebelo...