Três escritores do Brasil [João Almino], Cabo Verde [Maria Augusta Teixeira] e Portugal [Lídia Jorge] destacaram que devem ser aceites e incluídas as diferenças da Língua Portuguesa em diversas partes do mundo, de acordo com a identidade dos povos que a falam.
Espero que isto valha para Portugal, berço da Língua Portuguesa, o país lusófono onde a aplicação do AO90 foi mais destruidora, e continua a ser absolutamente cada vez mais caótica. Uma autêntica tragédia portuguesa.
Mas vejamos o que nos dizem os escritores citados, e também o Luciano de Queiroz, com o qual concordo inteiramente.
Especialmente promovida para uma audiência lusófona nos Estados Unidos da América (EUA), a décima Conferência de Literatura em Língua Portuguesa decorreu de forma virtual, com o título "Em que português nos entendemos?" e foi organizada pela Coordenação do Ensino Português nos EUA (CEPE-EUA) e pelo Centro de Língua Camões na Universidade de Massachusetts, na cidade norte-americana de Boston.
A diversidade é fonte de "dinâmica", disse o escritor brasileiro e diplomata João Almino, membro da Academia Brasileira de Letras, acrescentando que todos podem "enriquecer" com o diálogo entre as diferenças e sublinhando que "o que ameaça a língua é a paralisia".
Professor universitário e autor de diversos romances e volumes de ensaios sobre literatura e sobre história e filosofia política, João Almino disse que o português "é muito diverso de um lugar para outro e nós devemos respeitar essas diferenças, reconhecê-las e aceitá-las do ponto de vista gramatical ou sintáctico".
Defendendo que os escritores, originários de qualquer parte do mundo, devem ter "liberdade" para "incorporar" as suas vivências e cultura na mesma língua portuguesa, João Almino acrescentou: "E quando eu leio, por exemplo, um escritor africano, eu quero sentir o sabor da língua da África, daquele lugar".
A escritora cabo-verdiana Maria Augusta Teixeira, também conhecida como Mana Guta, defendeu que é da responsabilidade e da "militância" dos escritores, que são os que "estão sempre na vanguarda" de soluções, "recuperar a memória oral" cultural de cada país para uma "forma perene", com a transcrição das histórias para livros.
A presidente da Assembleia Geral da Sociedade Cabo-verdiana de Autores e vice-presidente da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social considerou estar numa posição, em Cabo Verde, de "juntar as pontas soltas" das duas línguas no país insular, português e cabo-verdiano ou crioulo.
Mana Guta, também gestora pública e professora universitária, defendeu "sair da dicotomia: porque nós temos crioulistas e lusofonistas em Cabo Verde. A minha postura é juntar as pontas soltas, precisamos das duas línguas".
Para Lídia Jorge, autora portuguesa de 26 obras e distinguida com numerosos prémios portugueses e internacionais, mais do que diferenças, as identidades são também formadas por contrastes, inclusive em Portugal.
"Eu fiquei profundamente marcada por um país que era pobre, de estender a mão, mas que queria ser ao mesmo tempo um país que dominava uma vasta zona do mundo", disse a professora, que já ensinou em Portugal, Angola e Moçambique e é membro do Conselho de Estado, órgão político de consulta presidencial.
Entre outros assuntos, foram discutidos o "impasse" do acordo ortográfico e as abordagens sobre o "fim do mundo" na literatura, com os três autores a concordarem que, de uma maneira ou outra, o mundo está "num momento de transição" ou de "quase fim do mundo", por causa da crise sanitária mundial provocada pela pandemia de covid-19 desde início do ano passado.
Na apresentação da conferência, o cônsul-geral de Cabo Verde em Boston, Hermínio Moniz sublinhou que "mais do que nunca, precisamos de inclusão linguística, porque a língua é uma arma muito poderosa".
O tema da língua e construção de identidades é, para o cônsul-geral do Brasil em Boston, Benedicto Fonseca Filho, "vastíssimo" e "abre tantas possibilidades (...), como relações de poder ou papel das migrações".
João Pedro Fins do Lago, cônsul-geral de Portugal em Boston, destacou que a conferência "tripartida" e multicultural, no seu décimo aniversário, decorreu numa nota "positiva de inclusão e de reconhecimento do papel da mulher na literatura", com a atribuição do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane.
"É com imensa satisfação e com imenso orgulho que vimos um prémio tão importante ser atribuído a uma mulher, a uma mulher africana, a um vulto da literatura lusófona, que há muito merecia esse reconhecimento", declarou o cônsul português.
A conferência, inicialmente apresentada em inglês e em português, teve a assistência `online` de dezenas de pessoas e pelo menos duas turmas de estudantes nos Estados Unidos.
Entre as entidades envolvidas na promoção da Conferência de Literatura Portuguesa destacam-se o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Universidade de Massachusetts de Boston.
Fonte:
Senhor Presidente da República, senhor Primeiro-Ministro, senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros (os actuais e os outros) desçam dos vossos pedestais de meros mortais que ficarão para a História como os tristes defensores de um acordo ortográfico que não deu certo (e isto até o meu neto, que tem oito anos, sabe, e até sabe também que em Português “diretor” [entre outros vocábulos] se escreve direCtor como em Inglês) ouçam as vozes da RAZÃO, façam um acto de contrição, que, aliás, só vos enobreciam, e acabem de uma vez por todas com a hipocrisia de tecer louvaminhas à Língua Portuguesa quando são os maiores responsáveis pela sua degradação, e pela INVOLUÇÃO que o AO90 trouxe à Língua Oficial de oito países.
Ouçam (mais) estas vozes, que se juntam a milhares de outras, e que ontem, no programa Circulatura do Quadrado, na TVI24, e a propósito do tão falsificado Dia Mundial da Língua Portuguesa, se afirmaram contra esta farsa, que dá pela alcunha de AO90.
Ouçam José Pacheco Pereira, que acusou (todos nós, defensores da LP acusamos) os vários ministros que, ao longo dos anos, fizeram «o maior estrago possível na Língua Portuguesa com o Acordo Ortográfico».
Ouçam António Lobo Xavier que se associou à crítica de Pacheco Pereira, e salientou que «um acordo profundamente negativo tem de ser sempre lembrado quando vierem com louvaminhas à Língua Portuguesa».
Ouçam até Jorge Coelho, que apesar de ter louvaminhado a LP, teve a hombridade de referir «ser uma evidência que o AO90 não resultou».
Pois não resultou, absolutamente nada!
E o que é da inteligência fazer, quando algo não resulta?
A resposta a esta questão esperamos que, brevemente, suas excelências a dêem, desfazendo a negociata acordista, e pedindo desculpa (não vos ficava nada mal, muito pelo contrário, mostravam que tinham dignidade) a todos os Portugueses, principalmente aos estudantes e às crianças, por as obrigarem a grafar a Língua Materna, numa ortografia que elas sabem NÃO SER a portuguesa.
Uma coisa é garantida pelo futuro, pela História: a nenhuma destas excelências jamais será erguida uma estátua.
Isabel A. Ferreira
. «O acordo ortográfico é u...