Dando continuidade à correspondência trocada com o Professor António Vieira, recebi mais esta carta, abaixo transcrita, na qual ele faz o “ponto de situação” do que acontece e do que não acontece ao redor do AO90, cada vez mais contestado e desprezado (até no Brasil), sob os silêncios vis dos nossos governantes.
“Ouçamos” o Professor António Vieira, e levantemo-nos numa onda gigantesca, para obrigar os políticos portugueses a invalidar o que nunca deveria ter sido validado, por nunca ter existido consenso, no seio dos países ditos lusófonos.
(Alusão ao belíssimo poema do poeta José Gomes Ferreira, Acordai, musicado por Fernando Lopes Graça, um hino à inércia de um povo que, placidamente, aceita a sua má sorte).
«Dr.ª Isabel A. Ferreira, deixe-me sugerir-lhe algumas pistas para eventuais acções anti-AO90, sobretudo agora que se iniciou o ano de 2019, forte em actos eleitorais:
Em primeiro lugar, e conforme se sabe, a iniciativa ILCAO vai ser presente à A.R., dado que se acha na fase final da recolha do número mínimo de assinaturas exigidas por Lei.
A equipa dinamizadora, encimada pelo Rui Valente tem sido incansável e está de parabéns; até que ponto é que na A. R. as coisas irão decorrer no sentido da desejada inversão, é uma incógnita, mas pelo menos as “águas irão ser bem agitadas”.
Mas o problema principal, não nos iludamos, reside na apatia do nosso Povo, que se limita a exprimir a sua não-concordância com a aberração em causa e, nada faz em prol da causa e, conforme se sabe, “quando o terreno é mole, a erva daninha prolifera com maior facilidade”.
Bem ao contrário, infelizmente, dos nossos vizinhos aqui do lado (galegos, bascos, catalães) que defendem os seus idiomas locais com unhas e dentes.
Como alguém referiu: um Povo que não defende a sua Língua não tem futuro.
Sintetizando, o que eu penso é que:
1º- Só com pressão do exterior é que as coisas poderão inverter-se: Angola já se decidiu pela não –ratificação do AO90 (segundo as palavras do Prof. Filipe Zau, “é necessária uma rectificação, a fim de possibilitar a ratificação”), Moçambique ainda não adoptou uma postura bem definida, dando a entender que o que pretende é que lhe ofereçam os manuais escolares de borla, sejam conforme o “AO90” ou não. Assim só na próxima cimeira da CPLP (e caso esteja o assunto na agenda) é que algo de positivo poderá surgir. (cumprir-se-ia dessa forma o prognóstico do Prof. Menezes Leitão de que ainda iremos passar pela vergonha de serem os nossos ex-colonizados a virem “ensinar-nos” a redigir o Português de forma correcta!!).
Ainda para cúmulo, Cabo Verde adoptou o crioulo como idioma nacional, relegando o Português para segundo plano!
2º- Cá “dentro”: só arregimentando, dentro de grupos profissionais bem definidos, um número bem significativo de inconformados com a aberração em causa e, dentro do princípio de que “a união faz a força” forçar pela via da resistência e obstrução directa: por exemplo, no campo do Ensino, que eu conheço bem dado que fui professor até há pouco mais de um ano (Escola Secundária José Estevão, em Aveiro, Grupo de Docência 430, Economia / Contabilidade) a maior parte dos professores estão contra – uns abertamente, outros nem tanto – mas é claro que ninguém ousa rebelar-se, dado que de imediato incorreria em processo disciplinar e em consequência o posto de trabalho ficaria em risco.
Penso que no mínimo a suspensão temporária de funções docentes seria o mais provável.
(Foi aliás, o que por pouco não sucedeu à minha Colega Maria do Carmo Vieira, da Esc. Sec. Marquês de Pombal, de Lisboa e nossa co-activista anti “AO90” desde a primeira hora, que rebelou-se abertamente, numa atitude muito corajosa e teve de se aposentar, não sei se compulsivamente, ante a ameaça de incorrência em procedimento disciplinar).
Mas, retomando, se por exemplo, se elaborasse uma base de dados de profissionais do Ensino, de todos os níveis, disponíveis para dar a cara, e se se planeasse uma acção concertada, mediante o uso de redes sociais, e com o apoio de juristas a fim de se saber dar o passo em questão com segurança (o Prof. Ivo Barroso Duarte, da Fac. de Direito de Lisboa poderia ser a pessoa indicada), estou seguro de que a coisa iria fazer mossa.
A Associação de Professores de Português - Anproport – manifestou-se já abertamente, contra o “AO90” só que é minoritária no Sector, contudo não deixa de ser uma voz contra, só que pugna por uma alteração de alguns pontos do mesmo - não está radicalmente contra - o que lhe tem valido críticas mesmo dentro da classe docente, mas poderia dar uma ajuda à ideia em causa.
Outro grupo a considerar seria o dos responsáveis autarcas, que poderiam de igual modo levar a cabo uma iniciativa semelhante. Ainda há pouco tempo um Presidente de Junta de Freguesia comentava, enojado, a colocação de placas com a aberração “exceto” (!) (para estacionamento); perguntei-lhe se poderia fazer-se “distraído” e escrever a palavra correcta; respondeu-me “Oh! oh! isso trazia-me problemas logo de imediato, são directrizes vindas de Lisboa…!” (*)
E são conhecidos casos de Presidentes de Câmara que estão abertamente (e publicamente) contra.
A finalizar: não percebo como é que alguns diversos responsáveis políticos, de todos os quadrantes partidários, não “se mexem” e fazem pressão para inverter esta aberração - inclusivamente alguns membros ou ex-membros do Conselho de Estado (Manuel Alegre, Freitas do Amaral, António Bagão Félix, por exemplo): têm todos os instrumentos para o fazer, só poderá ser em Lisboa (“Portugal é Lisboa o resto é paisagem”, sempre foi assim, sempre será assim), não dá para entender!
Como não se entende que forças de bloqueio “travem” a decisão do recurso interposto no Supremo Tribunal Administrativo contra o “AO90”. (**)
E pergunto: para quando se prevê a decisão do recurso (petição?) apresentado à Unesco? (***)
O que se verifica é que o “AO90” tem vindo a servir de “arma de arremesso” para fins políticos e de protagonismo pessoal; senão vejamos: até há algum tempo atrás, só dois partidos (o Partido Nacional Renovador e o PCTP/MRPP) se declaravam oficialmente contra; todos os restantes evitavam uma posição clara e não se comprometiam (sempre de acordo com a conveniência da sua agenda política do momento, nada mais!); em Fevereiro próximo fará um ano que o PCP baixou à A.R. um pedido de retirada do nosso País do “AO90” que, logicamente, (****) foi rejeitado; pergunta-se: porque é que o fez? Para apropriar-se de uma “bandeira” a que nunca havia oficialmente aderido, embora a Intersindical não o tenha feito? E por que é que o seu Partido “satélite” - os Verdes - continuam a apresentar os seus “outdoors” denotando adesão à aberração? dá para entender? (*****)
Aquando da última campanha para as Presidenciais, um dos candidatos, o Prof. Sampaio da Nóvoa prometia, no caso de ser eleito, acabar (ou “rever”? o que dá quase no mesmo) com o “AO90” (com que fins? puro eleitoralismo? Para captar franjas de eleitorado?), no entanto, na qualidade de Reitor de Universidade Nova utiliza-o com convicção!! (******)
Muito mais haveria para acrescentar, tal como por exemplo as negociatas miseráveis que favorecem descaradamente as Editoras de manuais escolares e dicionários - que é o que penso que constitui, ao fim ao cabo e ao resto, a mola real - e obscura e secreta - de toda esta bandalheira, com a adesão e cumplicidade de alguns professores que colaboram com as mesmas na redacção de manuais escolares, preferindo “dormir com o inimigo” ao invés da coerência (motivos e alegadas “razões” são fáceis de encontrar), em troca dum “arredondamento” do seu salário mensal - mas isto fica para outra oportunidade, dado que não a vou incomodar mais nem lhe tomar mais tempo.
Peço desculpa pelo alongar do texto, mas quando se começa a redigir, as ideias e os conteúdos saem ao correr da pena!
Mantemo-nos em contacto, e despeço-me cordialmente
António Vieira
***
(*) O mencionado presidente de uma Junta de Freguesia disse ao Prof. António Vieira que a utilização da aberração “exceto”, nas placas de trânsito, são directrizes vindas de Lisboa e teria problemas se não obedecesse. Que problemas? Iria para a Cadeia de Évora? Isto dos problemas, não é verdade, porquanto em muitas vilas e cidades portuguesas, as placas de trânsito estão correCtamente escritas, “excePto”, até porque não há nenhum português que saiba o significado de “exceto” (excêtu), palavrinha que não existe nem em Português, nem em Brasileiro, e os respectivos autarcas não têm qualquer problema. Por que haveriam de ter, se não existe lei alguma que obrigue a escrever incorreCtamente a ortografia oficial vigente em Portugal, a de 1945?
(**) Pois não se entende a atitude do Supremo Tribunal Administrativo, que já devia ter-se pronunciado a este respeito, até porque o prazo previsto na lei já deixou de ser razoável, para se tornar inconcebível. O que está a “travar” a decisão?
(***) Quanto a quando se prevê a decisão da queixa oficial (não uma petição) que o MPLP apresentou à UNESCO, contra o Estado Português por violação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial que no seu artigo 11 estipula que a Língua é um factor essencial do Património Imaterial de Portugal podemos pensar que se por lá os prazos razoáveis forem iguais aos de cá… Mas a informação que eu tenho é que “estas coisas demoram”. Temos de aguardar a Instrução do Processo, pelo Comité Intergovernamental, que há-de recomendar acções ao Estado Português para a Salvaguarda do Património Imaterial de Portugal. Portanto, há que dar tempo ao tempo e aguardar. Então aguardemos.
(****) Diz o amigo António Vieira: «Em Fevereiro próximo fará um ano que o PCP baixou à A.R. um pedido de retirada do nosso País do “AO90” que, logicamente, foi rejeitado». Eu aqui não diria logicamente. Eu aqui diria irracionalmente, uma vez que depois de tudo o que se tem dito e redito acerca da aberração AO90, os políticos portugueses continuam a insistir no erro. Até o Brasil já chegou à conclusão de que não há acordo sobre o acordo ortográfico (em Janeiro de 2019). E os restantes países ditos lusófonos nem querem saber disto para nada. Os políticos portugueses são os únicos que fincam o pé neste erro. Portugal já está orgulhosamente só, à boa maneira antiga, nesta questão do AO90.
(*****) Os Verdes continuam a apresentar os seus “outdoors” denotando adesão à aberração. Dá para entender? Não dá, até porque há pouco tempo emitiram um comunicado onde rejeitavam o acordo. Mas a palavra de políticos é para levar a sério?
(******) «O Prof. Sampaio da Nóvoa prometia, no caso de ser eleito, acabar (ou “rever”? o que dá quase no mesmo) com o “AO90” (com que fins? puro eleitoralismo?» Qual é a dúvida? Promessas de políticos em campanhas eleitorais são mentiras embrulhadas em papel de rebuçado. Só as engole quem quer.
Por tudo o que aqui está exposto, apelo à mobilização de todos os que se dizem contra o AO90, para que nos sublevemos numa onda gigantesca.
Isabel A. Ferreira
Porque considero esta página de grande utilidade para todos os desacordistas, que se recusam a comprar livros acordizados, passo a incluir nos meus textos do Blogue esta preciosa informação:
PORTUGUÊS DE FACTO - Facebook
Uma página onde podem encontrar sugestões de Livros em Português CorreCto, permanentemente actualizada:
https://www.facebook.com/pg/portuguesdefacto/posts/?ref=notif
Texto de Ana Cristina Pereira Leonardo
O Prémio Camões não tem espinhas. Criado em 1989 por iniciativa dos governos de Portugal e do Brasil, visa “consagrar anualmente um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Quanto ao prémio de “Jornalismo Cultural”, instituído pela Sociedade Portuguesa de Autores em 2013, pretende “distinguir personalidades individuais e colectivas (sic) que mereçam reconhecimento devido à divulgação regular do trabalho de autores, artistas e outros agentes culturais, seja ao nível da imprensa escrita, da radiofónica ou da televisiva”.
Este ano, ambos coincidiram num ponto (se escrevesse “aspecto”, veria a palavra passar a “aspeto”, algo que quis evitar para que não se pensasse que pretendo bandarilhar alguém...): tanto o galardoado com o Prémio Camões como o galardoado com o Prémio de Jornalismo Cultural são férreos opositores ao Acordo Ortográfico. Na sua qualidade de deputado, Manuel Alegre foi o único do PS a votar contra; Nuno Pacheco, jornalista do “Público”, tem escrito sobejamente sobre o tema, definindo-se na primeira pessoa como “defensor acérrimo da diversidade da língua portuguesa, nas suas riquíssimas variantes, e adversário do acordo ortográfico de 1990”.
Se citássemos agora Margarida Rebelo Pinto: “não há coincidências”, o argumento não deixaria de ser tão fraco como os seus livros. Porque, realmente, podia ser coincidência. O que já nos obriga a pensar é que, de todos os portugueses contemplados com o Camões a partir de 1995 (os anteriores foram Miguel Torga, 1989, Vergílio Ferreira, 1992, e Eugénio de Andrade, 2001), nem um para amostra veio defender o AO. Manuel Alegre, Hélia Correia, Manuel António Pina, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís, Maria Velho da Costa, Sophia de Mello Breyner, Eduardo Lourenço e José Saramago – todos se pronunciaram contra.
Ora isto, sejamos honestos e coincidências à parte, são muitos contra de peso. Ouço vozes. Ah! Tudo escritores antigos! Ah! Mas também o Pascoaes defendia o Y e o Pessoa o PH (***)! A armadilha de tornar a discussão sobre o AO numa discussão entre progressistas e conservadores deu no que deu. Porque, sejamos de novo honestos. O Y de Pascoaes sempre se leu I e o PH de Pessoa sempre se leu F. Agora tentem lá distinguir oralmente “receção” e “recessão” e provem que isto não é desfigurar a língua.
Fonte:
https://www.facebook.com/ana.c.leonardo/posts/10211329527582572
(***) Para dizer que Fernando Pessoa defendia o PH, mas escrevia o seu nome com F (Ambos têm o mesmo som). Então, se tínhamos um F no alfabeto português, por que utilizar o PH dos gregos?
Nós vamos cobrar esta aCção, doutor António Costa.
E o primeiro-ministro disse mais esta coisa dúbia: considerou que esta é uma aposta de “afirmação da individualidade e da diversidade» …
Querem saber? Banzei-me, porque a treta não diz nada, nada, nada com a careta.
Absolutamente nada.
«No dia 08 de junho, o poeta português Manuel Alegre foi eleito o novo ganhador do Prêmio Camões de Literatura, principal comenda do mundo literário em linguá portuguesa. Instituído em 1988, o Prêmio tem o objetivo de consagrar autores de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da nossa língua». (***)
Origem da imagem e do pequeno texto:
http://praxis.com.br/manuel-alegre-e-o-vencedor-do-premio-camoes-2017/
*** (Será esta linguagem que António Costa defende para Portugal? É que já estamos neste caminho, e bastante adiantados. E isto não se faz às crianças portuguesas: obrigá-las a escrever à brasileira!)
E querem saber por que não diz a treta com a careta? Porque ou António Costa está a gozar connosco, porque até agora não mexeu uma palha em defesa da Língua Portuguesa (que saibamos, mas como há muita coisa que se faz às escondidas, no Parlamento…!) ou quando se referiu à Língua Portuguesa queria dizer “grafia brasileira”, e fugiu-lhe a boca para a verdade, porque a verdade é que em Portugal a Língua é a Portuguesa. E a isto chama-se individualidade. E não há cá esta coisa de português europeu e português brasileiro. Até porque o Português não é outra coisa senão europeu. PONTO. O que há é a Língua Portuguesa e as suas variantes: brasileira, angolana, moçambicana, cabo-verdiana, são-tomense, timorense, guineense, macaense, goense… E onde mais fôramos, mais tivéramos… E a isto chama-se diversidade.
Pois se António Costa quer afirmar a individualidade, fiquemos com a nossa Língua Portuguesa, e atire-se ao lixo o AO90, como o Brasil atirou ao lixo a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945, que assinou, mas não cumpriu.
E se António Costa quer afirmar a diversidade, pois deixemos que cada país lusófono fique com a sua especificidade linguística, para que os escritores citados: Luís de Camões, José Craveirinha, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Luandino Vieira, José Saramago, Arménio Vieira, Jorge Amado, Baltazar Lopes, Cecília Meireles, Mia Couto e Manuel Alegre, possam ser lidos diversamente, e não somente à moda brasileira.
Porque haveria Luandino Vieira (Angola) ou Mia Couto (Moçambique) ou Arménio Vieira (Cabo Verde), ou Alda do Espírito Santo (São Tomé e Príncipe) ou Odete Semedo (Guiné-Bissau) ou Luís Cardoso de Noronha (Timor-Leste) ou Luís de Camões (Portugal) serem lidos segundo a cartilha brasileira, ou Jorge Amado ser lido segundo a cartilha portuguesa?
Qual o interesse de unificar algo que é absolutamente impossível de unificar, se António Costa pretende afirmar a diversidade, como declarou?
Então para quê mutilar a ortografia portuguesa, para a avizinhar da ortografia brasileira nos vocábulos em que existem consoantes mudas e hífenes e acentos, mesmo assim, com excePções e bastantes abortinhos ortográficos por parte dos portugueses, que se metem a ser mais “papistas do que o papa” por pura ignorância?
A verdade é que o servilismo do governo português aos mandos brasileiros é notório e vergonhoso e repugnante.
Mas ainda há mais. Lê-se na notícia:
«António Costa falava momentos antes de entregar, juntamente com o embaixador do Brasil em Portugal, Luís Alberto Figueiredo Machado, e na presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do ex-líder parlamentar socialista, Alberto Martins, e do presidente do PS, Carlos César, entre outras personalidades, ao poeta e ex-candidato presidencial Manuel Alegre, o Prémio Camões 2017, numa cerimónia que decorreu na passada sexta-feira, no Palácio da Ajuda, tendo o primeiro-ministro reafirmado o compromisso do Governo com a língua portuguesa, “com os seus valores e as suas valências”.
Duas observações a fazer:
Primeira: como teria sido elegante convidar os embaixadores dos restantes países lusófonos, para esta cerimónia, uma vez que o Prémio Camões destina-se a distinguir autores que tenham contribuído para o enriquecimento do Património Literário e Cultural da Língua Portuguesa, apesar de o prémio ter sido instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988!
Mas não será esta a festa maior da Língua Portuguesa, escrita e falada também por Angolanos, Moçambicanos, Cabo-verdianos, São-Tomenses, Guineenses e Timorenses, que pertencem aos PALOP, aos países ditos lusófonos? E que em 29 atribuições, apenas cinco foram para autores africanos, e mesmo assim para apenas três países (Moçambique, Angola e Cabo Verde)? Por que teriam sido excluídos os embaixadores dos outros países? Por quê esta exclusividade brasileira? É que aqui há muita água suja no bico.
Isto pareceu uma cerimónia luso-brasileira, tal como o é o AO90, mais brasileiro do que português, pois de português só tem Malaca Casteleiro, parcveiro de Antônio Houaiss, o paridor-mor desta tragédia linguística.
Segunda: se o primeiro-ministro reafirmou o compromisso do Governo com a Língua Portuguesa, “com os seus valores e as suas valências”, porque se continua a desvalorizar a Língua Portuguesa e a impingir às crianças portuguesas a valência brasileira?
Bem, e António Costa disse mais: segundo ele «num mundo onde se observa um “crescente “risco” de massificação, uniformização e de hegemonização, a língua é um instrumento e uma “condição insubstituível” de afirmação da individualidade e da diversidade».
Que conversa é esta, senhor primeiro-ministro?
Impingem ao país a individualidade ortográfica basileira, e pretendem afirmar a diversificação? Em que ficamos? Ou percebi mal?
Nesta cerimónia luso-brasileira, António Costa fez ainda questão de vincar a importância da Língua Portuguesa e da prioridade que o Governo dá à sua difusão, defendendo que cada língua representa por si mesma um mundo e uma “visão desse mesmo mundo”, uma “singularidade e uma pluralidade”, reiterando a vontade do Governo que lidera de “reforçar, ampliar e de modernizar” uma política de língua “mais activa e mais eficaz”, de modo a tornar a língua “mais partilhada e mais presente”.
O que é que isto significa, senho primeiro-ministro?
Não é verdade que o governo português (porque hei-de escrever "governo" com letra maiúscula e Fevereiro com letra minúscula?) dá prioridade à difusão e defesa da Língua na sua singularidade e pluralidade. Não é verdade. Se desse, já teria acabado com esta fantochada de introduzir em Portugal a ortografia brasileira. Deixaria correr livremente a pluralidade… Ou percebi mal?
E o desafio que defendeu, o de «que não deve ficar apenas no âmbito do Estado e das suas instituições, mas um desígnio que tem de ser assumido igualmente pelo “conjunto da sociedade civil” e por todos os “luso falantes”, saudando a propósito os povos, países e comunidades dispersas pelo mundo que falam o português, defendendo que todos e cada um deles “são representantes dessa comunidade maior” que fala a língua de “Luís de Camões, de José Craveirinha, de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Pessoa, de Guimarães Rosa, de Luandino Vieira, de José Saramago, de Arménio Vieira, de Jorge Amado, de Baltazar Lopes, de Cecília Meireles, de Mia Couto e de Manuel Alegre”, é atirar areia para os olhos dos Portugueses.
Porquê?
Simplesmente porque os luso-falantes, dispersos por todo o mundo, estão-se nas tintas para o AO90 que os governos português e brasileiro querem impingir aos demais povos lusófonos, estando esses luso-falantes a contestar fortemente esta ditadura ortográfica, que pretende, à força de um objectivo torpe, que Luís de Camões, José Craveirinha, Fernando Pessoa, Luandino Vieira, José Saramago, Arménio Vieira, Baltazar Lopes, Mia Couto e Manuel Alegre, estejam “afêtos” à cartilha de Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Jorge Amado.
Fonte da notícia: https://shar.es/1NOC4R
***
Ouvi o discurso de Manuel Alegre, e pareceu-me que ele esteve-se nas tintas para a defesa da Língua Portuguesa. Poderia ter aproveitado a ocasião para mandar um recado ao governo de António Costa, mas não mandou. Por vezes penso que estes prémios literários, que são atribuídos a certos desacordistas, servem para os calar. E o pior é que eles CALAM-SE. Com isto não quero dizer que Manuel Alegre não merecesse o prémio, mas podia ter feito algo mais pela Língua Portuguesa, sugerindo ao seu camarada António Costa que desista de abrasileirar a ortografia portuguesa, porque isso não é defender a diversidade, nem a Língua Portuguesa.
Para finalizar sugiro a leitura deste texto onde José Saramago, Padre António Vieira, Marguerite Yourcenar, Séneca e Jaime de Magalhães Lima falam daquela «cegueira que faz com que não reconheçamos o que temos à frente…»
Os olhos são inúteis quando a mente é cega
Isabel A. Ferreira
Isto faz-me lembrar o tempo da PIDE.
Isto é grave. Gravíssimo. Coagir um deputado da Nação. E as opções são: ou vota com medo, ou contra os seus valores, ou tem de sair do Plenário do Parlamento.
Isto é a ponta de um iceberg chamado Acordo Ortográfico de 1990, e não vejo nenhum jornalista activo interessado em “escavá-lo” a fundo. Lá no fundo encontraremos todo o tipo de coacções, vigarices, depravações e manigâncias.
Se pensam que Portugal vive em Democracia, enganam-se.
Leiam e pasmem!
Em resposta a uma interpelação de Maria Alzira Seixo, no Facebook:
"Caríssima Maria Alzira. Devo esclarecer o assunto. Reforçando a minha discordância quanto ao AO90, além de ter saído do Plenário do Parlamento na ocasião da votação, escrevi então uma Declaração de Voto, publicada no Diário da Assembleia da República, I Série, que gostava que lesse; disseram-me não ter havido outra Declaração de Voto a este respeito. Confesso ter ficado com o profundo desgosto de não ter votado contra este documento essencial, mas acontece que eu, apesar de Independente e de me terem garantido liberdade de voto antes de ser deputada, fui depois sujeita diariamente a uma tortura de pressões a todos os níveis (colegas deputados, ministros) para não votar contra. Votei contra imensas vezes, com o que sofri uma série de represálias, e com o nervoso dei várias quedas, etc. Nesse dia, eu já tinha anunciado ir votar contra vários outros diplomas importantíssimos, o que fiz (o que não aconteceu com outro qualquer deputado) e ainda anunciei ir votar contra o AO90, mas lançaram-me uns olhares mortíferos... Se bem me lembro, por causa do AO90, da sala só saímos eu e o Luís Fagundes Duarte. O Manuel Alegre, e deputados de outras bancadas, votaram contra, e já lhes tenho manifestado o meu desgosto por não ter conseguido então fazer o mesmo. Como sempre tenho dito, devia ser revista, na prática, a questão, que julgo essencial, da disciplina de voto dos deputados, e foi por isso que eu não quis voltar a ser deputada. Contra o AO90, tenho depois feito tudo!"
(Nota: os excertos a negrito são da minha lavra, e para proteger a integridade física e moral da deputada em causa, o nome foi encoberto).
Fonte:
***
Pois aqui temos um precioso testemunho, de como as coisas funcionam no Parlamento Português. E não só em relação a esta matéria, mas em muitas outras de igual importância e de interesse primordial para a Nação.
Senhor presidente da República Portuguesa, como Chefe Supremo da Nação, não será chegado o momento de V. Excelência tomar uma posição firme, quanto a esta pouca vergonha?
Vossa Excelência sabe (ou não saberá?) que está a encobrir uma ilegalidade, e pior do que isso, a permitir que as inocentes crianças portuguesas estejam a ser enganadas e obrigadas a “levar gato por lebre”, nas escolas portuguesas?
E agora isto: coaCção*** contra Deputados da Nação!!!
*** Aproveito para esclarecer que, em Bom Português, o vocábulo coaCção (do Latim coactio) escreve-se com dois cês, com o significado de “acção ou resultado de COAGIR”, e lê-se cuáção.
Coação (de coar + sufixo ção), sem o cê mudo, significa “acção ou resultado de COAR”, e lê-se cuâção.
E se no Brasil coagir e coar são uma e a mesma coisa, isso é lá no Brasil… é lá com eles, os Brasileiros… Nós cá, somos Portugueses. É preciso não esquecer isso.
Isabel A. Ferreira
Sugestão para o Dr. Manuel Alegre reeditar a sua (agora renomeada) “Trova do Tempo que Passa”
Foto: National Geographic
Pergunto ao meu Presidente
P'la LÍNGUA do meu país,
Mas ele cala e consente,
Marcelo nada nos diz
E também no Parlamento
Apostam no tempo que passa
E é mesmo para lamento
Que o tempo cala a desgraça
Uma luz há que resiste
Mesmo nesta escuridão
Um POVO que não desiste
Que ao “acordo” diz NÃO
Afirmam os governantes
Ali não há volta a dar
Nós estamos confiantes
“Acordo” tem que acabar
Perante esta tristeza
Com a língua mutilada
Condenamos a frieza
De quem cala e não faz nada…
(Em actualização)
Por Pedro Correia, em 13.02.17
«Não conheço nenhum escritor de nomeada que seja favorável a este acordo.» (Manuel Alegre)
Acredito que os portugueses ainda se pronunciarão em referendo sobre o chamado "acordo ortográfico" de 1990, vigente desde 2011 no país oficial mas votado ao desprezo pelo país real. A esmagadora maioria dos portugueses não sabe escrever em acordês nem está interessada nisso.
Enquanto o referendo não se realiza, a opinião sobre o AO90 é emitida pelos nossos escritores - os mais qualificados utentes do idioma de Camões, Vieira, Camilo, Aquilino e Nemésio. Na sua esmagadora maioria, recusam exterminar as supostas consoantes mudas, recusando a ortografia acordística.
Interrogo-me: como é possível impor regras ortográficas que os escritores rejeitam em número tão expressivo?
São autores de várias gerações, diferentes tendências políticas e diversos estilos literários. Mas com este ponto em comum.
Aqui deixo os nomes deles, por ordem alfabética, prometendo alargar a lista à medida que alguém me for assinalando omissões - o que agradeço desde já:
Abel Barros Baptista
Abel Neves
Adília Lopes
Adolfo Luxúria Canibal
Afonso Cruz
Afonso Reis Cabral
Agustina Bessa-Luís
Alexandra Lucas Coelho
Alexandre Andrade
Alexandre Borges
Alice Brito
Almeida Faria
M. Pires Cabral
Ana Barradas
Ana Casaca
Ana Cássia Rebelo
Ana Cristina Silva
Ana Isabel Buescu
Ana Luísa Amaral
Ana Margarida Carvalho
Ana Marques Gastão
Ana Paula Inácio
Ana Sofia Fonseca
Ana Teresa Pereira
Ana Vidal
Ana Zanatti
André Gago
Anselmo Borges
António Araújo
António Carlos Cortez
António Barahona da Fonseca
António Barreto
António Borges Coelho
António Cabrita
António Costa Santos
António de Macedo
António Emiliano
António Feijó
António Guerreiro
António Lobo Antunes
António Louçã
António Manuel Venda
António Modesto Navarro
António Oliveira e Castro
António Pedro Ribeiro
António Salvado
António Tavares
António Victorino d' Almeida
Armando Silva Carvalho
Arnaldo Saraiva
Artur Anselmo
Artur Portela
Artur Ribeiro
Baptista-Bastos
Beatriz Hierro Lopes
Bernardo Pires de Lima
Bruno Vieira Amaral
Carla Hilário Quevedo
Carlos Campaniço
Carlos Fiolhais
Carlos Loures
Carlos Querido
Casimiro de Brito
Célia Correia Loureiro
César Alexandre Afonso
Clara Pinto Correia
Cláudia R. Sampaio
Cristina Boavida
Cristina Carvalho
Cristina Drios
Daniel Jonas
David Machado
David Marçal
David Soares
Deana Barroqueiro
Desidério Murcho
Diogo Freitas do Amaral
Diogo Ramada Curto
Dulce Maria Cardoso
Eduardo Cintra Torres
Eduardo Lourenço
Eduardo Paz Ferreira
Eduardo Pitta
Ernesto Rodrigues
Eugénia de Vasconcellos
Eugénio Lisboa
Fausta Cardoso Pereira
Fernando Alves
Fernando Alvim
Fernando Correia
Fernando Dacosta
Fernando Echevarria
Fernando Esteves Pinto
Fernando Paulo Baptista
Fernando Pinto do Amaral
Fernando Ribeiro
Fernando Venâncio
Filipa Leal
Filipe Nunes Vicente
Filipe Verde
Francisco Moita Flores
Francisca Prieto
Francisco Salgueiro
Frederico Duarte Carvalho
Frederico Lourenço
Frederico Pedreira
Gabriela Ruivo Trindade
Galopim de Carvalho
Gastão Cruz
Gonçalo Cadilhe
Gonçalo M. Tavares
Helder Guégués
Helder Moura Pereira
Helena Carvalhão Buescu
Helena Malheiro
Helena Sacadura Cabral
Henrique Manuel Bento Fialho
Hélia Correia
Inês Botelho
Inês Dias
Inês Fonseca Santos
Inês Lourenço
Inês Pedrosa
Irene Flunser Pimentel
Isabel A. Ferreira
Isabel da Nóbrega
Isabel Machado
Isabel Pires de Lima
Isabel Valadão
Ivone Mendes da Silva
Jaime Nogueira Pinto
Jaime Rocha
Joana Stichini Vilela
João Barreiros
João Barrento
João Céu e Silva
João David Pinto Correia
João de Melo
João Lobo Antunes
João Luís Barreto Guimarães
João Miguel Fernandes Jorge
João Morgado
João Paulo Borges Coelho
João Paulo Sousa
João Pedro George
João Pedro Mésseder
João Pedro Marques
João Pereira Coutinho
João Rasteiro
João Reis
João Ricardo Pedro
João Távora
João Tordo
Joaquim Letria
Joaquim Magalhães de Castro
Joaquim Pessoa
Joel Neto
Jorge Araújo
Jorge Buescu
Jorge Morais Barbosa
Jorge Sousa Braga
José-Alberto Marques
José Alfredo Neto
José António Almeida
José António Barreiros
José Augusto França
José Barata Moura
José do Carmo Francisco
José Fanha
José Gil
José Jorge Letria
José Manuel Mendes
José Manuel Saraiva
José Mário Silva
José Miguel Silva
José Navarro de Andrade
José Pacheco Pereira
José Rentes de Carvalho
José Riço Direitinho
José Viale Moutinho
Júlio Machado Vaz
Laurinda Alves
Lídia Fernandes
Lídia Jorge
Lourenço Pereira Coutinho
Luís Amorim de Sousa
Luís Carmelo
Luís Filipe Borges
Luís Filipe Castro Mendes
Luís Filipe Silva
Luís Manuel Mateus
Luís Naves
Luís Osório
Luís Quintais
Luísa Costa Gomes
Luísa Ferreira Nunes
Luiz Fagundes Duarte
Manuel Alegre
Manuel Arouca
Manuel da Silva Ramos
Manuel de Freitas
Manuel Gusmão
Manuel Jorge Marmelo
Manuel Marcelino
Manuel Tomás
Manuel Villaverde Cabral
Manuela Bacelar
Marcello Duarte Mathias
Marco Neves
Margarida Acciaiuoli
Margarida de Magalhães Ramalho
Margarida Fonseca Santos
Margarida Palma
Margarida Rebelo Pinto
Maria Alzira Seixo
Maria de Fátima Bonifácio
Maria do Carmo Vieira
Maria do Rosário Pedreira
Maria Elisa Domingues
Maria Filomena Molder
Maria Filomena Mónica
Maria Helena Serôdio
Maria João Avillez
Maria João Lopo de Carvalho
Maria Manuel Viana
Maria Saraiva de Menezes
Maria Teresa Horta
Maria Velho da Costa
Maria Vitalina Leal de Matos
Mariana Inverno
Mário Cláudio
Mário de Carvalho
Mário Zambujal
Marlene Ferraz
Miguel Cardoso
Miguel Esteves Cardoso
Miguel Gullander
Miguel Real
Miguel Sousa Tavares
Miguel Tamen
Nádia Carnide Pimenta
Nuno Amado
Nuno Camarneiro
Nuno Costa Santos
Nuno Júdice
Nuno Lobo Antunes
Nuno Markl
Nuno Rogeiro
Octávio dos Santos
Orlando Leite
Patrícia Baltazar
Patrícia Reis
Paula Morão
Paulo Assim
Paulo Castilho
Paulo da Costa Domingos
Paulo Guinote
Paulo Moreiras
Paulo Tunhas
Pedro Almeida Vieira
Pedro Barroso
Pedro Braga Falcão
Pedro Chagas Freitas
Pedro Correia
Pedro Eiras
Pedro Guilherme-Moreira
Pedro Lains
Pedro Marta Santos
Pedro Medina Ribeiro
Pedro Mexia
Pedro Paixão
Pedro Rolo Duarte
Pedro Sena-Lino
Pedro Tamen
Porfírio Silva
Possidónio Cachapa
Rafael Augusto
Raquel Nobre Guerra
Raquel Ochoa
Renata Portas
Ricardo Adolfo
Ricardo António Alves
Ricardo Araújo Pereira
Ricardo Paes Mamede
Rita Ferro
Rodrigo Guedes de Carvalho
Rosa Alice Branco
Rosa Maria Martelo
Rosa Oliveira
Rui Ângelo Araújo
Rui Cardoso Martins
Rui Cóias
Rui Herbon
Rui Manuel Amaral
Rui Miguel Duarte
Rui Pires Cabral
Rui Ramos
Rui Vieira Nery
Rute Silva Correia
Ruy Ventura
Sarah Adamopoulos
Sérgio Godinho
Soledade Martinho Costa
Susana Gaião Mota
Sylvia Beirute
Tatiana Faia
Teolinda Gersão
Teresa Salema Cadete
Teresa Veiga
Tiago Cavaco
Tiago Patrício
Tiago Rebelo
Tiago Salazar
Valério Romão
Valter Hugo Mãe
Viriato Teles
Vasco Gato
Vasco Luís Curado
Vasco Pulido Valente
Vítor Aguiar e Silva
Vítor Oliveira Jorge
Yvette Centeno
Texto originalmente publicado a 7 de Maio de 2016.
A lista foi muito ampliada, mencionando agora 322 nomes
Fonte Blogue Delito de Opinião
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/escritores-discordam-do-acordo-em-8832243
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