Quinta-feira, 8 de Outubro de 2020

Provedor do Ouvinte da RTP: «Os erros na Língua Portuguesa derivados do AO90 (…) são danos terríveis na [sua] difusão pelo mundo (…)»

 

Isalinda Schattner (*) uma dinâmica anti-acordista, membro do Grupo «Em Acção Contra o Acordo Ortográfico» no Facebook, escreveu ao Provedor do Ouvinte da RTP, questionando-o sobre os danos (que podem vir a ser irreversíveis) que o AO90 está a causar à Língua Portuguesa, em Portugal e na sua difusão pelo mundo, tornando-a numa língua reconhecidamente de ninguém.

 

O Provedor, que não aplica o AO90, respondeu-lhe. E é disto que esta publicação dá conta.

 

(*) Um apartezinho só para dizer que os acordistas jamais conseguirão escrever este nome, devido às várias consoantes que não se lêem. Coitados! Se não sabem escrever correCtamente, como conseguirão escrever Schattner?

 

COLÉTIVO.png

 

Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1625795517584705&set=gm.3585772958134718&type=3&theater&ifg=1

 

Pois é. Este é um dos milhares de exemplos do estrago que o AO90 fez à Língua Portuguesa. Ou se escreve coleCtivo, para poder ler-se o E aberto, ou o E necessita de um acento.  Para os Brasileiros, que retiraram o , com o Formulário Ortográfico de 1943, com acento ou sem acento, com ou sem , a pronúncia é sempre Ê: côlêtchivu”. Em Portugal sem o , a palavrinha lê-se, obrigatoriamente, “cul’tivu”. Aproveitando a deixa, esperemos que a treta do presidente diga com a careta, e que nesse «vamos SOBREPOR o interesse coleCtivo aos meros interesses pessoais» inclua o Acordo Ortográfico de 1990, e o mande às malvas, porque o interesse coleCtivo, em Portugal, é que se mantenha a Língua Portuguesa na sua matriz greco-latina, e não na variante brasileira, que apenas ao Brasil diz respeito, e absolutamente a mais nenhum outro país.

 

 

***

 

RTP - Provedor do Ouvinte <provedor.ouvinte@rtp.pt>

13:28 (há 2 horas)

para mim

Senhora ouvinte Isalinda Schattner

 

Recebi a sua mensagem e estou inteiramente de acordo com o seu conteúdo. Aliás, devo informá-la que os documentos do Provedor do Ouvinte – nomeadamente os relatórios anuais de actividades, que são avaliados por uma Comissão Parlamentar, pela ERC, pelo Conselho de Opinião da RTP, contêm sempre a indicação: “este relatório está redigido de acordo com a norma ortográfica antiga”.

 

E na verdade se há estragos na língua portuguesa por motivo da introdução do AO90, eles são particularmente graves ao contaminarem a fonética, o português falado, que é a matéria-prima da Radiodifusão sonora. Um exemplo: a perda da obrigatoriedade da acentuação de certas palavras paroxítonas está a traduzir-se, no português falado, designadamente na rádio, pela confusão entre os tempos presente e passado de certos verbos terminados em ar. E assim é frequente ouvir frases deste tipo: “… o Presidente da Câmara, com quem falamos ontem…” em lugar de “… o Presidente da Câmara, com quem falámos ontem…”.

 

Os erros na língua portuguesa derivados do AO90, acrescidos da cessação da transmissão da Rádio pública portuguesa em Onda Curta, em muitos casos substituída por emissões em português do Brasil, com todas as vogais abertas por regra, sem necessitarem de acentos nem de consoantes mudas, são danos terríveis na difusão da língua portuguesa pelo mundo, que é uma função institucional, legal e contractual da Rádio pública de Portugal.

 

No entanto, tenho sérias dúvidas que uma proposta no sentido de pôr no ar na Rádio pública, que tem diversos programas sobre língua portuguesa, um programa especificamente visando a anulação do AO90, obtenha aprovação.

 

Enviarei a sua proposta à Direcção de Programas da Antena 1 e dar-lhe-ei conta da resposta, se a obtiver.

 

O que lhe posso garantir é que proximamente, no programa do Provedor do Ouvinte (às sextas-feiras, na Antena 1, às 16 h 08), a propósito da sua proposta, abordarei a questão do AO90 e os danos que a ortografia “acordista” está a causar na língua portuguesa, tal qual se fala na Rádio.

 

Espero ter respondido à questão que colocou. Disponha sempre do Provedor e receba cordiais saudações

 

João Paulo Guerra

Provedor do Ouvinte

 

 

***

 

07 Outubro 2020

Isalinda Schattner <isa.schattner@gmail.com>

14:32 (há 1 hora)

para RTP

Ex.mo Provedor,

 

muito obrigada pela sua reacção à minha abordagem deste assunto, que me parece de grande importância. Os meios de Comunicação Social serão sempre a melhor forma de difusão de um problema existente, da sua discussão surgirá, sem dúvida, um maior conhecimento do que está a acontecer com a nossa língua e, com isso, talvez esteja dado um passo decisivo na consciencialização da maior parte do povo português, que pela sua iliteracia se acomoda facilmente a qualquer problema com o seu maior Bem Cultural Imaterial.

 

Mais uma vez, muito obrigada - seguramente também em nome do Grupo "Em ACção contra o Acordo Ortográfico" de que sou membro, apesar desta ter sido uma iniciativa privada - pelas suas planeadas diligências. Ficarei à espera da resposta da Direcção de Programas da Antena 1, desejando poder confiar na sua coragem e vontade de fazer algo de válido pela nossa língua e não só emitir uma música brasileira a cada três que propaga.

 

Os meus cordiais cumprimentos,

 

Isalinda Schattner

 

Fonte:

https://www.facebook.com/groups/emaccao/permalink/3592800884098592/

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:18

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Domingo, 30 de Junho de 2019

Portugal – único país no mundo que dá aos seus “súbditos” a liberdade de escrever de acordo com a ignorância de cada um

 

Pois esperemos que as coisas se componham no sentido de mandar às malvas este desacordo ortográfico (AO90) que só serve para facilitar a vida dos pouco dotados para a aprendizagem de Línguas. Há gente dessa por aí, mais do que se imagina. Mas os que sabem pensar a Língua, são muitos mais.

 

analfabetismo.jpg

 

E isto vem a propósito de um texto publicado no Jornal Observador, sob o título «O desacordo. Ortograficamente falando» da autoria de André Duarte.

 


Na primeira frase o autor diz logo dessa grande dificuldade, que teve de ser colmatada com a liberdade de se escrever de acordo com a ignorância de cada um.

 

«Linguisticamente muita coisa mudou em Portugal e a principal é que cada um escreve hoje como quer, coisa que antes não sucedia. O Acordo é bem vindo, pois trouxe um cheirinho acrescentado a liberdade em que cada um respeita mais ou menos o que quer na medida aproximada do que pretende.»



Pois agora cada um é livre para não só dizer, como escrever incorreCtamente as asneiradas que quiser.

 

Este é o resultado caótico da aplicação do AO90 em Portugal, o único país do mundo que dá a liberdade aos seus “súbditos” de escrever de acordo com a ignorância de cada um. E desde os meios de comunicação social, subservientemente acordizados, aos funcionários públicos, deputados da Nação, políticos, governantes  e professores, o exercício da escrita é à vontade do “freguês”.

 

Nunca se escreveu tão mal, em Portugal, como hoje.

 

Actualmente somos o país com o índice de analfabetismo mais elevado da Europa, e brevemente seremos o país com o índice de ANALFABETOS FUNCIONAIS mais elevado do mundo, porque quando se é privado de se pensar a Língua, fica-se impossibilitado de entender os textos, ainda que sejam simples e estejam escritos de acordo com a tal ignorância de cada um.

 

Também seremos (se já não somos) o único País do mundo que não terá uma Língua que o identifique como país livre e soberano.


E Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, respectivamente presidente e primeiro-ministro da República Luso-Brasileira, são, actualmente, os maiores culpados deste analfabetismo instalado no País, e da perda da nossa identidade linguística, a juntar a Aníbal Cavaco Silva, José Sócrates e Santana Lopes.



Todos estes impatriotas pagarão bem caro esta postura desleixada, porque o Futuro e a História encarregar-se-ão de os atirar para o caixote do lixo, como eles estão a atirar para o caixote do lixo a Língua Portuguesa.

 

E isto é tão certo como eu estar aqui a escrever isto.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:14

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Quinta-feira, 17 de Janeiro de 2019

Aplicação do AO90 nas escolas: «Chantagem exercida pelas chefias e a preservação do posto de trabalho falam mais alto»

 

Recebi um e-mail de António Vieira, professor do Ensino Secundário até há cerca de um ano, no qual abordou questões bastante pertinentes no que respeita ao Acordo Ortográfico que, apesar de não ter pés nem cabeça, uns aplicam por cobardia, outros, por que não estão minimamente informados, outros, por subserviência ao Poder, outros, por medo de perder o emprego, e outros ainda porque recusam a informação, porquanto é mais cómodo ser seguidista do que opugnador.

 

É a troca de impressões que eu e o António Vieira então trocámos, que me proponho a transcrever, com a devida autorização, por se tratar de matéria que interessa a todos quantos estão a lutar contra a destruição da Língua Portuguesa.

 

ACORDO.png

Origem da imagem:

https://www.publico.pt/bartoon/11-01-2019?fbclid=IwAR1_sJzf_bI0lde3lTyE89K9ohuy57AG_-GgfwiOG2hU6cy48hXJ0Qb-czM

 

«Senhora Isabel A. Ferreira,

 

Não vou tomar-lhe tempo com os argumentos esgrimidos contra esta aberração (ou acordo "mortográfico" na lúcida e muito oportuna tirada jocosa do Dr. António Bagão Félix), dado que os mesmos são já sobejamente conhecidos.

 

Fui professor do Ensino Secundário até há cerca de um ano, na Esc. Secundária José Estevão, em Aveiro (actualmente sou empresário) e pude constatar diversas posturas de Colegas meus professores de Português: uns abertamente contra, mas "rumorejando" em silêncio (dado que a chantagem exercida pelas chefias e a preservação do posto de trabalho "falam sempre mais alto").

 

Outros arvorados em "progressistas" de "ideias avançadas e arejadas" apoiam a aberração em causa, mas furtam-se a um debate sério (presumo que alguns deles colaborem com Editoras de manuais escolares e os "trocos" suplementares vindos ao fim do mês venham sempre a calhar!, há sempre quem se venda por um prato de lentilhas).

 

Na minha modesta opinião, penso ser de aproveitar os seguintes pontos:

 

1º- O Ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues actual é contra o "AO90” e faz parte da plataforma no "Facebook" (foi uma agradável surpresa eu ficar sabedor deste dado crucial).

 

2º- Angola já declarou a não-conformidade com o AO90 e declarou que o não o irá ratificar (Moçambique, parece-me não ter uma posição muito definida, julgo que o que pretende é que lhe ofereçam os manuais escolares à borla, seja em que grafia for). Penso que se houver pressão por parte de algumas figuras políticas de peso no sentido de se moverem "nos bastidores" (é assim que as coisas se processam sempre) algum resultado poderá ser atingido). Mas do que não tenho dúvidas é que se houvesse um número suficiente de professores que declarassem uma resistência frontal e adoptassem uma atitude de desobediência deliberada (semelhante à de uma greve), o peso do número não deixaria de constituir um argumento inultrapassável, tanto mais que o Ministro da tutela também se encontra do mesmo lado da "barricada", assim, por meio duma "arregimentação" através das redes sociais (isto hoje é facílimo), numa iniciativa sincronizada, aí não tenho dúvidas de que a questão ganharia outros contornos, não de uma solução definitiva, mas lá que o barco apanhava um forte "rombo" não tenho quaisquer dúvidas.

 

Entrego-lhe em mãos estas duas sugestões, fico grato pela atenção dada a este breve e singelo libelo pessoal de inconformidade.

 

Com um abraço, subscrevo-me atenciosamente

 

António  Vieira

 

***

Caro Professor António Vieira,

 

Começo por agradecer o seu e-mail.

Não podia estar mais de acordo com tudo o que o senhor escreveu, nomeadamente quanto à postura dos professores, que se quisessem, já tinham acabado com este desacordo.

 

A chantagem e as pressões das chefias são um vergonhoso modo de impor algo que está para além da racionalidade. Contudo, as pessoas não deviam aceitar placidamente essa chantagem, até porque ninguém seria despedido por desobedecer a algo que é ILEGAL.

 

Indo às sugestões que apresentou, com as quais concordo plenamente e estou disposta a pôr em prática, naturalmente com a ajuda de todos, diga-me, em qual plataforma do Facebook o Ministro da Educação está? Pode enviar-me o link dessa plataforma? Isso é algo muito bom.

 

Quanto a uma mobilização nas redes sociais, seria óptimo. Para começar: o senhor autoriza-me a publicar esta sua carta?  

Ela é demasiado preciosa, para a “escondermos”.


O que me diz?

E este seria o começo de uma acção, que eu poderia integrar no MPLP.

 

O senhor está a par do Movimento em Prol da Língua Portuguesa (MPLP), que já tem cerca de 90 subscritores, e do qual o Francisco Silva e eu somos coordenadores?

 

Poderá inteirar-se deste Movimento, nestes links, caso não tenha conhecimento:

 

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/movimento-em-prol-da-lingua-portuguesa-147014

 

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-atencao-de-todos-os-que-sao-contra-o-147580

 

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/no-pais-dos-lambe-botas-148659

 

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/engrenagem-do-movimento-em-prol-da-150838

 

Um abraço para o senhor também, e aguardo resposta.

Isabel A. Ferreira

 

***

 

«Sr.ª Isabel Ferreira, boa tarde, é evidente que tenho o maior gosto e empenho que divulgue o teor da minha comunicação. Eu não sou muito expedito na utilização da ferramenta informática, mas tenho a certeza absoluta de que vi algures a referência à pessoa, mas deixe-me fazer uma "varredela" nos sites que costumo ver e irei chegar lá. Tenho a certeza duma opinião emanada pelo Doutor Menezes Leitão (Prof. Catedrático de Direito em Lisboa e Presidente da Associação de Senhorios) segundo a qual "iremos passar pela vergonha de serem os Africanos, nossos ex-colonizados, a virem tornar a ensinar aos Portugueses a escrever correctamente a sua Língua (no site "Moçambique e o AO90).

 

E, sintomaticamente, é negativa a apatia e impavidez do nosso Povo totalmente "embrutecido" com a bola, com o Ronaldo, etc. que se acomoda e adopta uma postura totalmente distinta dos nossos vizinhos aqui do lado (galegos, catalães, etc.) que defendem os seus idiomas com unhas e dentes, embora já se assista a algum inconformismo (fui testemunha duma conversa de rua aqui em Aveiro, há algum tempo de pessoas falando contra o AO90), mas ainda há dias no escritório duma empresa na "receção (?)" questionei a funcionária que respondeu :...agora como o acordo ortográfico..." e eu perguntei-lhe: mas qual acordo? de quem, com quem? e ela não fazia a menor ideia do que estava a referir. E como esta, muitas outras pessoas, dentro do espírito de "carneirada e... Maria vai com as outras!".

 

Vou manter-me em contacto consigo, vou pesquisar a que atrás mencionei e vou inteirar-me sobre o M.P.L.P.; outras sugestões lhe farei chegar, dentro das minhas possibilidades: por exemplo, uma "vaga de fundo" como a que sugeri para os professores, também seria de ponderar para os autarcas, dado que diversos Presidentes de Câmara já se insurgiram abertamente contra a aberração em causa. É uma questão de pressão (a união faz a força) e de tentar achar as pontas destas "meadas". Agradeço a atenção para o texto e peço desculpa pela sua extensão.

 

Despeço-me, subscrevendo-me; com um abraço do

 

António Vieira

 

***

Na verdade, o que se passa em Portugal é uma autêntica vergonha, fruto de uma subserviência canina, e de um esquema de desinformação bem montado, para manter o povo português na ignorância. E é como comprovou o Professor António Vieira, e eu estou farta de comprovar também: quando perguntamos, por que escrevem daquela maneira incorreCta, que nada tem a ver com o nosso Português, a conversa é sempre a mesma: «Ah! agora é assim, com o acordo.» Mas se formos mais fundo e questionarmos: «Que acordo?» as respostas são espantosas e denotam uma ignorância profunda sobre isto do acordo: «Ora, o acordo, agora temos de escrever assim». Mas porquê? «Porque mandaram». E se mandassem atirar-se a um poço, o que faria? «E por que mandariam atirar a um poço?». Do mesmo modo que mandaram escrever incorreCtamente a Língua Portuguesa. É reparar na expressão interrogativa com que reagem a esta provocação.

 

O povo obedece e nada questiona. Mas que o povo não questione, enfim, porque a mais não é obrigado, dada a alienação total a que os programas televisivos o lançam (futebol, telenovelas e deploráveis reality shows) com algum esforço, ainda se compreende.

 

O que é incompreensível, inacreditável, inaceitável, é que os meios de comunicação social servilistas e os professores aceitassem esta aberração, sem questionar, sem se informarem, sem o mínimo espírito crítico, sem lutarem, numa obediência absolutamente cega, estando a ser cúmplices de uma fraude e contribuindo para a destruição gratuita, do mais valioso Património Cultural Imaterial de Portugal: a sua Língua Materna, apenas pelo porque-sim de políticos ignorantes.

 

E isto é o que mais dói.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:42

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Quinta-feira, 22 de Março de 2018

Sugestão politicamente correCta para se acabar de vez com a mixórdia ortográfica em Portugal

 

O que anda, pode desandar. O que se faz, pode desfazer-se. E os erros são para corrigir, não para perpetuar. Diz o senso comum.

 

E a política deve ser praticada com a inteligência proveniente de um cérebro alojado na cabeça dos homens, e não com a “inteligência” alojada na cabeça do dedo mindinho dos pés dos homens.

 

CARLO DOSSI.png

 

Só a visão dantesca do caos ortográfico, generalizado em Portugal, inclusivé nas páginas oficiais dos governantes, imcluindo na da Presidência, deveria ser o bastante para que o aCtual governo português e o próprio presidente da República, que tem vergonha de tanta coisa, mas não, da mixórdia ortográfica, que pratica e consente,  dessem o dito pelo não dito, e desandassem com o que andou mal, e desfizessem o que se fez mal, e corrigissem o monumental erro que foi obrigar a função pública e os organismos afeCtos ao Estado a aplicarem, sem qualquer base legal, uma ortografia mutilada, oriunda do Brasil.

 

Mas o mais insólito é o faCto de a resolução do conselho de ministros (assim em minúsculas, porque me apetece) onde foi parida a “ordem de marcha do AO90”, e que seria, alegadamente, apenas “obrigatória” para funcionários públicos e organismos do Estado, andar por aí a ser aplicada em certos meios de comunicação social, que nos garantem que adoPtam o AO90 porque foi obrigatório para os funcionários públicos e órgãos do Estado, como se eles fossem funcionários públicos ou órgãos do Estado; e também agora em anúncios, como se as empresas publicitárias fossem funcionalismo público ou órgãos estatais.

 

E é que, no meio disto tudo, ninguém, dos que aplicam a ortografia brasileira, se pergunta se são obrigados, por lei, a fazê-lo, uma vez que uma resolução do conselho de ministros não tem valor de Lei. Farão isto por modismo, por servilismo, por ignorância, ou pelo prazer da imitação?  

 

Se gostam de imitar, imitem, ao menos, os idiomas europeus, os “parentes” mais próximos da Língua Portuguesa.

 

Posto isto vamos à sugestão:

 

Atentem nesta nota explicativa, que justifica do modo mais idiota possível, a mutilação das palavras:

 

NOTA EXPLICATIVA.jpg

 

Pois se o problema (para os adultos cabeças-duras, não para as crianças, que são inteligentes e conseguem aprender tudo, com a maior facilidade) é como saber que em concePção, direCção, etc., se vai escrever o e o , se não os pronunciam, sugiro algo muito mais simples e que evita mutilar as palavras que, sem as consoantes, ficam com a aparência de palavras carecas. Sugiro, então, que se comece a pronunciar as consoantes, que não se pronunciam, porque, afinal, já se lê algumas, por que, não todas?

 

Não, não me venham dizer que isto é retroceder na linguagem, porque não é. Isto é simplesmente «unicuĭque suum», expressão latina que significa «a cada um o (que é) seu», que no contexto da ortografia, significa «a cada palavra o que é dela, ou seja, todas as letras de que ela é composta».

 

Uma vez que pronunciamos contaCto, paCto, faCto, impaCto, por que não pronunciar aCto (aCção), e deixarmos o vocábulo intaCto, sem aquela aparência de palavra careca? É que ato, é do verbo atar, e atados e mudos estão todos os que não sabem escrever…

 

Se pronunciamos egíPcio, egiPtólogo, egiPtologia, não nos custa nada dizer EgiPto ou custa? (Aliás, eu sempre pronunciei o de EgiPto, por uma questão de coerência linguística), e a palavra que, com o AO90 inacreditavelmente perdeu o , não se transformaria em nome próprio masculino Egito, como em Egito Gonçalves, nosso grande poeta, até porque em nenhuma outra língua culta, EgiPto perdeu o . No Brasil perdeu o oê, para emitiram o s Italianos, que, como se sabe, nisto da linguagem têm grande influência no Brasil. Eles escrevem Egitto, tal como Nettuno e Umiditá (que os Brasileiros escrevem Netuno e Umidade, por influência italiana, e tantos outros vocábulos). Italianizaram milhentos vocábulos, e ainda querem  que isto tenha alguma coisa a ver com Português? Os Italianos, ao menos substituíram os pês, por duplo . Mas os Brasileiros raparam as palavras e elas ficaram carecas.

 

Veja-se o que nos diz Fernando Kvistgaard: «Já agora, em Dinamarquês escreve-se: aktør, faktor, reaktor, sektor, protektor, eksakt, baptisme, optimum, e também Egypten, optik, faktum, receptionist, projekt, direkt, etc., etc.»

 

É que as línguas cultas não albergam palavras mutiladas. Em Dinamarquês, bem como em todas as outras línguas europeias, nestas e noutras palavras, pronunciam-se os cês e os pês, porque todas pertencem à grande família indo-europeia, tal como a Língua Portuguesa.

 

Ora, se a intenção é simplificar, que se simplifique a sério: é muito mais fácil pronunciar e escrever os pês e os cês, em TODAS as palavras, do que andar ó tio, ó tio, o que é que se corta, o que é que não se corta, em cada palavra, e transformarem a linguagem na mais imbecil mixórdia, sem precedentes em Portugal, e caso ÚNICO no mundo.

 

Além disso a pronúncia ficará semelhante à das outras línguas europeias, e as nossas crianças, que estão a aprender Inglês ou outra Língua, não terão a mínima dificuldade em dizer (diréCtôr) e escrever direCtor, em Português, bem como dizer (dairéCtâr) e escrever direCtor em Inglês.

 

Eu, que escrevo correCtamente as palavras, comecei já a pronunciar as consoantes que não se pronunciam, para que os meus netos as ouçam, e saibam que ali existe um ou um , embora desgraçadamente, na escola, tenham de escrever as palavras incurrêtâmente. Juntando a isto, ofereço-lhes livros infantis escritos em Bom Português, espólio da minha Biblioteca, e com isto vou amenizando o prejuízo de viverem num país em que lhes impingem gato por lebre. E se algum me pergunta o porquê de nos meus livros estar escrito coleCção, e nos da escola “coleção, digo-lhes a verdade: coleCção é Português, “coleção” é brasileiro, e aculpa disto é dos professores e dos governantes, as duas classes mais desprestigiadas da actualidade. E não é só por causa da mixórdia que impimgem aos alunos.

 

Bem, esta parte da mutilação, ficaria, deste modo, facilmente resolvida, porque ao pronunciarmos as consoantes, não há como errar.

 

No que respeita à acentuação e hifenização, é seguir as regras mais básicas, já existentes, da Gramática, e não inventar modismos acordistas, para constar que o Brasil também teve alterações na sua grafia, porque a língua não é apenas som, mas também imagem, e as crianças deteCtarão automaticamente as faltas dos acentos em palavras como pára, ou vêem, dêem (não ficam mais compostinhas estas palavras com o chapeuzinho?) etc..

 

Quanto aos hífenes, as palavras que se formaram com a supressão dos hífenes são tão horrorosas, tão inestéticas, tão absurdas, que qualquer criança se assusta com estas aberrações ortográficas: autorretrato; antirreligioso; contrarreforma; contrarregra; radiorrelógio; autorradiografia; arquirrival; antirracional; contrarrazão; antirracial; antirrevolucionário; suprarrenal… entre outras, que ao ler parecem um trava-línguas, e ficamos com a garganta arranhada...

 

Não será visualmente mais elegante e muito mais percePtível (essa é a função dos hífenes)  logo à primeira leitura: auto-retrato, anti-religioso, contra-reforma, contra-regra, radio-relógio, auto-radiografia, arqui-rival, anti-racional, contra-razão, anti-racial, anti-revolucionário, supra-renal, do que aqueles palavrões cheios de erres, assarrabulhados e de difícil compreensão para as crianças?

 

Se a intenção foi facilitar só complicaram. E de que maneira! 

 

A nossa Língua é tida como uma das mais belas do mundo, também pelo seu visual elegante, e querem transformá-la numa aberração gráfica, com palavras mutiladas, umas, e carregadas de letras outras? O que pretende o governo português? Matar a Língua Portuguesa, para agradar aos brasileiros incultos? É que os Brasileiros Cultos têm tanta aversão a isto como nós.

 

Pois aqui fica a minha sugestão. Penso que será mais viável, do que o mixordês que anda por aí a apunhalar a Língua Portuguesa, sem dó, nem piedade.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:43

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A autora deste Blogue não adopta o “Acordo Ortográfico de 1990”, por recusar ser cúmplice de uma fraude comprovada.

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ACORDO ZERO é uma iniciativa independente de incentivo à rejeição do Acordo Ortográfico de 1990, alojada no Facebook. Eu aderi ao ACORDO ZERO. Sugiro que também adiram.
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