CAPÍTULO I Disposição geral Artigo 1.º (Línguas oficiais)
1. As línguas chinesa e portuguesa são as línguas oficiais de Macau. 2. As línguas oficiais têm igual dignidade e são ambas meio de expressão válido de quaisquer actos jurídicos. 3. O disposto nos números anteriores não prejudica a liberdade de escolha, por cada indivíduo, da sua própria língua e o direito de a utilizar na sua esfera pessoal e familiar, bem como de a aprender e ensinar. 4. A Administração deve promover o ensino das línguas oficiais, bem como a sua correcta utilização.
Muito se tem falado da CPLB, sempre torcendo a realidade para dar a entender que aquilo serve para mais alguma coisa além de encobrir politicamente o expansionismo brasileirista, mas na verdade essa fictícia “comunidade” de homens de negócios e caciques sortidos jamais fez fosse o que fosse além daquilo que identifica os dois tipos de sócios, ou seja, negócios para alguns e caciquismo para os restantes.
A Comunidade dos Países de Língua Brasileira, essa espécie de entidade especializada em efabulações — cuja eficácia apenas pode ser comprovada por alucinada estimativa, isto é, especulando sobre o número de débeis mentais que tais patranhas engolem — mas apenas interessada em cumprir à risca o planode a)linguicídio, b)aculturaçãoe c)anexação,nunca mexeu uma palha que escapasse à “lógica” imediatista do lucro.
A Guiné Equatorial, um pequeno país de língua espanhola (Castelhano)governado pelo ditador Obiang, aderiu à confraria sem a menor dificuldade ou sequer um assomo de dignidade (e muito menos de indignação) por parte do28.º Estadoou da “metrópole” federal.
Timor-Leste, um Estado-membro “exótico” onde menos de 10% entendem, 5% falam e 1% escrevem Português, recebeu o PR tuga pelo 20.º aniversário da independência e o dito convidou os timorenses para “irem mais a Portugal” (ver/ouvirreportagem, a partir dos 3m26s). À excepção dos professores de Português (portugueses, eu próprio fui um deles) e dosbrasileiros que por lá já vão parando (a Austrália é logo ali), a CPL”P” não mete o bedelho na Terra do Sol Nascente.
Se o Brasil é o “gigante” que tantos pategos tugas admiram, então Angola e Moçambique são dois grandes matulões que os mesmos pategos menosprezam. Assinaram ambas as fantochadas, CPL”P” e #AO90, mas não participam de forma alguma em qualquer dos acordos inventados pelo Brasil com a conivência de alguns mercenários portugueses.Nem Angola nem Moçambique ratificaramou sequer dão sinais de pretenderem sujeitar-se à língua brasileira.
Por fim, Macau. Apesar de recentemente ter havido algumas incursões exploratórias, a armar à“difusão e expansão” da língua brasileira, Macau ainda conserva algum tipo de imunidade tanto ao vírus do enriquecimento súbito (e brutal) como em relação a febres demagógicas e hemorragias de palavras ocas. Trata-se de uma região autónoma comGoverno próprio, e ainda bem — no caso — que a China é um verdadeiro gigante ao pé do qual o Brasil (mais de seis vezes menor) terá de provar do seu próprio veneno supremacista. Resguarda-se assim Macau de contaminações, aquele belíssimo enclave, preservando em pleno viço o idioma de Camões.
Até quando se queixam de alguma coisa relacionada com a Língua Portuguesa, aos macaenses — honra lhes seja feita — apenas interessa resolver de imediato qualquer problema. Não fazem queixinhas a ninguém e nem lhes ocorre, decerto porque não são parvos, esperar que a CPLB vá lá impor-lhes a “língua universau”.
A este deputado Che Sai Wang não condecora o outro, o brasileirista-mor, o fulano dos “afetos”.
Criticada falta de meios e traduções tardias – Hoje Macau
Português | Criticada falta de meios e traduções tardias
Che Sai Wang considera que os órgãos executivo, legislativo e judicial são maus exemplos da utilização da língua portuguesa. O deputado recorda aos governantes que o idioma de Camões também é oficial e pede medidas face à sua desvalorização
Apesar de o português ser uma língua oficial do território, os órgãos executivo, legislativo e judicial caracterizam-se por constantes limitações na utilização do idioma. A crítica é feita pelo deputado Che Sai Wang, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), numa interpelação escrita em que pede medidas para contrariar esta tendência.
Uma das principais críticas de Che, tem a ver com o tempo que as autoridades demoram a fazer traduções do chinês para o português. E o deputado destaca o caso dos tribunais. “É necessário muito tempo para carregamento dos acórdãos dos diferentes tribunais no website. A publicação mais recente do Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base foi no dia 28 de Abril de 2022, e a publicação mais recente do Juízo Laboral foi no dia 21 de Janeiro de 2021. Não obstante a publicação mais recente do Juízo Criminal ter sido no dia 18 de Janeiro de 2023, a data da publicação anterior foi no dia 8 de Outubro de 2021, ou seja, registou-se um intervalo de dois anos”, apontou Che.
O Governo também não se livra de críticas, principalmente devido à suposta promoção da governação electrónica. Para Che é uma implementação a duas velocidades, em que a língua portuguesa é sempre descurada.
“O Governo não tem parado de realçar a necessidade de se continuar a promover o governo electrónico, mas a não divulgação atempada de informações impossibilita o respectivo acesso por parte do público, impedindo a implementação do governo electrónico e prejudicando o direito à informação dos residentes”, acusa.
Vamos lá “optimizar”
Num contexto em que a língua portuguesa está cada vez mais de marcha-atrás engatada, Che quer saber o que vai ser feito para “assegurar a utilização simultânea das duas línguas”. “De que medidas dispõe para o efeito?”, questiona. “O Governo deve ainda recrutar mais tradutores e actualizar, atempadamente, as informações em ambas as línguas, para evitar prejudicar os direitos e interesses dos residentes ao nível da respectiva consulta. Vai considerar fazê-lo?”, pergunta.
Ao mesmo tempo, Che WaiSang questiona o número de serviços do Governo com capacidade efectiva para cumprir as leis em vigor, no que diz respeito à utilização do português.
“Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º101/99/M, ‘[t]odos têm o direito de se dirigir numa das línguas oficiais, oralmente ou por escrito, a qualquer órgão da Administração, bem como às entidades concessionárias no exercício de poderes de autoridade, e a receber resposta na língua oficial da sua opção.’ Actualmente, quantos serviços públicos cumprem e põem em prática, com rigor, esta norma?”, interroga.
[Transcrição integral de artigo publicado no jornal “Macau Hoje de 02.03.23. Destaques meus. Imagem de topo de:semanário “Ponto Final”(também de Macau e também em Português)]
[Nota: não é mera coincidência o padrão da calçada portuguesa em Macau ser igual ao da imagem de cabeçalho do Apartado 53. Trata-se, evidentemente, de um traço cultural sui generis que se encontra em todos os países e territórios que foram outrora colónias portuguesas. Incluindo o Brasil.]
Após a finalização do processo de aquisição ou atribuição de nacionalidade portuguesa, você poderá solicitar o seu cartão cidadão (“RG” português) e o passaporte português. Estes são documentos importantes para quem pretende viver em terras portuguesas ou viajar para fora do Espaço Schengen. O cartão cidadão está vigente desde 2010 e conta com um chip que armazena todos os dados pessoais do indivíduo, assim como o passaporte vermelho português. [nacionalidadeportuguesa.com.br]
Para que se entenda minimamente o processo de neo-colonização invertida, incluindo os diversos meios envolvidos na intoxicação da opinião pública e nos apoios políticos que suportam ideologicamente tal perversão da História, conviria ao menos atender a alguns pressupostos elementares.
Do ponto de vista dos brasileiros, em geral e em particular, a premissa básica reside numa espécie de silogismo — que seria absolutamente risível se não fosse miseravelmente triste:
Primeiro — Portugal “invadiu” o Brasil (que, por mero acaso, não existia na época) no ano da graça de 1500 e por ali se entreteve até 1822 “roubando o ouro brasileiro” e “escravizando” e “exterminando” os brasileiros.
Segundo — Portugal vive ainda hoje à custa do “ouro roubado ao Brasil”, ao que acresce a fortuna constituída pelos fundos provenientes da União Europeia.
Logo, portanto — o Brasil tem toda a legitimidade “histórica” não apenas para se vingar da exploração desenfreada a que os brasileiros “foram” sujeitos pelos tugas, como também para que Língua e Cultura do antigo colonizador sejam agora substituídas pelas do (coitadinho do) povo anteriormente colonizado.
Além da reposição da “justiça” histórica (com efeitos retroactivos) temos, por conseguinte, o dever de ficar para sempre gratos — há dívidas que jamais prescrevem porque nunca poderão ser liquidadas — pelo facto de o Brasil exportar para Portugal, quase integralmente grátis, além de jogadores de futebol e telenovelas, também o seu “fálá”, o seu “isscrêvê” e, de resto, todo o seusambístico circo. Trata-se, segundo esta arrepiante lógica, de uma tomada de posse sumária, nada mais do que mera recuperação por perdas e danos, em simples exercício do seu deles direito natural.
Do programa oficial de ensino da disciplina de História do lado de lá:
《A colonização portuguesa no Brasil se efetivou a partir da exploração, povoamento, extermínio e conquista dos povos indígenas (povoadores) e das novas terras.》 《A colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar, exterminar, explorar, povoar, conquistar e dominar.》 《A partir de então, já sabemos de uma coisa, que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, pois afirmando isto, estaremos negligenciando a história dos indígenas (povoadores) que viviam há muito tempo neste território antes da chegada dos europeus.》[“Brasil Escola”]
Por amostras deste calibre poderá julgar alguém que não é normal a política “educativa” do Estado brasileiro servir o objectivo político de disseminar — desde o ensino básico — a lusofobia, levando os brasileiros adetestar o tuga, colonizador, “ladrão” e “imbéciu”?
E, já agora, aproveitando o ensejo de estarmos a falar de imbecis, mai-las suas alarvidades, seria avisado atendermos também àquilo que move alguns portugueses coniventes — ou, em rigor, detentores de passaporte português –, os brasileiristas empedernidos, os bajuladores, subservientes e lacaios, os pategos deslumbrados com o pretenso gigantismo do “país-continente”.
Evidentemente, o primeiro factor a considerar para explicar esse fenómeno inexplicável é o chamado complexo do colonizador. O qual só por si não explica grande coisa (pois, naturalmente, daí o termo “complexo”) mas contribui para que entendamos as reacções de coitadismo militante que resulta de um outro complexo decorrente do primeiro: o complexo de culpa. Sintetizando em extremo uma série de processos mentais… complexos, o cidadão de um país que foi em tempos potência colonial sente imensa culpa não apenas por isso mesmo, a priori, como ainda mais pelos putativos maus-tratos e violências que os seus antepassados terão exercido sobre o (coitadinho do) indigenato das colónias, e portanto cabe às gerações actuais expiar as culpas, sejam elas reais ou imaginárias, mas tendo de passar necessariamente por reais, dos seus maldosos, sanguinários antepassados.
É certo, se bem que simultaneamente absurdo, que ainda hoje, para alguns portugueses, mesmo não tendo absolutamente coisa alguma a ver com qualquer das ex-colónias portuguesas (e, por maioria de razões, até porque já lá vão dois séculos de independência, quanto ao Brasil), o complexo de culpa implica um sentimento — apenas latente ou claramente expresso — da necessidade de uma punição, um correctivo urgente; a qual punição bem depressa trepará da esfera meramente pessoal para o plano colectivo. Ou seja, se o tuga “acha” que os brasileiros foram todos brutalmente violentados, salvo seja, pelo (maldito) colono dos séculos XVI a XIX, então todo o povo português deve “pagar” por isso — e pagar com língua de palmo, que nestas coisas terríveis não há cá borlas nem pechinchas.
Portanto, vá de “ceder”. E conceder. E ceder de novo. E as vezes e o que mais for preciso. Para pagar a “dívida” histórica não existem infelizmente empresas ou serviços especializados em cobranças difíceis, portanto o plano prestacional será para todo o sempre e a ele ninguém poderá escapar. “Nós” (ou seja, eles, mas, como sabemos, para eles, eles são “nós”), e isto já sem contar com os mercenários, vendidos, políticos, agentes, jornalistas e outros “intelectuais” por conta, temos obrigatoriamente de abrir mão de tudo — mas de tudo mesmo, sem a mais ínfima reserva, nem sequer a de carácter — e de “lhes” dar tudo aquilo que a “eles” apetecer.
Dos dois posts anteriores(1,2)sobre o Tratado de Igualdade de Direitos, não consta uma única referência a esse Estatuto de Igualdade, expressa ou mesmo subentendida, que tenha alguma vez surgido na imprensa ou em qualquer outro meio de comunicação (rádio, televisão, Internet); não existe também, realce-se de novo, uma só mençãoàquele Tratado internacionalem qualquer dos acordos subsequentes (#AO90,Acordo de Mobilidade,Estatuto de Igualdadeetc.). Realmente, é muito estranho tanto silêncio sobre um tema que fornece respaldo legal a todos os demais acordos entre os dois Estados.
Mais de 3000 conseguiram esse estatuto em 2018, mais do que em qualquer outro ano da última década. Raros são os estudantes que dessa forma conseguem ter propinas mais baixas, mas há outros benefícios para quem chega a Portugal. A entrada crescente de brasileiros no ensino superior nacional está a provocar uma corrida ao Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres (EIDD) entre cidadãos dos dois países. No último ano, praticamente duplicou a concessão dessa prerrogativa, definida no Tratado de Porto Seguro de 2000. O Estatuto do Estudante Internacional, aprovado há cinco anos, atraiu mais alunos do Brasil, mas ao mesmo tempo obriga-os a pagar propinas mais altas. (…) [“Público”, 11.08.19]
Dados constam do mais recente Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo 2021, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), ao qual o PÚBLICO teve acesso. Estatuto de igualdade de direitos traz vantagens como um cartão praticamente igual ao cartão de cidadão português. No ano passado as concessões de estatuto de igualdade de direitos e deveres dadas a brasileiros aumentaram quase 40%. Em 2020, houve pouco mais de 7500 brasileiros que receberam aquele estatuto e, em 2021, chegaram aos 10.500. Proporcionalmente aos residentes brasileiros – que em 2021 passaram os 204 mil -, as concessões representam apenas 5%, mas a tendência de crescimento espelha as vantagens deste estatuto que quatro anos antes só foi concedido a 1736 cidadãos. (…) [“Público”, 23.06.22]
Os documentos de carácter legislativo acumulam-se e outro tanto sucede com outros tipos de registos, uns formais, outros nem por isso, mais as notícias, umas reais e outras meramente propagandísticas, com as inerentes e decorrentes consequências… práticas.
Até ver, a coisa vai correndo pelo melhor, tudo nos conformes, para os interesses geoestratégicos e económicos de uma das partes e para as contas bancárias de alguns traficantes da outra. Veremos então se Portugal já é de facto — porque jamais o será de direito — o 28.º estado brasileiro.
Talvez convenha, portanto, para facilitar o entendimento de uma questão com tudo para ser um problema, passar a referenciar sequencialmente a série de “posts” sobre este tema, o qual poderemos genericamente intitular como “O AO90 é um todo ou uma parte?”
Esta carta, com data de 2016, nunca mereceu uma resposta efectiva de MRS, como é do seu hábito. Apenas enviou um cartão a José Lucas com um mero “Bem-haja”, que significa um agradecimento.
Contudo, não era propriamente um “bem-haja” que José Lucas esperava do guardião da Constituição da República Portuguesa, mas uma resposta do PRESIDENTE a uma questão gravíssima, que compromete a identidade portuguesa.
Um PR não é só para andar por aí sempre a viajar, por tudo e por nada, ou a beijocar ou a selfar com o povo, algo que, todos sabem, faz para alimentar o seu narcisismo.
Um PR tem o DEVER de responder às questões que preocupam os cidadãos que lhe pagam o salário. É para SERVIR o Povo Português e Portugal que é eleito.
De modo que, em nome do José Lucas (que me enviou a carta e permitiu que eu aqui a reproduzisse, por ser do maior interesse da Nação, pois já BASTA de silêncios ruidosos e atitudes insanas), mas também em nome de uma infinidade de pessoas que conheço e que já escreveram ao PR sobre a mesma questão, e em meu próprio nome, que já lhe escrevi várias cartas abertas e privadas a falar no assunto, e NUNCA, nem eu nem os outros recebemos uma resposta, tornamos a insistir para que Marcelo Rebelo de Sousa, que no seu discurso de vitória como Presidente da República, em 24-01-2016 disse que «é o povo quem mais ordena, e foi o povo que me quis dar a honra de me eleger Presidente da República de Portugal», tenha a HOMBRIDADE de nos responder e, de uma vez por todas, acabe com esta fantochada de obrigar um povo a grafar à brasileira, violando com isso, a Constituição da República Portuguesa, que jurou defender.
Nota: os excertos a negrito, na carta de José Lucas, são da responsabilidade da autora do Blogue.
(*) José Lucas é Licenciado em Macroeconomia — ISEG M.B.A. — Mestrado em Gestão/Marketing – ISEG
Isabel A. Ferreira
Carta enviada por José Lucas ao presidente da República Portuguesa
Exmo. Sr.
Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, Dr.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Palácio de Belém Calçada da Ajuda
1349-022 Lisboa
Lisboa, 2016-05-10
Assunto: ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 - 2º Protocolo Modificativo de 2004
Exmo. Presidente
Tomo desde já a inusitada liberdade de dirigir a V. Exa esta breve missiva porque, considero a situação em epígrafe de uma gravidade extrema, tanto para o Estado Português (sua afirmação interna e externa) como para a identidade da formação social portuguesa. Penitencio-me desde já por eventualmente comprometer espaço e tempo na sua mais do que preenchida agenda, mas, o articulista do Expresso de 2005-04-30 (jornal que eu leio religiosamente há 40 (quarenta) anos (comecei com o Mundo Diplomático), despertou em mim a necessidade de entrar em contacto com o único supremo magistrado da nação que se preocupou, desde há duas décadas a esta parte, com aquilo que nos distingue na nossa universalidade.
Sou um economista orgulhosamente formado pelo sistema educacional da República, retirado, de 65 anos de idade e, desde sempre estive contra o Acordo Ortográfico e ainda mais contra o seu 2º Protocolo Modificativo de 2004 que considero como sendo um atentado completamente irresponsável, imbuído de enorme reserva mental, produzido por uma casta de linguistas pouco mais do que medíocre, aplaudida por escritores de talento mediano e suportada por uma conveniência diplomática submissa e completamente obliteradora da língua de Camões, o qual eu considero um génio universal comparado a Cervantes ou a Shakespeare, ressalvando as devidas distâncias, uma vez que a difusão destes foi fruto de um trabalho executado desde sempre para defender a língua, o qual foi devidamente cimentado e fundido na Commonwealth e na América Hispânica pelos países dos autores atrás mencionados. Nós não fizemos esse trabalho, só apenas declarações de intenção, então COMECEM-NO JÁ e olvidem a opinião das "Edites Estrelas" convencidas da honorabilidade da sua sapiência na língua.
Não sou linguista, não detenho essa formação académica, apenas algumas centenas de milhar de horas de leitura na minha exígua biblioteca, cuja população é de aproximadamente 90% de documentos históricos mas, não obstante esse óbice tenho lido alguns depoimentos e assistido a alguns programas televisivos, com a comparência a despropósito de entidades brasileiras, (Prós e Contras RTP-I, na presença do saudoso professor Vasco Graça Moura com quem tive a honra e o privilégio de trocar impressões no CCB), nos quais sem qualquer base científico-linguística se exaltou as virtudes de semelhante desastre. É uma vergonha a anuência dos "media" televisivos para os quais não era suficiente a sucessão de erros nas "bandas" dos telejornais como ainda aderiram velozmente à "ortografia recente" tornando a difusão do noticiário um "documento oficial".
Malaca Casteleiro, o "spiritus recto”, um dos criadores do AO, referiu no Expresso de 2016-04-30 no caderno da Diplomacia que "o Presidente da República é obrigado a aplicar a nova ortografia nos documentos oficiais". Fiquei espantado com a atrevida loquacidade do "demiurgo". É evidente que esta postura não passa de uma prepotência verbal que, no meu modesto entender fere mais profundamente o Prof. Dr. do que o Presidente. Porquê? Porque no meu humilde ponto de vista pode-se criticar um membro do Estado, neste caso o seu representante mais lídimo pois a Constituição consagra a liberdade de expressão, mas, NÃO SE TENTA MESMO DO MODO MAIS ÍNFIMO, AINDA QUE INDIRECTAMENTE, ORDENAR A UM MESTRE. Como diria o grande poeta argentino de origem índia Atahualpa Yupanqui do alto da sua Bolívia de adopção: "BASTA"!
Pensando em Henry David Thoreau revisto-me de desobediência civil face ao meu modo de escrita, e como diria Hannah Arendt "a desobediência civil é uma forma de afirmação da democracia", não confundir com apelo à insurreição rigorosamente proibido e condenado pela Constituição da República.
Compreendo perfeitamente a intenção do "linguista" e do seu grupo de académicos apaniguados que decidiram conhecer o Brasil a expensas do erário público dando à luz o AO, de entrar na História, mas, a meu ver, só se for numa minúscula linha de rodapé com caracter 2, necessitando a propósito de uma potente lupa para a decifração do evento.
Mas, tentemos esmiuçar as origens desta situação. O AO assenta fundamentalmente numa construção ortográfica (quase total exclusão das consoantes mudas que, aliás algumas [a esmagadora maioria] vigoram no Brasil) totalmente favorável ao Brasil. É por si só um dislate de submissão a um país cuja língua não mais é do que uma deriva do português genuíno cujo desenvolvimento tem mais de oito séculos de História. Fui eu, luso, que ensinei os brasileiros a falar, então, porque demanda tal submeter-me-ia ao abrasileiramento da minha língua em vez de aportuguesar e evoluir a deriva brasileira? Que culpa tenho eu, luso, que os brasileiros não saibam trabalhar com as consoantes mudas? Se calhar tem dificuldades em agrupar as sílabas no fim da linha limitativa! Graças a Deus tenho uma fluência, falada escrita e de entendimento do Inglês muito, mas muito acima do conhecimento médio e, embora me identifique mais com a construção falada norte-americana (maioritariamente com o gerúndio e o complemento directo e mais simples nos verbos abreviados com a negação) não deixo de reconhecer que a esta língua tem o óbvio devir britânico e é lá que é correctamente expressada.
Esta construção ortográfica abstrusa não está em vigor em nenhum dos países signatários fruto da rejeição, (a meu ver, magnífica) de Angola e Moçambique (não me interessa que eles tenham outros problemas agora, o acordo é de 1990 e estes países não tinham os problemas que tem agora e nunca o ratificaram), e apenas vigora em Portugal como resultado de uma aviltante imposição ditatorial e inconstitucional do AO/90 e do2º Protocolo Modificativo, obra do Conselho de Ministros na sua Resolução nº 08/2011 contrariando claramente o disposto no nº 1 do Art.º 112º da Constituição da República, ou seja, um atentado ao Estado de Direito.
Claro que isto é indiferente à maioria do povo português que "é de uma ignorância execrável e de um défice de conhecimento atroz" (Viriato Soromenho Marques), talvez como resultado da actuação de castas privilegiadas como juízes, professores (fundamentalmente do ensino secundário que é parte do curriculum escolar que está em causa), advogados, jornalistas de alguns órgãos informativos (vulgos pasquins), que tornam quase impossível o acto de defesa da língua, com um colaboracionismo doentio e uma passividade ignorante que impossibilitando qualquer tentativa de debate. Ora, o Conselho de Ministros (Passos Coelho) não tinha competência para legislar e o Presidente da República (Cavaco Silva) não podia promulgá-lo, já que o apelidado Novo Vocabulário Ortográfico Português foi construído por Portugal isoladamente e, não está em vigor em qualquer dos países signatários violando assim o AO/90 original, não existindo nenhum aviso do MNE português de que o Acordo entrou em vigor. Tal não passava de um despacho não normativo e não regulamentar sem qualquer fundamento científico que só pode ser imposto aos organismos dependentes do governo, nunca aos tribunais e à formação social portuguesa na sua expressão mais civil. Foi uma autêntica manifestação despótica ao nível de uma ditadura.
Não sou linguista, não tenho formação académica para isso, por tal V. Exa perdoar-me-á, mas, a total supressão das consoantes mudas, nomeadamente o c e o p, além de serem atentatórias porque não implicam uma evolução natural da construção ortográfica, fazem-me lembrar Aristófanes, grande dramaturgo grego contemporâneo e formado no esplendor do Século de Péricles e autor de "As Nuvens", "As Vespas" ou "Lisistrata". Ele afirmava que “a juventude... amadurece, a imaturidade... passa, a embriaguez... cura-se, a ignorância... educa-se, mas a estupidez... bem, essa é indelével e imutável para todo o sempre".
O Dr. Malaca Casteleiro e a sua "elite vanguardista de vão-de-escada" ajuízo eu que, ainda não perceberam que, quando alguém estrangeiro ouve falar português ou quer aprendê-lo não sabe nem pode adivinhar a pronúncia correcta de qualquer expressão escrita. Até o cidadão mais anónimo e desprovido de qualquer formação linguística como é o meu caso, sabe perfeitamente que as consoantes mudas "abrem" a vogal anterior com apenas algumas excepções, foi uma das grandes batalhas do Prof. Vasco Graça Moura. A extraordinária riqueza linguística implícita e constante na construção vocabular é perfeitamente esmagada pela modificação do conteúdo do AO/90. Será que Camilo Castelo Branco, autêntico milionário do universo vocabular (250 romances e contos em vinte anos) retornará em protesto? A Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945 é a única a vigorar em Portugal depois de 1 de Janeiro de 1946 e ainda não foi revogada apenas podendo sê-la por Lei emanada da Assembleia da República ou Decreto-Lei emanado do Presidente.
Ora esses dois documentos não existem.
A língua e o Estado não existem um sem o outro, eles são o retrato da soberania de um estado de direito num país soberano e independente, não podem ser alienados a gosto de conveniências pessoais e políticas. Qualquer tentativa de subversão deste princípio é um atentado à Constituição e ao Estado de Direito. Tal é fruto de um grupelho de portugueses políticos e civis, de vanguarda autoproclamada sem lhes ser nada encomendado, com interesses não concretamente divulgados e uma determinada noção de notoriedade serôdia, com algum interesse económico por detrás e que decidiram apelar a um "leader" (MC), manuseável e desejoso de afirmação pessoal, totalmente incapaz de medir as consequências das suas iniciativas a coberto de dois governos com uma vergonhosa passividade colaborante pensando talvez que o país teria algum benefício económico em desistir da sua centralidade na CPLP, mas isso é outra vertente que não cabe neste breve e humilde análise.
Não se procurou a opinião autorizada da Academia das Ciências para um acordo que não está em vigor a não ser em Portugal (Dilma pediu período de transição) desde há um quarto de século atrás. A posição dos políticos nesta vertente envergonha e revolta o mais tímido cidadão tanto mais que a idoneidade dos negociadores nacionais é um tanto ou quanto discutível e com um comportamento despadronizado de "compensações mútuas" no caso das consoantes mudas.
Malaca Casteleiro (a quem eu não reconheço nenhuma autoridade para a perpetração deste atentado) dirá que, (enviesado no meu ver), é uma evolução da língua, claro, "também o Diabo cita as Escrituras quando isso lhe convém" (O Mercador de Veneza, W. Shakespeare), pelo que é mais um disparate linguístico de conveniência político-económica. Aliás semelhante tentativa for efectuada em França em 1990 e a Academia das Ciências Francesa rejeitou plenamente esse desvario deixando a decisão a voto ou voto popular. Nem a Espanha nem a França, nem a Inglaterra tentaram alguma "saga" destas, pelo que foi necessário que a expoente “intelligentsia” portuguesa "desbravasse" este caminho. É qualquer coisa que escapa à compreensão mais primária. Miguel de Sousa Tavares é da mesma opinião e eu concordo plenamente com ele. E V. Exa não deve concordar, penso eu, com os "iluminados" que proclamam que este assunto não é da competência do Presidente da República, então de quem é senão do único órgão de soberania que é eleito pela vontade individual do cidadão sem interferência partidária?
Desvalorizou-se imenso a capacidade de aprendizagem das gerações mais novas. Estamos a "queimar" uma geração com esta anedótica iniciativa. As crianças aprendem tudo devido ao espírito aberto que possuem e da sua curiosidade natural, portanto, o argumento de que já escrevem e aprendem há cinco anos não colhe de forma nenhuma. Elas são perfeitamente capazes de voltar atrás e aprender o seu português específico, é inato. Criou-se uma confusão enorme no sistema educativo no qual até os alunos com já alguma responsabilidade estudantil são completamente contra. Poder-se-á argumentar que custa muito caro retornar atrás, porquê? Basta colocar 200 revisores a processar novamente os manuais escolares e retornar ao ponto de partida. Não é, de forma alguma, argumento que se aceite o custo do projecto. É uma questão de vontade política o Estado impõe e acabou-se. Solicito a V. Exa caso lhe seja possível e a sua agenda o permita, a visão do programa Opinião Pública da SIC Notícias em 2016-05-04 (171-100) no qual pode V. Exa ter uma percepção da forma como foi "aceite" ou não aceite este "Acordo Ortográfico". Até pessoas com um nível instrutivo normal manifestaram poderosamente a sua posição. Aliás como deve percepcionar todos os colunistas de "peso" do Expresso escrevem na antiga ortografia. Ao estarem a unificar a língua a favor do Brasil estão a destruir as especificidades do português europeu, do português asiático, do português africano e até do português brasileiro. Estão a aniquilar uma riqueza em diversidade, que é o que distingue a universalidade da nossa língua.
O AO/90 foi assinado pelos sete estados de língua oficial portuguesa, mas só foi ratificado por Portugal, Brasil e Cabo Verde pelo que não está em vigor, logo não é consensual entre oito, então é necessária nova ratificação geral se querem atingir a maioria o que eu muito duvido, portanto, o tratado não tem validade internacional. Tive o privilégio, e espero voltar a ter, de trocar impressões com o Prof. Pacheco Pereira e sei perfeitamente a sua forma de pensar, só gostava de saber a do Prof. Eduardo Lourenço e do Prof. Viriato Soromenho Marques, isto só para parafrasear alguns vultos da cultura portuguesa, porque existem muitos mais, já que, de eminências pardas encontro-me um pouco enfastiado. O AO/90 não se inscreve na tipologia de um Tratado, não passa de uma Convenção medíocre que o Presidente da República (Cavaco Silva) ratificou de forma adiantada bem como dos dois Protocolos Modificativos sem nenhuma consulta popular que revelasse o parecer da formação social portuguesa. Mais uma vez desconfio da idoneidade e colaboracionismo dos juristas que aconselharam os deputados da Assembleia da República. Foi uma mediocridade elitista. Mas o mais penoso de aceitar é a pressa com que este aviltamento foi colocado no terreno. Não nos concerne absolutamente nada que o Brasil tenha denunciado a Convenção de 1945, ela vigora em Portugal pois o país não emitiu qualquer Lei ou Decreto-Lei que a revogue.A resolução do Conselho de Ministros 08/2011 é uma intrusão e uma imposição totalmente abusivas em termos legislativos num instrumento central do conhecimento da língua: os manuais escolares.
Ao desvirtuar totalmente este instrumento fundamentalíssimo para o desenvolvimento cultural e científico das gerações actuais e futuras incutindo-lhes a noção antipatriótica da submissão a uma conveniência estrangeira (será mesmo conveniência?), mais não fizeram do que confundir as mentes mais jovens que são o futuro do país. Mais ainda, este "acordo" criou um desacordo entre Portugal e os países de língua oficial portuguesa, saídos de um período colonial em relação ao previamente acordado já que o AO/90 proclamava unanimidade quanto à sua implantação, situação essa completamente perdida.
"Qui tacet consentire videtur" (quem cala, consente) mas, eu não permito perante mim próprio, perante a minha formação académica, perante o meu sentido patriótico e perante a minha escala valorativa, a anuência a tamanho atentado. Como se poderia adaptar de Oscar Wilde "Concordar com o pensamento dominante é um castigo, estar excluído dele é uma tragédia", cá por mim prefiro a tragédia. Num país de envelhecimento acelerado, demograficamente comprometido, com uma cultura geral de um nível de opacidade lamentável, este tema é fracturante, senão dos mais fracturantes e que actualmente parece ter caído num certo desinteresse por parte de um povo perfeitamente colonizado pelo telemóvel e pelo futebol, proletarizado por um modelo económico exteriormente imposto que mais parece uma punição luterana, obcecado com telenovelas e que está, logicamente pouco preocupado e interessado em defender a língua materna. Subscrevo totalmente a opinião de Rosário Andorinha da ANPROPORT, segundo o qual este "acordo" deve ser totalmente reformulado ou revogado. Sou adepto incondicional da segunda opção. Tenho um respeito enorme por Pedro Mexia, leio obrigatoriamente o seu artigo de opinião "Fraco Consolo", sei que a sua cultura literário-geral é qualquer coisa de admirável e inatingível, pelo menos para o que resta da minha existência, mas não concordo plenamente com ele quando afirma que o acordo pressupunha uma unanimidade internacional na CPLP e obedeceu a razões de política externa e de diplomacia. Perdoe-me, mas não concordo. Não existe nenhuma razão diplomática nem nenhuma conveniência que ponha em causa a língua original e ainda muito menos no caso do Brasil do qual só temos recebido iniciativas que prejudicaram e continuam a prejudicar altamente a economia portuguesa, vide TAP Manutenção, Portugal Telecom, Cimentos, etc. Mas não desejo entrar em considerações de opção de modelo económico nacional pois para isso, como defensor da escola keynesiana, tenho convicções empedernidas e altamente definidas bem como uma escala de valores imutável de como se deve levantar um país não cabendo nesta breve missiva.
Porque razão o embaixador do Brasil em Portugal esgrime em termos que considero panfletários no "Público" que o acordo está em vigor em Portugal, no Brasil e em Cabo Verde? Na minha humilde forma de visualizar o problema penso que este desiderato deve ser dirimido com vontade política. Portugal é a pátria da língua de Camões, não o Brasil, porquê? Aonde nasceu W. Shakespeare? Parece-me que foi em Stratford-upon-Avon, Inglaterra em 1564, não em Boston, nem em New York, nem em Sydney. Aonde nasceu Miguel Cervantes? Parece-me que foi em Alcalá de Henares, Espanha em 1547, não na Cidade do México, não em Santiago do Chile, não em La Paz, não em Montevideu, não em Buenos Aires. Parecem razões suficientes a um patriota. Temos de nos libertar definitivamente de qualquer tipo de submissão internacional ou ultimatos de espécie alguma baseados na dimensão do nosso território.
Portugal tem nove séculos de existência, é a nação mais velha da Europa, tinha já fronteiras definidas e uma unânime formação social com uma língua quando os Anglo-Saxónicos ainda se debatiam em tribos, a Espanha não mais era do que um somatório de regiões e a Itália Renascentista estava dividida entre as Repúblicas Venezianas, os Principados Romanos e as intervenções dos Imperadores Alemães apoiando ou desapoiando a flutuação papal.
Não sei qual é a posição oficial do Governo Português, mas sei que o Ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o AO não era uma questão pertinente. Que entender de tudo isto? Será que António Costa não quer "magoar" a susceptibilidade dos brasileiros nem é capaz de chamar o seu ministro à responsabilidade? É que eu não quero saber absolutamente nada se o Dr. Augusto dos Santos Silva é um dos barões do PS!Para que precisamos nós do Brasil? Estamos outra vez com minimizações de personalidade que levam inevitavelmente a uma solução política? Não se desloca à Ásia ou Estados Unidos, mas fundamentalmente a Asia e não procura quem deseje instalar fábricas em Portugal. Porquê? Porque o país não é industrializado e tem de o ser, para que não se tenha de recorrer aos malabarismos orçamentais do "põe aqui, compensa acolá”, parecendo um tabuleiro de damas, mal comparado. Não ou só eu que proclamo esta iniciativa, mas sim o Prof. Medina Carreira que já afirmou mais do que uma vez porque não perguntamos nós aos outros como se faz? Se o Ministro das Finanças garantir estabilidade e competitividade fiscal de certeza que as empresas se instalam e podemos ostentar um contingente de exportações com suficiente valor acrescentado que nos permita fortalecer a Segurança Social e elevar o padrão de rendimento dos portugueses além de poder proporcionar a respectiva poupança nacional que conduza a um nível de investimento ininterrupto.
V. Exa perguntará e bem: mas o que tem a ver isto com o "Acordo Ortográfico"? Nada. Mas apenas pedir ao MNE que faça o seu trabalho em lugar de minimizar uma questão fracturante que até nem lhe diz respeito funcional, que se enfoque na diplomacia económica e se liberte das "pantufas" das Necessidades ou tem dúvidas quanto às suas funções? Se tem não pode estar no Governo.
Mas, voltando ao assunto desta missiva, penso fortemente que devido a polemicidade desta questão por demais fracturante, é que ela deve ser de imediato submetida a referendo nacional (***), para que de uma vez por todas certas entidades que vagueiam pela nossa praça não se arvorem em defensores e líderes do "reino" e lhes sejam devidamente assacados de todas as responsabilidades que provoquem qualquer equívoco sobre a identidade nacional da formação social portuguesa. Igualmente me decepcionei com as posições últimas assumidas por um dos meus mais admirados (até à data), colunistas do Expresso cujo nome eu não mencionarei por motivos éticos, mas que eu aconselharia a que se remetesse ao silêncio quando fala de V. Exa. ou então que brinque com o seu personagem inventado na revista do jornal, porque sempre transmite algum humor e boa disposição aos leitores e não se abalance em assuntos mais sérios que acentuam cada vez mais o seu desviacionismo para a corrente neoliberal.
Quanto aos apoiantes deste "Acordo Ortográfico" perdoe-me, mas socorro-me novamente do homem de Stratford, adaptando-o:
“Até as bestas mais ferozes tem de vez em quando um assomo de piedade, mas eu não tenho nenhuma perante os defensores deste acordo, logo, não sou nenhuma besta".
Ricardo III
William Shakespeare
Confio plenamente que V. Exa conduzirá este desiderato para o seu destino mais óbvio, já que o considero como o único e lídimo representante nacional capaz de defender com lealdade e eficácia aquilo que nos resta da nossa dignidade e identidade como formação social soberana e independente já que do Governo não espero grande efeito. BEM-HAJA.
Com os meus melhores cumprimentos, subscrevo-me,
De V. Exa
Atentamente
José Lucas
P.S. — O autor destas linhas escreve e sempre o fará na antiga ortografia.
***
(***) Um referendo sobre esta matéria, seria um desastre, porquanto ou a pergunta tinha de ser directa: «querem começar a escrever à brasileira?”, ou perguntar isto com muitos rococós (como é hábito, nos referendos, para baralhar o povo e obrigá-lo a votar naquilo que os governantes querem) a maioria do povo, que se está nas tintas para esta matéria, não saberia o que responder. Mas pior do que isto, seria a abstenção. Se nem para eleger os seus governantes, o povo sai à rua, contribuindo para índices de abstenção descomunais, chegando-se a eleger maiorias absolutas, com apenas dois milhões de votantes, em 10 milhões.
NÓS, Portugueses, que recusamos curvar-nos diante de quem tem o DEVER de nos SERVIR, mas assobiam para o lado, como se não existíssemos; NÓS, que somos em número muito superior aos que nos (des)governam, não só podemos, como devemos EXIGIR que o governo português tome uma posição RACIONAL em relação à IRRACIONALIDADE que por aí circula, neste nosso País DOS Bananas, no que à Língua Portuguesa diz respeito.
Isto vem a propósito de eu ter recebido mais umcomentário estereotipado, igual aos que costumo receber às centenas, cujo conteúdo circula na Internet, pela boca dessa fatia grossa de zucas idiotas, paus-mandados de políticos esquerdistas brasileiros mal-intencionados, talvez com o objectivo de esmagar a formiga (Portugal) sob as patorras do gigante (Brasil).
E se a estupidez matasse, o “Pretinho Safado” (o comentador de serviço, desta vez) que representa essa fatia grossa de zucas idiotas, já estaria morto e enterrado, desde as 15:47 do dia 19/09/2022.
Quando recebo um comentário anónimo ou com uma alcunha que pressupõe um bonifrate, tenho duas opções: ou publico-o, por ele trazer mais-valia ao debate do tema em causa; ou ignoro-o, por ele ser completamente estúpido, e não ter ponta por onde se lhe pegue, ou por ser obsceno. No entanto, por vezes, faço uma excepção aos comentários estúpidos (jamais aos obscenos) e publico-os, se me dão oportunidade de praticar algumas das Obras de Misericórdia Espiritual, ou seja, dar bons conselhos; ou ensinar os ignorantes; ou corrigir os que erram; ou consolar os que fazem figuras tristes; ou dar-lhes uma retambana.
Todos os que me conhecem sabem que a Estupidez, sobretudo, a Estupidez Organizada é uma das coisas que me fazem saltar a tampa, e que nunca deixo passar em branco, até para que os que sofrem de idiotia, mas não se apercebem de que são idiotas, fiquem a saber, para poderem tomar alguma providência, no sentido de deixarem de o ser.
Quem está por detrás da alcunha “Pretinho Safado” é alguém notoriamente amestrado para papaguear o que os predadores da Língua Portuguesa querem disseminar, por aí, como verdade, até porque todos sabemos que uma parvoíce repetida ad aeternum transforma-se numa parvoíce válida.
Porque não posso, nem devo deixar que os zucas idiotas andem por aí a achar que são os donos da Língua Portuguesa, e que podem deformá-la, conforme o “Pretinho Safado” a deformou, e depois vir para aqui alardear a sua alarvice, com a insolência que caracteriza os medíocres, vou publicar o comentário, e responder-lhe à letra, como merece, até porque há que aniquilar a parvoíce, para não se tornar válida.
E esses muitos idiotas também estão no Poder, e lá ficarão, se continuarmos a permitir que eles se multipliquem. A partir dessa permissão, os IDIOTAS passam a ser também TODOS os que permitem tal anormalidade, e então, aí sim, os IDIOTAS irão tomar conta do mundo, porque serão mais do que muitos. É isso que querem, com a vossa INACÇÃO?
Vocês portugueses reacionários são muito incoerentes. Enchem a boca pra dizerem que o português evoluiu do latim, pra se gabarem e se sentirem supeiores lingüísticamente. Mas esquecem que essa evolução se deu através de erros dos falantes do latim vulgar. Duvido que a sintaxe e a pronúncia e qualquer outro elemento estrutural do português europeu seja o mesmo do latim vulgar. Esquecem que o português também sofreu inumeras alterações em sua ortografia desde o tempo do galego-português. E TUDO ISSO ACONTECEU ATRAVÉS DE ERROS NA LÍNGUA FALADA DO POVO! PORQUE A ESCRITA SEMPRE FICA DEFASADA DIANTE DA LÍNGUA FALADA PELO POVO, POIS A PRONÚNCIA, A SINTAXE, O SENTIDO DAS PALAVRA E ATÉ O VOCABULÁRIO ESTÃO SEMPRE EVOLUINDO PELOS ERROS DOS FALANTES. E ainda querem posar de protetores do idioma diante dos brasileiros. Vocês, ao contrário do que acreditam, não falam a língua de Camões. Só é possivel ler Os Lusiadas respeitando-se as rimas o ritmo da poes ia em BRASILEIRO! Até suas crianças já adotam vocabulário brasileiro. Triste não? Eantão, aceite que dói menos: O IDIOMA BRASILEIRO É A REFERÊNCIA NA LÍNGUA HOJE EM DIA! E o que vale é aquele ditado a respeito da língua: MANDA QUEM PODE E OBEDECE QUEM TEM JUÍZO. ENTÃO, VIVA A LÍNGUA BRASILEIRA!
***
“Pretinho Safado”, o seu nome já diz tudo. Não sei se é pretinho, mas safado vê-se que é, a quilómetros de distância. Tenho muita consideração pelos pretinhos, mas NÃO tenho consideração nenhuma, nem tenho de ter, pelos safados.
A nossa superioridade não está no facto de a Língua Portuguesa ser uma Língua Indo-Europeia, de raiz greco-latina. A nossa superioridade, e a superioridade dos países africanos que a adoPtaram, está em termos sabido preservá-la, pois ela continuaa ser a Língua de Camões, adaptada aos tempos modernos, mas NÃO mutilada, nem desenraizada.
O seu delírio vai ao ponto de dizer que SÓ é possível LER Os Lusíadas em Brasileiro. Isto é para rir? É uma anedota? Se é, é uma anedota de muito mau gosto. Mas, ao menos, considera Brasileira a língua falada e escrita no Brasil.
Nós e os africanos de expressão portuguesa, somos, de facto, os legítimos protectores da Língua Portuguesa. E defendê-la-emos contra tudo e contra todos. E eu até estou a ser muito delicada, porque me apetecia dizer que nenhum português jamais ambicionará escrever como o “Pretinho Safado” escreve. Jamais, JAMAIS os Portugueses aceitarão tal escrita, para si próprios. Se bem que, actualmente, em Portugal, é a mais rasteira mixórdia ortográfica que anda a ser propagada nos média subservientes, nas escolas, nos serviços públicos e na Internet. Mas esses são a fatia fininhados Tugas Idiotas.
O seu ditado a respeito da língua é delirante, porque nem semprequem manda, PODE, porque esses é que NÃO têm juízo. Só podem, se os deixarmos.
E nós cá estamos para DESOBEDECER, até porque somos mais do que os que mandam.
E então VIVA a Língua Brasileira, no Brasil! Que não é melhor, nem pior do que a sua Genetriz. Ela é simplesmente DIFERENTE, e a riqueza dela está no léxico introduzido pelos Indígenas e Africanos e restantes Povos que se fixaram no Brasil. Porque a herança linguística portuguesa os ressabiados brasileiros já a destruíram.
Então, em Portugal, VIVA a Língua Portuguesa! E garanto-lhe que VIVERÁ!
Per omnia saecula saeculorum… Tão certo como eu estar aqui a escrever isto.
Título da notícia: «10 de junho: Jorge Miranda critica "atropelos" à Língua Portuguesa»
Quando se fala no dia “10 de Junho”, ainda que se seja SERVIL ao AO90, o nome do mês deve ser escrito com letra MAIÚSCULA, tal como em “25 de Abril”, porém, os acordistas, nada sabendo de Língua Portuguesa, não sabem que o Junho do “10 de Junho” se escreve em MAIÚSCULAS.
O título deste texto, encontrei-o no link, que refiro mais abaixo, numa notícia do acordista Jornal de Notícias.
Vou aqui transcrever a notícia, com o erro corrigido, para não parecer mal, porque fiquei siderada com o conteúdo do discursodo muito conceituado constitucionalista Senhor Professor Doutor Jorge Miranda, que na mixórdia ortográfica, gerada pelo AO90, que ele aplica, com convicção – até porque, segundo ele, o que seria do Português, se não fossem os milhões do lado de lá do Oceano Atlântico? Ainda que o Português desses milhões já não seja Português – os únicos “atropelos” que vê na Língua Portuguesa é na sintaxe, ficando de fora a ortografia – do grego ortho (ορθο) que significa "correcto" e gráphos(γράφος) que significa "escrita". A Ortografia é, pois, a parte da Gramática Normativa que ensina a escrever correctamente as palavras de uma Língua. Algo que escapa, por completo, aos acordistas, porque nada sabem de Gramática, e da Ortografia? … o que é isso????
Dois cidadãos, que LUTAM pela integridade da Língua Portuguesa, comentaram esta notícia, online, e destaco aqui esses comentários, para que se tenha a noção do SERVILISMO que atacou os que (des)governam Portugal e os que GRAVITAM ao redor deles.
Nota: vou transcrever a notícia em itálico, e o que está entre parênteses rectos são as observações que não pude deixar de fazer, por motivos óbvios.
«O presidente da comissão organizadora das comemorações do 10 de Junho, Jorge Miranda, criticou hoje, em Braga, os frequentes "atropelos" de que a Língua Portuguesa é alvo, sublinhando que "internacionalizar não pode significar desnacionalizar".
[Um triste flagrante desconhecimento da Língua: internacionalizar (tornar internacional) vai dar quase ao mesmo de desnacionalizar (fazer perder a índole nacional). Os Brasileiros desnacionalizaram, deslusitanizaram, desenraizaram a Língua Portuguesa, e o que se pretende com o AO90 é internacionalizar a desnacionalização da Língua Portuguesa]
"Não posso deixar de reagir contra os atropelos que [a Língua Portuguesa] vem sofrendo entre nós", disse Jorge Miranda, no discurso da cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Entre os atropelos, apontou os "constantes" erros de sintaxe na comunicação social, o ensino em escolas superiores portuguesas por professores portugueses a alunos portugueses em língua estrangeira, a denominação de algumas escolas superiores também em Inglês e o "alastramento" de denominações comerciais de empresas portuguesas operando em Portugal em Inglês.
[Tudo que aqui foi dito neste parágrafo nada tem a ver com atropelos à Língua Portuguesa, a não ser a sintaxe, mas também a morfologia, e a semântica. Os MAIORES atropelos à Língua Portuguesa são os ERROS ORTOGRÁFICOS, a acentuação e a hifenização introduzidos pelo caótico AO90. O Inglês é uma Língua de comunicação global, entre TODOS os Países. É muito natural que esta Língua seja usada para comunicar e designar especificidades que, traduzidas, seriam uns autênticos abortos ortográficos]
(…)
Para Jorge Miranda, o uso da Língua Portuguesa constitui um "direito fundamental dos cidadãos portugueses e brasileiros, tal como dos cidadãos de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, de Angola, de Moçambique, de Timor".
"O direito de falar, de ouvir, de escrever, de ler, de receber mensagens, o direito de comunicar em Português. Um direito e também um dever", reforçou.
[O uso da Língua Portuguesa é um direito fundamental APENAS dos Povos que NÃO a deturparam, não adeslusitanizaram, não a desnacionalizaram, não a afastaram das suas raízes, da sua Família Indo-Europeia. Querem usar a Língua Portuguesa que, como o nome indica é PORTUGUESA, usem-na no seu original. Quem a deturpa NÃO tem o direito de a usar. E o DEVER prende-se APENAS em usá-la SEM a deturpar, e o que anda por aí é um Português mutilado, mal escrito, mal acentuado, mal hifenizado, cheio de erros ortográficos, e ninguém tem nem o direito nem o dever de DEFORMAR a Língua Portuguesa, na sua grafia e na sua oralidade, e chamar-lhe Portuguesa. Se o querem fazer, e aqui, sim, têm esse DIREITO, chamem-lhe tudo, excepto Português, e chamarem-lhe outra coisa é que é um DEVER].
No seu discurso, Jorge Miranda disse não conhecer nenhum outro país que eleve a celebração a dia nacional de um seu poeta, designadamente Camões, "que ergueu a Língua Portuguesa ao máximo esplendor".
[Sim, Luiz de Camões ergueu a Língua Portuguesa ao máximo esplendor, era um cidadão PORTUGUÊS. E os acordistas apátridas,levaram-na àmáxima decadência. E isto é absolutamente INACEITÁVEL].
"Todavia, Portugal e a Língua Portuguesa não se confundem. Ela pertence não só a Portugal, pertence ao Brasil e pertence aos cinco estados africanos e a Timor que a declaram sua língua oficial", concluiu.
[Jorge Miranda está enganado. A Língua Portuguesa pertence a Portugal. Ponto final. Foi Portugal que a levou aos quatro cantos do mundo. E nesses quatro cantos do mundo GEROU Variantes, nomeadamente a Variante Brasileira, que pertence unicamente ao Brasil. Não queiram os do sistema atirar areia para quem tem OLHOS de VER, e OUVIDOS de OUVIR e Língua para se MANIFESTAREM contra este inconcebível complot – prefiro o galicismo à tradução, com base na oralidade, (complô) retirando elegância à palavra, de origem francesa – que só serve o Brasil, e prejudica Portugal, retirando-lhe a sua IDENTIDADE. Para mim, é inimaginável que um constitucionalista português possa defender a perda de IDENTIDADE do nosso País, rastejando aos pés do País que DESLUSITANIZOU (desnacionalizou) a Língua Portuguesa].
Bravo! Professor Jorge Miranda! Conseguiu uma proeza: o AO90 é INCONSTITUCIONAL, mas o senhor usa-o, porque pertence ao Sistema, e o Sistema, muito servilmente, rendeu-se aos "milhões", vendendo a Língua Portuguesa por tostões.
Recebi um comentário de alguém que vive numa bolha, pensando que, em Portugal, somos todos parvos; todos têm de seguir a cartilha brasileira; todos são cegos mentais; todos são servilistas.
O que aqui hoje me traz é esse comentário e a minha resposta, e o recado que a imagem abaixo transmite, e que diz dos parvos que acham (não pensam) que as crianças portuguesas são parvinhas como eles.
Aceite que dói menos! O AO veio para ficar e não há nada a se fazer. O português que vai prevalecer é o do Brasil. Ninguém, no estrangeiro quer falar como os portugueses. Não sei por que tanta revolta contra o português falado pelos brasileiros. Por exemplo, no caso do inglês, não vejo a Inglaterra se revoltando contra os EUA. Pelo contrário, os ingleses até consomem de bom grado cultura estadunidense. Aliás até as crianças portuguesas já estão adotando pronúncia e vocabulário brasileiros. Acho curioso, quando foi para Portugal definir seu idioma como sendo diverso do galego, as diferenças no falar dos portugueses não foram tidas como um problema. Aliás, vieram até a propósito para fundamentar essa diferenciação.
***
Este Pedro diz exaCtamente aquilo que outros pedros disseminam nas redes sociais e nos vídeos do YouTube, onde só encontramos estupidez.
E eu que
respondi-lhe comme il faut (de vez em quando, os galicismos encaixam-se bem nas frases), até porque se todos se calarem diante da estultícia, quem a proclama pode achar que está na posse da verdade.
Então respondi-lhe assim:
Quem vai ter de aceitar, por doer menos, são os Brasileiros que NÃO vêem um palmo adiante do nariz, apenas aqueles que NÃO vêem um palmo adiante do nariz. Aqueles que andam ILUDIDOS com esta coisa do “português brasileiro”, que NÃO existe.
O Português não precisa de prevalecer, porque o Português é o PORTUGUÊS, e Português só há UM.
O AO90 não veio para ficar, porque será atirado ao LIXO, quando menos esperarem.
Ninguém está revoltado com a Variante Brasileira do Português (a designação correCta), ou com o Brazilian, ou com o Brasiliano, ou seja lá o que for que vocês falam e escrevem. Essa vossa língua, DERIVADA do Português, É VOSSA. É só VOSSA. NÃO É NOSSA.
Só estamos revoltados com a imposição ILEGAL da MIXÓRDIA ORTOGRÁFICAgerada pelo AO90, engendrado no Brasil, pelo Antônio Houaiss, que DESLUSITANIZOU o Português, deixando este de ser português para ser brasileiro, imposição, essa, feita por políticos ignorantes e que sofrem de um monumental complexo de inferioridade, algo que só atacou, FELIZMENTE, uma fatia menor da sociedade portuguesa: a dos SERVILISTAS.
Que a Língua Brasileira PREVALEÇA. E façam muito bom proveito dela. E que seja a língua mais falada do mundo. Para já, chamam-na “portuguesa”, por questões meramente POLÍTICAS, mas a política pode MUDAR, de um momento para o outro, quando, no Poder, em vez de parvos, houver gente de SABER.
No estrangeiro, quem procura o Brasileiro, procura-o apenas para comunicar. E para eles tanto faz como tanto fez que seja Brasileiro ou Português, porque se eles quiserem aprender a Língua que fixa o PENSAMENTO, a Língua do SABER, estudam a Língua Portuguesa. E isto é um FACTO.
É como estudar o Americano e o Inglês. Quem quiser aprender INGLÊS, aprende a Língua Inglesa, e não o Americano. E ninguém nesses países está revoltado com o outro, porque os EUA NÃO impingiram o seu AMERICANO à Inglaterra, e mesmo que impingissem, os Ingleses JAMAIS aceitariam. Portugal aceitou, por intermédio de uma cambada de ignorantes e de complexados. Mas há os que resistem, e é através dos que resistem que a Língua Portuguesa NÃO entrará no Mundo das Línguas Mortas. Tem Angola, tem Moçambique, tem a Guiné Bissau, tem Timor, tem 90% dos Portugueses a DEFENDÊ-LA e a USÁ-LA, até nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, que rejeitam o AO90.
As crianças Portuguesas NÃO adoPtaram a pronúncia brasileira, fazem-no por BRINCADEIRA, porque acham PIADA “fálá brásilêru”. Mas quando têm de falar a sério, falam PORTUGUÊS. Não emprenhe pelos ouvidos, porque o que dizem por aí é mentchirinhá p’rá brásilêru ácrêdjitá.
E não venha para aqui misturar a VOSSA VARIANTE com o Português e o Galego, duas Línguas europeias irmãs, oriundas do Latim, porque NÃO HÁ mistura possível. O vosso Brasileiro é uma linguagem sul-americana, oriunda do Português, que, por sua vez é oriundo do Latim. Nada de misturar as coisas!
E não se ILUDAM, porque o AO90 será atirado ao LIXO. O Brasileiro, prevalecerá, e a Língua Portuguesa continuará a manter a sua DIGNIDADE de Língua Europeia.
Enviaram-me, por mensagem, este precioso e minucioso trabalho da autoria do Professor Doutor Alexandre M. Pereira Figueiredo 1, que, preto no branco, e com suporte jurídico, chega à seguinte conclusão:
«Em face do anteriormente exposto, na nossa perspectiva, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não vigora na ordem jurídica portuguesa ou sequer na internacional, sendoinválida e mesmo inconstitucional qualquer exigência que determine a observância da referida norma ortográfica.»
Trata-se de um trabalho que não deixa qualquer dúvida quanto à invalidade do AO90.
Devido à extensão do texto, deixarei aqui o Resumo da sua fundamentação jurídica e as Conclusões.
Os leitores interessados em conhecer os pormenores dessa fundamentação jurídica poderão consultar o PDF, neste link:
A imagem que ilustra este texto, retirei-a há pouco, do site oficial da Presidência da República Portuguesa, que, ilegalmente, aplica o AO90, e envergonha Portugal com um presidente que REPUBLICA.
Andamos há muito a denunciar a violação da Constituição da República Portuguesa, pelo órgão máximo do Estado Português, e que até jurou defendê-la, e pensamos que depois de publicado este rigoroso trabalho baseado nas leis portuguesas, é chegada a hora de exigir que Marcelo Rebelo de Sousa preste contas ao País e aos Portugueses.
Os menos informados andam a ser enganados; outros, por mero servilismo e seguidismo, são cúmplices desta ilegalidade; outros ainda, por comodismo, ou por interesses que só ao diabo lembra, aceitam a ilegalidade com uma ingenuidade que apenas os ignorantes optativos poderiam aceitar.
Isabel A. Ferreira
(A grafia que aqui se apresenta é a brasileira, à excePção de “excecional” (lê-se "ixc'cional") que faz parte do acordês à portuguesa.)
«Resumo: A presente reflexão tem por objectivo a clarificação da norma ortográfica legalmente vigente na ordem jurídica portuguesa. Tal exercício decorre da grave incerteza presentemente existente na sociedade nacional em torno da norma ortográfica efectivamente vigorante devido à adopção, por parte do Governo e, concomitantemente, da generalidade dos organismos inseridos na Administração Pública das regras ortográficas emanadas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 1990.»
1 Professor no Ensino Superior. Pós-Graduado, Mestre e Doutor em Ciências da Comunicação. Licenciado em Comunicação Social e em Tecnologias da Informação e Comunicação. Licenciando em Direito.
VII – Conclusões
1 - O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO’90) não foi ratificado por todos os signatários, não podendo por isso vigorar;
2 - O art.º 3.º do Segundo Protocolo Modificativo referente ao AO’90, não respeita o preceituado na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (mormente no que concerne ao art.º 9.º e art. 41.º) não vinculando, portanto, qualquer dos Estados signatários;
3 - A transposição para a ordem jurídica interna da norma ortográfica do AO’90 colide com a CRP, contrariando o preceituado no texto constitucional, designadamente violando: o n.º 3 do art.º 11 da CRP, o n.º 2 do art.º 43.º da CRP e ainda o n.º 1 do art.º 112.º da CRP;
4 - Os diplomas (meras resoluções da Assembleia da República e do Governo) por meio dos quais foi introduzido o AO’90 na ordem jurídica portuguesa, constituem instrumentos de valor jurídico inferior aqueles outros que visam revogar, contrariando não apenas a CRP quanto o modelo hierárquico kelseniano;
5 - Qualquer revisão à norma linguística impõe, nos termos prescritos pela CRP, uma revisão constitucional extraordinária;
6 - Do ponto de vista substancial, a recusa dos Estados de Angola e Moçambique na ratificação do AO’90 contraria o escopo e núcleo redutor do próprio tratado, verificando-se uma inutilidade superveniente enquanto se mantiver a aludida recusa;
Em face do anteriormente exposto, na nossa perspectiva,o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não vigora na ordem jurídica portuguesa ou sequer na internacional, sendo inválida e mesmo inconstitucional qualquer exigência que determine a observância da referida norma ortográfica.»
Fonte:
Figueiredo, A. M. P. (2021). Da (in)validade do AO’90 no Ordenamento Jurídico Português. artciencia. Com, Revista De Arte, Ciência E Comunicação, (24-25).
Três escritores do Brasil [João Almino], Cabo Verde [Maria Augusta Teixeira] e Portugal [Lídia Jorge] destacaram que devem ser aceites e incluídas as diferenças da Língua Portuguesa em diversas partes do mundo, de acordo com a identidade dos povos que a falam.
Espero que isto valha para Portugal, berço da Língua Portuguesa, o país lusófono onde a aplicação do AO90 foi mais destruidora, e continua a ser absolutamente cada vez mais caótica. Uma autêntica tragédia portuguesa.
Mas vejamos o que nos dizem os escritores citados, e também o Luciano de Queiroz, com o qual concordo inteiramente.
Especialmente promovida para uma audiência lusófona nos Estados Unidos da América (EUA), a décima Conferência de Literatura em Língua Portuguesa decorreu de forma virtual, com o título "Em que português nos entendemos?" e foi organizada pela Coordenação do Ensino Português nos EUA (CEPE-EUA) e pelo Centro de Língua Camões na Universidade de Massachusetts, na cidade norte-americana de Boston.
A diversidade é fonte de "dinâmica", disse o escritor brasileiro e diplomata João Almino, membro da Academia Brasileira de Letras, acrescentando que todos podem "enriquecer" com o diálogo entre as diferenças e sublinhando que "o que ameaça a língua é a paralisia".
Professor universitário e autor de diversos romances e volumes de ensaios sobre literatura e sobre história e filosofia política, João Almino disse que o português "é muito diverso de um lugar para outro e nós devemos respeitar essas diferenças, reconhecê-las e aceitá-las do ponto de vista gramatical ou sintáctico".
Defendendo que os escritores, originários de qualquer parte do mundo, devem ter "liberdade" para "incorporar" as suas vivências e cultura na mesma língua portuguesa, João Almino acrescentou: "E quando eu leio, por exemplo, um escritor africano, eu quero sentir o sabor da língua da África, daquele lugar".
A escritora cabo-verdiana Maria Augusta Teixeira, também conhecida como Mana Guta, defendeu que é da responsabilidade e da "militância" dos escritores, que são os que "estão sempre na vanguarda" de soluções, "recuperar a memória oral" cultural de cada país para uma "forma perene", com a transcrição das histórias para livros.
A presidente da Assembleia Geral da Sociedade Cabo-verdiana de Autores e vice-presidente da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social considerou estar numa posição, em Cabo Verde, de "juntar as pontas soltas" das duas línguas no país insular, português e cabo-verdiano ou crioulo.
Mana Guta, também gestora pública e professora universitária, defendeu "sair da dicotomia: porque nós temos crioulistas e lusofonistas em Cabo Verde. A minha postura é juntar as pontas soltas, precisamos das duas línguas".
Para Lídia Jorge, autora portuguesa de 26 obras e distinguida com numerosos prémios portugueses e internacionais, mais do que diferenças, as identidades são também formadas por contrastes, inclusive em Portugal.
"Eu fiquei profundamente marcada por um país que era pobre, de estender a mão, mas que queria ser ao mesmo tempo um país que dominava uma vasta zona do mundo", disse a professora, que já ensinou em Portugal, Angola e Moçambique e é membro do Conselho de Estado, órgão político de consulta presidencial.
Entre outros assuntos, foram discutidos o "impasse" do acordo ortográfico e as abordagens sobre o "fim do mundo" na literatura, com os três autores a concordarem que, de uma maneira ou outra, o mundo está "num momento de transição" ou de "quase fim do mundo", por causa da crise sanitária mundial provocada pela pandemia de covid-19 desde início do ano passado.
Na apresentação da conferência, o cônsul-geral de Cabo Verde em Boston, Hermínio Moniz sublinhou que "mais do que nunca, precisamos de inclusão linguística, porque a língua é uma arma muito poderosa".
O tema da língua e construção de identidades é, para o cônsul-geral do Brasil em Boston, Benedicto Fonseca Filho, "vastíssimo" e "abre tantas possibilidades (...), como relações de poder ou papel das migrações".
João Pedro Fins do Lago, cônsul-geral de Portugal em Boston, destacou que a conferência "tripartida" e multicultural, no seu décimo aniversário, decorreu numa nota "positiva de inclusão e de reconhecimento do papel da mulher na literatura", com a atribuição do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane.
"É com imensa satisfação e com imenso orgulho que vimos um prémio tão importante ser atribuído a uma mulher, a uma mulher africana, a um vulto da literatura lusófona, que há muito merecia esse reconhecimento", declarou o cônsul português.
A conferência, inicialmente apresentada em inglês e em português, teve a assistência `online` de dezenas de pessoas e pelo menos duas turmas de estudantes nos Estados Unidos.
Entre as entidades envolvidas na promoção da Conferência de Literatura Portuguesa destacam-se o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Universidade de Massachusetts de Boston.
Antes de transcrever o texto de João Esperança Barroca, permitam-me este comentário à imagem que o autor escolheu para ilustrar o seu texto:
- Devido à “injeção” (que se lê “inj’ção”) de capital, Marcelo Rebelo de Sousa só poderia ter ficado “estupefato”, contudo, sendo ele um jurista e também o guardião-mor da Constituição da República Portuguesa, a qual jurou DEFENDER (mas não defende) , além de “estupefato” deveria ter ficado também ENVERGONHADO, pela sua figura estar associada a dois erros ortográficos de palmatória (no Brasil “objetivo” e “estupefato” não são erros ortográficos, uma vez que lá, a grafia dessas palavras é essa, assim tal e qual, desde 1943) erros, esses, cometidos com o seu aval, pois está a contribuir para esta ortografia ILEGAL e INCONSTITUCIONAL, obedecendo, servilmente, curvando-se religiosamente, ao paCto de silêncio, que os predadores da Língua Portuguesa fizeram, algures num subterrâneo onde a LUZ não entra, violando com isso a CRP, que jurou defender. Tudo isto é de uma desmedida VERGONHA!!!!!!! (Isabel A. Ferreira)
Por João Esperança Barroca
«[…] De facto, ninguém quer o acordo entre a lusofonia — nem Angola, nem Moçambique, nem o Brasil; ninguém em Portugal, que trabalhe com a língua (escritores, professores, editores, jornalistas) quer ou entende para que serve o AO, excepto umas raras sumidades académicas que não existiriam sem esta oportunidade; o AO é um delírio de aberrações e idiotices que nenhum dos seus defensores consegue sustentar numa discussão séria; […]» (Miguel Sousa Tavares, Jornalista e Escritor)
«O Acordo “Tortográfico”, de que não sou adepto, é do ponto de vista político uma coisa que oscila entre a tristeza e a vergonha. Do ponto de vista cultural é perfeitamente ridículo. Este normativismo fabricado e imposto, além das desgraças, que pode provocar, nem sequer corresponde àquilo que é a vida, o desenvolvimento e a transformação da língua. A forma entre o contentinho e o pateta com que as pessoas aceitam este tipo de coisas é confrangedora.» (José Barata-Moura, Filósofo e ex-Reitor da Universidade de Lisboa)
Em entrevista ao canal TVI24, difundida no dia 3 de Junho do corrente ano, Manuel [Matos] Monteiro, autor das obras O Suave e o Negro, Dicionário de Erros Frequentes da Língua, Por Amor à Língua, Sobre o Politicamente Correcto e O Funambulista, o Ateu Intolerante e outras histórias Reais, mencionou, com alguma ênfase uma consequência (mais uma!) nefasta da adopção do AO90. Por ser bastas vezes olvidada, trazemo-la aqui à colação.
Disse, então, Manuel [Matos] Monteiro, de forma muito clara, que o AO90 dificulta a aprendizagem das línguas estrangeiras (nomeadamente as línguas de matriz latina) por parte dos nossos alunos, ao mesmo tempo que cria obstáculos ao domínio da nossa língua por parte de falantes e escreventes estrangeiros.
Exemplifiquemos com três palavras de uso bastante frequente: acção, espectador e directo. Pegando na primeira dessas palavras (acção, do latim actiōne), vejamos, por simples curiosidade, como se escreve em várias línguas: aksie, em africâner; aktion, em alemão; akcija, em bósnio e em macedónio; acció, em catalão; aksyon, em cebuano (língua austronésia falada nas Filipinas), filipino e em haitiano; akce, em checo, azzione, em corso; akcijski, em croata; akcia, em eslovaco; acción, em espanhol (castelhano) e em galego; action, em francês e em inglês; aksje, em frisão; aiki, em haúça (língua falada em grande parte do Sudão); actie, em holandês; akció, em húngaro; aktioun, em luxemburguês; azzjoni, em maltês; akcja, em polaco; acțiune, em romeno e aksiyon, em turco. São, pois, vinte e cinco línguas sem pejo de mostrarem as suas raízes e o respeito pela etimologia, ao mesmo tempo que obrigam as pobres criancinhas a decorarem uma caterva de consoantes.
Abordemos, agora espectador (do latim spectatōre). Como se escreverá num variado grupo de línguas? Spektatori, em albanês; espectador, em catalão, em espanhol (castelhano) e em galego; spettatore, em corso e em italiano; spectateur, em francês; espektatè, em haitiano; spectator, em inglês e em romeno; spektator, em macedónio e spettatur, em maltês. São, agora doze línguas que valorizam a história da sua língua, não permitindo confusões entre quem assiste e quem espeta.
Para terminar a exemplificação, vejamos a palavra directo (do latim directu). Como se grafa num conjunto, outra vez maia alargado, de línguas? Direk, em africâner; direkte, em alemão, dinamarquês e em norueguês; direktno, em bósnio e em croata; direkten, em búlgaro e em macedónio; directe, em catalão; direkta, em cebuano; direttu, em corso directo, em espanhol (castelhano) e em galego; magdirekta, em filipino; direct, em francês, holandês, inglês e em romeno; direkt, em frísio ocidental, iídiche, luxemburguês e em sueco; dirèk, em haitiano; diretto, em italiano; dirett, em maltês e direktan, em sérvio. São agora vinte e seis línguas a não se envergonharem da sua história.
A propósito da palavra direto, durante o Campeonato da Europa de Futebol, numa reportagem sobre a Selecção Nacional, um canal de televisão inseriu em rodapé a seguinte legenda: EM DIRETO – MUNIQUE – ALEMANHA. Alguém nos perguntou se Direto era um bairro de Munique. Fartámo-nos de consultar mapas e ainda não sabemos a resposta.
Dêmos a palavra a quem sabe destes assuntos:
«A “unificação” ortográfica dos países de língua portuguesa é, definitivamente, objectivo inalcançável, e qualquer tentativa de forçá-la acaba em caricatura, tapando num lado e destapando noutro. O AO90 foi, nisto, exemplo acabado, ao criar centenas de novas discrepâncias que nada resolveram e só nos ficarão envergonhando. Venha agora, e depressa, uma comissão que nos liberte deste emaranhado, que ninguém pediu e restitua à língua portuguesa um rosto apresentável.» (Fernando Venâncio, Linguista, Escritor e Crítico Literário)
Chegou-me este artigo via e-mail. Fiquei estupefacta com o facto de depois do tremendo INSUCESSO e do caos ortográfico causado pelo AO90, ainda haja alguém que, sem argumentar coisa nenhuma a favor dele, venha a público dizer o que disse, sem o menor pejo.
Desta vez não fiquei com azia. Fiquei irritada. Como é isto possível? Então decidi esmiuçar o que disse Carlos Esperança, autor do texto .
O que está em itálico é dele. O que está a negrito é meu.
I.A.F. - Começando pelo título: sim, o AO90 é tão, mas tão, mas tão intragável que provoca não uma azia, mas uma espécie de azia insuportável a todos os que amam a Língua Portuguesa, e a conhecem muito bem, ou mais ou menos, ou assim-assim. Contudo incurável azia, não! Ela será curada quando o intragável AO90, deixar de ser introduzido, à força, pelas goelas de quem abomina ignorâncias linguísticas, e nem sequer é preciso ser-se linguista.
C.E. - Quem conhece a grande alteração e uniformização da língua portuguesa, efetuada [em Português efeCtuada]pela Reforma Ortográfica de 1911, não devia solidarizar-se com manifestações de raiva que a perda de algumas consoantes mudas e tímidas alterações provocaram numa sociedade avessa à mudança, independentemente da validade dos argumentos.
I.A.F. - Primeiro: a Reforma Ortográfica de 1911 foi elaborada segundo as regras das Ciências da Linguagem, e NÃO porque um punhado de "linguistas" e políticos ignorantes e editores mercenários assim o quiseram.
Segundo: as manifestações que existem com a perda de várias CENTENAS (não de algumas) consoantes não-pronunciadas, mas com função diacrítica, e aberrantes (não tímidas) alterações nos hífenes e acentuação, não são de raiva, mas de inquietação pela enormidade da ignorância dos acordistas que não apresentaram UM SÓ argumento racional, portanto VÁLIDO, para defender um tal “acordo”, que na verdade nem sequer existe, e não porque a sociedade seja avessa à mudança, porque MUDANÇA implica EVOLUÇÃO, e o que aconteceu foi um gigantesco RETROCESSO linguístico, e a sociedade portuguesa é AVESSA sim, a retrocessos. E por que é o AO90 um retrocesso? Porque pretende que a Língua Portuguesa, bela, elegante e europeia, retroceda a uma variante sul-americana, derivada do Português, no que à grafia de 90% de vocábulos diz respeito.
C.E. - O misoneísmo, palavra cunhada pelo psicologista [em Portugal psicólogo] italiano César Lombroso, esse horror à novidade, está bem entranhado nos portugueses.
I.A.F. - Aqui temos algo que apenas por muita má-fé se diz sobre a personalidade dos Portugueses, que, de boa-fé, até aceitam bem as novidades. Acontece que a destruição da Língua Portuguesa não pertence ao rol das novidades. A Língua Portuguesa é o maior Património Cultural Imaterial de Portugal, que não se ajeita a "novidades" assentes na ignorância. Os Portugueses não rejeitaram a caixinha mágica (televisão), os telefones, os telemóveis, os computadores, os hipermercados, os tractores, os frigoríficos, enfim, nunca rejeitaram as novidades que lhes vieram facilitar a vida, ao longo do s tempos, mesmo no mundo rural. Rejeitam sim, e nisso fazem muito bem, as “novidades” prejudiciais ao corpo e à mente e à sua intelectualidade, quando lhes querem vender gato por lebre. Que é o caso do AO90.
C.E. - A Reforma Ortográfica de 1911, a primeira iniciativa de normalização e simplificação da escrita da língua portuguesa, foi profunda, numa altura em que o Brasil facilmente a aceitou e as colónias não participavam.
I.A.F. - Repetindo: o que fez a Reforma Ortográfica de 1911 foi simplificar a escrita, mas NÃO a afastou das suas raízes, das suas origens, da sua História, da sua Família Indo-Europeia. Os vocábulos não foram mutilados. Passou-se do PH (fonema grego, com o mesmo som da consoante latina F), porque o nosso alfabeto era e continua a ser o LATINO, onde a letra F está incluída, tão incluída que Fernando Pessoa grafava PHarmacia, mas escrevia o seu nome com F. Passou-se de “elle” para ele sem lhe mexer na pronúncia. Passou-se de “lyrio” (com o i grego) para lírio (com o i do alfabeto latino) sem lhe mexer na pronúncia. Todas as consoantes com função diacrítica mantiveram-se, porque se os cês ou os pês fossem suprimidos, a pronúncia deveria modificar-se.
O Brasil aceitou (mal) esta reforma, tanto quanto sabemos, tanto que muitos continuaram a escrever segundo a grafia anterior a 1911, e logo que puderam, em 1943, os Brasileiros elaboraram um Formulário Ortográfico, que distanciou o Português da sua Matriz, transformando-o na Variante Brasileira da Língua Portuguesa, ainda hoje em vigor, no qual, na sua Base IV, os parideiros do AO90 foram buscar a mutilação das palavras cujas consoantes não se pronunciavam.
C.E. - Tenho enorme consideração por muitos dos que não toleram as pequenas alterações que o AO-90 introduziu, sobretudo quando se trata de cultores da língua, de prosa imaculada na sintaxe e na ortografia que mantêm, mas vejo neles a exaltação de Fernando Pessoa e Teixeira de Pascoais cuja ortografia que estes defenderam repudiariam agora.
I.A.F. - Como está enganado o senhor Carlos Esperança. O AO90 NÃO introduziu pequenas alterações em Portugal, o AO90 introduziu GIGANTESCAS alterações na NOSSA Língua, na forma de grafar, mutilando as palavras que o Brasil já mutilava, desde 1943 (excePtuando as que eles, por algum motivo aleatório, continuaram a pronunciar os pês e os cês, como excePção ou aspeCto), e na forma de falar, porque quem escreve afeto (lê-se âfêtu”) e pronuncia afétu, pronuncia mal. Porque aféto só é aféto se levar o C = afeCto, porque o C tem função diacrítica.
C. E. - A ortografia é uma convenção imposta por lei sem sanções penais, salvo para os alunos, que se arriscam a reprovar se não escreverem como está oficialmente determinado.
I.A.F. - As ortografias de 1911 e de 1945 até podem ser convenções impostas por LEI, porque essas LEIS EXISTEM. Contudo, a de 1990 não é nem acordo, nem convenção, nem coisa nenhuma, porque NÃO EXISTE LEI que obrigue os professores, ou os alunos ou os jornalistas ou os escritores, ou seja quem for, a escreverem incurrêtâmente a Língua Portuguesa, e se algum professor ou aluno OUSAR ensinar ou escrever correCtamente a sua Língua Materna, as reprovações ou as sanções são ILEGAIS. Só uma LEI poderia sancionar algo que uma simples RCM quis impor, mas como não tem valor de Lei, não pode obrigar. Aliás todos os juristas são unânimes em dizer que o AO90 é ILEGAL e INCONSTITUCIONAL, algo que está mais do que comprovado nos livros que se escreveram a este propósito e que os governantes, Marcelo Rebelo de Sousa incluído, IGNORARAM e continuam vergonhosamente a IGNORAR. Por algum MAU motivo há-de ser.
C.E. - Aos autores da Reforma Ortográfica de 1911, que hoje já ninguém contesta, coube-lhes pôr fim à anarquia ortográfica do país, com 80% de analfabetismo, quando os países do norte da Europa tinham entre 2% e 10%, e normalizar a ortografia. Eminentes filólogos discutiram se deviam seguir o modelo francês, fortemente dependente da etimologia, ou o espanhol e italiano, que seguiam de perto a oralidade.
Optaram por revogar falsas etimologias e, condescendendo com a origem das palavras, deram preferência à oralidade, caminho que embora tímido esteve presente no AO-90.
I.A.F. - Quem dá preferência à oralidade, na escrita, é IGNORANTE. A oralidade é volátil, a escrita FIXA o PENSAR de um Povo. Os autores das Reformas Ortográficas de 1911 e de 1945, que tiveram MOTIVAÇÕES LINGUÍSTICAS NÃO revogaram falsas etimologias, nem condescenderam com a origem das palavras, nem deram preferência à oralidade, deram isso, sim, preferência à ETIMOLOGIA das palavras. Estas reformas foram feitas com o intuito de diminuir a taxa de analfabetismo então existente no Brasil e em Portugal (só os povos com índices de ignorância elevados é que necesitam de reformas ortográficas). Pelo que vemos, não adiantaram de nada, porque tanto no Brasil como em Portugal a taxa de analfabetismo ainda é elevadíssima, e em Portugal é a mais alta da Europa.
O AO90, como não teve nenhuma motivação linguística, mas apenas polítiqueira e económica, não timidamente, mas DESCARADAMENTE, deu preferência à oralidade, que já vinha do Formulário Ortográfico de 1943, desenraizando, empobrecendo e desfeando a Língua Portuguesa. E isto é um facto indesmentível.
C.E. - Há muito que as palavras homógrafas não são necessariamente homófonas, mas duvido que os críticos mais cultos tenham dificuldade em distinguir a fonia das que perderam os acentos e cujos exemplos caricaturais não passam disso mesmo.
I.A.F. - A acentuação e a hifenização EXISTEM para melhor facilitar a compreensão das palavras e das frases. A ortografia de 1945 tem algumas falhas nesse sentido. Dever-se-iam retomar alguns acentos, para que as frases fossem imediatamente perceptíveis, para quem está a aprender a Língua - as nossas crianças, por exemplo. Se lhes perguntarmos, como eu já perguntei, o que quero dizer quando digo “ninguém PARA o Benfica”, na aCtual conjuntura, as respostas são as mais óbvias: não há ninguém para o Benfica. E o que eu quis dizer foi ninguém PÁRA o Benfica, (porque não perde há sete jogos consecutivos). Se o acento estivesse lá, ninguém teria dúvidas.
C.E. - Lamentável é ver as redes sociais, até jornais, com inúmeros detratores [em Português detraCtores] do AO-90, que explodem de raiva na mais boçal prevaricação ortográfica e ignorância de elementares conhecimentos básicos do idioma cuja ‘nova’ ortografia condenam sem respeitarem a anterior, não sendo este o caso do Público.
I.A.F. - Em Portugal não há detractores do AO90, porque para haver detraCtores, deveria haver BELEZA LINGUÍSTICA, nem explodem de raiva. Explodem de tristeza por ver uma Língua tão bela escorrer para o esgoto. O que há é DEFENSORES da Língua Portuguesa. Os detraCtores são os que muito servilmente, muito ignorantemente, muito acriticamente aceitaram este “acordo”, que não é “ acordo” e desataram por aí a escrever uma mixórdia ortográfica (mistura da grafia brasileira com a grafia portuguesa, numa mesma frase) Ex: «o objetivo da acção foi repor os salários em atraso», sim porque em 1943 os Brasileiros passaram a escrever objetivo (que sem o cê lê-se “ub’j’tivu” de acordo com as regras gramaticais, algo que os acordistas também atiraram ao lixo, até as crianças já sabem disto) , e ação, (âção) . “Âção” sem cê pertence à Variante Brasileira do Português, que em Portugal se lê deste modo.
C.E. - Definida uma grafia, que alguns julgam facultativa, depois de vários anos a ser ensinada de acordo com a lei, qualquer tentativa de regresso é um apelo à anarquia ortográfica e à instabilidade do idioma e das normas jurídicas que o definem.
I.A.F. - Senhor Carlos Esperança, não é da HONESTIDADE vir para aqui tentar enganar os mais incautos, porque os menos incautos SABEM que a grafia que nos querem impingir é ILEGAL, e a qual ninguém em Portugal é obrigado a usar, e foi vilmente ensinada às nossas crianças, que escrevem CAOTICAMENTE, incluindo os governantes, os jornalistas (com excePções do Jornal PÚBLICO e muitos jornais regionais) e todos os que se atiram para aí a escrever acordês/mixordês SERVILMENTE. Mais caótico do que isto é IMPOSSÍVEL.
As crianças aprenderão mais facilmente a escrever correCtamente a Língua Materna do que a estão a aprender “incurrêtamente”, tendo em conta que aprendem Inglês e já escrevem um Inglês ACORDIZADO, de tanto escreverem mal o Português. Há quem escreva em Inglês “diretor”, porque foi assim, mutilada, que aprenderam a escrever essa palavra. Isto é inadmissível, e argumentar com a aprendizagem das criancinhas é da estupidez, pois as crianças têm uma capacidade extraordinária para a aprendizagem de Línguas. O AO90 ficará como MAIS um tipo de linguagem, a BRASILEIRA, que eles aprenderam, como eu aprendi. Na lista de Línguas que aprendi, está incluída a Brasileira, porque aprendi-a no Brasil, aos seis anos, e quando vim para Portugal, aprendi o Português. Foi isto que me explicaram aos oito anos. Nunca mais esqueci a lição. Além disso, com as ferramentas informáticas, existentes aCtualmente, tais como o correCtor ortográfico, qualquer até as criaturas asininas aprenderão a grafar correCtamente num ápice, Então as crianças aprenderão num piscar de olhos.
E outra coisa, senhor Carlos Esperança, não há normas jurídicas que definem o AO90. Simplesmente NÃO HÁ. Isso é a cassete do ministério dos Negócios DOS Estrangeiros, que os papagaios papagueiam por aí como se fosse verdade. Mas não é verdade.
C.E. - Já é tempo de os jornais que cultivam o imobilismo subversor da legalidade ortográfica se submeterem. O Público não pode continuar a ser o arauto da insurreição ortográfica contra a norma legal que há 12 anos vigora em Portugal e Brasil e observada por autores como José E. Agualusa e Mia Couto, respetivamente [em Português respeCtivamente]de Angola e Moçambique.
I.A.F. - O tempo é de os predadores da Língua Portuguesa se recolherem à sua insignificância, e saírem de cena, até porque cada vez há mais gente a abandonar o AO90, por chegar à conclusão de que além de ILEGAL é uma mixórdia intragável que, de facto, provoca azia, e se alguém está a subverter a legalidade são TODOS os que estão a usar uma ortografia ILEGAL. Em Portugal, o que vigora há 12 anos, é uma MIXÓRDIA linguística sem precedentes, e o Agualusa e o Mia Couto, que eu muito prezava, são apenas dois, e mais não fazem do que garantir a publicação dos seus livros nas editoras ACORDISTAS deles, ou então deixam de publicar. Perderam leitores com essa atitude servil. Fale-me de Ondjaki, de Paulina Chiziane e de muitos outros angolanos e moçambicanos que não cederam à falsa miragem acordista.
C.E. - Não é seguramente o facto de o tratado internacional ter sido firmado em 1990 pelo PM Cavaco Silva e promulgado em 2008 por Cavaco Silva (PR) que motiva a obstinação do Público na insurreição ortográfica contra o AO-90, e não se percebe a deliberada teimosia na prevaricação ortográfica.
I.A.F. - Quem está a prevaricar são TODOS os que aplicam o ILEGAL AO90. Os políticos e servilistas e seguidistas portugueses são os únicos, do universo da CPLP, que muito servilmente, se arrastam atrás dos milhões, porque sofrem de um absurdo complexo de inferioridade.
C.E. - Não me obriguem a esconder o Público aos netos. Não quero agravar as suas hesitações ortográficas.
Coimbra, 18 de setembro [em português Setembro] de 2021
I.A.F. - O que deverá esconder aos netos é a MIXÓRDIA que o AO90 veio gerar, e que os obrigaram a aprender. Isso é que é de esconder. Os meus netos SABEM distinguir MIXÓRDIA ortográfica de Língua Portuguesa, e se na escola escrevem “incurrêtamente”, para não serem penalizados (e eles têm essa consciência) cá fora sabem exaCtamente onde estão os cês e os pês, os hífenes e os acentos, nas palavras que escrevem. O PÚBLICO, como todos os outros que não cederam à ignorância e muito inteligentemente não adoPtaram o AO90 sabem que mais dia, menos dia, o AO90 acabará por acabar, e todos os que para tal contribuíram acabarão também a um canto, como os maiores predadores e traidores da Língua Portuguesa, desde que Dom Dinis a elevou a Língua de Portugal. E a esses, ninguém erguerá estátuas ou serão perpetuados em nomes de ruas. Se forem, os filhos dos meus netos e os filhos dos seus netos, Carlos Esperança, encarregar-se-ão de as destruir. E os livros acordizados mofarão numa qualquer cave húmida, e desaparecerão, para sempre, da face da Terra.
E a história do AO90 será, então, contada aos vindouros, como uma história de terror, cujos protagonistas serão descritos como gente que, no lugar da cabeça, tinha uma cabaça.
Isabel A. Ferreira
***
Nota:
Para uma douta opinião, uma pérola, sugiro aos leitores a leitura do artigo que está neste link, sob o título:
A autora deste Blogue não adopta o “Acordo Ortográfico de 1990”, por recusar ser cúmplice de uma fraude comprovada.
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