Porque Marisa Matias tanto quis unir o feminino e o masculino, que acabou por dizer o seu contrário: de um lado ficam as mulheres, do outro, os homens, e todas juntas, de um lado, constroem o tal algo de que não me lembro. Do outro lado, os homens todos juntos constroem outro algo que até pode ser diferente.
Se as mulheres e os homens estivessem TODOS juntos, talvez construíssem algo dignificante para a Língua Portuguesa.
O uso deste tipo de linguagem, a que chamam inclusiva, e é uma das bandeiras do Bloco de Esquerda, só demonstra uma monumental ignorância.
E uma Presidente da República, a falar assim, seria uma vergonha para Portugal, que se preza de ter uma Língua culta e escorreita, considerada uma das mais belas do mundo, e que agora anda por aí feita as manas da Gata Borralheira.
Deixo aqui o significado de Todos, para que TODOS os bloquistas (ou teria de dizer bloquistos?) e os OUTROS aprendam, de uma vez por todas, que esta linguagem é uma monumental parvoíce.
Fonte da imagem:
https://24.sapo.pt/opiniao/artigos/todxs-e-tods-e-todes-linguagem-inclusiva-ou-palermice
Aproveitem este link, e leiam o texto que esta imagem ilustra, da autoria de Guilherme Duarte, com o qual estou totalmente de acordo, excepto quando ele diz «Não tenho nada contra quem diz “todos e todas”, acho desnecessário, mas cada um com a sua mania (…)». Mas eu tenho.
Isabel A. Ferreira
***
to·da |ô| 2
(feminino de todo)
pronome indefinido
adjectivo
Palavras relacionadas:
outrem, algo, ambos, ambinhos, ná, pouquinho, alguém
.
to·do |ô|
(latim totus, -a, -um, todo, inteiro)
quantificador universal e pronome indefinido
adjectivo
nome masculino
todos
nome masculino plural
"toda", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/toda [consultado em 16-01-2021].
O que está errado nesta saudação? Como deveria ser feita esta saudação, na chamada linguagem inclusiva, inventada pelo Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia, sem qualquer dúvida, por alguém com algum inconfessado complexo, para que se dê visibilidade às coitadinhas das mulheres que não têm visibilidade nenhuma, na sociedade moderna, e acabar com o mundo da varonia, sim, porque querem à força, que esta coisa da igualdade do género e génera passe por este estúpido modismo linguístico, que, no entanto, é muito mal aplicado, porque, mesmo assim, deixa-se tantas mulheres de fora e tanta desigualdade por igualar!
Este tipo de linguagem só podia ter sido inventado por um “homem”.
Então, para que se faça justiça às mulheres invisíveis, e se dê mais ênfase aos homens visíveis e a todos os outros géneros humanos e géneras humanas, como é que o nosso primeiro deveria ter começado o seu discurso? Exactamente assim:
«Caras amigas e caros amigos, caras camaradas e caros camarados, quero saudar as portuguesas e os portugueses (…) o PS saiu reforçado com o apoio dos cidadãos e das cidadãs».
Ou então, bastava dizer «Caros AMIGOS e CAMARADAS, quero saudar os PORTUGUESES (…) o PS saiu reforçado com o apoio dos CIDADÃOS!» E todos os que têm conhecimentos básicos (nem sequer precisam de ser doutores) de Língua Portuguesa, compreenderiam que amigos = grupo de pessoas (e pessoos?) por quem sentimos amizade; camaradas = membros (e membras?) de um grupo que luta por alguma coisa; Portugueses = os habitantes (e habitantas?) de Portugal; cidadãos = indivíduos (e indivíduas?) no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado livre.
Então Dr. António Costa? “Caras” não casa com “amigos”. Além disso, referiu-se apenas aos CIDADÃOS! Então e as CIDADÃS? Esqueceu-se de que as CIDADÃS socialistas também existem e também foram elas que ajudaram a reforçar o PS. Quanta ingratidão!
Mas o pior disto tudo é que as coitadinhas das mulheres permitem que homens petulantes andem por aí a querer dar visibilidade e igualar géneros que não são igualáveis, a não ser em direitos.
Bem, esta coisa da linguagem inclusiva é tão, mas tão, mas tão idiota que mete dó, porque além de não dar visibilidade nenhuma às mulheres, desacredita-as, rebaixa-as ao nível de coitadinhas, porque são precisas palavrinhas para as tornar visíveis, como se as mulheres alguma vez na História da Humanidade não tivessem tido visibilidade. Tiveram, claro que tiveram, apenas os homens nunca repararam, nunca as reconheceram, tão empenhados estiveram sempre em olhar para o umbigo deles. Mas a elas fez mossa? Não fez.
Não é com esta parvoíce do elas e eles que vão resolver o problema da igualdade de géneros nos empregos, nos salários, na ocupação de cargos, que é a única igualdade que interessa. A outra igualdade é uma afronta, um ultraje, uma desonra.
As mulheres que são MULHERES não precisam que lhes dêem visibilidade com uma linguagem parva, que só as diminui. Eu sinto-me insultada com esta mania de querer igualar os géneros, com redundâncias idiotas, assentes na mais gigantesca ignorância da Língua. Os géneros, repito, não são para igualar senão nos salários, nos cargos, nos empregos. Como MULHER eu nunca me senti descriminada em nenhuma situação, porque sempre fui EU a fazer o meu caminho. Sempre fui a dona do meu destino. Nunca deixei que nenhum “patrão” me fechasse portas. Se alguém as tinha de fechar era EU. E algumas vezes fechei-as, antes que mas fechassem.
Lá que o Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia lhe tenha dado para variar das ideias, querendo dar visibilidade a elas, através da linguagem, mas hipocritamente mantendo-as à distância, nos salários, nos cargos, nos empregos, não significa que tenhamos de aceitar tal parvoíce, até porque quem inventou essa linguagem, nada sabe de Linguagem, e muito menos de Língua Portuguesa.
O Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia chegou a lançar um guia de “comunicação inclusiva” em Língua Portuguesa, de forma a que a comunicação “inclua todas as pessoas e evite estereótipos”, lê-se.
Mas o que é que isso interessa? NADA.
O que as mulheres querem (e têm direito) é a igualdade de direitos. Porque VISIBILIDADE, já elas têm, nas suas competências. Sempre tiveram.
O mais estúpido disto tudo é o seguinte: o tal guia propõe, a título de exemplo, que se substitua a designação “o coordenador” por “a coordenação” (como se coordenador e coordenação expressassem a mesma coisa); “o interessado” por “a pessoa interessada” (como se isto mudasse alguma coisa, porque se, por exemplo, dissessem a um empregador, que uma pessoa está interessada no cargo, e se esse cargo só pode ser ocupado ou por uma mulher ou por um homem, ter-se-ia de perguntar: é homem ou mulher? Se se dissesse, logo de início, um interessado o uma interessada, ficava tudo logo ali esclarecido; “os políticos” por “classe política”, ora políticos são os indivíduos (eles e elas), estadistas (eles e elas) que se dedicam à Política; a “classe política” é o conjunto dos políticos (ele e elas) que se dedicam à Política = ciência (ou deveria ser) do governo das nações; “os professores/enfermeiros” por “pessoal docente/de enfermagem”, acontece que um professor é uma pessoa que ensina; e enfermeiro é uma pessoa habilitada para cuidar de doentes, e a palavra pessoal é muito impessoal; ou “as senhoras da limpeza” por “pessoal da limpeza” que podem ser só elas, ou só eles. Dizer “senhoras da limpeza” não é a mesma coisa que dizer “pessoal da limpeza”, ficar-se-ia sem saber se é um grupo de homens ou de mulheres, que poderia fazer toda a diferença, num determinado contexto; “nas referências ao conjunto do género humano (pois, mas o homem é humano, a mulher é humana, em que ficamos?) deverão utilizar-se expressões como a 'humanidade', o 'ser humano', ou as 'pessoas', em vez do termo 'homem', como se o termo Homem, com letra maiúscula, não significasse Humanidade, englobando todos os seres HOMO. Eu sou um Homo Sapiens, ou agora terei de dizer uma HOMA Sapiens, para me igualar, que é coisa que não me interessa?
Mas ainda há mais coisas inacreditáveis. No que se refere às relações de casal, o documento da União Europeia refere que vocábulos como "parceiro/parceira" (ou seja, sócio e sócia, talvez companheiros e companheiras fosse mais adequado) ou "cônjuge" (que é sinónimo de companheiro/a) são mais inclusivos do que "marido/mulher", em Inglês husband/wife. Pois não são? Mas numa relação tem de haver macho e fêmea, porque é assim que a natureza funciona, ainda que possam ser do mesmo sexo. E agora?
O documento explica ainda que a linguagem oral ou escrita deve pôr sempre a tónica na pessoa. “Em vez de 'as lésbicas, os gays, os bissexuais, os transgéneros, os intersexo', diga-se ou escreva-se 'pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexuais' ou 'pessoas LGBTI'". Como se isto igualasse alguma coisa.
Tudo isto assenta na maior ignorância da Língua, e não só.
Bem, mas regressando a António Costa.
António Costa, já se sabe, não é bom aluno a Português: escreve-o incorrectamente e, por vezes, pronuncia-o ao modo de engolidor de sílabas, e está-se nas tintas para a Linguagem, para as regras gramaticais, apesar de ser primeiro-ministro de Portugal e ficar bem a um primeiro-ministro usar a sua Língua Materna, correCtamente, escorreitamente, tanto a escrever como a falar. Isto é algo que não perdoo a quem tem cargos públicos, jornalistas incluídos. Nunca, como hoje, se falou tão incorrectamente, na televisão, desde políticos a universitários, passando pelos jornalistas, logo na televisão, que é uma escola para o povo, que fica agarrado a ela, e não lê bons livros, escritos em Bom Português.
Que o governo e os outros órgãos de soberania política devem ser claros quanto à sua política para a Língua, devem, mas a conspiração do silêncio mantém-se, porque os donos maiores da Língua continuam a achar que são os donos dela, e que jamais serão punidos, eles e os seus cúmplices. Isto, infelizmente, faz parte de um Portugal em franca decadência.
E as parvoíces linguísticas somam e seguem, num país sem rei nem roque.
Quando a Língua, de um país é amarfanhada por quem a utiliza, e pelos seus governantes, que não a defendem, significa apenas uma coisa: que esse país perdeu a sua dignidade, a sua independência, a sua identidade.
Posto isto, se nada mudar (como parece, e espero estar enganada), se não forem injectadas no governo caras novas, e se mantiverem ministros que já deram conta da sua incompetência, não auguro tempos de glória para Portugal.
Isabel A. Ferreira
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